45º Capitulo - Addicted
(n/a: aconselho ir botando pra carregar; I Don't Believe You - Pink)
Senti a beirada da cama afundar e abri os olhos lentamente sem me assustar ao ver Sophia sentada me olhando. Isso vinha acontecendo bastante nas duas ultimas semanas, ela sempre me lançava aqueles olhares de pena, como se eu estivesse doente ou alguma coisa do tipo.
'Que horas são?' Perguntei botando o travesseiro na cabeça por causa da claridade que ultrapassava a cortina.
'Quase nove.' Ela respondeu e eu ainda sentia seu olhar sobre mim.
'Sophia, por quanto tempo você vai ficar me olhando dessa forma? Não agüento mais seus olhares de pena e compaixão.' Falei irritada me sentando na cama. 'Você me olha como se eu estivesse morrendo ou alguma coisa assim.'
'E você está.' Ela respondeu calmamente. 'Eu te conheço suficientemente bem pra saber que você está morrendo por dentro.' Argh, dramática!
'Ah, me poupe, Sophia!' Me levantei bufando e entrei no banheiro deixando a porta entreaberta enquanto fazia minha higiene matinal. 'E o Diego?' Perguntei já sabendo a resposta.
'O Arthur passou aqui tem meia hora.' Respondeu simplesmente.
Já faziam duas semanas que eu estava na casa de Micael, não que aquela casa já não me fosse bem familiar, mas eu já me sentia mais a vontade do que nunca. Claro que eu não pretendia passar o resto da minha vida lá, eu ainda estava tentando desembaralhar minha cabeça e decidir o que era melhor pra mim e pro Diego. Por mais que eu pensasse em uma solução, sabia que nem Diego e nem Arthur aceitariam ficar longe um do outro, e todas as soluções que eu pensava me obrigava a afastá-los. Ok, eu só havia pensado em uma solução, e ela definitivamente incluía o Diego bem longe do Arthur, e eu também, claro.
Saí do banheiro reparando que a cama já estava arrumada e o quarto estava vazio, olhei para o telefone pensando se faria ou não aquela ligação, mas resolvi deixar para mais tarde.
'Bom dia, amorzinho.' Sorri para Micael sentado no sofá e ele retribuiu. Dei um beijo em sua bochecha e fui até a cozinha sabendo que Sophia estaria lá.
Ela me olhou quando eu entrei e eu reparei que ela tinha deixado o olhar de pena de lado, agora era apenas um olhar preocupado. Sorri me sentando e ela botou uma xícara de chocolate quente na minha frente.
'Obrigada.' Agradeci sorrindo e peguei algumas torradas e a geléia que já estavam em cima da mesa. Percebi que Sophia me olhava um pouco ansiosa e arqueei a sobrancelha. 'Que foi?' Ela balançou a cabeça e suspirou.
'Só queria saber se você pensou direito sobre aquele assunto.' Falou com cuidado. 'Existem tantas outras formas de se resolver isso, Lu. Você sabe que os dois não vão aceitar ficarem separados.' Deu de ombros.
'Eu ainda não sei.' Falei sincera bebendo um gole do chocolate. 'Eu vou ligar pra minha mãe hoje, faz algum tempo que a gente não se fala. Sei que ela vai me ajudar a decidir o que for melhor. E se o melhor for voltar pra casa, eu vou voltar.' Falei mais baixo e vi Sophia fazer uma cara de decepção. Ela sabia que quando eu falava casa, não estava me referindo ao meu apartamento com o Arthur.
Terminei de tomar meu café em silêncio já que Soph tinha ido para a sala ficar com Micael. Fiquei algum tempo mirando a parede branca da cozinha e pensando em como explicar pra minha mãe tudo que vinha acontecendo. Pensei em como ela vivia dizendo que eu e o Arthur éramos o típico casal que vivia brigando, mas que não conseguia viver separado. Eu estava me virando muito bem durantes aquelas duas semanas, e o pouco que eu havia visto Arthur me dizia que ele também estava se virando bem.
Micael tentara duas ou três vezes me fazer conversar com a Jenny, mas eu me recusava a ouvir o que ela tinha a dizer. Não era teimosia, eu apenas tinha medo de ouvi-la confessar tudo.
Ou de ouvi-la negar tudo.
Lavei a louça que havia sujado e resolvi voltar pro quarto para tomar um banho. Quando passei pela sala, Sophia e Micael estavam abraçados no sofá vendo algum programa de auditório que parecia ser engraçado, já que os dois riam.
'Lu, vai hoje à noite?' Micael perguntou antes que eu sumisse no corredor.
'Hm... não sei ainda.' Falei em duvida. Chay e Ash haviam marcado uma festa para comemorar os três anos de namoro. Eu nunca havia visto um casal marcar uma festa para festejar uma data como essa, mas segundo soube, os dois queriam inovar e resolveram juntar os amigos para festejar.
'Vai ser legal, você devia ir.' Sophia sorriu. E eu sabia que por trás daquele sorriso vinha a esperança de que eu encontrasse com Arthur e a gente se resolvesse. Como se fosse fácil assim.
'Acho que vou sim.' Sorri fraco e voltei pro quarto ligando o aparelho de som deixando tocar em uma rádio qualquer. Fechei a porta do quarto e deixei a do banheiro aberta para que pudesse escutar as músicas enquanto tomava banho.
Uma musica agitada começou a tocar e eu agradeci mentalmente enquanto me despia. Não estava com humor para musicas depressivas. Entrei embaixo do chuveiro e liguei a água quente sentindo meu corpo agradecer por isso.
'Também te amo, mãe. Beijo.' Desliguei o telefone suspirando e me joguei na cama encarando o teto. Aquela conversa com minha mãe tinha complicado ainda mais minha cabeça. Ouvir a voz dela e do meu pai havia feito a saudade que eu sentia deles se multiplicar. Tudo que eu precisava em horas como aquela era do colo da minha mãe, do seu cafuné e de suas palavras calmas que sempre me ajudam a resolver meus problemas.
Eu havia explicado os últimos acontecimentos para ela e pedi que ela escutasse tudo atentamente antes de dizer qualquer coisa. No final ela acabou deixando a decisão em minhas mãos de qualquer forma. Apenas pediu que eu pensasse muito antes de tomar qualquer decisão, principalmente porque aquilo envolveria não só a mim, mas ao Diego também.
Pensei nas minhas possibilidades, desde as mais plausíveis até as mais absurdas. A única coisa que eu sabia era que eu precisava de um tempo, e de preferência um tempo longe de um lugar em que tudo me lembrava o Arthur.
Fechei os olhos tentando esvaziar minha mente e deixei que as preocupações fossem se esvaindo aos poucos. A música baixa e calma que saia do aparelho de som ajudava um pouco.
O telefone tocou, mas eu não me preocupei em atender, Micael estava na sala e como dono da casa ele quem deveria atender. Sophia havia saído para comprar alguma coisa no mercado e logo estaria de volta. Pensei se deveria ou não conversar com ela, eu sabia que ela não me deixaria pensar nas minhas possibilidades, mas mesmo assim eu precisava de alguém pra me ouvir, e ninguém melhor do que ela.
Peguei novamente um telefone, mas antes que pudesse discar ouvi uma voz do outro lado da linha. Pus o telefone na orelha apenas para checar se eu não estava ficando louca, mas haviam realmente duas vozes do outro lado.
'Tem certeza disso, Jenny?' A voz de Micael perguntou séria e eu prendi a respiração.
'Claro que tenho, Micael! Vocês esqueceram que eu to noiva? E estou muito feliz com o Philiphe!' A voz enjoada de Jenny respondeu. Ia desligar antes que algum dos dois percebesse, mas a curiosidade falou mais alto.
'Você falaria isso pra Lu?' Micael perguntou em dúvida e Jenny soltou um risinho afetado.
'Aquela garota me odeia, né?' Perguntou sem obter uma resposta.'Mas eu falaria sim, sem problemas.'
'Tudo bem então, eu vou... tentar falar com ela. Brigado, Jenny. De verdade.' Micael falou sincero e depois os dois se despediram.
Levei algum tempo com o telefone no ouvido, até ouvir passos de aproximando e desliguei rápido deixando cair ao meu lado na cama. Micael entrou no quarto e me olhou por alguns instantes. Forcei um sorriso.
'Posso falar com você?' Perguntou se sentando na beirada da cama e eu confirmei com a cabeça. 'Eu acabei de falar com a Jenny.' Ele parou achando que eu ia o interromper, mas apenas continuei o olhando, ele sorriu fraco. 'Você não quer mesmo falar com ela? Acho que seria um pouco esclarecedor, Lu.' Ele me olhou com expectativa, mas eu continuei muda.
Ficamos nos encarando alguns segundos em silêncio.
'Acho que ela pode, hm... melhor do que ninguém falar a verdade, apesar de, erm... ela não ter me contado tudo.' Ele desviou o olhar para a janela por alguns segundos, e depois voltou para meu rosto. Balancei a cabeça negativamente.
'Não precisa.' Falei baixo.
Ele me olhou tentando decifrar o que eu quis dizer, e eu vi seu olhar cair sobre o telefone ao meu lado. Micael abriu a boca para falar alguma coisa, mas o que quer que fosse, ele desistiu. Sorriu abertamente pra mim e beijou minha testa antes de sair do quarto.
'Tô pronta.' Falei chegando na sala onde Micael e Sophia conversavam baixo.
'Que bom que você vai!' Soph se levantou e me abraçou. 'Você tá linda, como sempre.' Sorriu sincera e eu agradeci com outro sorriso.
'E o Diego?' Micael perguntou se dirigindo até a porta.
'Vai tá lá, depois da festa ele vem pra cá.' Esclareci e ele balançou a cabeça em compreensão.
Descemos o elevador em silêncio e quando chegamos no carro o silêncio foi preenchido por alguma musica agitada que tocava no rádio. Sophia e Micael cantavam alto rindo vez ou outra e me fazendo sorrir também. Encostei minha testa no vidro e fiquei observando as luzes da cidade e dos outros carros irem passando rapidamente.
Quando Micael estacionou em frente à casa que estava bem iluminada senti meu estomago revirar. Respirei fundo algumas vezes antes de sair do carro. Os dois me esperavam perto do carro e sorriram pra mim.
O som alto que vinha de dentro da casa podia ser ouvido a pelo menos cinco casas de distância, algumas pessoas conversavam no jardim e na varanda da frente. Passamos sorrindo para alguns conhecidos e entramos pela porta entreaberta. O som ficou ainda mais alto, e misturado com dezenas de vozes chegava a ser quase insuportável. Avistamos Chay e Ash conversando animadamente com outro casal e caminhamos até eles para os parabenizar.
'Parabéns, Ash. Agüentar o Chay por três anos é pra poucos!' Micael brincou nos fazendo rir e Chay mostrou o dedo de meio. Abracei os dois sorrindo e todos engatamos uma conversa sobre como andava a preparação para o CD dos meninos. Micael e Chay faziam comentários engraçados o tempo todo e estavam muito empolgados para começarem a gravar as músicas.
'Parabéns, casal!' A voz animada de Pedro me assustou já que eu estava de costas pra porta. Olhei pra trás e vi que ele estava sozinho e Arthur e Diego vinham logo atrás.
'Cadê a Kris?' Sophia perguntou e ele entortou a boca.
'Terminamos.' Pedro respondeu um pouco sem graça.
'O que aconteceu?' Me intrometi na conversa. Todos sabíamos que Pedro não era muito de ter relacionamentos longos, mas com a Kristen estava indo muito bem.
'Desandou.' Ele deu de ombros. 'Ah, enfim, não deu certo e a gente achou melhor terminar.' Falou por fim encerrando o assunto e todos concordamos balançando a cabeça sabendo que ele não queria falar sobre aquilo.
Arthur se aproximou de mãos dadas com Diego que sorria para todo mundo como se a festa fosse dele. Sorri brevemente para Arthur e me abaixei ficando na altura de Diego.
'Ei, meu amor.' Ajeitei a gola da camisa pólo que ele usava. 'Se divertiu hoje?' Sorri.
'Ahaam.' Ele respondeu olhando rapidamente pro pai e depois pra mim de novo.
'Vou pegar alguma coisa pra beber.' Pedro falou já indo em direção à cozinha.
'Hm... também vou.' Arthur me olhou rapidamente e saiu com Micael. Chay e Ash foram cumprimentar algumas pessoas que chegavam e acabou ficando apenas eu, Sophia e Diego.
'Ei, pequeno. Vem cá com a tia!' Soph sorriu carregando Diego no colo. 'Eita, tá pesado, hein?' Falou fazendo Diego rir. 'Ai, nem acredito que vi esse pestinha nascer.' Ela me olhou sorrindo e eu retribui.
'Tempo tá passando rápido demais.' Pensei alto. 'Vamos lá pra fora?' Apontei a varanda e o jardim de trás e Sophia concordou me acompanhando. A casa não estava lotada, mas estava um pouco abafada e eu odiava aquela sensação.
A musica era bem mais baixa do lado de fora da casa, e o vento fraco que passava me ajudava até a pensar melhor. Caminhamos até uma mesa com algumas cadeiras que estavam vazias e sentamos.
'Mãe, tô com sede.' Diego falou saindo da cadeira e vindo até mim. Olhei em volta e vi que os garotos estavam conversando na porta da cozinha com latinhas de cerveja na mão.
'Seu pai tá ali na cozinha, meu amor. Pede lá pra ele.' Apontei pra Arthur e Diego concordou caminhando até o pai.
'Ainda não entendo porque com o passar dos anos ele perdeu suas características e ficou praticamente igual ao Arthur.' Sophia comentou vendo meu filho se afastar e eu ri baixo. 'Até o jeito de andar tá igual!' Ela riu incrédula.
'É o meu destino!' Falei baixo balançando a cabeça.
Estávamos, eu, Sophia e Ash conversando sobre assuntos variados. Ash contava sobre a viagem que ela e o Chay estavam planejando, um pequeno tour pela Europa para comemorar o aniversário. Eu e Soph ouvíamos atentamente enquanto ela soltava gritinhos em cada parte empolgante.
'Vocês vão ser os primeiros a casar.' Falei sorrindo.
'Hm... não sei não.' Sophia me olhou em duvida e depois sorriu pra Ash, que retribuiu. Olhei para as duas arqueando a sobrancelha.
'Vocês são um saco.' Falei botando a língua pra fora. 'Vou pegar alguma coisa pra beber.' Mandei beijos e me levantei indo até a cozinha que estava um pouco cheia de gente.
Abri a geladeira e peguei uma latinha de cerveja rapidamente. Ao invés de voltar para o jardim resolvi olhar como estava tudo dentro da casa e procurar por Diego, apenas para ter certeza de que ele estava com Arthur. Quando ia sair da cozinha bati em alguém, aparentemente alto, já que minha testa bateu em seu peito malhado.
'Opa, desculpa.' Ele falou sorrindo. Sorri um pouco sem graça.
'Sem problemas.' O olhei brevemente e reparei que ele era realmente bonito. Seus cabelos pretos caiam levemente pela testa e seus olhos mel eram extremamente convidativos. Balancei a cabeça e ia voltar a caminhar quando sua voz me interrompeu.
'Sou Johnny. Johnny Banks.' Ele estendeu a mão pra mim.
'Lua Blanco, mas pode me chamar de Lu.' Apertei sua mão.
'Tá sozinha?' Ele perguntou um pouco inseguro. Pensei em dizer que não, mas como sempre me apressei e confirmei com a cabeça. 'É amiga do casal aniversariante?' Johnny perguntou sorrindo.
'Sou sim, conheço os dois faz tempo.' Confirmei. 'E você?'
'Eu sou primo de segundo grau da Ash. Morava em Manchester, mas mudei pra Londres faz alguns meses.' Caminhamos até a sala e nos sentamos em duas cadeiras. 'Engraçado que eu acho que te conheço, ou já te vi em algum lugar.' Ele analisou meu rosto atentamente e eu fiquei um pouco sem graça.
'Sério?' Arqueei e a sobrancelha e ele confirmou. Lembrei do aniversário de Ash, já tinha algum tempo, mas era o único lugar possível que me vinha na cabeça. 'Você tava no ultimo aniversário da Ash?' Perguntei.
'Tava sim! Você também?' Ele deu um gole na cerveja em sua mão e eu confirmei balançando a cabeça. 'Então deve ter sido lá mesmo que eu te vi. Eu ainda nem tinha me mudado pra cá ainda.' Falou sorridente. 'E você faz o quê? Trabalha, estuda?' Ele juntou um pouco mais nossas cadeiras.
'Os dois.' Sorri. 'E você?'
Johnny começou a contar sobre a vida dele, o trabalho e sobre o quão engraçada foi sua formatura. Eu apenas ria de vez em quando e continuava bebendo a cerveja. Ele era engraçado, inteligente e bonito, o único problema era o egoísmo. Se eu abri a boca mais de três vezes em cinco minutos de conversa foi muito. (n/a: botem a música pra tocar!)
I don't mind it, I don't mind at all
Eu não me importo, eu realmente não me importo
It's like you're the swingset, and I'm the kid that falls
É como se você fosse o balanço, e eu sou a criança que cai
It's like the way we fight, the times I cry, we come to blows
É como a nossa forma de lutar, as vezes que eu choro, começamos a brigar
And every night, the passion's there, so it's gotta be right, right?
E todas as noites, a paixão está lá, então isso tem que estar certo, certo?
Senti um certo incomodo como se estivesse sendo observada e quando olhei para o outro lado da sala encontrei os olhos de Arthur me encarando atentamente. Ele virou o rosto voltando a prestar atenção na conversa com os meninos e eu abaixei meus olhos para minhas mãos em meu colo. Johnny ainda contava alguma história sobre a formatura dele e eu apenas sorria para disfarçar e fingir que prestava atenção.
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say don't come around here no more
Quando você diz não venha mais aqui
I won't remind you
Eu não vou te lembrar
You said we wouldn't be apart
Você disse que não iríamos nos separar
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say you don't need me anymore
Quando você diz que não precisa mais de mim
So don't pretend to
Então, não finja
Not love me at all
Não me amar mais
Levantei meu olhar e mais uma vez os olhos de Arthur me encaravam, seu rosto estava sério e ao mesmo tempo sereno. Não havia nada ali para que eu pudesse sequer tentar adivinhar o que ele estava pensando. Era como se ele apenas me observasse, sem nenhuma intenção.
'Lu?' A voz de Johnny chegou até mim um pouco mais alta e eu o olhei. 'Tá tudo bem?' Perguntou um pouco preocupado.
'Hm... na verdade não muito.' Falei sincera. 'Eu vou... lá fora. Foi um prazer te conhecer.' Me levantei rapidamente antes que ele se oferecesse para ir comigo e fui para a varanda na frente da casa.
A maioria das pessoas estava dentro da casa, ali fora estavam apenas um casal passeando abraçado e um grupo de quatro pessoas sentadas na escada conversando.
I don't mind it, I still don't mind at all
Eu não me importo, eu continuo não me importando
It's like one of those bad dreams when you can't wake up
É como um desses sonhos ruins quando você não pode acordar
Looks like You've given up, you've had enough
Parece que você desistiu, você me deu o suficiente
But I want more, no I won't stop
Mas eu quero mais, eu não vou parar
Cause I just know you'll come around, right?
Porque eu sei que você vai vir, certo?
Cruzei meus braços quando um vento um pouco mais forte passou e eu respirei fundo sentindo um perfume conhecido. Senti alguém se aproximando e parando ao meu lado, eu não precisava olhar pra saber quem era. Mordi meu lábio pensando se quebrava ou não o silêncio, mas nada me veio em mente e eu preferi permanecer calada, ao contrário de Arthur.
'Tudo bem?' Ele perguntou casualmente. O olhei por alguns segundos e a intensidade do seu olhar me deixou um pouco confusa.
'Umhum.' Assenti balançando a cabeça e desviando de seu olhar. 'E você?' Perguntei por fim. Ele também desviou o olhar do meu rosto.
'Tranqüilo.' Falou serenamente.
Arthur botou as mãos dentro do bolso e eu prendi um sorriso. Ele sempre bota as mãos no bolso quando está nervoso e não sabe o que fazer com elas.
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say don't come around here no more
Quando você diz não venha mais aqui
I won't remind you
Eu não vou te lembrar
You said we wouldn't be apart
Você disse que não iríamos nos separar
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say you don't need me anymore
Quando você disse que não preciso mais de mim
So don't pretend to
Então, não finja
Not love me at all
Não me amar mais
Just don't stand there and watch me fall
Apenas não fique parado e me veja caindo
Cause I, cause I still don't mind it at all
Porque eu, porque eu realmente não me importo
'Você conhece, hm.. o Johnny?' Perguntou apontando para a casa.
'Não conhecia, a gente se bateu na cozinha.' Observei as pessoas que estavam na escada entrarem na casa. 'Não sabia que você o conhecia.' O olhei.
'Conheci hoje na verdade.' Ele deu um meio sorriso. 'Você pareceu um pouco desconfortável... conversando com ele.' Deixei um risinho escapar.
'Ele fala um pouco demais.' Respondi balançando a cabeça.
O silêncio se instalou entre a gente por alguns instantes. Tão desconfortável que me fazia querer ir embora correndo.
'Ansioso pra gravação do CD?' Perguntei me sentindo estranha. Aquela conversa toda estava estranha. Era como se não nos conhecêssemos mais, como se entre a gente não houvesse laço algum, muito menos um filho.
'Bastante.' Ele sorriu satisfeito.
Balancei a cabeça concordando enquanto vasculhava minha mente à procura de algum assuntou ou alguma forma de sair daquela estranha conversa.
It's like the way we fight, the times I cry, we come to blows
É como a nossa forma de lutar, as vezes eu choro, começamos a brigar
And every night, the passion's there, so it's gotta be right, right?
E todas as noites, a paixão está lá, então isso tem que estar certo, certo?
'O Micael me disse que falou com a Jenny hoje mais cedo.' Arthur falou ansioso. Observei seu rosto sem conseguir encontrar seu olhar que estava perdido olhando a rua vazia.
'É, ele falou.' Respondi simplesmente.
'Você falou com ela?' Ele finalmente me olhou, e eu me virei para encará-lo também.
'Não.' Balancei a cabeça ainda o encarando. 'Acho que... eu não quero falar nesse assunto. Eu só quero...' Suspirei profundamente. 'Esquecer tudo aquilo.' Finalmente falei sentindo meu coração quase parar. Arthur balançou a cabeça concordando com um riso irônico.
'Realmente, é tudo passado agora. É melhor mesmo a gente esquecer.' Falou tirando as mãos do bolso e passando pelo cabelo. 'Vai ser melhor assim.' Me olhou rapidamente e deu de costas entrando novamente na casa.
Fiquei observando o espaço vazio que ele tinha deixado ao meu lado.
"É melhor mesmo a gente esquecer"
"Vai ser melhor assim"
Tinha que ser.
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say don't come around here no more
Quando você diz não venha mais aqui
I won't remind you
Eu não vou te lembrar
You said we wouldn't be apart
Você disse que não iríamos nos separar
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say you don't need me anymore
Quando você disse que não preciso mais de mim
So don't pretend to
Então, não finja
Not love me at all
Não me amar mais
Cause I don't believe you
Porque eu não acredito em você
Me perdi em pensamentos observando a rua vazia à minha frente e fui despertada por alguém que abraçou minhas pernas. Me virei sorrindo pra Diego.
'Tô com sono.' Falou manhoso. O carreguei no colo e beijei sua testa.
'A gente já vai pra casa, meu amor.' Sorri o encarando e ele deitou a cabeça em meu ombro.
Respirei fundo para voltar pra dentro da casa, mas parei na porta.
'Diego.' O chamei e ele me olhou. 'O que você acha de irmos visitar seus avós?'
Senti a beirada da cama afundar e abri os olhos lentamente sem me assustar ao ver Sophia sentada me olhando. Isso vinha acontecendo bastante nas duas ultimas semanas, ela sempre me lançava aqueles olhares de pena, como se eu estivesse doente ou alguma coisa do tipo.
'Que horas são?' Perguntei botando o travesseiro na cabeça por causa da claridade que ultrapassava a cortina.
'Quase nove.' Ela respondeu e eu ainda sentia seu olhar sobre mim.
'Sophia, por quanto tempo você vai ficar me olhando dessa forma? Não agüento mais seus olhares de pena e compaixão.' Falei irritada me sentando na cama. 'Você me olha como se eu estivesse morrendo ou alguma coisa assim.'
'E você está.' Ela respondeu calmamente. 'Eu te conheço suficientemente bem pra saber que você está morrendo por dentro.' Argh, dramática!
'Ah, me poupe, Sophia!' Me levantei bufando e entrei no banheiro deixando a porta entreaberta enquanto fazia minha higiene matinal. 'E o Diego?' Perguntei já sabendo a resposta.
'O Arthur passou aqui tem meia hora.' Respondeu simplesmente.
Já faziam duas semanas que eu estava na casa de Micael, não que aquela casa já não me fosse bem familiar, mas eu já me sentia mais a vontade do que nunca. Claro que eu não pretendia passar o resto da minha vida lá, eu ainda estava tentando desembaralhar minha cabeça e decidir o que era melhor pra mim e pro Diego. Por mais que eu pensasse em uma solução, sabia que nem Diego e nem Arthur aceitariam ficar longe um do outro, e todas as soluções que eu pensava me obrigava a afastá-los. Ok, eu só havia pensado em uma solução, e ela definitivamente incluía o Diego bem longe do Arthur, e eu também, claro.
Saí do banheiro reparando que a cama já estava arrumada e o quarto estava vazio, olhei para o telefone pensando se faria ou não aquela ligação, mas resolvi deixar para mais tarde.
'Bom dia, amorzinho.' Sorri para Micael sentado no sofá e ele retribuiu. Dei um beijo em sua bochecha e fui até a cozinha sabendo que Sophia estaria lá.
Ela me olhou quando eu entrei e eu reparei que ela tinha deixado o olhar de pena de lado, agora era apenas um olhar preocupado. Sorri me sentando e ela botou uma xícara de chocolate quente na minha frente.
'Obrigada.' Agradeci sorrindo e peguei algumas torradas e a geléia que já estavam em cima da mesa. Percebi que Sophia me olhava um pouco ansiosa e arqueei a sobrancelha. 'Que foi?' Ela balançou a cabeça e suspirou.
'Só queria saber se você pensou direito sobre aquele assunto.' Falou com cuidado. 'Existem tantas outras formas de se resolver isso, Lu. Você sabe que os dois não vão aceitar ficarem separados.' Deu de ombros.
'Eu ainda não sei.' Falei sincera bebendo um gole do chocolate. 'Eu vou ligar pra minha mãe hoje, faz algum tempo que a gente não se fala. Sei que ela vai me ajudar a decidir o que for melhor. E se o melhor for voltar pra casa, eu vou voltar.' Falei mais baixo e vi Sophia fazer uma cara de decepção. Ela sabia que quando eu falava casa, não estava me referindo ao meu apartamento com o Arthur.
Terminei de tomar meu café em silêncio já que Soph tinha ido para a sala ficar com Micael. Fiquei algum tempo mirando a parede branca da cozinha e pensando em como explicar pra minha mãe tudo que vinha acontecendo. Pensei em como ela vivia dizendo que eu e o Arthur éramos o típico casal que vivia brigando, mas que não conseguia viver separado. Eu estava me virando muito bem durantes aquelas duas semanas, e o pouco que eu havia visto Arthur me dizia que ele também estava se virando bem.
Micael tentara duas ou três vezes me fazer conversar com a Jenny, mas eu me recusava a ouvir o que ela tinha a dizer. Não era teimosia, eu apenas tinha medo de ouvi-la confessar tudo.
Ou de ouvi-la negar tudo.
Lavei a louça que havia sujado e resolvi voltar pro quarto para tomar um banho. Quando passei pela sala, Sophia e Micael estavam abraçados no sofá vendo algum programa de auditório que parecia ser engraçado, já que os dois riam.
'Lu, vai hoje à noite?' Micael perguntou antes que eu sumisse no corredor.
'Hm... não sei ainda.' Falei em duvida. Chay e Ash haviam marcado uma festa para comemorar os três anos de namoro. Eu nunca havia visto um casal marcar uma festa para festejar uma data como essa, mas segundo soube, os dois queriam inovar e resolveram juntar os amigos para festejar.
'Vai ser legal, você devia ir.' Sophia sorriu. E eu sabia que por trás daquele sorriso vinha a esperança de que eu encontrasse com Arthur e a gente se resolvesse. Como se fosse fácil assim.
'Acho que vou sim.' Sorri fraco e voltei pro quarto ligando o aparelho de som deixando tocar em uma rádio qualquer. Fechei a porta do quarto e deixei a do banheiro aberta para que pudesse escutar as músicas enquanto tomava banho.
Uma musica agitada começou a tocar e eu agradeci mentalmente enquanto me despia. Não estava com humor para musicas depressivas. Entrei embaixo do chuveiro e liguei a água quente sentindo meu corpo agradecer por isso.
'Também te amo, mãe. Beijo.' Desliguei o telefone suspirando e me joguei na cama encarando o teto. Aquela conversa com minha mãe tinha complicado ainda mais minha cabeça. Ouvir a voz dela e do meu pai havia feito a saudade que eu sentia deles se multiplicar. Tudo que eu precisava em horas como aquela era do colo da minha mãe, do seu cafuné e de suas palavras calmas que sempre me ajudam a resolver meus problemas.
Eu havia explicado os últimos acontecimentos para ela e pedi que ela escutasse tudo atentamente antes de dizer qualquer coisa. No final ela acabou deixando a decisão em minhas mãos de qualquer forma. Apenas pediu que eu pensasse muito antes de tomar qualquer decisão, principalmente porque aquilo envolveria não só a mim, mas ao Diego também.
Pensei nas minhas possibilidades, desde as mais plausíveis até as mais absurdas. A única coisa que eu sabia era que eu precisava de um tempo, e de preferência um tempo longe de um lugar em que tudo me lembrava o Arthur.
Fechei os olhos tentando esvaziar minha mente e deixei que as preocupações fossem se esvaindo aos poucos. A música baixa e calma que saia do aparelho de som ajudava um pouco.
O telefone tocou, mas eu não me preocupei em atender, Micael estava na sala e como dono da casa ele quem deveria atender. Sophia havia saído para comprar alguma coisa no mercado e logo estaria de volta. Pensei se deveria ou não conversar com ela, eu sabia que ela não me deixaria pensar nas minhas possibilidades, mas mesmo assim eu precisava de alguém pra me ouvir, e ninguém melhor do que ela.
Peguei novamente um telefone, mas antes que pudesse discar ouvi uma voz do outro lado da linha. Pus o telefone na orelha apenas para checar se eu não estava ficando louca, mas haviam realmente duas vozes do outro lado.
'Tem certeza disso, Jenny?' A voz de Micael perguntou séria e eu prendi a respiração.
'Claro que tenho, Micael! Vocês esqueceram que eu to noiva? E estou muito feliz com o Philiphe!' A voz enjoada de Jenny respondeu. Ia desligar antes que algum dos dois percebesse, mas a curiosidade falou mais alto.
'Você falaria isso pra Lu?' Micael perguntou em dúvida e Jenny soltou um risinho afetado.
'Aquela garota me odeia, né?' Perguntou sem obter uma resposta.'Mas eu falaria sim, sem problemas.'
'Tudo bem então, eu vou... tentar falar com ela. Brigado, Jenny. De verdade.' Micael falou sincero e depois os dois se despediram.
Levei algum tempo com o telefone no ouvido, até ouvir passos de aproximando e desliguei rápido deixando cair ao meu lado na cama. Micael entrou no quarto e me olhou por alguns instantes. Forcei um sorriso.
'Posso falar com você?' Perguntou se sentando na beirada da cama e eu confirmei com a cabeça. 'Eu acabei de falar com a Jenny.' Ele parou achando que eu ia o interromper, mas apenas continuei o olhando, ele sorriu fraco. 'Você não quer mesmo falar com ela? Acho que seria um pouco esclarecedor, Lu.' Ele me olhou com expectativa, mas eu continuei muda.
Ficamos nos encarando alguns segundos em silêncio.
'Acho que ela pode, hm... melhor do que ninguém falar a verdade, apesar de, erm... ela não ter me contado tudo.' Ele desviou o olhar para a janela por alguns segundos, e depois voltou para meu rosto. Balancei a cabeça negativamente.
'Não precisa.' Falei baixo.
Ele me olhou tentando decifrar o que eu quis dizer, e eu vi seu olhar cair sobre o telefone ao meu lado. Micael abriu a boca para falar alguma coisa, mas o que quer que fosse, ele desistiu. Sorriu abertamente pra mim e beijou minha testa antes de sair do quarto.
'Tô pronta.' Falei chegando na sala onde Micael e Sophia conversavam baixo.
'Que bom que você vai!' Soph se levantou e me abraçou. 'Você tá linda, como sempre.' Sorriu sincera e eu agradeci com outro sorriso.
'E o Diego?' Micael perguntou se dirigindo até a porta.
'Vai tá lá, depois da festa ele vem pra cá.' Esclareci e ele balançou a cabeça em compreensão.
Descemos o elevador em silêncio e quando chegamos no carro o silêncio foi preenchido por alguma musica agitada que tocava no rádio. Sophia e Micael cantavam alto rindo vez ou outra e me fazendo sorrir também. Encostei minha testa no vidro e fiquei observando as luzes da cidade e dos outros carros irem passando rapidamente.
Quando Micael estacionou em frente à casa que estava bem iluminada senti meu estomago revirar. Respirei fundo algumas vezes antes de sair do carro. Os dois me esperavam perto do carro e sorriram pra mim.
O som alto que vinha de dentro da casa podia ser ouvido a pelo menos cinco casas de distância, algumas pessoas conversavam no jardim e na varanda da frente. Passamos sorrindo para alguns conhecidos e entramos pela porta entreaberta. O som ficou ainda mais alto, e misturado com dezenas de vozes chegava a ser quase insuportável. Avistamos Chay e Ash conversando animadamente com outro casal e caminhamos até eles para os parabenizar.
'Parabéns, Ash. Agüentar o Chay por três anos é pra poucos!' Micael brincou nos fazendo rir e Chay mostrou o dedo de meio. Abracei os dois sorrindo e todos engatamos uma conversa sobre como andava a preparação para o CD dos meninos. Micael e Chay faziam comentários engraçados o tempo todo e estavam muito empolgados para começarem a gravar as músicas.
'Parabéns, casal!' A voz animada de Pedro me assustou já que eu estava de costas pra porta. Olhei pra trás e vi que ele estava sozinho e Arthur e Diego vinham logo atrás.
'Cadê a Kris?' Sophia perguntou e ele entortou a boca.
'Terminamos.' Pedro respondeu um pouco sem graça.
'O que aconteceu?' Me intrometi na conversa. Todos sabíamos que Pedro não era muito de ter relacionamentos longos, mas com a Kristen estava indo muito bem.
'Desandou.' Ele deu de ombros. 'Ah, enfim, não deu certo e a gente achou melhor terminar.' Falou por fim encerrando o assunto e todos concordamos balançando a cabeça sabendo que ele não queria falar sobre aquilo.
Arthur se aproximou de mãos dadas com Diego que sorria para todo mundo como se a festa fosse dele. Sorri brevemente para Arthur e me abaixei ficando na altura de Diego.
'Ei, meu amor.' Ajeitei a gola da camisa pólo que ele usava. 'Se divertiu hoje?' Sorri.
'Ahaam.' Ele respondeu olhando rapidamente pro pai e depois pra mim de novo.
'Vou pegar alguma coisa pra beber.' Pedro falou já indo em direção à cozinha.
'Hm... também vou.' Arthur me olhou rapidamente e saiu com Micael. Chay e Ash foram cumprimentar algumas pessoas que chegavam e acabou ficando apenas eu, Sophia e Diego.
'Ei, pequeno. Vem cá com a tia!' Soph sorriu carregando Diego no colo. 'Eita, tá pesado, hein?' Falou fazendo Diego rir. 'Ai, nem acredito que vi esse pestinha nascer.' Ela me olhou sorrindo e eu retribui.
'Tempo tá passando rápido demais.' Pensei alto. 'Vamos lá pra fora?' Apontei a varanda e o jardim de trás e Sophia concordou me acompanhando. A casa não estava lotada, mas estava um pouco abafada e eu odiava aquela sensação.
A musica era bem mais baixa do lado de fora da casa, e o vento fraco que passava me ajudava até a pensar melhor. Caminhamos até uma mesa com algumas cadeiras que estavam vazias e sentamos.
'Mãe, tô com sede.' Diego falou saindo da cadeira e vindo até mim. Olhei em volta e vi que os garotos estavam conversando na porta da cozinha com latinhas de cerveja na mão.
'Seu pai tá ali na cozinha, meu amor. Pede lá pra ele.' Apontei pra Arthur e Diego concordou caminhando até o pai.
'Ainda não entendo porque com o passar dos anos ele perdeu suas características e ficou praticamente igual ao Arthur.' Sophia comentou vendo meu filho se afastar e eu ri baixo. 'Até o jeito de andar tá igual!' Ela riu incrédula.
'É o meu destino!' Falei baixo balançando a cabeça.
Estávamos, eu, Sophia e Ash conversando sobre assuntos variados. Ash contava sobre a viagem que ela e o Chay estavam planejando, um pequeno tour pela Europa para comemorar o aniversário. Eu e Soph ouvíamos atentamente enquanto ela soltava gritinhos em cada parte empolgante.
'Vocês vão ser os primeiros a casar.' Falei sorrindo.
'Hm... não sei não.' Sophia me olhou em duvida e depois sorriu pra Ash, que retribuiu. Olhei para as duas arqueando a sobrancelha.
'Vocês são um saco.' Falei botando a língua pra fora. 'Vou pegar alguma coisa pra beber.' Mandei beijos e me levantei indo até a cozinha que estava um pouco cheia de gente.
Abri a geladeira e peguei uma latinha de cerveja rapidamente. Ao invés de voltar para o jardim resolvi olhar como estava tudo dentro da casa e procurar por Diego, apenas para ter certeza de que ele estava com Arthur. Quando ia sair da cozinha bati em alguém, aparentemente alto, já que minha testa bateu em seu peito malhado.
'Opa, desculpa.' Ele falou sorrindo. Sorri um pouco sem graça.
'Sem problemas.' O olhei brevemente e reparei que ele era realmente bonito. Seus cabelos pretos caiam levemente pela testa e seus olhos mel eram extremamente convidativos. Balancei a cabeça e ia voltar a caminhar quando sua voz me interrompeu.
'Sou Johnny. Johnny Banks.' Ele estendeu a mão pra mim.
'Lua Blanco, mas pode me chamar de Lu.' Apertei sua mão.
'Tá sozinha?' Ele perguntou um pouco inseguro. Pensei em dizer que não, mas como sempre me apressei e confirmei com a cabeça. 'É amiga do casal aniversariante?' Johnny perguntou sorrindo.
'Sou sim, conheço os dois faz tempo.' Confirmei. 'E você?'
'Eu sou primo de segundo grau da Ash. Morava em Manchester, mas mudei pra Londres faz alguns meses.' Caminhamos até a sala e nos sentamos em duas cadeiras. 'Engraçado que eu acho que te conheço, ou já te vi em algum lugar.' Ele analisou meu rosto atentamente e eu fiquei um pouco sem graça.
'Sério?' Arqueei e a sobrancelha e ele confirmou. Lembrei do aniversário de Ash, já tinha algum tempo, mas era o único lugar possível que me vinha na cabeça. 'Você tava no ultimo aniversário da Ash?' Perguntei.
'Tava sim! Você também?' Ele deu um gole na cerveja em sua mão e eu confirmei balançando a cabeça. 'Então deve ter sido lá mesmo que eu te vi. Eu ainda nem tinha me mudado pra cá ainda.' Falou sorridente. 'E você faz o quê? Trabalha, estuda?' Ele juntou um pouco mais nossas cadeiras.
'Os dois.' Sorri. 'E você?'
Johnny começou a contar sobre a vida dele, o trabalho e sobre o quão engraçada foi sua formatura. Eu apenas ria de vez em quando e continuava bebendo a cerveja. Ele era engraçado, inteligente e bonito, o único problema era o egoísmo. Se eu abri a boca mais de três vezes em cinco minutos de conversa foi muito. (n/a: botem a música pra tocar!)
I don't mind it, I don't mind at all
Eu não me importo, eu realmente não me importo
It's like you're the swingset, and I'm the kid that falls
É como se você fosse o balanço, e eu sou a criança que cai
It's like the way we fight, the times I cry, we come to blows
É como a nossa forma de lutar, as vezes que eu choro, começamos a brigar
And every night, the passion's there, so it's gotta be right, right?
E todas as noites, a paixão está lá, então isso tem que estar certo, certo?
Senti um certo incomodo como se estivesse sendo observada e quando olhei para o outro lado da sala encontrei os olhos de Arthur me encarando atentamente. Ele virou o rosto voltando a prestar atenção na conversa com os meninos e eu abaixei meus olhos para minhas mãos em meu colo. Johnny ainda contava alguma história sobre a formatura dele e eu apenas sorria para disfarçar e fingir que prestava atenção.
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say don't come around here no more
Quando você diz não venha mais aqui
I won't remind you
Eu não vou te lembrar
You said we wouldn't be apart
Você disse que não iríamos nos separar
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say you don't need me anymore
Quando você diz que não precisa mais de mim
So don't pretend to
Então, não finja
Not love me at all
Não me amar mais
Levantei meu olhar e mais uma vez os olhos de Arthur me encaravam, seu rosto estava sério e ao mesmo tempo sereno. Não havia nada ali para que eu pudesse sequer tentar adivinhar o que ele estava pensando. Era como se ele apenas me observasse, sem nenhuma intenção.
'Lu?' A voz de Johnny chegou até mim um pouco mais alta e eu o olhei. 'Tá tudo bem?' Perguntou um pouco preocupado.
'Hm... na verdade não muito.' Falei sincera. 'Eu vou... lá fora. Foi um prazer te conhecer.' Me levantei rapidamente antes que ele se oferecesse para ir comigo e fui para a varanda na frente da casa.
A maioria das pessoas estava dentro da casa, ali fora estavam apenas um casal passeando abraçado e um grupo de quatro pessoas sentadas na escada conversando.
I don't mind it, I still don't mind at all
Eu não me importo, eu continuo não me importando
It's like one of those bad dreams when you can't wake up
É como um desses sonhos ruins quando você não pode acordar
Looks like You've given up, you've had enough
Parece que você desistiu, você me deu o suficiente
But I want more, no I won't stop
Mas eu quero mais, eu não vou parar
Cause I just know you'll come around, right?
Porque eu sei que você vai vir, certo?
Cruzei meus braços quando um vento um pouco mais forte passou e eu respirei fundo sentindo um perfume conhecido. Senti alguém se aproximando e parando ao meu lado, eu não precisava olhar pra saber quem era. Mordi meu lábio pensando se quebrava ou não o silêncio, mas nada me veio em mente e eu preferi permanecer calada, ao contrário de Arthur.
'Tudo bem?' Ele perguntou casualmente. O olhei por alguns segundos e a intensidade do seu olhar me deixou um pouco confusa.
'Umhum.' Assenti balançando a cabeça e desviando de seu olhar. 'E você?' Perguntei por fim. Ele também desviou o olhar do meu rosto.
'Tranqüilo.' Falou serenamente.
Arthur botou as mãos dentro do bolso e eu prendi um sorriso. Ele sempre bota as mãos no bolso quando está nervoso e não sabe o que fazer com elas.
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say don't come around here no more
Quando você diz não venha mais aqui
I won't remind you
Eu não vou te lembrar
You said we wouldn't be apart
Você disse que não iríamos nos separar
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say you don't need me anymore
Quando você disse que não preciso mais de mim
So don't pretend to
Então, não finja
Not love me at all
Não me amar mais
Just don't stand there and watch me fall
Apenas não fique parado e me veja caindo
Cause I, cause I still don't mind it at all
Porque eu, porque eu realmente não me importo
'Você conhece, hm.. o Johnny?' Perguntou apontando para a casa.
'Não conhecia, a gente se bateu na cozinha.' Observei as pessoas que estavam na escada entrarem na casa. 'Não sabia que você o conhecia.' O olhei.
'Conheci hoje na verdade.' Ele deu um meio sorriso. 'Você pareceu um pouco desconfortável... conversando com ele.' Deixei um risinho escapar.
'Ele fala um pouco demais.' Respondi balançando a cabeça.
O silêncio se instalou entre a gente por alguns instantes. Tão desconfortável que me fazia querer ir embora correndo.
'Ansioso pra gravação do CD?' Perguntei me sentindo estranha. Aquela conversa toda estava estranha. Era como se não nos conhecêssemos mais, como se entre a gente não houvesse laço algum, muito menos um filho.
'Bastante.' Ele sorriu satisfeito.
Balancei a cabeça concordando enquanto vasculhava minha mente à procura de algum assuntou ou alguma forma de sair daquela estranha conversa.
It's like the way we fight, the times I cry, we come to blows
É como a nossa forma de lutar, as vezes eu choro, começamos a brigar
And every night, the passion's there, so it's gotta be right, right?
E todas as noites, a paixão está lá, então isso tem que estar certo, certo?
'O Micael me disse que falou com a Jenny hoje mais cedo.' Arthur falou ansioso. Observei seu rosto sem conseguir encontrar seu olhar que estava perdido olhando a rua vazia.
'É, ele falou.' Respondi simplesmente.
'Você falou com ela?' Ele finalmente me olhou, e eu me virei para encará-lo também.
'Não.' Balancei a cabeça ainda o encarando. 'Acho que... eu não quero falar nesse assunto. Eu só quero...' Suspirei profundamente. 'Esquecer tudo aquilo.' Finalmente falei sentindo meu coração quase parar. Arthur balançou a cabeça concordando com um riso irônico.
'Realmente, é tudo passado agora. É melhor mesmo a gente esquecer.' Falou tirando as mãos do bolso e passando pelo cabelo. 'Vai ser melhor assim.' Me olhou rapidamente e deu de costas entrando novamente na casa.
Fiquei observando o espaço vazio que ele tinha deixado ao meu lado.
"É melhor mesmo a gente esquecer"
"Vai ser melhor assim"
Tinha que ser.
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say don't come around here no more
Quando você diz não venha mais aqui
I won't remind you
Eu não vou te lembrar
You said we wouldn't be apart
Você disse que não iríamos nos separar
No, I don't believe you
Não, eu não acredito em você
When you say you don't need me anymore
Quando você disse que não preciso mais de mim
So don't pretend to
Então, não finja
Not love me at all
Não me amar mais
Cause I don't believe you
Porque eu não acredito em você
Me perdi em pensamentos observando a rua vazia à minha frente e fui despertada por alguém que abraçou minhas pernas. Me virei sorrindo pra Diego.
'Tô com sono.' Falou manhoso. O carreguei no colo e beijei sua testa.
'A gente já vai pra casa, meu amor.' Sorri o encarando e ele deitou a cabeça em meu ombro.
Respirei fundo para voltar pra dentro da casa, mas parei na porta.
'Diego.' O chamei e ele me olhou. 'O que você acha de irmos visitar seus avós?'
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