quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Tatuagem

Capitulo duplo



Capitulo 5 - A Tatuagem

Na manhã seguinte, depois que todos tomaram café, Mel queria tomar sorvete, Ray queria fazer compras e Lu queria correr, já que o dia estava bonito. Então Micael resolveu deixar a Ray no shopping, depois tomar sorvete com Mel e Lu foi sozinha correr no parque mais próximo.


BRRRRRRRRBBBRRRRRR! [n/a: ok, imagine um celular que acaba de receber uma mensagem vibrando em cima do criado mudo ao lado da cama, hauhauha.]
- Caralho, eu quero dormir! – Arthur pegou o travesseiro e colocou em cima da cabeça, deitado de bruços. – Maldito celular... – ele desistiu de tentar ignorar o som e pegou o aparelho. Viu que era uma mensagem de Delilah, e dizia o seguinte:

Estou te esperando naquele
lugar de sempre em 15 minutos!
#Lilah

Após ler, ele levantou foi ao banheiro, depois se vestiu e foi ao tal lugar. Era um parque ali mesmo no final da rua, daqueles com várias árvores, trilhas, banquinhos de praça e tudo mais. Onde as pessoas que moram por ali vão levar seus cachorros pra passear pela manhã, fazer caminhada, correr... Um lugar realmente adorável. Mas espera aí! Correr?! Lua foi correr lá também!
Quando Arthur estava chegando, avistou sua namorada sentada num banquinho de costas pra ele. Ela estava de cabeça baixa e o vento balançava de leve seus cabelos vermelhos. O garoto estava prestes a tocar no ombro dela quando uma moça passou correndo alguns metros à frente deles. Ela usava uma regata cinza e folgada, um short também não muito apertado, tênis, óculos escuros, cabelo preso num rabo alto e seu I-pod estava preso ao braço. Mesmo com todos esses detalhes, e o óculos tampando quase todo o rosto da menina, Arthur a achou familiar e olhou até que ela sumisse de vista. Foi acordado dos pensamentos quando uma folha da árvore próxima ao banquinho lhe caiu sobre a cabeça.
- Erm... Oi Lilah.
Ela se virou pra trás e o encarou séria.
- Oi Arthur, está aí faz tempo?
- Não...
- Hm... senta aí.
Ele deu a volta e sentou ao lado dela. – Você queria falar comigo?
- É... Arthur, sobre nós. – ela tinha firmeza nas palavras e parecia decidida.
- Pode falar. Tem algo errado?
- Não, tirando essas suas sumidas e eu nunca saber onde você está! – Arthur ia abrir a boca mas Lilah prosseguiu – Você some totalmente e às vezes parece até que você nem existe mais... Assim não dá, cansei de gente me perguntando se terminamos porque você foi visto com alguma menina por aí... Se tem uma coisa que eu não quero é fama de chifruda, ok! E também não é só isso, eu... Estou conhecendo outra pessoa. Então não tem outra escolha a não ser terminar logo porque as coisas não estão dando certo mesmo.
- Hum... Ainda bem que você enxerga isso. Quem é essa pessoa, posso saber?
- Mike.
- Mike? Quem diabos é Mike?
- Mariana's Trench... baixista.
- Ahn, agora entendi! Eles estão numa turnê por aqui! Você foi ao show, conheceu eles, o Mike te chamou pra sair e você já ta me trocando... – ele sorria irônico e fazia gestos grandiosos com os braços, em seguida abandonou o tom irônico e a olhou sério – Não passa de uma Maria-Palheta!
- E você não passa de um galinha! É isso que você é e sempre foi! Você é uma pessoa pública Arthur, devia saber se comportar! Não posso ficar sendo corneada pelo guitarrista do McFly o tempo todo!
- Certo, então é isso que eu sou pra você não é? Só o guitarrista do McFly que você namora, ou melhor, engana há quase um ano pra conseguir alguma fama e as pessoas te conhecerem! – ele ficava cada vez mais irritado e ela também o olhava com raiva – Anda, deixa a sua máscara cair logo, pra que ficar enganando o guitarrista aqui, você nem namora mais ele, não é?!
- Tá bom Arthur, é isso que você quer ouvir? Tudo bem, eu ficava com você porque te achava bonitinho e ainda por cima um famoso, depois começamos a namorar mas apaixonada eu nunca fui. Satistfeito?
- Ótimo, eu já desconfiava de tudo isso depois que eu li uma entrevista ridícula sua pra uma revista teen mais ridícula ainda! Vai lá... Maria-Palheta, sugar a sua próxima vítima!
- Você não presta, Arthur! Pelo menos o Mike gosta de mim!
- Eu também gostava, ou você acha que não? Tanto que eu nem enxergava como você é! Se tinha alguém que fingia sentimentos aqui era você.
- Eu não fingia nada, tá legal? Gostava da sua presença... Você é que de uns tempos pra cá transformou tudo num inferno! Eu já vou, se perguntarem, diga que ainda somos amigos, ok.
- Não faço amizade com piranhas... – ele comentou sério olhando pra frente, enquanto ela já se levantava do banco.
- Certo... Então vai correr atrás daquela cadelinha que passou. Pensa que eu não sabia que você estava aí olhando pra ela? – ela falou e foi embora.
- PELO MENOS NÃO DEVE SER FALSA COMO VOCÊ! – berrou enquanto Delilah se afastava.
Arthur continuou lá sentado, perdido em pensamentos, era um namoro de oito meses se acabando! Depois de esfriar a cabeça ele foi pra casa, tomou um banho e logo saiu outra vez. Voltou ao parque, foi procurar aquela garota, queria ver se ela ainda estava por lá, a imagem dela não saia da cabeça, tinha certeza de já tê-la visto antes mas não conseguia lembrar. Na verdade só a achou muito parecida com alguém... Estando de volta ao parque, ele começou a caminhar enquanto observava cada um ao seu redor. ‘Eu devo estar ficando louco!’ pensava e balançou a cabeça negativamente ‘Se eu visse aquela garota de novo... Aposto que ela não é nem tão parecida assim com quem eu tô pensando! Eu vi coisas, só pode! Como é que a Lua ia parar aqui assim de repente?!’ Arthur caminhava tranquilo e as lembranças começaram a invadir sua cabeça, tão nítidas como se fossem da semana passada.

Play Arthur's Flash Back

- Oi Lua, por que está sozinha aqui? – encontrei a Lua sentada numa escada, fora da sala em horário de aula, e ela parecia triste.
- Oi Arthur... Não conta pra ninguém, mas... é que eu não estava com saco pra assistir aquela aula de matemática, ficar aqui fora sem fazer nada está sendo melhor, pelo menos hoje.
- Hum... posso sentar aqui?
- Uhum. – me sentei ao lado dela e dude... ela usava um perfume divino! Nossa, divino é uma palavra extremamente gay! Vou trocar por gostoso mesmo vai...
- Você está fugindo da aula também?
- É... acho que eu estou sempre fugindo. – olhei fundo nos olhos dela e mudei o assunto depois. Como eu disse, estou sempre fugindo! – Erm... Aconteceu alguma coisa ruim com você hoje?
- Aconteceu. Mas eu já devia ter me acostumado.
- Pode me contar o que foi?
Lua ficou pensativa... Talvez não quisesse me contar, mas acabou contando.
- Eu vi um casal se amassando hoje. O que não seria nada demais se o menino não fosse aquele que eu gosto.
- Deve ter sido horrível.
- Você nem imagina...
- Imagino sim.
- Não imagina não! – ela falou rindo.
- Por que acha que não?
- Porque Arthur Aguiar nunca deve ter sofrido por amor.
- Gostaria que fosse verdade.
- Tá dizendo que você já sofreu?
- Não. Tô dizendo que eu sofro ainda até agora.
- Então se sofre é porque quer! Fala sério, Arthur! – ela riu e me deu um tapinha no braço. Acho que era pra ser de leve, mas doeu um pouco... – Você sabe que todas as meninas do primeiro ano, ou melhor, desse colégio todo dariam um braço pra ter você.
- Mas aí é que tá! Não quero todas as meninas do 1º ano, nem muito menos as do colégio inteiro. A única que eu gostaria que desse um braço por mim é a que menos se importa comigo.
- Hm... Então por que você fica com todas as meninas do colégio ao invés de conquistar esta ameba? – assim que ela falou eu ri desembestadamente, ela estava chamando a si mesma de ameba e nem sabia.
- Nossa, como você é besta pra rir, só porque chamei a menina de ameba... Mas ela deve ser mesmo, pra não perceber que você gosta dela, porque quando você gosta de alguém, sinceramente Arthur, você não é discreto!
- O problema é que com ela eu sou, acho que é medo. Queria que ela me notasse. Criei essa fama toda pra ela também querer ficar comigo. Só que ao invés de atrair, afastou mais.
- Talvez ela também goste de você e tenha medo de ser só mais uma na sua numerosa lista.
- Não! Ela não devia pensar assim porque ela é única! Na verdade ela é a razão pra eu ter uma numerosa lista! Trocaria toda a minha lista enorme por uma que tivesse apenas o nome dela. – realmente, quase todas as meninas que eu pegava era pra ver se ela ficava com algum ciúme, mas parecia não fazer nenhum efeito.
- Talvez você esteja usando a tática errada desde o começo. Estou usando muito talvez não é! Tudo bem... Vou afirmar uma coisa agora, você devia simplesmente mostrar que gosta dela, tomar atitude com ela.
- Você está certa. – falei e percebi que estávamos relativamente próximos! Aquela era a hora! Parece que o tempo ficou parado ali e eu guardava cada detalhe do rosto dela visto de pertinho. Seus olhos grandes olhando pra mim, dava pra ver todo o meu reflexo lá dentro, a pele suave, os ossos logo abaixo do fino pescoço... Já falei que ela tem as saboneteiras mais sexies?! Pena que a merda do sinal tocou! Assustei-me e ela riu de mim. Mas depois dessa conversa eu tive certeza que era de mim que ela estava falando! Cheguei em casa feliz da vida naquele dia, eu estava parecendo um viadinho, ela tem esse poder sobre mim, me deixa tão gay que já cogitei a possibilidade dela ser um garoto disfarçado! Só que como sempre tem alguma coisa pra me derrubar, minha mãe me veio com uma notícia que acabou comigo: íamos nos mudar! Dude... senti meu chão desaparecer aquela hora! Perder meus amigos e tudo que eu tenho aqui?! E justo agora que eu consegui ter quase certeza que a Lu também gosta de mim. Simplesmente não posso ficar mais com ela.

Stop Arthur's Flash Back

Lua chegou na casa do primo e ele disse que sua amiga tinha ligado.
- Cadê a Mel, ela estava com você, não estava? – ela perguntou como se não tivesse escutado sobre a ligação.
- Ficou lá na sorveteria, encontrou umas meninas conhecidas da gente e devem estar fofocando alguma coisa desinteressante até agora.
- Ah... tá. Você falou o que mesmo assim que eu entrei?
- Sua amiga ligou.
- Que amiga, Micael?
- Sophia. – ele respondeu e sua expressão facial se tornou estranha.
- Hum... ela falou o que queria? Conversou com ela?
- Nop. Falei que você ligava depois. Ela parecia triste.
- Fazia tempo que vocês não se falavam, não é?
- Acho que sim... – ele tentou parecer vago.
- Te conheço Borges! Você ainda não esqueceu dela!
- Como assim ‘esquecer’? Por acaso um dia eu gostei?
- O que?! Pensa mesmo que eu nunca vi os seus olhares pra ela?
- Você e essa sua mania de ver romances em tudo!
- É, é verdade, eu vejo mesmo! – Lua se aproximou e olhou pro rosto dele franzindo a testa como se estivesse tentando enxergar alguma coisa na cara dele – Inclusive aqui na sua testa! Está escrito ‘Soph, amor da minha vida’! – ela acabou de falar rindo, e viu a cara enfezada que Micael começou a fazer, então logo saiu correndo pois Micael não ia deixar barato. Ela correu pra cozinha e rodeou a mesa umas três vezes com o primo atrás dela, depois foi pra sala e subiu num dos sofás, ele subiu no que fica de frente. Os dois a todo momento ficavam fingindo que iam pular mas não pulavam, o que aumentava o nervosismo de ambos. Lua fingiu que ia pular pra direita mas acabou indo pra esquerda e passou na frente de Micael que continuou correndo atrás dela até o hall de entrada da casa, foi quando ele já estava quase pegando Lua pela blusa, mas tropeçou no tapete e caiu por cima dela.
- Machucou? – ele perguntou entre risos, ainda estava por cima dela e os dois estavam caídos em frente à porta.
- Micael... Lu? O que fazem aí? – a porta de repente abriu e era Ray que carregava algumas sacolas e Pedro que a ajudava.
- Não foi nada! Esse retardado que se irritou comigo por causa de uma coisa boba que eu falei. – os dois se levantaram e ajeitavam as roupas sem graça.
- Você deve ser a Lua, não é? – Pedro estendeu uma mão cheia de sacolas pra ela.
- Ai, espera aí! Deixa eu pegar essas coisas e levar pro sofá. – Ray o ajudou.
- Uhum! E... você que é o Arthur? – ela estava torcendo pra ouvir um sim e acabar com sua dúvida de vez.
- Não, sou o Pedro.
- Oh desculpe! É que eu só ouvi falar no Arthur até agora... – disfarçou completamente - E outra vez. - sem graça em menos de um minuto de contato.
- Dude, acredita que a Delilah ligou aqui ontem procurando o Arthur e foi a Lua que atendeu! – Foi a vez de Micael falar enquanto fechava a porta e os outros iam andando pra sala.
- Nosso amigo não tem mesmo jeito. – Pedro comentou e Lua ficou tensa, o Arthur que ela conhecia também não tinha jeito.
- Deixa o Arthur! Ele ainda vai aprender a ser que nem o Pedrozinho aqui! – Ray apertou uma das bochechas do garoto que sorriu sem graça – Encontrei com ele no shopping e ele fez questão de me trazer de volta, mesmo sendo perto!
- Não ia ser legal você voltar com todas essas sacolas, parece que comprou o shopping todo!
- Err... Pedro, eu espero que não se incomode mas eu tava correndo no parque e acabei de chegar, preciso subir pro quarto agora!
- Tudo bem, vai lá, foi bom te conhecer!
- Também gostei de você, fofuxo! Até mais. – ela subiu as escadas e se trancou no quarto.

Enquanto isso, Mel ainda estava na sorveteria. Encontrou Delilah e a amiga dela, Holly. Conheceu as duas no réveillon do ano passado, quando passava uns dias na cidade. A amizade delas se resumia a conversar sobre música, festas e claro, boys!
- Você tem sorte de ter ganhado o Micael como primo! Além de ser lindo, tem três amigos de perder o fôlego! – falava uma delas animada.
- É Holly... Mas não adianta nada se você gosta muito de alguém que só te vê como amiga, ou talvez nem isso! – Mel respondeu desanimada encarando sua terceira taça de sorvete que o mocinho da sorveteria acabava de colocar sobre a mesa.
- Nem me fale! Homem só sabe dar trabalho! Hoje mais cedo eu terminei com meu namorado e ele não fez nenhum mínimo esforço pra gente pelo menos continuar amigos.
- Mas Lilah, você queria que ele ficasse rastejando? Você estava terminando com ele, cacete! – Holly tentava compreender a amiga, quando olhou pra frente e viu Chay na entrada da sorveteria – Mel, não olha agora mas o...
- MEL! – antes que Holly terminasse de avisar, Chay soltou um escandaloso grito e Mel se virou, assim como todos ali dentro, o que deixou Mel com vontade de enfiar a cabeça dentro da taça de sorvete.
- Oi Chay! – ela sorriu e levantou pra cumprimentá- lo.
- Oi! O Micael me falou que você vinha! Que legal, dude! – Chay estava exageradamente empolgado e puxou a menina pra um abraço que a deixou surpresa, apesar de ter adorado, claro.
- Quer se sentar conosco? – ela se soltou do abraço e indicou a cadeira vazia ao lado de Holly, de frente pra ela.
- Demorou! Tudo bem, gatas?! – ele cumprimentou Delilah e Holly, depois se sentou.
Os quatro conversaram animados mas foi por pouco tempo, logo que Holly e Lilah terminaram a taça de sorvete que estava pelo meio quando Chay chegou, elas foram embora deixando os outros dois sozinhos.
Depois de alguns minutos olhando da menina pro sorvete e do sorvete pra menina, ele resolveu perguntar uma coisa qualquer.
- Está gostando da faculdade? Lembro que você parecia bem empolgada pra começarem às aulas!
- É, eu estava mesmo bem ansiosa... Tem sido legal, conheci pessoas, fiz amizades.
- E conheceu alguém especial por lá? – ele parecia curioso.
‘Que pergunta foi essa?! Chay está querendo saber se eu tô namorando? OMG!’ ela pensava enquanto ainda tinha sorvete na boca e esperava engolir pra responder.
- Errm... Alguém especial? Quer dizer com síndrome de down? – ela brincou se fazendo de boba.
- Não, tonta! Quero dizer alguém especial pra você. – ele falou e apareceu um sorriso no canto da boca.
- Não Chay... Lá não tem ninguém especial se você quer saber.
- Vai ver você não prestou atenção direito... Às vezes a pessoa pode estar bem na sua frente. – ao vê-lo falar isso e sorrir, sentado bem na frente dela, Mel respirou fundo e quase teve um troço ali mesmo. Ela segurava a última colher de sorvete, que levaria à boca se não tivesse ficado paralisada por alguns segundos. Ficar parada com a colher no ar não foi uma boa idéia pois fez o “material” da colher despencar e cair em cima de uma de suas pernas.
- Oh não, você se sujou? – Chay se levantou e foi até ela. Vendo que a bolota tinha caído na perna dela e que ela estava de minissaia, ele quis soltar um risinho safado mas se controlou porque isso a deixaria mais envergonhada do que já estava! Mel levou uma das mãos à testa e ficou olhando indignada para a cagada que tinha feito, enquanto Chay pegava uns guardanapos e se ajoelhou ao lado dela.
- Err... Posso te ajudar? – ele perguntou meio sem jeito com as duas mãos cheias de guardanapos.
- Pode. – ela soltou um sorriso meio nervoso.
- Segura esses aqui. – Chay entregou os guardanapos que segurava em uma das mãos pra ela. Foi limpando o sorvete e a cada vez que a pele dele encostava na dela os dois sentiam correntes elétricas. Nem precisa dizer que o rosto dela estava vermelho-beterraba com luzes piscando. E ele, nem sabia o por que mas percebeu que suas mãos estavam um pouquinho trêmulas. ‘Que pernas... Não, Chay Suede! O que é isso, que pensamentos são esses?! Calma dude, ela é sua amiga e você está ajudando, é só um sorvete!’ ele pensava enquanto tentava disfarçar o terremoto nas mãos. Quando finalmente ele terminou, levou os guardanapos sujos até a lixeira e ela se levantou, depois pagaram a conta e saíram juntos.

Arthur estava ainda no parque, andou por todos os cantos daquele lugar e não encontrou de novo a garota que corria. ‘Só eu mesmo pra achar que ela ia estar por aqui ainda... mas tudo bem, agora é melhor eu ir pra casa almoçar e amanhã eu volto naquela hora que a vi hoje e sento no banquinho pra esperar! Será que ela vem todos os dias? Será que ela vem amanhã? Tomara que sim! Preciso olhar pra ela de perto pra acabar com essa cisma! Ela deve ser muito parecida com a Lua, por um momento pensei até que fosse a própria!’


Capítulo 6 – And we'll be together in the dark…

- Como assim eu não te avisei?! – Lua estava em seu quarto comendo biscoito recheado e conversando com Sophia ao telefone.
- Esqueceu totalmente de mim, que amiga! Foi a sua mãe que precisou me avisar quando eu cheguei na sua casa desesperada ontem!
- Te avisei sim que tava vindo pra cá sua lesada! Deixei recado no seu MySpace! E não foi só eu, a Ray e a Mel também deixaram.
- Ahn... É que eu não entrei lá esses dias. – a voz da menina estava triste.
- Tudo bem... Mas por que você disse que foi lá em casa desesperada? O que aconteceu?
- To precisando de você amiga, o momento ta difícil! – Soph começou a chorar, alguma coisa grave tinha acontecido.
- Você ta chorando aí?! O que aconteceu? Me fala!
- O... O Chr-chris...
- Sim, o Chris, o que aconteceu com ele? Fala Sophia, to preocupada já!
Sophia ficou um tempo quieta tentando respirar e controlar o soluço, até que falou tudo de uma vez – ELEÉCASADOETEMTRÊSFILHOS!
- Hun?! O quê? Só entendi filhos, repet... – ela ia pedir pra amiga repetir, quando a ficha caiu – OMG! Ele tem três filhos e é casado, foi isso que você disse?
- Uhum.
- Ai caramba! Esse tempo todo ele ficou te enganando? Como você descobriu? A mulher dele te viu?
- É... Ele me enga-nou esse t-t-tempo todo!
- Calma Sophia, inspira... Expira... Espera um pouco, com você soluçando desse jeito vai ficar ruim pra gente conversar!
- Ta bom, ta ru-im mesmo p-pra fa-fa-falar desse jeit-o! Vou lav-var o rosto e daqui-qui a pouco eu t-t-te ligo.
- Ok.
Soph desligou o telefone e Lua deitou-se na cama, ficou olhando o teto e pensando na vida enquanto esperava com o telefone na mão. Demorou uns 10 minutos e a amiga retornou um pouco melhor.
- Oi Soph, ta melhor pra falar agora meu anjo?
- To sim, Lu. Já lavei o rosto e to comendo uns bombons!
- Hm... Então me conta que história é essa!
- Ah, o Chris é um viadinho da pior espécie, pra começo de conversa! Ele me enganou todo o tempo que estivemos juntos. Enquanto eu estudava, a gente mantinha o relacionamento escondido e eu entendia, porque ele era meu professor e tals... Mas depois, eu terminei de estudar lá naquela escola e mesmo assim a gente continuava sem se assumir totalmente, já te falei que ele nunca me levou na casa dele?!
- E como você descobriu tudo?
- Foi ontem. Estávamos andando pelo shopping, a gente não tava de mãos dadas nem nada porque ele sempre dizia que tinha problemas com demonstrações públicas de afeto, e eu otária acreditava! Aí, de repente pára um cara na frente da gente, acho que deve ser algum amigo dele, o homem tava com os olhos esbugalhados e falou pra ele mais ou menos assim “Que bom que te achei! O que aconteceu com seu celular, han? Você precisa correr pro hospital, Christopher! A sua mulher vai dar a luz cara!”
- OMG! E você o que fez?
- Eu senti como se o teto do shopping tivesse caído na minha cabeça! Eu e ele ficamos parados lá, eu não conseguia nem me mexer. Até que não sei como eu arranjei força, olhei pra ele e soltei um “vai logo!” então ele e o amigo saíram correndo em direção ao estacionamento enquanto eu fiquei lá parada por uns instantes, depois fui pro banheiro mais próximo e desatei a chorar, parece que a ficha tava caindo só naquela hora. – Lua não conseguiu dizer nada, apenas deixou o queixo cair, então a amiga prosseguiu – Depois que sai do shopping, eu fui pra sua casa. Como você não tava, eu vim pra minha e quando liguei o celular tinha um monte de mensagens do Chris contando a verdade, que ele é casado e tem filhos mas que me ama e não suportaria me perder e blá, blá, blá.
- Você respondeu alguma coisa?
- Não. Por mim, que morra. E falando nele, o desgraçado ta aqui tocando a campainha.
- Vai falar com ele?
- De jeito nenhum. Ele pode estragar o botão da campainha que eu não vou lá. E também não tem mais ninguém em casa, então a porta não vai se abrir sozinha, certo?!
- E se ele estiver aí pra dizer que quer ficar com você?
- E largar a família dele? Pois aí é que ele vai ser mais canalha ainda! Você sabe Lu, meu pai fez exatamente a mesma coisa com a minha mãe quando eu era pequena, largou minha mãe comigo pra ficar com uma vadia que devia ter a nossa idade naquela época. Não desejo isso pra ninguém, portanto não quero que ele largue a família dele. Se ele construiu, agora que cuide! E se eu fizer o Chris abandonar os filhos eu vou ser igual a vadia que tirou meu pai de mim, entende?
- Entendo! E acho que você ta muito certa... Fala pra ele isso tudo que você me disse e ele vai te deixar em paz.
- É, acho que eu vou escrever uma carta, o que acha?
- Uhum, cartas são tiro e queda. – ela falou num tom irônico, lembrando da carta que recebeu do ex.
- Ai meu Deus! – Soph se assustou de repente e assustou Lu também.
- Que foi?! Que foi?!
- Ele cansou de tocar a campainha e começou a esmurrar a porta Lu! Vai arrombar aquela droga! O que eu faço? To com medo já!
- Calma! Calma! Não se desespera! Olha, ele não vai arrombar nada! A sua porta é a mais segura e a mais blindada de toda a rua, então fica calma!
- É verdade, eu e mamis sempre fomos medrosas, ainda mais morando sozinhas! A nossa é a casa mais cercada e mais segura por aqui! – ela riu e se acalmou um pouco.
- Então... Quando ele for embora e você estiver mais calma, escreve a sua carta e coloca tudo que você me disse e mais um pouco. – Lua fez uma pausa no que ia dizendo e logo teve uma idéia – Soph! O que você acha... de...
- Fala logo mulher!
- VIR PRA CÁ!
- Pra Bedford? Fazer o quê?
- Ué, passar uns dias!
- Aí na casa do Micael?
- É MANÉ!
Nesse momento, Micael começou a bater na porta do quarto.
- Lu, posso entrar?
- Entra Micael. – ela falou e começou a tampar o telefone.
- Eu vou ao mercado, você vai querer que traga alguma coisa?
- Não, obrigada.
- Ta bom então. – ele virou as costas pra sair do quarto, mas ela o chamou de volta.
- Micael, posso te pedir um favor?
- Pedir você pode, se eu vou fazer é outra coisa! – ele brincou mas viu que a prima estava bastante séria e parou de rir.
- É sério Micael, é sobre a Sophia, aconteceram algumas coisas com ela que a deixaram muito mal... Tava pensando se eu podia convidá-la pra passar uns dias aqui.
- Tudo bem, pode sim, quarto aqui é o que não falta!
- Ai Micael, obrigada! Você é um anjo sabia! – a menina levantou de onde estava sentada, largou o telefone na cama e o abraçou.
- É eu sei que sou demais... – ele fez sua melhor cara de convencido enquanto se soltava do abraço e levou um tapinha no ombro. Depois voltou a falar enquanto Lua voltava a se sentar na cama – Mas o que aconteceu com ela?
- Foi coisa com o Chris... Mas é melhor que ela mesma conte.
- Ta bom. Então, fala que ela pode vir e passar quantos dias precisar... Ela pode dormir no meu quarto, já que eu to no dos meus pais. Deixa eu ir agora, o mercado me espera! Tchau!
- Tchau amor!
- Alô? Lu, você ta ai? Ta falando com quem? – Soph ainda estava ao telefone sem entender nada.
- Oi Soph! Acabei de falar com o Micael, ele disse que você pode vir e passar quantos dias quiser, não é o máximo?!
- Ai... Não sei.
- Claro que sim, deixa de doce! Se você ficar aí só vai sofrer mais por causa do Chris, enquanto que passar uns dias aqui vai ser ótimo pra te ajudar a esquecer esse idiota!
- É! Tem razão! Vou fazer uma mala! Amanhã eu já to aparecendo por aí, ta bom? Depois te ligo de novo pra dizer a hora que vou chegar, acho que vou de trem, você me busca?
- Claro! Tudo Ótimo! Até!
- Até amore!
Elas desligaram e Soph se sentiu realmente mais animada com essa idéia, foi como se tivessem acendido uma luzinha no fim do túnel em que se encontrava. Ela se pôs a escrever a carta pra colocar amanhã no correio, antes de viajar pra Bedford.
Já estava escurecendo e Lua ainda não tinha tomado um banho, pois passou horas conversando com Sophia! E também percebeu que só tinha comido biscoito recheado depois de voltar do parque. Então resolveu ir até a cozinha, mas ao chegar na sala, se deparou com uma cena que a deixou surpresa - Ray e Pedro se beijando! Ela nem ao menos sabia que eles tinham alguma coisa... Lembrou-se que a própria Rayana disse que não tinha gostado de nenhum deles e subiu confusa. Seu estômago estava roncando mas ela não quis passar por ali pra não atrapalhar. ‘Melhor eu ir tomar meu banho primeiro.’ ela pensava enquanto subia as escadas em silêncio.


- Err... Obrigada e desculpa! – disse Pedro ao terminar o beijo alguns minutos depois.
- Imagina! – ela sorriu e brincou em seguida, fazendo-o rir também – Estamos aqui pra isso!
- Se você quiser bater em alguém, bata no Micael! Foi ele que inventou essa aposta que eu não tinha coragem de te pedir um simples beijo. – Ray via um menino corar de um jeito extremamente bonitinho à sua frente.
- Tudo bem Pedro, eu não me importei, não significou nada, pode ficar tranqüilo. Ouvi quando Micael te desafiou e o achei um metido!
- A-ah, você ouviu?
- Uhum! E eu só aceitei te beijar assim de repente por isso, viu?! Eu não costumo ser assim tão fácil! – ela ria já discontraída enquanto ele tentava disfarçar que aquelas palavras dela o cortaram totalmente porque pra ele significou sim e bastante se quer saber!
Mel já havia chegado há algumas horas e subiu direto pro quarto, nem almoçou já que passou a manhã se entupindo de sorvete. Se fechou em seu quarto e sentiu as forças abandonarem as pernas, obrigando-a a se jogar na cama e começar a olhar para o teto... Até mesmo o teto lhe parecia mais bonito hoje! ‘Hoje foi tudo tão... perfeito?! Sim, essa é a palavra! O sorvete tava perfeito, o sol tava perfeito, minha roupa estava perfeita e Chay É sempre perfeito! Preciso adimitir que a Ray tem razão, eu devo estar mesmo muito a fim dele...’ ela passou a tarde perdida em seus pensamentos.


Não demorou muito e Micael chegou em casa trazendo Arthur, Chay e... cervejas! Se juntaram a Pedro e Ray numa conversa animada sobre quantas latas de cerveja cada um precisa pra perder o rumo totalmente. Algum tempo depois, Mel também chegou na sala e ouviu um pouco da conversa antes de ser vista por eles. Era Arthur quem falava.
- Micael, cadê a Lua? Eu to achando que essa sua prima é imaginária! Ela nunca ta aqui! Eu já vi gente que tem amigos imaginários, mas primas eu nunca vi!
Micael ia abrir a boca pra responder algo, mas Mel chegou antes falando e caminhando em direção à eles.
- Ela ta tomando banho, daqui a pouco ela vem, sossega Aguiar!
- Oi MEL! – ele levantou de onde estava sentado e foi correndo de um jeito totalmente afeminado-desengonçado pra cima dela.
- Nossa, eu to achando que vocês adoram gritar meu nome! – ela sorriu e o abraçou.
- Como você cresceu! – ele continuava a falar daquele jeito gay que tanto fazia os outros rirem, segurando as duas mãos dela e balançando de um lado pro outro.
- Eu não to mais em fase de crescimento Aguiar, não tenho mais doze anos!
- Bom, erm... Isso eu já percebi... Owtch – finalmente ele abandonou o jeito gay de falar pra adotar o jeito safado olhando a menina de cima a baixo, o que fez Mel responder com um belo tapa em seu braço. Em seguida, se sentaram e Mel se viu mais uma vez sentada à frente de Chay, que a olhava de vez em quando provocando tsunamis e furacões internos na garota.


Lua estava em seu quarto terminando de se vestir, dava pra ouvir a conversaria que vinha da sala e logo deduziu que o tal Arthur devia estar lá também. Escolheu então umas roupas bonitas, mas não se produziu muito pra não dar bandeira, botou uma leggin preta com um mini-vestido rosa claro e um tamanco com um pequeno salto. Se olhou no espelho e prendeu o cabelo num cóque meio mal feito deixando a franja e umas mexas caídas, só pra fazer o estilo “Oi-nem-me-arrumei-porque-não-sabia-que-tinha-visitas!” sem contar que a qualquer momento ela poderia soltar o cabelo e balançá-lo pra fazer um charme, dependendo de como fosse esse tal Arthur. À essa altura já havia apagado a idéia de ele ser aquele Arthur, então só queria mesmo se divertir naquele mês que passaria por lá. ‘Está certo, eu sei que ele tem namorada e que eu estou totalmente errada aqui! Mas logo eu vou embora e... ele já é um galinha mesmo!’ ela fez uma pausa, repensando no que havia pensado - não fazia idéia que ele já tinha terminado com a namorada. ‘Ah, não! Isso não justifica, Lua! Por que diabos você está tão ansiosa pra ver um cara que tem namorada? Acho que eu sou detestável... Nem mesmo o fato de eu estar um pouco na fossa,ainda por causa do Peter, justifica isso!’ Depois de se arrumar com todas essas pequenas estratégias e se martirizar olhando no espelho logo em seguida, finalmente Lua abandonou o quarto, mas parou um pouco no topo da escada ouvindo que alguem começou a tocar violão. Então ficou apressiando a música, achou a voz muito bonita, apesar de eles estarem apenas zoando.


Room on the 3rd floor
Not what we asked for
I'm not tired enough to sleep


- Vai Arthur, mostra pra elas dude! – Lua pôde reconhecer a voz do primo gritando e soube então que quem cantava era justamente o tal Arthur


One bed is broken
Next room is smoking
Air-conditioning stuck on heat


Outside it's raining
There's a guest upstairs complaining
About the room that's got their
TV too loud


Guess times like these remind me
That I've got to keep my feet on the ground


A partir daqui, Arthur continuou apenas tocando, pois Chay começou a cantar no lugar dele com sua voz 30% rouca e 100% sexy, deixando uma Mel 500% maluca. 


Wake up early
'Round 7:30
Housekeeping knocking on my door, yeee!!


Do not disturbed sign the back of her mind
I must have left it on the floor


Lu também não conhecia Chay ainda, mas supôs que era ele por eliminatória. Gostou muito daquela voz também. Os próximos versos, Pedro começou a cantar junto com Chay.


My eyes are hurting
'Coz the cheap nylon curtain
Let's the sunlight creep in through from the cloud


Guess it's times like these remind me
That I got to keep my feet on the ground




Come oooon! – Chay gritou fazendo todos os presentes na sala cantarem juntos a parte do na na na.


A garota escutava tudo ainda no topo da escada. Ria com as risadas e palhaçadas deles e agora estava ainda mais curiosa pra ver o tal Arthur da voz que ela achou fofinha! Começou a descer as escadas quando tudo se apagou! Sim, faltou luz bem no meio do na, na, na, na... na, na, na, naaa, interrompendo tudo e deixando todos num completo breu!

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