Autora: Angélica (c-e)
Adaptação:Laísa Maria
Era um final de tarde. Saí, sem a expectativa de encontrar alguém, saí por sair, para distrair, levar meu cachorro para passear, tomar um sorvete, correr um pouco, sentar em uma praça, até hoje não sei o por que de ter saído de casa naquele dia. Eu pretendia espairecer, talvez. Ou não, apenas precisava de ar. Não importa isso agora, depois de tanto tempo, ainda me recordo com detalhes cada minuto do dia. Bom, talvez tivesse sido melhor ter permanecido em casa, com o pouco ar que circula. Dizem que o destino já está previsto, escrito, traçado, enfim, dizem que é impossível modificar o destino, eu queria poder voltar ao passado e mudar meu destino já feito, creio que é impossível. Tudo bem, contento-me com o tempo, o melhor remédio. Queira me desculpar pelas voltas, prometo contar tudo o que me acontecera no dia. Havia saído de casa (merda, como me arrependo), lá pelas 17 e pouco, ainda tinha sol, pouco, mas tinha. Caminhava com meu cachorro e na outra mão segurava um velho livro, meu amigo por muitas vezes, adorava o ler. Achei uma pequena praça, um simbolo de tranquilidade, podendo assim dizer, me sentei, deixei que meu cachorro fosse brincar com os outros que ali estavam, não me preocupei, sempre fora um amigo fiel, abri meu livro e comecei lê-lo, enquanto lia percebia um olhar fixado em mim, o olhar não vinha de muito longe, sabe como é se sentir vigiada por um estranho? então, eu tinha essa mesma sensação, fiquei desconfortada com a situação, mas continuei lendo, fingindo não perceber alguém me reparando. Após alguns minutos, percebi o mesmo olhar chegando mais perto, de uma maneira estranha, senti arrepios, calafrios, e conforme aquele olhar ia se aproximando, meu coração batia mais forte. Fingi não perceber, disfarcei, talvez fosse um ladrão, um tarado, decidi ficar na minha e não dar muita bola. Para minha desgraça, sentou-se ao meu lado, eu sabia, era aquela pessoa que me vigiava, a forma nada disfarçante de olhar, era a mesma. Fiquei sem saber o que falar, talvez fosse melhor ficar calada, não responder, não perguntar, só calar e permanecer assim, ele perderia a graça e logo iria embora, pensei comigo. Bobeira, percebi que ele estava com olhar intacto em mim, reparando cada um de meus detalhes, enquanto ele me olhava, ou me admirava, não sei bem o que aquele homem estava fazendo, fui ficando vermelha, sem saber ao certo o que fazer, quase me levante e fui embora, quando estava prestes a fazer isso, ele reparou meu olhar de timidez e disse um “Oi moça”, eu não sabia se respondia ou não, se levantava e ia embora ou se continuava ali, como se ele não estivesse, na dúvida, respondi com um frio “Oi, quem é você?”, ele não deu muita importância para minha frieza, e prosseguiu, “eu estava ali sentado, e desculpe não resisti, precisei vir aqui para ao menos saber o seu nome”, admito no fundo, bem no fundo, me comovi com aquelas palavras, porém, continuei fria, “Meu nome é Lua, mais alguma coisa?”, naquela momento, talvez ele tenha percebido a minha timidez, a minha vontade de não conversar, ou meu medo de estar tão perto de alguém e receber elogios. Ele insistente, continuou a conversa “ Belo nome Bia, posso te chamar de Lúh? Apesar de não ter me perguntado, meu nome é Arthur, muito prazer.” Eu estava inquieta, achava estranha a forma como minhas mãos soavam, como meu coração acelerava, reconhecia que não era bom isso acontecer. Com um tom um pouco menos frio, continuei a conversa “Prazer. Percebi que estava me reparando.” E ele disse “Sim, você é bonita, tem um ar diferente, me interessou. Me senti um pouco atraído (ele sorriu), e decidi sentar aqui, não poderia perder essa oportunidade.” Como muitas outras vezes, ele me convenceu com palavras, e aquela pequena e fria conversa, deu início a um longo dialogo, ficamos por horas ali sentados naquela praça, é como se nós dois fossemos conhecidos de longos anos. Passamos a nos ver frequentemente, e demos início a um relacionamento. Que durou mais ou menos, uns 2 anos e pouco, éramos feliz, até certa parte do namoro, ou eu achava que éramos, por não conhecer de verdade a felicidade.Ele me deixou, me abandonou como todos os outros, não houve discussão alguma na noite anterior ao fato, e é isso que mais me machuca, saber que ele foi embora, sem motivo, sem razão, ou talvez fosse eu o motivo, a razão. Fiquei por um bom tempo trancada, sozinha, sem querer saber de nada, esse homem acabou com a minha vida, eu pensava. Hoje, depois de 4 anos, me ergui novamente, creio estar mais forte, mais vivida, quem sabe, ou até com o ego maior. Antes de dormir, oro sempre, pedindo a Deus que eu não saia mais de casa e encontre com um qualquer me admirando pela rua, ou que ao menos não coloque alguém como este, em minha vida. Superei, não esqueci totalmente, afinal, era amor, mas aprendi a lidar com isso, aprendi a guardar meus sentimentos em uma gaveta, com chave, e nunca, nunca mais pretendo abri-la.
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