quarta-feira, 16 de maio de 2012

A Tatuagem



Capítulo 21 – Bad day in Wonderland
Capitulo 21
Micael acordou por volta das nove da manhã sentindo suas costas pedirem por socorro. Viu que Sophia estava com a cabeça em seu peito e depois de vagar em pensamentos tipo ‘Se me dissessem mês passado que aconteceria tudo isso eu não ia acreditar!’ ele estampou um sorriso bobo no rosto e balançou Sophia delicadamente até ela se mexer.

- Nossa... Apagamos aqui na casinha! Ai... – ela se levantava – Precisamos parar com esse costume de dormir sobre superfícies tão, err... sólidas!
- É! Ainda ta cedo, vem... Vamos continuar dormindo numa cama de verdade! – ele se levantou e estendeu a mão para ajudá-la a levantar também.
Ao passar pela sala, Micael viu que tinha recado na secretária eletrônica e foi até o telefone pra ouvir enquanto Soph usava o banheiro do andar de baixo.
- YEEE, minha mãe vai voltar hoje à tarde! – ele esticou os braços pra cima quando viu Sophia sair do banheiro.
- Que bom Micael! Pena que nós estamos indo, né... Justo hoje.
- É... Vocês bem que podiam ficar mais um pouco!
- Você sabe que não dá, Micael... Mas tudo bem, não é tão longe assim! – eles sorriram e foram abraçados subindo as escadas. Quando chegaram no corredor de quartos ouviram uma descarga. Os dois se entreolharam e foram checar se Ray estava lá. A porta do quarto dela estava aberta e ela dormindo como um anjinho.
- Mas então... quem está no banheiro? – Sophia se virou pra Micael e falou baixinho, meio assustada.
- Vejamos... Melanie e Chay devem estar na casa dele. Arthur e Lua definitivamente dormiram fora. E eu vi quando o Pedro e a Rayana chegaram, ela entrou sozinha e ele foi embora. – Micael raciocinava em voz baixa.
- Como você viu a hora que a Ray chegou?
- Eu vim até a cozinha e vi quando ela passou pela sala na ponta dos pés como se alguém pudesse flagrá-la! Engraçada...
Ouviram mais um barulho dentro do banheiro e se olharam mais uma vez. Agora parecia alguém lavando as mãos, mas depois de todas aquelas eliminatórias, quem podia ser ali?
Micael foi andando até a porta devagar com Sophia grudada no braço dele. Estava prestes a por a mão sobre a maçaneta quando...
- AAAAAAAAAAAAAH!
- PUTAQUEOPARIU! – Micael gritando.
- PEDRO SEU FILHO DUMA... – Sophia gritando.
- QUEREM CALAR A BOCA? – Rayana acordando.
Os três estavam gritando porque Pedro abriu a porta antes de Micael e se assustou com aqueles dois ali.
- Ray, socorro! Eles estavam me espionando enquanto fazia xixi! – Pedro se jogou na cama ao lado de Rayana e sumiu no meio dos cobertores.
- Não, idiota! A gente não sabia que você tava aqui. – Micael puxou os cobertores de cima dele.
- É, eu pensei que tinha algum estranho no banheiro! – Soph comentou assustada.
- Ah, ele foi muito bonitinho, mais ou menos uma hora depois que a gente chegou ele voltou aqui e escalou a janela! Não é um amorzinho? – Rayana ficou passando a mão pela cabeça dele como se ele fosse um gatinho de estimação.
- Amorzinho eu não sei, mas por que alguém se daria ao trabalho de subir até a janela se não tem nenhum 'pai-furioso' em casa pra pegar no flagra? – Micael cruzou os braços.
- Po dude! Namorado que se preze tem que entrar pela janela da namorada pelo menos uma vez!
- OOOH RAYANA, VOCÊS ESTÃO NAMORANDO! – Sophia gritou e se jogou na cama por cima de Rayana e Pedro.
- SIIM E... espera! – Ray olhou pra mão da outra, onde um anel brilhava tanto que chegava a ofuscar a visão – VOCÊ TAMBÉM TA, SOPH!
 - Cara! – Pedro levantou da cama enquanto as duas faziam festa – O que aconteceu com aquela coisa toda de 'namorar é bobagem' e bla bla bla?
- Me diga você... – Micael deu de ombros e sorriu quando Sophia piscou pra ele.

Melanie acordou ouvindo uma música baixinha.
...
I need a little more luck, then a little bit
Cuz' everytime I get stuck the words won't fit
And everytime that I try I get tongue tied
I need a little good luck to get me by
...


Abriu os olhos devagar reconhecendo uma de suas músicas favoritas e sorriu involuntariamente. Notou que estava vestida num roupão branco e macio, mas não tinha nada por baixo. Se assustou ao perceber que estava num quarto, deitada numa cama grande e Chay não estava lá. Viu que a música vinha de um rádio relógio e ele marcava 10:15 a.m. Não demorou muito e Chay entrou com uma bandeja, fechou a porta do quarto, a colocou em cima de uma mesinha e sorriu. Estava com um roupão igual ao dela, só que aberto e com a boxer estampada de patinhas de gato que tanto fez Mel rir na noite passada.
- Dormiu bem?
- Aham, mas to com um pouco de dor de cabeça!
- Eu avisei pra não abusar, você ficou dizendo que champanhe não te deixa bêbada e olha o estrago – comentou rindo da cara confusa dela.
- Como eu vim parar aqui? Não me lembro de ter vindo pra cá!
- A gente dormiu lá na sala, mas eu acordei no meio da madrugada e te trouxe pra cá – ele se aproximou e deu um selinho nela.
- Ah, ta... CHAY! – de repente ela o olhou meio espantada – Precisamos ajeitar aquela bagunça que ficou a sala!
- Relaxa! Brit já ta dando conta.
- Brit?
- É, Bridget, a empregada. Eu dei um dinheiro pra ela não comentar pra mamãe sobre isso! Combinamos tudo, o carpete ela pôs pra lavar e se a mãe perguntar ela vai dizer que estava cheio de pó. Tudo que estava fora do lugar ela já arrumou, começou cedo, e o seu vestido já pôs pra lavar também, deve estar na secadora agora.
- Ufa...
- Te trouxe um café, espero que goste de geléia de morango – ele fez uma carinha fofa e ela sorriu boba.
- Ouuun Chay! Eu acho que qualquer coisa que você me trouxesse e fizesse essa carinha eu ia gostar, até pedra! – ela o segurou pelo queixo, deu um selinho e pegou uma torrada.

Uma hora depois ele já estava levando-a de volta para a casa do Micael e estava uma bagunça danada por lá, as meninas correndo de um lado pro outro enquanto um som alto tocava na sala, se misturando com os barulhos do video game que Pedro jogava concentrado. A casa parecia um hospício naquele momento... Quem liga mesmo?

There's a place off Ocean Avenue
Where I used to sit and talk with you...


- ALGUÉM ABAIXA ESSA MERDA? – Mel gritou, estava com dor de cabeça. 
Chay foi abaixar o volume vendo que ninguém o faria, enquanto Melanie ficou a observar a correria das outras.
- OMG! Você viu meu secador, Ray?! – Sophia perguntava no corredor.
- NÃO! – Rayana gritou dentro do quarto.
- É Chay... Pelo visto não fui só eu que não terminei de arrumar minhas coisas! – Melanie comentou rindo quando ele se aproximou.
- Acho melhor você se juntar a elas na correria! Que horas seu pai vai passar mesmo?
- Duas.
- Oi Mel, o seu pai ligou faz poucos minutos – Micael veio da sala e se aproximou dos dois.
- Ah, é? O que ele disse? Você não falou que eu dormi fora, falou?
- Eu não, mas o Pedro falou!
- PEDRO! – Melanie e Chay gritaram juntos.
- Eu o que? – Pedro perguntou sentado no sofá, ainda bem concentrado no seu jogo.
- Relaxa, olhem só... ESTOU CONTANDO QUE VOCÊ ESCALOU O TELHADO ONTEM E GRITOU LÁ EM CIMA QUE VOCÊ TEM HEMORRÓIDAS E QUE AMA O ARTHUR!
- Ah, é. – Pedro respondeu sem prestar a mínima atenção.
- Viram? Pedro me assusta! – Micael sorriu e os dois respiraram aliviados.
- Mas então, por que meu pai ligou?
- Ah, ele só ligou pra avisar que teve um problema com o carro e só vai poder passar à noite, por volta das 7.
- Ahn! Isso é bom, mais tempo! – ela abriu um largo sorriso – Vou subir e tomar um banho. – deu um selinho em Chay e subiu as escadas correndo.
- Cadê o Arthur? – Chay olhou pra Micael depois de um tempo que ficou pasmando.
- Não sei, não apareceu ainda e nem a Lua. – Micael deu de ombros e os dois foram se sentar na sala.

- OUCHH! – Arthur acordou quando uma bola de vôlei bateu em sua perna. O menino que a jogou ficou a observá-los na entrada daquela 'pequena caverna de rochas' onde eles estavam. Ele saiu correndo quando Arthur levantou a cabeça.
- Arthur... O que foi? – Lua murmurou ainda de olhos fechados.
- Lu, acho que a gente dormiu de novo depois que o sol nasceu!
- Ah é, mas que horas são? E de quem é essa bola? – Lu apontou com cara de zonza pra bola colorida que o menino abandonou.
- Foi um menino que arremessou na minha perna e depois ficou assistindo a gente acordar... Filho da mãe, aposto que vai ficar roxo isso aqui! – Arthur murmurava enquanto foi andando pra ver em que lugar do céu estava o sol e assim tentar adivinhar o horário, já que seu relógio havia parado e o celular estava no carro.
- Ainda bem que a gente se vestiu direitinho naquela hora então... – Lua se levantou e começou a sacudir o cabelo por causa da areia.
- Lu... Que horas você disse que Robert ia passar lá na casa do Micael mesmo?
- Ah, ele disse que mais ou menos duas da tarde. Por quê?
- Não sei, mas parece que já é meio-dia, ou quase! – ele falou observando o céu, com o sol lá no meio.
- O QUÊ? – ela se virou na direção dele mais rápido do que a sonolência permitia e quase se desequilibrou – Mas... mas... tem certeza?!
- Olha, não que eu seja assim um fazendeiro e tal, mas acho que é sim.
- ARTHUR, A GENTE PRECISA CORRER! Robert vai passar daqui duas horas, não vai dar tempo! Ainda nem terminei de arrumar minhas coisas! – ela prendeu o cabelo e os dois foram andando rápido. Uma praia lotada ficou observando as duas criaturas saindo do meio das rochas sacudindo as roupas, cheias de areia grudada. Lua teve a impressão que até quem jogava vôlei parou para olhá-los. Sentiu as bochechas esquentarem um pouco, mas não podia fazer nada a não ser andar depressa. Em seguida, foram correndo para o carro visivelmente atrapalhados e apressados... O carro estava lá, do jeitinho que ele havia estacionado. [n/a: ok, isso é uma ficção mesmo aahusah! Vamo combinar né...]

Arthur’s point of view ON

Entramos no carro e eu ainda precisava vestir minha camisa que eu vim carregando no braço. Eu estava morrendo de vontade de rir daquelas pessoas que ficaram paradas olhando pra gente, aquela cena foi digna de cinema! Por que eles ficaram tão admirados, ué? Só um casal com roupas sociais no melhor estilo 'me-formei-ontem-à-noite'! Sabia que eu não podia olhar pra Lua porque ela devia estar prendendo o riso também ou então com aquela cara irritantemente bonita de quando ela fica com vergonha. Não me controlei e olhei pra ela antes de dar a partida. Nós dois começamos a rir feito loucos... Acho que dormir na praia traz problemas mentais.
- As nossas caras deviam estar as melhores – ela estava falando e rindo ao mesmo tempo. Quanto mais ela ria mais eu queria rir também! Ataque de riso existe mesmo?
- Você quer dizer as piores né, pra ficarem olhando tanto!
- Porra Arthur, aquelas garotas estavam olhando pra você sem camisa! – uau. Ela fala mesmo... Desse jeito eu não vou conseguir parar de rir pra poder dirigir, cacete!
- Mas aposto que você ficou toda orgulhosa por ser a dona de tudoisso, não ficou? – fui cutucando a barriga dela, diz aí se eu não achei uma boa saída? Aprendam comigo guys, não discutam com suas namoradas, apenas façam cócegas nelas e pronto!
- Ok, eu vou... deixar passar... mas pára... e dirige caraíí! – ela estava falando e rindo mais uma vez, mas agora era por causa das cócegas.
- Ah, é verdade! Estamos com pressa! – eu tratei de ligar o carro, mas antes que eu passasse a primeira marcha ela tocou meu braço, me olhou com aqueles olhos que param o meu mundo e me deu um beijo. Não foi um beijo que demorou muito, mas foi algo diferente. É como se ela estivesse confirmando que não se arrepende de nada, nem mesmo de ter saído sob os olhares de todos agora pouco, assim como eu que também acho que cada segundo valeu.
- Ta bom, agora pára de me olhar e vamos embora porque minha cara deve estar horrível! – Hum, deixa eu analisar... Não está horrível.
- Você ta bonita Lu! – eu falei, dei a seta e saí. O trânsito parecia complicado mais à frente... Odeio trânsito!
- Aiai, esses quase-namorados, como mentem! – Lu se ajeitou no banco sorrindo. Eu tive que tirar com ela depois disso!
- COMO ASSIM?! QUANTOS VOCÊ TÊM? – eu fingi uma voz afetada e ela virou o rosto pro outro lado, provavelmente rindo.
- Só você, mas é porque você vale por muitos! – e ela piscou. Agora foi ela quem achou uma boa saída, hum. [n/a: créditos à amiga da Aline ahsuhshas]
- Ihh, esse trânsito ta mais parado que o meu relógio aqui!
- A gente não pode fazer nada então não adianta estressar! Vou colocar uma música... – pegou o MP4 na bolsa e ligou no rádio do carro. Começou a tocar David Archuleta. O que ela ta querendo com isso?
- Ah Lu! David Ar-de-chulé essa hora da manhã?!
- Mas agora não é manhã Arthur. [n/a: humpf ]
- Então põe uma música menos "quarto-de-mocinha".
- Touch My Hand não é "quarto-de-mocinha" – Lua encolheu um dos olhos e pôs as mãos nas cadeiras. Foi engraçado! Eu ri.
- Se você diz... – melhor concordar né... E o carro anda mais dois metros. Começou a ficar difícil ter paciência naquele trânsito enquanto sentia o sal e a areia pinicando em algumas partes do corpo! Mas a gente chega lá e é um tempo a mais pra eu passar com a Lu antes dela ir embora!
- Ahhhhin, a gente não vai chegar antes do Rob, Arthur! E se ele levar minha mãe e ela me ver chegando assim?! Vai me encher de perguntas o caminho inteiro até em casa!
- Calma, a gente chega sim, eu prometo! Se a gente não chegar no horário, eu toco Touch My Hands em praça pública! E até danço, viu... – erm, a gente vai chegar no horário. Não vai?

Arthur’s point of view OFF

Chegaram à casa do Micael às três da tarde. Lua desceu do carro apressada e quando o ‘casal milanesa’ entrou na casa, todos os presentes na sala ficaram olhando com cara de interrogação e caíram na gargalhada vendo o jeito meio assustado dos dois.
- Que foi? – Arthur perguntou levantando os braços.
- Cadê o Robert? Minha mãe veio também? Ela vai me matar!
- Relaxa Lu! – Sophia recuperava o fôlego depois de rir da cara apavorada dela – Ele ligou e parece que só vai passar no finalzinho da tarde.
Lua respirou aliviada com a mão sobre o estômago. – Mas por quê?
- Ah, foi algum problema no carro. – Melanie abanou o ar.
- Por onde vocês andaram? Algum depósito de areia? – Rayana perguntou fazendo os outros voltarem a explodir em risadas.
- Fomos! É um deposito enorme que começa com ‘pra’ e termina com ‘ia’! – ela falou sorridente e olhou pra Arthur, que também sorria.
- Nossa! Vão à praia e nem chamam os amigos! – Soph cruzou os braços e Ray lhe deu um pedala.
- Cala a boca maritaca! Você ia querer segurar vela?
- Não me bate, coisa ruim! Assim eu vou ficar com traumatismo ucraniano!
- E seria esse traumatismo proveniente da Ucrânia? – Rayana falou prendendo o riso.
- Ih, nunca tinha pensado nisso...– Sophia fez cara de dúvida.
- Tem um monte de coisas que você nunca pensou, Soph! – Rayana comentou e logo precisou colocar os braços à frente do rosto pra se defender das almofadadas da amiga.
- Vai ver o primeiro traumatizado no mundo apareceu na Ucrânia! – Chay respondeu como se aquilo valesse um milhão de reais.
- Ainda bem que a Sophia e o Chay não estão mais juntos, imagina se tivessem um filho, como é que não seria a criaturinha! – Pedro havia acabado de voltar do banheiro e quando passou por Chay lhe deu um pedala.
- Hey, é por isso que você e a Rayana estão juntos! Só sabem maltratar os amigos, são dois brutos... – ele fez um biquinho afundando a cabeça entre os ombros e Melanie lhe deu um beijo na bochecha.
- Eu não maltrato a Sophia, eu amo essa mulher! – Rayana ficou tentando agarrar Sophia, que virava a cara e tentava afastá-la com os braços.
- Pensei que só a gente tivesse momentos gays! – Micael falou pra Pedro e os dois desmunhecaram as mãos.
- Ah, minha Rayana é uma flor, ela ama essa amiga dela! – Pedro falou pra Chay enquanto Rayana ainda continuava tentando beijar a bochecha de Sophia.
- Não, aqui só tem uma flor e é a Melanie! Ela nasceu on the floor – Chay passou um braço pelo ombro dela e ficou esperando A reação.
- On the floor?
- Sim! É no jardim on the floor nasce! – Chay terminou sorridente e todos fizeram OOOUUUN quando ele deu um selinho nela. Melanie quase chorou.
- Put a keep are you Chay vai see food her! – Micael escreveu num caderno e jogou em cima dos dois.
- Essas crianças estão com fogo hoje! – Arthur olhou pra Lua sorrindo depois de um tempo observando os amigos.
- Deixa eles... Eu vou tomar banho e trocar essa roupa horrível, acho melhor você ir e fazer o mesmo! – Lua o puxou pela mão até a porta.
- Ahn! Ontem você disse que meu terno era lindo! – Arthur brincou fazendo cara de criança quando descobre que Papai Noel não existe.
- Ele é! Quando não está coberto de areia... – ela terminou rindo. Os dois se despediram e Arthur foi pra casa.

Lua tomou seu longo e merecido banho, tirando areia e sal até dos ouvidos... Terminou de arrumar algumas coisas que faltavam nas malas, depois desceu pra sala e cumprimentou seus tios que haviam acabado de chegar.
- Tia! Pensei que eu fosse embora sem te ver!
- Oh, minha querida, foi tão inesperado! Uma pena não podermos estar aqui nas férias com vocês! – a senhora Borges abraçava a sobrinha.
- Espero que não tenham feito muita bagunça – senhor Borges apontava o dedo no rosto do filho.
- Que isso pai! Nós não somos mais adolescentes! – ele ergueu uma sobrancelha e olhou Lua de canto de olho – Mas e então... Como foi tudo?
- Ai meu filho... Seu tio ficou em coma por uns 20 dias, mas não resistiu. Foi difícil, tivemos que cuidar da minha sogra porque ela ficou terrivelmente abalada. – a mãe do Micael explicava enquanto tirava o agasalho. Os pais de Micael ficaram um tempo na sala, conversando com toda aquela turma e depois foram tomar banho pra descansar.
Já passava das seis e meia quando Lua estava em seu quarto passando um lápis básico no olho e viu o celular vibrar em cima da penteadeira, mensagem do Arthur.

LU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Dá pra passar aqui?
Têm umas coisas que eu esqueci de dar pra minha fã #1!
Bjoooooooooo


Lua sorriu ao ver a mensagem, ficou muito curiosa imaginando o que seria e se daria tempo de passar lá...
- MICAEL! – ela gritou ao entrar na cozinha e ver o primo bebendo um copo de suco.
- Cralhocofcofoc, quase me engasguei agora! Que me matar de susto? Se eu morresse a culpa ia ser sua!
- Não, ia ser do suco de laranja! Mas esquece isso... Me leva com seu carrinho bonitinho até a casinha do Arthurzinho?
- Ora, mas é tão perto, vai a pé!
- A pé dá uns dez minutos Micael, não vai dar tempo de ir e voltar! Deixa de ser mala, poxa!
- E por que você inventou de ir lá agora?
- Ele me mandou uma mensagem... – mostrou o celular pra Micael – Anda vai... Deixa de preguiça e ajuda a sua prima uma vez na vida!

Arthur’s point of view ON

Eu tinha acabado de ver que o MP4 da Lu estava aqui, na verdade ela o deixou no meu carro... Eu também queria entregar pra ela a pulseira, que eu to tentando entregar desde o dia da festa na casa do Kyle! Ela nem sabe que eu estou com essa pulseira, mal posso esperar pra ver a cara dela quando eu entregar! Erm... Será que ela lembra da pulseira? Tipo, ela deixou cair lá em casa uns séculos atrás e... ah, que seja!
Vejamos o que ela tem nesse MP4, ou ‘emepêquatrinho’, como ela fala... Será que tem McFLY?

Arthur’s point of view OFF

Arthur conectou o dispositivo em um computador na sala e então jogou a pasta ‘The Red Jumpsuit Apparatus’ na lista de execução.

 DING DONG [n/a: yeap! Campainha baby xp!]

‘Mas já?! Cacete, ela é rápida! Acabei de enviar a mensagem!’ Arthur pensava indo abrir a porta.
- Você?
- Oi Arthur...
- O que veio fazer aqui Lilah? – ele cruzou os braços.
- Queria conversar, não vai me deixar entrar?
- A gente já conversou tudo que precisava.
- Não Arthur! Aquele dia no parque eu tava nervosa, falei um monte de bobagens! – ela foi dando passos pra dentro da casa e Arthur recuava.
- Não ligo e não quero saber! – havia um ar infantil na fala dele que fez Delilah achá-lo mais fofo.
- Mas você precisa saber, eu nunca estive com o Mike, juro! – ela falou já dentro da casa e encostando a porta atrás de si.
- Por que falou o contrário então?
- Sei lá, acho que eu não quis sair por baixo... Você tava me traindo e eu simplesmente perdi o controle, perdi a cabeça! – ela parou de andar na direção dele e os dois ficaram parados no meio da sala.
- Pode ser que você não tenha saído com ele, mas e daí? Se eu fiz o que fiz quando a gente estava junto foi porque a nossa relação se tornou insuportável pelo fato de você estar comigo por causa da banda... Isso não foi mentira, eu era só um guitarrista famoso pra você!
- Foi mentira sim e foi a pior delas! Admito que bem lá no comecinho das nossas saídas você era pra mim um guitarrista bonitinho, mas eu fui gostando de você, me apaixonei seriamente!
- Legal... Mas ah, quer saber?! Não faz diferença pra mim. O que a gente teve foi legal até, mas já acabou faz tempo.
- Não faz assim Arthur! Pelo menos me desculpe por tudo então.
- Tudo bem... Podemos ser amigos. Como você queria! – ele sorriu sarcástico.
- Não quero ser sua amiga... – ela se aproximou olhando nos olhos dele – O que eu quero vai muito além disso e eu duvido que você não sinta mais nada por mim! – ela foi abrindo os botões do sobretudo que usava e quando terminou o deixou despencar ao chão, revelando seu corpo totalmente nu. Arthur arregalou os olhos e sentiu o ar lhe faltar. 
- V-v-veste isso, Delilah! Ficou maluca?
- Ué Arthur, por que ficou tão tenso? Aqui não tem nada que você não tenha visto, tocado, experimentado... – ela sorria vitoriosa passando a mão no pescoço dele.
- Não é isso, é que se te pegam assim vai ficar mal pra mim! É-é-é melhor você ir! – ele já suava frio.
 - Tem certeza que quer que eu vá? – ela sussurrou com o rosto bem próximo ao dele e começou a dar pequenas mordidas em sua orelha. Arthur fechou os olhos e apertou os punhos, sentia que a qualquer momento ia perder o controle da situação! Ela foi passeando com a boca pela bochecha dele e quando as bocas ficaram frente a frente, ela avançou e beijou os lábios dele. Arthur sabia que à pouco tinha chamado Lua pra ir lá e sabia que a porta estava apenas encostada, mas sabia também que não estava conseguindo controlar os próprios atos e que é difícil se livrar de um beijo! Principalmente quando a outra pessoa está nua... Ele apenas pedia mentalmente que não desse pra Lua passar lá até que ele conseguisse retomar o controle de seus atos novamente ou que ela nem tivesse visto a mensagem! Os dois foram dando passos até o sofá e logo Delilah o empurrou lá, deitou por cima dele e arrancou-lhe a camisa que vestia. Arthur lutava mentalmente contra os próprios braços e fazia força para que eles não abraçassem o corpo nu e atraente que estava em cima dele, uma luta em vão. Os dois ouviram o barulho de um objeto caindo no chão, foi Lua que deixou o celular cair da mão ao entrar e dar de cara com a coisa toda. Junto com o barulho, Arthur acabou mordendo aquela língua intrusa, fazendo Delilah se afastar do rosto dele com uma careta de dor e a mão sobre a boca. Os dois viraram o rosto ao mesmo tempo na direção da entrada da sala e viram Lua em estado de choque. Micael chegou ao lado dela e parou de pé no mesmo estado de choque. Arthur só apertou os olhos sentindo todo o teto da casa cair sobre sua cabeça, não conseguia dizer nada. Não sabia o que dizer, não havia o que dizer. 

- Arthur... – ela falou com a voz fraca e respirou fundo, não queria de maneira alguma chorar ali. Delilah saiu de cima e pegou a camisa dele pra se cobrir até poder chegar ao sobretudo jogado no meio da sala.
- Lua, não é o que parece! – Arthur levantou falando como se tivesse acordado aquela hora.
- Pode parar Arthur! Pra mim não tem outro parecer aqui! 
- Não, não, ela chegou aqui de repente e...
- E... e o que? Vocês começaram a se agarrar? Não tem o que explicar aqui! Por que diabos você me chamou? Pra eu chegar e ver essa peladona branquela com estrias na bunda?
- Não, nem era pra ela estar aqui!
- Epa! Eu não tenho estrias na bunda! E claro que era pra eu estar aqui, sou a namorada dele... – Delilah se pronunciou vestindo o sobretudo e Lu olhou pra Arthur boquiaberta.
- OKAAAY! ENTÃO DESCULPA AÍ OS POMBINHOS! EU CHEGUEI NA HORA ERRADA? – Lua começou a falar mais alto. O barulho da música também estava tornando a situação ainda mais ‘agradável’, praticamente um passeio no parque.
- VOCÊ TA LEVANTANDO A VOZ PRA MIM POR QUÊ? VOCÊ NUNCA FOI NADA DELE! Ou pelo menos eu não vejo nenhuma aliança aí nesse seu dedo...
- LUA, IGNORA ESSA GAROTA E OLHA PRA MIM!
Arthur tentou segurar Lua pelos ombros, mas ela não falou nada, apenas se soltou e foi em direção ao computador. Chegando lá, pegou seu MP4 na mão, mas antes de desconectá-lo, escutou uma voz meio de longe. 
- Eu sabia que vocês não eram nada... Esse lance de vocês não ia mesmo durar muito – Delilah comentou como se estivesse tranqüila observando as unhas.
- Que eu saiba eu não fui a namorada chifrada milhões de vezes, com direito a foto na internet e tudo mais... Acho que eu to no lucro ainda.
- Ah, você não devia ter dito isso. EU VOU TE JOGAR DENTRO DAQUELE AQUÁRIO! – Delilah avançou na direção de Lua, que ficou apenas desafiando com os braços abertos. Na hora H, Lua saiu da frente e Delilah acabou derrubando dois vasos da mãe do Arthur pra desviar do aquário.
- PUTAQUEOPARIU – Arthur levou as mãos à cabeça e pela primeira vez na vida, ele realmente não sabia o que fazer.
- ARTHUR! Sua ex-namorada parece fora de controle! Você não vai falar pra ela parar? – Lua se aproximou e lhe deu um tapa no braço, vendo que ele parecia paralisado no meio do caos.
- Eu... Ela não é...
- MAS QUE CU! VAI FICAR AÍ PARADO, EU CONFIEI EM VOCÊ SEU BOSTA! – Lua também descontrolou geral e começou a dar soquinhos nele.
Micael assistia tudo paralisado como Arthur, mas dava graças aos céus por não estar na pele dele.
- Eu confiei... eu fui legal... as meninas ficavam dizendo ‘dá uma chance pra ele’ – Lua afinou a voz e balançou rapidamente os quadris, como se estivesse querendo imitar suas amigas. Ela dava passos enquanto falava, chegou perto de outro vaso numa mesinha – Eu acreditei. E O QUE VOCÊ ME RETORNA É ISSO?! 
Ao gritar a última frase, ela jogou o vaso contra uma parede. Arthur só se desviou dos cacos voadores e apertou os olhos.
- Não Lu... Se você me escutar vai ver que não é bem assim!
- Ah não?
- Não!
- Então você não me traiu?
- Claro que não!
- Ah, já sei por que você está negando! – Lua deu uma risadinha e se aproximou novamente do computador. Desconectou o MP4 com violência fazendo a música parar bruscamente.
- Como assim, Lu? – Arthur coçou a cabeça confuso com a resposta dela. 
- Deve ter sido aquele lance de ‘fã #1’. Você acha que não me traiu porque a gente não estava namorando não é... Mas você devia ter lido melhor aquele contrato, Aguiar! Ser pego na sala com sua ex-namorada nua, provoca quebra de contrato e uma multa que é nunca mais olhar pra mim, falar comigo ou lembrar que eu existo! – com seu MP4 na mão ela foi se aproximando da saída da sala. O celular continuava no chão, mas ela nem lembrou.
- Eii, eu não deixei de te pedir em namoro porque eu quis! Eu te disse que as alianças não tinham chegado!
- Então ainda bem que não pediu. Assim eu não tenho que me arrepender e você não me deve explicações, a gente não é nada. – ela falou com a voz embargada e respirou fundo mais uma vez pra manter os olhos secos pelo menos ali na frente deles – Ela deve ser a sua fã número 35627, né?! Eu já vi que você tinha que dar algo pra ela também... Podem continuar se dando à vontade, eu vou pra casa. – falou séria e saiu rapidamente puxando Micael, que pelo jeito continuaria parado com a boca aberta e os olhos espantados se ela não fizesse isso.
- Anda Micael.
Arthur levou uns segundos assimilando tudo. Sentia que sua cabeça poderia explodir a qualquer momento e seus miolos serviriam de alimento aos peixes do aquário.
- LU ESPERA AÍ! – ele sacudiu a cabeça pra apagar pensamentos toscos e correu até a porta. Viu Lua entrar no carro e Micael, antes de entrar no lado do motorista lançou um olhar raivoso ao amigo. O carro cantou pneus e saiu disparado, Arthur bateu a porta e começou a caminhar meio nervoso na sala.
- Droga, droga! – ele repetia com as mãos na cabeça andando de um lado pro outro enquanto Lilah o observava fechando os últimos botões do sobretudo.
- Se acalma Arthur... 
- E você ta fazendo o que por aqui ainda? Já deu seu show, pode ir!
- Hey, se tem alguém que pode dar barraco sou eu, porque EU sou a namorada por aqui, certo? 
- Você mesma terminou comigo caraíí! Parece que cheira!
- Exato, fui eu que terminei com você então tecnicamente eu posso voltar atrás!
- Ahn? Vai pra lá você também com esse papo doido, eu hein.
- Se essa Lua não tivesse brotado da terra agora, nós já teríamos voltado!
- Aposto que não. Eu não quero voltar com você e você também não quer nada comigo, já que vive dizendo que eu não presto.
- É, não presta mesmo e eu espero que ela já tenha percebido isso também.
- ÓTIMO! – Arthur abriu os braços e gritou.
- ÓTIMO! – ela o imitou.
- Olha, eu nunca escondi isso de você, ta legal?! Uma vez você viu fotos aqui em casa onde tinha ela e você me perguntou quem era. Eu demorei, mas acabei contando tudo, não escondi nada, falei que eu gostava mesmo dela e agora que você sabe que eu tava com ela você chega pra causar? Isso foi o que? Não agüentou ver minha felicidade?
- Não, eu só queria minha vida de volta! A gente só terminou aquele dia porque você estava fugindo do controle!
- Isso mesmo, do seu controle. Você queria me controlar pra gente parecer o casal perfeito! Ninguém te avisou que casal perfeito não existe nem na ficção? Você acabou com a minha chance de ter uma vida normal, eu queria te estrangular agora! Mas como eu não bato em mulher, vou só mandar você sair da minha casa!
- Tudo bem. Você não bate em mulher, mas machuca muito mais do que se desse uns socos nelas. Simplesmente porque se você batesse elas parariam de gostar de você! Só o que você sabe fazer da vida é deixar um rastro de mulheres machucadas por onde passa, Aguiar! E a pior parte é que algumas continuam sem conseguir te apagar da cabeça! Pelo menos eu me vinguei hoje, eu fiz a Lua sentir naquela pele tatuada dela um pouco do que eu passei com você! E eu não sei se você percebeu, mas eu ainda chegava a deixar passar algumas sujeiras que você fazia quando a gente estava junto, e ela não! Ela já saiu arrastando o Micael daqui. Não duvido nada que ela fique com ele agora, sabe como é né, amor de primo...
- AAAAH, CALA A BOCA! – Arthur ficou atacado – EU JÁ FALEI PRA VOCÊ IR EMBORA, O QUE MAIS VOCÊ QUER? JÁ TIROU A ROUPA NO MEIO DA SALA E AGORA FICA AI COM ESSA VOZ DE GRALHA DESAFINADA PIANDO SEM PARAR NO MEU OUVIDO! EU QUERO VOCÊ FORA DO MEU CAMPO DE VISÃO!
Arthur foi empurrando-a pelos ombros enquanto gritava e logo que fechou a porta respirou fundo pra recuperar todo o ar.
- Mas que confusão foi essa aqui? Eu estava dormindo tranqüila no meu quarto e acordei assustada com o barulho das coisas quebr... AH, meus vasos! – a mãe dele apareceu e logo percebeu os cacos no chão. Ela cruzou os braços olhando pro filho e Arthur apenas fez cara de gatinho atropelado, correndo para os braços dela.
- Ah mãe, a Lu ta brava comigo porque a Delilah chegou aqui e tirou toda a roupa! TODA-A-ROUPA mãe!
- Eu sempre soube que essa Delilah era capaz de aprontar, nunca fui com a cara dela! – a senhora Aguiar o abraçou fazendo carinho na cabeça dele.
- Agora a Lua vai voltar pra lá, não vai querer me ver nunca mais, talvez até volte com o ex e o que eu vou fazer? – ele falava pra mãe com a voz manhosa e com a cara afundada no ombro dela.
- Eu sei o que você vai fazer.
- Sabe? – se soltou do abraço e olhou pra mãe, esperando uma dica.
- Vai arrumar toda essa bagunça.
- Mas mãe!
- Shhhh... Calma, eu não terminei de falar!
- Ah ta, mas você tem alguma idéia?
- Tenho uma ótima. Compre vasos novos pra mim! – falou e saiu em seguida, deixando um Arthur frustrado. 

- Você ta bem? – Micael perguntou estacionando em frente à sua casa, passaram o caminho todo sem falar nada – Ah, claro, mas que pergunta essa minha... – bateu na própria testa.
- Depois daquela loucura a última coisa que estou me sentindo é bem. Mas vamos disfarçar, não quero preocupar meus tios já na hora de ir embora – ela falou e apontou com a cabeça para o carro de Robert parado mais adiante. Eles desceram do carro e Robert saía da casa junto com os tios de Lua, conversando e cada um puxando uma das malas das meninas que elas haviam deixado na sala.
- Oi Lua! – Robert sorriu pra ela, que retribuiu com um sorriso fraco – Aonde foram tão em cima da hora desse jeito?
- Fui comprar pilhas recarregáveis pra câmera do Micael porque perdi as dele. – Lua respondeu rápido e Micael concordou com a cabeça. Depois ela deu mais um sorriso fraco. Aquele era o máximo de sorriso que ela estava conseguindo no momento. Entrou na casa, sendo seguida por Micael. 

- Ainda não acredito no que Arthur fez! – Micael falou assim que fechou a porta do quarto que Lua acabara de entrar.
- É... Ele fez! – ela mexia no cabelo, tentando fazer um rabo de cavalo, mas estava tão nervosa que nem conseguia.
- Mas é que... é que... é inacreditável, ele parecia tão... sei lá, apaixonadinho, nhenhenhem, você sabe!
- O que tem de inacreditável nisso Micael?! Conheci o Arthur antes de você e sei que não tem nada de tão inacreditável, ainda mais quando aquela era a ex-namorada grudenta, Devaca. – ela desistiu de tentar prender os cabelos e jogou o elástico longe.
- Calma Lu... – Micael se aproximou e a abraçou, ela encostou a cabeça de lado no peito dele e fechou os olhos – Se você quiser amanhã eu converso com ele, pergunto o que aconteceu, por que ele fez isso, etc e tal.
- Não, num precisa procurar ninguém pra falar disso. O que aconteceu é óbvio, não tem o que perguntar. Deixa como está, eu vou ficar bem... No fundo, alguma coisa sempre me disse que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde se eu ficasse com ele. A gente tava só ficando Micael, não tem nada de mais, não é como se a gente estivesse casado ou algo assim.
- Ah puxa... Só porque eu ia lá deixar uma cicatriz bem grande na cara dele pra ele deixar de ser o Mcflier-guitarrista-hot e ficar sendo apenas um McFlier-guitarrista-simpático! 
- Haha! Primeiramente, eu acredito que nem morrendo aquela peste deixa de ser hot! E depois, eu não quero vocês brigando, ok?
- Hum... ok.
- Não, esse seu ok não me convenceu Micael! – Lua sorriu e deu um tapa no braço dele.
- AI O-KAY! Ok okokokok! – Micael intercalava os ok’s com cócegas na barriga dela e os dois ficaram rindo.
- Valeu Micael. – Lua o abraçou.
- Não por isso! E fica bem. – deu-lhe um beijo no topo da cabeça e a soltou – Já terminou de arrumar tudo?
- Sim. – ela respondeu pegando em cima da cama uma caixa de papelão rosa que ele certamente já viu várias vezes e que ela certamente estava querendo jogar da ponte.
- O que tem aí? – Micael apontou a caixa com o olhar.
- Coisas que eu vou ter de jogar fora. Se eu conseguir. – ela falou, ele deu de ombros e os dois saíram do quarto.

Lua’s point of view ON

Depois de todas aquelas despedidas, Robert, eu e as outras três maritacas (ah, rola uns apelidos carinhosos entre nós, só pra constar!) já estávamos no carro. Rayana ia na frente, igual quando viemos, Melanie na janela do lado do motorista, eu na outra e Sophia no meio. Diferente da viagem de ida, quando Melanie ficava fora do ar pensando num problema que começa com C e termina com Y, dessa vez era eu que estava assim aérea, observando a janela com meus fones de ouvido. Talvez pra não ter de escutar toda a alegria eufórica das outras e ficar me sentindo culpada por sentir inveja. Confuso isso, né? Liguei logo o MP4, esperando que Arthur não tivesse realmente olhado todo ele e visto que lá tem várias pastas de McFLY, uma pra cada álbum. Antes de pôr os fones, fui ao menu e escolhi ouvir na ordem do ‘acaso’ e fiquei torcendo: que não venha música de fossa, que não venha música de fossa, que não venha... Ah, ótimo... Touch My Hand. Prêmio Ironia pro meu emepêquatrinho! Logo a que a gente escutou hoje cedo quando eu ainda estava no país das maravilhas. Senta e chora. A música começou a tocar e eu podia simplesmente passar pra próxima, mas não o fiz.
Deitei a cabeça pra cima com os olhos abertos. Sabia que os flash backs não demorariam a passar como nuvens em meus pensamentos.

Play Lua’s Flash Back


Memory-one
Eu e Sophia conversávamos dentro de um quarto no dia seguinte à festa do Pedro...
- Lu, eu sempre disse que você devia deixar de medo e ficar com ele de uma vez!
- Verdade... E eu demorei tanto pra te escutar! Menina, ele me pegou de jeito naquele closet!
- HAHAHAH closets são hots! Que nem banheiros! – Soph sorriu maliciosa, às vezes ela me dá medo.
- Perva... – o sorriso foi desaparecendo do meu rosto e eu olhei pro lado.
- Que foi?
- Ah, você sabe. E se de repente tudo isso acabar?! E se o meu maior medo desde que o conheci se realizar? Digo... e se eu pegá-lo com outra tipo... amanhã?!
- Relaxa, ele não vai fazer isso! Não é mais o garotão da oitava série!
- Mas agora ele é o garotão de uma banda... Sem contar que uma vez galinha, sempre galinha! É sério Sophia, e não ia agüentar se isso acontecesse! Acho que eu simplesmente morreria!
- Aff! Mas que drama, Deus me livre! Com quem você aprendeu a ser dramática desse jeito? Ah não, lembrei! Você já era dramática antes de nascer, por isso nasceu chorando! Aiê! – gritou com o tapinha que lhe dei na bochecha. Ah, eu não sou tão dramática!
- Eu dramática?! Fique sabendo que você é pior que eu às vezes,‘oooh eu nunca vou gostar de mais ninguém como gosto do Micael! Oooh, oooh...’ – eu fazia gestos exagerados com os braços e usava uma voz ridícula. Parei quando ela me deu uma almofada na cara e ficamos rindo feito idiotas. Sério, nós temos perturbações psicológicas! Se afaste se puder.


Memory-two
Eu já estava arrumando a mala pra voltar pra casa. Trouxe realmente muita coisa, tanto que precisei começar a arrumar dois dias antes, colocando na mala algumas coisas que não ia usar mais. Fiquei distraída lá ouvindo música enquanto pegava alguns sapatos no guarda-roupas e quando menos esperava senti braços me envolvendo pela cintura. Opa! Conheço esses braços! E esse perfume! Arthur!
- Arthur! O que... faz... aqui... criatura? – eu fui falando entre um selinho e outro que ele me dava.
- Ué, não ta feliz em me ver? Então eu vou embora.
- Pelo contrário! É que você ficou meio sumido, não te vi desde ontem de manhã.
- É que eu e os caras estamos planejando algumas coisas. Sabe como é, uma banda nunca pode parar realmente!
- Sim, claro...
- Mas eu vim aqui pra ver se você arranja um espaço na bagagem pra... isso. – ele pôs a mão numa sacola que carregava e tirou de lá aquele porta-retratos onde colocou nossa foto. Será que eu sou exagerada por ter sentido o ar faltar por causa disso?
- Wow! O porta-retratos que você chamou de fogão!
- Sim! Você vai levá-lo, não vai?
- Erm, um fogão é meio grande pra por na mala, não? – tentei disfarçar minha emoção sem-causa com uma piada sem-graça. Pela cara dele, não funcionou. – Ah, tudo bem, é só que... eu não esperava que você fosse mesmo me trazer.
- E por que não?
- Porque é um objeto de família? Da sua família?
- Lua... Ta tudo bem pra mim se ele passar umas férias com você, eu não tenho ciúmes!
- Oun... isso é muito cute da sua parte, Arthur!
- Yeeay! Ninguém nunca me chamou de cute! Tirando minha mãe...
- Cutecutecutecutecutecutecute – fiquei dando beliscadinhas pelo abdômen dele, é legal, ele sente cócegas! Mas sem brincadeiras agora, eu acho que as coisas já foram rápido demais e isso ta ficando sério! Já to até vendo o dia que ele vai me pedir em namoro... Espero estar preparada. Baah, eu estarei sim!

Stop Lua’s Flash Back

Sinal indo de amarelo para vermelho e o carro parou. Quando eu fui reparar, percebi que do outro lado da rua estava a casa de Arthur. Mas que caralho. Esqueci que a rua da casa dele faz parte do caminho, assim como também esqueci desse semáforo odioso na frente da casa dele! Essa coisa tinha mesmo que fechar agora?! Tudo que eu precisava... Pra completar ele ta lá na janela do quarto. E ainda sem a camisa.

Lua’s point of view OFF

Não querendo de jeito nenhum que ele a visse, Lua foi fechando o vidro. Se bem que nem precisaria de vidro escuro, pois mesmo que ele estivesse aberto, Arthur dificilmente a veria porque nem estava olhando pra rua. Ele tinha o olhar fixo no rótulo da garrafa que estava em uma de suas mãos, como se estivesse numa leitura muito interessante. Na outra mão ele tinha o celular dele. Acabava de ler a mensagem que Lua mandou em resposta e ele não viu na hora porque estava na sala...

O que quer entregar Arthur?!
Fiquei curiosa!
Hm, Micael ta me levando aí! Até daqui a pouco...
xx Lu

Capítulo 22 – Aquele que não deve ser nomeado




Quando o carro de Robert já estava há quilômetros da casa de Arthur - pro alívio de Lua - ela lembrou que deixou seu celular na casa dele. Lá mesmo no chão! Mordeu o próprio lábio de raiva e soltou alguns palavrões imaginando que ninguém ia prestar atenção nela já que Sophia parecia empolgada ao explicar pra Melanie como fazer mechas californianas em casa. Mas Lua se enganou porque ela percebeu sim.
- O que é que foi Lu? – Sophia se virou pra ela.
- Que o que? – Lua despertou dos pensamentos.
- É que eu podia jurar que você estava xingando aí baixinho!
- É porque eu lembrei agora que esqueci meu celular...
- Se quiser a gente volta – Robert deu a opção.
- Não, não... Depois o Micael pode levar ou mandar pelo correio, sei lá! Eu sobrevivo sem ele.
- Certo. E como foi esse tempo de férias? Sentiram saudades de casa? – as meninas se animaram com a pergunta de Robert e todas começaram a falar ao mesmo tempo. Menos Lua.
- SILÊNCIO MARITACAS! – Rayana berrou e levou um olhar feio do pai, então suavizou novamente a voz – Eu sou a maritaca que senta no banco da frente então eu começo a falar! Essas férias foram incríveis, pai! Teve tanto mistério pra gente resolver... Me senti até no desenho das quatro espiãs demais.
- O desenho é TRÊS espiãs demais. Maritaca-lesada. – Melanie falou e jogou uma batata Ruffles nela.
- Mas nós estávamos em QUATRO! Maritaca-fedida. – ela jogou ovinhos de amendoim como resposta e quase acertou Sophia, só não acertou porque ela desviou pro lado e se bateu com Lua.
- Ai Lu, foi mal! É culpa das Maritacas-pré-adolescentes aqui, sabe!
- Ah, claro... – Lua sorriu amarelo mais uma vez. Na verdade nem tinha reparado no motivo pra Soph pedir desculpa.
- Hey e aquele negócio do Dean! Gente aquilo deu muito o que falar! – Melanie lembrou de repente e todas elas começaram a balançar a cabeça concordando.
- Verdade e a Lua ainda conheceu o famoso Dean! – Sophia encostou o ombro em Lua dando leves empurrões.
- É! Ela conheceu a fundo – Rayana comentou e elas ficaram rindo. Lua apenas ria sem graça.
- E o Arthur, Lu? Ele não falou nada? – Melanie perguntou ao parar de rir.
- Não, ele disse que tava de boa...
- Ah, o Arthur é um amorzinho! – Rayana abanou o ar e se virou pra frente.
Lua estava lutando contra as lágrimas até agora, mas ouvir que Arthur é um amorzinho foi pior do que qualquer música melosa e qualquer flash back. Definitivamente! Ela não conseguiu impedir que uma lágrima solitária rolasse pela bochecha esquerda.
- Lua? Tudo bem aí? – Robert a viu chorar pelo espelho.
- É... Foi só um surto de saudade. Acho que preciso ver minha mãe! – ela deu um sorriso, limpou a lágrima e ficou olhando pra janela. Robert voltou a prestar atenção no trânsito e Soph olhou pra amiga de canto de olho, realmente estava achando-a estranha, mas não comentou nada.


Ao chegar em casa, Lua deu um abraço de uns cinco minutos na mãe e depois foi direto ao quarto. Ficou desfazendo as malas e finalmente deixou que o choro saísse sem impedimentos ao se deparar com o porta-retrato que o próprio Arthur havia colocado ali dias atrás. Ela não sabia como ia agir dali pra frente, se ia jogar as ‘Aguiar-things’ fora ou não, a caixa rosa e tudo mais...
- Lua, eu vim pegar um agasalho meu que ficou na sua mala... O que você tem? – Rayana entrou no quarto e estranhou ao vê-la sentada no chão, com as costas apoiadas na lateral da cama. Acelerou o passo e sentou perto dela.
- Ah Ray – ela falou em meio ao choro e logo abraçou a amiga.
- Eii não me assusta, o que aconteceu?
- Eu não queria contar antes de chegar em casa e agora eu não to nem agüentando guardar isso...
- Ray, o pai ta perguntando se vocês querem pizza – Mel chegava no quarto e ficou parada na porta olhando Lu chorar e Ray abraçá-la.
- VÃO QUERER OU NÃO? – Robert gritou lá de baixo.
- SIM PAI, PODE LIGAR. – Melanie respondeu.
- Na verdade eu já liguei, daqui a pouco chega – Robert passou sorridente pelo corredor de quartos e deu um beijo estalado na bochecha da filha parada na porta.
- Se já ligou por que me fez subir aqui?! – falou mais pra ela mesma, depois entrou e fechou a porta.
- Mel, alguma coisa grave aconteceu, fala pra ela contar logo!
- Espera, já que ta todo mundo aqui eu vou ligar pra Sophia. Assim eu só preciso contar uma vez... – Lua levantou o braço e pegou o telefone na mesinha que fica ao lado da cama. Enquanto ela discava, Melanie e Rayana se olharam assustadas.
- Já ta no viva-voz. – Lua avisou e Rayana já começou a falar.
- Oi Soph a Lua ta toda estranha aqui e eu acho que ela tem alguma coisa pra falar!
- Manda aí Lu! – Sophia, também curiosa ao telefone.
- Eu peguei o Arthur... – pausa pra respirar.
- Ah, mas você pegou o Arthur todos os dias! No armário, na sala, no chão, em todos os lugares... – Mel deu risada e Ray lhe deu um tapa na testa.
- Não, eu peguei o Arthur se agarrando com a Delilah.
Minutos de silêncio. Rayana e Melanie estavam boquiabertas e Lua sabia que Sophia devia estar com a mesma cara.
- Então é por isso que você estava tão quieta lá no carro? – Melanie perguntou baixinho, muito chocada pra falar normalmente!
- Ah, eu não queria estragar a alegria de vocês contando isso – Lua tampou o rosto com as duas mãos e abaixou a cabeça.
- PUTAQUEOPARIU! – Rayana gritou de repente e deu um tapa na testa que fez barulho – E eu ainda chamando o Arthur de amorzinho lá no carro...
- Tudo bem Ray. Você não sabia.
- Mas como foi isso Lu? Conta isso direito, foi na hora que o Micael te levou na casa do Arthur? – Sophia perguntou.
- É. Recebi uma mensagem dele pra eu ir lá, ai eu cheguei e a Delilah tava com ele embaixo dela no sofá. Detalhe: ela estava sem roupa.
- ELA TAVA SEM ROUPA? MAS QUE PERUA! – Melanie começou a esganar um bichinho de pelúcia que segurava como se fosse o pescoço da perua em questão.
- Puta. – Sophia xingou ao telefone.
- Devaca. Debaranga. Detonada. – Melanie largou o ursinho.
- Debandida. Deformada. Derrubada. Desorientada. – Rayana continuou inventando nomes.
- Denossaura! – Soph falou ao telefone e começou a rir sozinha – Que? Foi engraçado! Ah, vai, aposto que vocês estão rindo aí em silêncio!
- Sophia, frapêzinho da Lua, olha bem pra minha cara e vê se eu sou de ficar rindo em silêncio... – Rayana falou com voz de tédio.
- Eu olharia se eu não estivesse ao telefone, dar.
- É Ray, err, ela tem razão... – Mel fingiu estar pensativa.
- Fica quieta aí cabeça de feijão amassado. Eu devia te cozinhar!
- Fica quieta você, ficou chamando o Arthur de amorzinho, deu a maior mancada já hoje!
- Ei meninas! Vocês podem fazer o favor de dar um abraço na minha amiga? Ela está sofrendo e vocês aí brigando, francamente viu! – Soph reclamou ao telefone e as duas irmãs se olharam, depois deram um abraço em Lu.
- O que você fez na hora que viu? Deve ter sido o pior choque da sua vida! – Ray perguntou se soltando.
- Ah, não sei se foi o pior choque da minha vida, mas eu fiquei muito chateada. Eu já entrei estranhando porque a porta estava só encostada, aí quando eu o vi sem camisa e aquela Deputa em cima dele eu queria gritar, mas nada saía da minha boca! Parecia que meu coração tinha parado mesmo, minha mão ficou mole e eu deixei meu celular cair no chão... O resto já dá pra imaginar, nós quebramos uns vasos lá da mãe dele.
- O Micael também viu? Ele estava estranho quando eu liguei agora pouco pra dizer que tinha chegado!
- É Soph, o coitado ficou tão chocado quanto eu.
- Lua, todas nós estamos chocadas! Ninguém imagina o Arthur fazendo uma coisa dessas! – Melanie se levantou do chão, onde estava sentada.
- Como é que vai ser agora? – Rayana também se levantou e Lua continuou sentada com os ombros caídos.
- Eu não sei. Eu acho que definitivamente sou um queijo suíço cortado, prensado, empacotado e bem furado.
 Apenas Sophia lembrou e entendeu porque ela disse isso...

No dia seguinte, Micael foi visitar Arthur.
- Oi Micael. – Arthur falou meio sem graça ao abrir a porta.
- Você... por... acaso... ficou... maluco? – Micael intercalava as palavras com cutucadas no peito de Arthur.
- Calma Micael! Entra aí, eu posso explicar tudo, ta bom?! – Arthur abriu espaço e fechou a porta depois que Micael entrou com seus passos largos de quando está nervoso.
- Não tem explicação para o que você fez! Se eu não tivesse visto, nem acreditaria!
- Eu sei, eu sei! Nem eu acreditava no que estava fazendo, meus braços simplesmente não obedeciam os comandos do meu cérebro! A Delilah chegou aqui e ficou nua na minha frente sem mais nem menos e começou a se esfregar em mim, o que queria que eu fizesse?! Não sou de ferro, nem de prata, nem de alumínio, nem de plástico. Não valho nada.
- Você tinha que ter mandado ela se vestir porque a Lua tava chegando aqui, oras! Aliás, pelo menos vocês não estavam oficialmente como namorados, senão seria mais traição ainda, eu acho!
- É né... Eu ia pedi-la em namoro durante o jantar, mas tive que adiar porque eu fui comprar as alianças anteontem, só que eu pedi que fizessem um desenho nelas aí eles disseram que quando ficasse pronta iam enviar aqui em casa. Então resolvi esperar chegar, afinal oportunidades não iam faltar, eu pensava... Só chegaram hoje.
- Como assim? Que desenho?
- O desenho das nossas tattoos. Sabe, ao invés dos nossos nomes. Tirei uma foto da minha tatuagem e entreguei.
- Hum, original... O que aconteceu ontem depois que fomos embora?
- Como assim?! Ta pensando o que?
- Não sei... Ela já estava aí mesmo né, toda nua. – Micael chegou mais perto e estava prestes a segurá-lo pela gola da roupa.
- Nada, cara! Depois de vocês irem é claro que ela foi também.
- Menos mal... Que diabos ela queria aqui?! Vocês já não se viam há várias semanas!
- Disse que estava arrependida de tudo e que sentia a minha falta, sabe, essas coisas.
- E depois tirou a roupa?
- É.
- Que sem noção... O que você vai fazer agora?
- Não sei dude! Ah, você poderia entregar o celular da Lua? Ela esqueceu aqui.
- Ah, é verdade! Não quebrou quando caiu?
- Nop. Espera aí que vou buscar. – Arthur foi pegar o celular que guardou no quarto enquanto Micael sentou numa poltrona e viu umas coisas em cima da mesinha. Reconheceu um objeto e pegou pra observar mais de perto.
- Aqui o celular. – Arthur chegou e estendeu o celular pra Micael, que parecia distante olhando uma linda pulseira em suas mãos.
- De quem é isso Arthur? Não sei, parece que eu já vi essa pulseira!
- Provavelmente... – Arthur sentou no sofá perto dele e pegou a pulseira na mão. – É da Lua.
- Verdade! Como eu sou burro! Foi Sophia que deu de presente de aniversário e eu até ajudei a comprar! Mas... faz tempo que eu não a vejo usando!
- Micael reconhecendo que é burro? Mas que progresso...
- Ei, não abusa não que eu ainda to bolado contigo.
- Certo senhor bolado... Então, ela perdeu lá em casa, digo, na outra casa.
- Ah, então faz tempo mesmo. Sophia me contou, nenhuma das duas sabia onde estava a bendita pulseira e desistiram de procurar.
- Eu não vi na hora que caiu, vi uns dois dias depois, quando já estávamos nos mudando. Peguei do chão, estava num cantinho perto da escada e sabia que era dela porque ela usava bastante. Então guardei comigo, sei lá... pra lembrar.
- Foi isso que você disse na mensagem que ia entregar?
- Uhum. E o MP4, e mais algumas fotos que eu tinha... – Arthur apontou com a cabeça pra um álbum em cima da mesa. Havia algumas fotos recentes dessas férias, e pra ficar legal, elas estavam intercaladas com as antigas.
- Que foto é essa? Quando foi? – Micael pegou o álbum e parou o olhar numa das fotos antigas. Aquela foi tirada numa excursão a um parque de diversões. Lu estava rindo, Arthur beijava uma das bochechas dela e um menino que Micael desconhecia do outro lado. Ele encarou essa foto curioso, desde que ficou sabendo achava incrível aquela coincidência de Lua ter sido amiga do Arthur antes dele.
- Isso foi numa excursão, acho que estávamos no primeiro ano. Esse carinha beijando a outra bochecha de Lu se chama Matthew Joseph alguma coisa. Ele era a fim dela, sabe... Nesse dia eles ficaram.
- Ahn... E você já gostava dela?
- Já.
- E por que você deixou ela ficar com ele?
- Não sei Micael! Eu ainda tava naquela onda que a gente era amigos e tal. Ela ficou com o Matt e eu com uma menina do segundo ano.
- Ah ta... Uma vez você me falou de uma garota que gostava muito na sua antiga escola, mas achava que não era correspondido porque ela era sua amiga e pans... Nunca ia imaginar que a garota era minha prima! Ainda fico impressionado quando lembro disso.
- Pois é dude, que mundo pequeno. Quando você falou que a sua prima namorava um cara chamado Peter, eu lembrei que lá na escola tinha um Peter, era um cara que de vez em quando eu via cercando a Lu. Mas nem fui capaz de ligar as coisas!
- Erm... Espera a poeira baixar ta bom. Pra falar com ela.
- Certo.
- Ah, o Fletch disse que a gente vai fazer uns shows em Manchester!
- Sério? Vamos passar por Bolton?
- Talvez, acho que sim.
- Legal!
- Uma semana lá... E não esquece que ele ainda quer falar outra coisa com a gente na segunda – Micael deu algumas palmadas no ombro de Arthur e saiu. Arthur encarou a pulseira em sua mão e respirou fundo, tinha uma difícil tarefa pela frente.


A semana se passou rápido e todos voltavam aos seus ritmos de sempre. Era uma manhã de sábado e Sophia estava radiante por saber que Micael viria durante a tarde pra sair com ela antes de viajar para a turnê. Estava colocando o lixo pra fora e mesmo no meio de uma tarefa desagradável dessas conseguia cantarolar animadamente junto com o som que vinha de dentro da casa. ‘...You might as well go, go, go! I never wanna see your face round here anymore, cause it's a breakdown, a breakdown... Where do we go from here? It's a breakdown, a breakdown woahwoaaaw’ Micael a observava escondido atrás de uma árvore, queria surpreendê-la, mas alguém chegou primeiro. Sophia foi pega por uma visão não muito agradável e parou de cantar seus “wowooooa” instantaneamente. Tentou entrar rapidamente em casa, mas foi segurada pelo braço.
- Hey, não foge de mim!
- Me solta, o que faz aqui? – ela sacudia o braço tentando livrá-lo da mão de Chris.
- Só vim te ver! Senti tanto a sua falta... – ele soltou o braço dela, vendo que ela permaneceria ali.
- Eu não senti a sua... – ela cruzou os braços e o encarou como uma criança emburrada.
- Não fala assim, não ta vendo que eu to arrasado?
- Você arrasado?! Eu fiquei arrasada primeiro. Como pensa que eu me senti quando aquele seu amigo te abordou no shopping?
- Eu sei... Me perdoa vai! – ele encarou os próprios pés, depois voltou a olhá-la – Isso não precisa terminar assim! Eu posso fugir com você, o que acha? Foi isso que eu vim te propor! – Chris terminou a frase sorridente enquanto Soph o olhava incrédula.
- Acho que você é um louco desprezível! Eu me dei ao trabalho de escrever uma carta, eu podia ter mandado um e-mail frio ou um telefonema, um sms, mas eu escrevi uma carta e você não leu?
- Li... Mas mesmo assim, vim aqui me humilhar pra você voltar porque eu não estou conseguindo ficar sem você! Parece que tem um grande vazio na minha vida.
- Como pode falar em vazio? Você tem toda uma família pra cuidar! Tem um filho recém-nascido! E outra, você não sabe o que é humilhante de verdade! Humilhante é crescer sem notícias do seu pai achando que você e sua mãe não devem valer grande coisa já que ele preferiu sumir no mundo com outra pessoa. Humilhante foi descobrir que vivi uma farsa enquanto estive com você. – ela falava firme e ao mesmo tempo com os olhos úmidos. Ouvindo isso, ele passou um tempo sem dizer nada, apenas encarando a porta da casa logo atrás dela.
- Então você não quer mesmo que a gente fuja?
- Quantas vezes eu... – ela ia falando impaciente e ele a interrompeu.
- Tudo bem, tudo bem! Já entendi! Se você não quer fugir... a gente podia... erm, continuar como estava?
- Hum?! – ela se surpreendeu com tamanha proposta cara de pau.
- É! Nós éramos felizes antes de você descobrir tudo, vamos fingir que isso não aconteceu e voltamos a ser felizes como antes! – ele começou a sorrir e Sophia apertou os olhos com força desejando que ele sumisse quando ela voltasse a abri-los. Não foi o que aconteceu.
- Por mais que eu fale, entra por um ouvido e sai pelo outro, não é?! Eu nunca voltaria com você. – ela deixou uma lágrima solitária cair de um dos olhos.
- Por quê? Vai dizer não gosta mais de mim!?
- Não... não vou dizer isso, porque se eu dissesse isso, significaria que te amei um dia e isso não é verdade.
- Como assim? Eu não achei que você estava mentindo em nenhuma das cinqüenta mil vezes que você disse 'eu te amo'! – ele exaltou um pouco a voz.
- Eu achava que era, mas não era.
- E o que sentia por mim então?
- Eu te achava fodão, sabe... Sonhava com você, você era o professor de química e eu uma criança de treze anos com toda a vida pela frente achando que já sabia o que era amor. Aquilo nunca foi amor porque simplesmente o Chris que eu fantasiava não existia. Aquele Chris que eu idolatrava, um ser doce, gentil, cavalheiro e praticamente um herói que nunca mentiria pra mim era só um ser imaginário, criação da minha cabeça, um personagem que tinha a sua imagem. Eu vi da pior maneira que você não tem nada de heróico. – Sophia ia falando e o desprezo ia exalando pelos seus olhos como uma coisa tóxica que fez Chris se sentir corroendo por dentro. – Depois a gente se conheceu melhor, começamos com aquelas ficadas escondidos pela escola, aquilo era uma adrenalina e o que havia ali não passava de tesão, empolgação, ou chame do que quiser. Aquele Chris que eu tinha na minha cabeça foi sumindo aos poucos, à medida que fui te conhecendo, até que não sobrou mais nada.
- Não é possível! Você só falou todo esse discurso agora porque está brava e decepcionada comigo! Como sabe que não me amava se eu via seus olhos brilharem cada vez que a gente se encontrava naqueles corredores?!
- Já disse que eu tinha um encantamento besta por você, vou ter que repetir tudo?!
- Então me beija. Quero ver você dizer que não tem mais nada comigo depois!
- Não preciso te beijar! Nem quero. Tenho total consciência que meus melhores sentimentos pertencem a outra pessoa que nem se pode comparar a você.
- Você é uma incrível mentirosa! Por que faz isso, huh?
- Não estou mentido e se não quer acreditar também não vou me esforçar pra isso.
- Está mentindo sim e na maior cara de pau! Quem é esse cara? Por acaso ele está aqui?! Não to vendo!
- Ele não está aqui porque não mora tão perto, mas isso não é da sua conta!
- Ótimo! Se ele não está aqui, acho que não vai se importar se eu fizer isso... – Chris foi se aproximando e a agarrou numa tentativa de roubar um beijo. Ela tentava manter a boca fechada e já sentia a língua dele fazendo pressão pra entrar.
Micael saiu de trás da árvore, já viu o suficiente e se orgulhou o suficiente das palavras dela. Agora precisava sair e defendê-la como um super-herói de filme. Chegou atrás do Chris e o afastou puxando pelo ombro.
- SOLTA ELA ANIMAL! – Micael gritou enquanto acertava um soco em seu rosto.
Chris foi parar no chão, com a mão sobre o nariz, que já sangrava. Sophia abriu um sorriso e se jogou em Micael sem fôlego.
- Quem você pensa que é pra chegar e me bater assim?! – Chris levantou e começou a encarar Micael.
- Sou um cara que acabei de ver um filho da puta tentando agarrarminha namorada à força! – ele deu ênfase às palavras ‘minha’ e ‘namorada’.
- Então é ele? – Chris se virou pra Soph surpreso pois achou que ela estava mentindo sobre estar com outro cara. – É por esse garoto que você se diz apaixonada e tudo mais?
- Pára com essa cena Chris, vai pra sua casa e esquece que eu existo. – Sophia cruzou os braços e encarou Chris enquanto Micael passava o braço sobre seus ombros.
- Tudo bem, eu vou. Te esquecer não vai ser tão difícil, tem muitas alunas bobinhas como você na sétima série esse ano. Mas abre o olho Sophia, esse filhinho de papai deve ser igual ou pior que eu. E quando você se decepcionar com ele, não vá me procurar! – Chris falava já se afastando.
- Ela nunca vai precisar te procurar seu bosta! – Micael fez menção de ir até ele, mas Sophia segurou seu braço.
- Eii Micael, não dê ouvidos para as provocações! Aproveita que ele já ta indo embora e deixa.
- É, tem razão. Te machucou? – passou a mão suave pelo rosto dela e ela fechou os olhos por um momento sentindo aquele toque que ela esperou a semana inteira pra sentir de novo.
- Não, graças a você! – ela sorriu e ele lhe deu um selinho.
- Quando eu vi aquele cara te agarrar eu... eu... juro que fiquei P. da vida!
- Shh... – ela encostou dois dedos sobre a boca dele – Já passou e ele não vai mais incomodar! Vem, vamos entrar. – e o puxou pela mão.
- E se ele vier aqui na semana que vem? Você sabe que eu vou estar fora, não sabe?
- Eu sei Micael, mas ele não vai voltar. O Chris é orgulhoso demais pra isso! Agora esquece e vamos curtir o nosso dia antes de você viajar!
- Tudo bem... Sua casa não mudou nada! – Micael andava pela casa olhando tudo ao redor.
- É, no máximo, às vezes mudamos os móveis de lugar! – ela falou e riu sentando no sofá. – Oh, você quer algo pra beber?
- Não... – e sentou ao lado dela.
- Hum... Achei que fosse chegar só à tarde.
- É que uma reunião que a gente tinha lá foi mudada pra mais cedo então eu já vim de manhã pra não ficar sem te ver!
- Ih, desculpa aí, ta todo importante com reunião e tudo!
- Não, não... Importante mesmo é a surpresa que eu tenho pra você! – os olhos dele começaram a brilhar.
- Sério?! O que é?
- Você aceita dar uma volta? – ele se levantou e estendeu a mão pra ela.
- Micael garoto dos mistérios! – ela pegou a mão dele e levantou rindo.
Os dois entraram no carro de Micael, estacionado algumas casas antes. Sophia não sabia pra onde estavam indo e durante o caminho pensou em perguntar sobre o Arthur. Lua passou a semana inteira sem tocar mais no assunto e sem pronunciar o nome dele. Achou melhor deixar esse assunto pra outra hora.
- É sério Micael! Quero saber onde estamos indo!
- Que foi? Não confia em mim? Acha que eu sou um maluco e to te seqüestrando?
- Olha... Sabe que isso não é má idéia?! Vem cá, deixa eu te amarrar e dirigir no seu lugar, vou te levar pro cativeiro!
- Ta bom, só não me bate que eu gamo! – ele falou meio afeminado e os dois riam descontrolados. O carro deles parou no semáforo e ao lado estava o carro de dois senhores que ficaram olhando como eles riam feito loucos. Sophia percebeu, estavam do lado dela.
- Meu namorado é um gay! – ela disse apontando pra ele e rindo. Os dois idosos rolaram os olhos.
- Ah, esse mundo agora ta perdido! – o que estava dirigindo falou pro outro.
- Você não pode falar nada deles! – o outro respondeu. – Acha que eu não lembro quando você foi pego fazend... – não deu pra ouvirem o que ele ia dizer porque o sinal abriu e o carro deles entrou numa rua, Micael continuou reto e olhou pra Sophia, os dois desataram a rir da conversa deles.
- Ah, esse mundo ta perdido! – Soph tentou falar imitando a voz do velho – Cheio de velho metido!
- Você quer uma dica de onde estamos indo?
- Yep!
- Lembra da última vez que eu te fiz surpresa, pra onde te levei?
- Pra casinha da árvore?
- Uhum.
- E...
- E... nada! Essa foi a dica, baby.
- Humryhweiuyhai – Sophia fez careta e resmungou algo incompreensível, depois riu da própria embolada de língua.
- O que você tem hoje?! Parece mais afetada do que de costume! Incorporou o Chay de vez?
- Só estou feliz! E a culpa é 95% sua!
- Ahn! E os outros 5% são culpa de quem, posso saber?
- Não, não pode! Vai ficar com ciúmes!
- Ah não! Agora você vai ter que falar! Senão eu vou te seqüestrar de verdade e te torturar até a morte! Principalmente se for o tal do seu prof...
- O QUÊ? Ow, eu não acredito que você ia dizer isso! Os 5% são do Chad Michael, ta bom?! Eu estava assistindo One Tree Hill.
- Foi mal eu pensar que era aquele que não deve ser lembrado... Mas de qualquer jeito, não sei o que vê no Chad. Ok, estamos chegando.
- Um condomínio... não entendi!
- Novidade.
- COMO É QUE É BORGES?!
- HUM? NÃO FALEI NADA! Eu só ia dizer que faz um tempo que a gente tem esses apartamentos aqui, pra quando estamos fazendo shows pela região.
- Oh, é verdade! Lua comentou sobre isso, mas falou que nunca veio aqui!
- É, porque nós só passávamos poucos dias aqui e estávamos sempre a trabalho então nem tinha tempo. – os dois entraram em um dos prédios e foram direto pelo elevador até a cobertura.
- Aqui estamos! – Micael falou saindo do elevador e esticando os braços pros lados – Esse corredor é basicamente ‘dominado’ por nós quatro. Desse lado Pedro e eu, do outro Chay e Arthur. – ele apontava as portas e Sophia observava tudo com um sorriso, o lugar era bastante bonito e elegante, eles mereciam! Na verdade era melhor se fosse um andar pra cada um, mas... eles gostam mesmo de estar perto!
- Aqui é muito bonito! Vocês vieram passar mais alguns dias?
- Vem, entra. – não respondeu na hora, apenas abriu a porta de seu apartamento e deu espaço pra ela entrar. Sophia mais uma vez sorria olhando ao redor, era tudo tão bem iluminado e espaçoso... Micael se jogou no sofá e pediu que ela sentasse ao seu lado.
- E então Micael? A surpresa é essa, vocês estão vindo passar uns dias aqui? Até quando ficam?
- Na verdade não é bem isso.
- Então diz logo o que é! Estou quase tendo um filho aqui!
- Sério! Como vai se chamar? – ele brincou e Soph deu-lhe um tapinha no braço.
- Besta, esse é o nome.
- Tudo bem eu falo de uma vez. Sabe, essa semana o Fletch conversou com a gente. Ele propôs que nos mudássemos pra cá logo depois dos shows em Manchester. Assim fica mais fácil pra atendermos aos nossos próximos compromissos agendados.
- AHHHH! SÉRIO MICAEL? VAMOS FICAR PERTO AGORA! – ela sorriu e abraçou o pescoço dele.
- Uhum, chegamos aqui ontem à noite, estava ansioso pra te contar!
AAAAAAAAH, JURA PEDRO?! – Sophia e Micael puderam ouvir um grito no corredor, se entreolharam e saíram. Rayana e Pedro estavam lá fora. Ray agarrada ao pescoço dele, do mesmo jeito que Sophia fizera há pouco.
- E aí Rayana, o Pedro já te falou a novidade? – Soph perguntou abraçada a Micael e Ray sorriu pra ela.
- Uhum! Já era hora de vocês morarem aqui! Isso é motivo pra comemorar, não acham?!
- Já é! – e Sophia estendeu a palma da mão pra que Rayana batesse.
Os quatro entraram no apartamento de Micael, onde conversaram um pouco e comeram sanduíches. Não demorou para que Chay e Arthur aparecessem, ambos pareciam ter acabado de acordar.
- Humpf... Fiquei até tarde arrumando as coisas. – Chay deu de ombros e mordeu uma maçã.
- Eu não consegui dormir... Encontrei a Mel no Msn e ficamos batendo papo.
- Falou pra ela que estamos aqui? – Chay estreitou o olhar na direção dele.
- Nop. Você disse que queria falar você mesmo...
- Sobre o que conversaram a noite toda? – Sophia perguntou querendo provocar Chay.
- O Chay não pode ouvir! Vem aqui que eu te conto! – Arthur a puxou pra um canto da sala e os dois começaram a fingir estar fofocando e rindo.
Chay olhava pra eles com cara de desdém, mas uma hora se irritou e começou a jogar laranjas neles. Sophia caiu no chão com as mãos sobre o tórax, puxando o ar com força e apertando os olhos, todos se aproximaram dela com as mãos na cabeça, inclusive Chay e também Arthur. Quando Chay estava mais próximo ela pegou rapidamente uma laranja que estava na frente dela e o acertou na coxa, depois levantou rindo enquanto ele fazia caretas de dor e pressionava o local atingido.
- Ooooooooow! Laranjas doem!
- Jura?! Puxa, então você não sabia? – Arthur arregalou os olhos e sacudia a cabeça.
- Eu... eu... não pretendia acertar vocês de verdade... – Chay fez carinha de ursinho de pelúcia.
- Desculpa docinho, mas foi você que começou. – Sophia pegou no queixo dele e o beijou na testa.
- Erm... Eu tenho uma coisa pra fazer agora, Sophia você vem comigo? – Micael se aproximou deles.
- Ah não, fica aqui e vamos combinar a comemoração! – Rayana olhou pra Soph com cara de gatinho encurralado e Soph aceitou ficar, depois Pedro levaria as duas de volta. Sophia acompanhou Micael até o corredor.
- Sabe se a Lu ta em casa? – Micael já chamava o elevador.
- Acho que sim. E deve estar dormindo aquela preguiçosa!

Micael estava indo pra casa de Lua, devolver o celular e ver como ela estava. Claro, contaria também a novidade pra ela não ser surpreendida ao topar com Arthur pelas ruas e, se desse, falaria com ela algo sobre o amigo. Não que ele achasse certo o que Arthur fez, mas queria ver os dois felizes de novo e definitivamente eles não estavam felizes separados.

- Micael? – Lua atendeu a porta meio sonolenta, com um pijama de estrelinhas e uma cara amassada.
- Puxa, você caprichou no visual, huh!
- É... tava na balada dos cobertores, sabe? Aquela onde a gente encontra por acaso um travesseiro, fecha os olhos e sonha que está voando... e que você fez questão de me tirar! – ela falou abrindo mais a porta e dando espaço pra ele entrar.
- Aff, toma vergonha garota, já são onze horas! – ele foi direto à sala e se jogou no sofá.
- Toma vergonha você, vem acordar os outros num sábado! Eu não tenho uma boyband, precisei passar a semana toda estudando e tentando achar um emprego, docinho!
- Detesto quando você acorda mal humorada, fica impossível!
- Acontece que eu não acordei, ME acordaram! Saca? – ela deu uma piscadinha e os dois sorriram – E então, a que devo a honra de sua visita? – sentou ao lado dele.
- Eu vim trazer o seu querido celular.
- Ohhhh Micael! – ela deu um sorriso enorme pegando o aparelho em mãos e em seguida, pulando no pescoço dele.
- Hey! Agora você agradece eu ter te acordado, né?!
- Se todo dia você me acordar trazendo alguma coisa que eu perdi, seria ótimo!
- Ah, não dá, você perde muitas coisas! Felizmente não perde as roupas! Ouch! – Lua lhe deu um beliscão no meio da barriga e ele se contorceu.
- Mas se por acaso você andar perdendo as suas roupas por aí, eu vou poder te trazer todos os dias. – Micael afirmou sorridente e Lua ficou sem entender.
- Onde quer chegar Borges?
- Lugar nenhum... Só estou dizendo que posso passar aqui todo dia se quiser.
- Não me diga que... – ela abriu um sorriso.
- Uhum! Estou morando a quinze minutos daqui!
- WOOOOOOOOW MICAEL! – esticou os braços pra cima.
- Espera! A Melanie, onde está?
- Deixou um bilhete dizendo que foi ao mercado...
- Ah ta, é porque o Chay não contou pra ela ainda.
- Hum... Então vocês todos estão aqui?
- Yep. Naquele condomínio que antes só servia pra gente passar uns dias.
- Ahn, que bom! – Lua deu um suspiro e olhou pra janela atrás do sofá. Ficou encarando a rua por um tempinho até voltar o olhar pra Micael de novo – Ta com sede? Fome? Quer alguma coisa?
- Tem aqueles biscoitinhos?
- Claro! Você sabe que eu sempre compro! – os dois se levantaram e foram até a cozinha.
- Cadê a tia e o Robert?
- Cada um em seus trabalhos. – Lua abriu o armário e pegou a lata de biscoitos amanteigados – Estão preparando tudo pra viajar daqui alguns dias comemorando o aniversário de casamento.
- Legal! Vão pra onde?
- Austrália.
- Hum... E você, como tem passado?
- Levando. Tentando voltar ao ritmo de não-férias! E vocês, vão viajar hoje mesmo?
- Yep. Duas da tarde. Voltamos daqui a uma semana pra começar a gravação do clipe novo e algumas entrevistas em rádios e programas de TV.
- Ótimo! Vocês vão ganhar o país daqui a pouco!
- Eu não quero um país! Ta me achando com cara de rainha? Talvez Chay quisesse... – Micael sorriu e logo ficou sério – Lua, eu sei que ainda ta muito recente pra falar sobre isso e que você ainda deve estar chateada, mas acho que você e o Arthur precisam de uma conversa.
- Você conversou com ele, como disse?
- Ah, sim ele aprendeu a lição...
- MICAEL ME DIZ QUE VOCÊ NÃO BATEU MELE!
- Ué, você não queria que eu o mandasse pro hospital?
- Você não faria isso com ele. Nem eu queria também...
- Ok, no começo eu queria brigar sim, mas depois a gente ficou só conversando e eu até acho que você devia escutá-lo.
- Pra ele me enganar de novo com aqueles olhos castanhos e eu fazer papel de trouxa?
- Ele não vai te enganar, pelo menos eu acreditei no que me disse. Deve ser culpa dos olhos castanhos...
- Micael, se você fosse mulher estava perdido! – os dois riram e ele tacou um biscoito na cara dela.
- Se eu fosse mulher seria lésbica! – e continuaram rindo.
Logo Mel chegou do mercado trazendo uns donnuts. Chay também chegou pouco tempo depois e a levou dizendo que queria que conhecesse um lugar. Lua e Micael se entreolharam pois já sabiam e foram junto, comendo todos os donnuts no caminho.


- Hum... O lugar é legal, mas o que estamos fazendo aqui mesmo? – Melanie perguntou sentada no banco do passageiro. Chay apenas passeava com o carro dentro do condomínio, por entre os prédios. Micael e Lua estavam no banco de trás conversando assuntos aleatórios e totalmente sem importância alguma para a humanidade.
- Você achou aqui legal? – Chay se virou pra ela, parando o carro.
- Uhum, é bonito. Ta pensando em se mudar pra cá?
- Pensando? Naahh... Já mudei picurruxa do campo!
- Sério mafagafinho do brejo?!
Os dois atrás não seguraram as risadas.
- Como vocês são ridículos! – Micael dizia com a mão sobre o estômago explodindo em risos, Lua caiu pro lado gargalhando e repetindo ‘mafagafinho do brejo’ entre as risadas. O casal nem ligou e começaram a trocar suas babinhas. Os outros dois foram parando de rir aos poucos e começaram a ficar incomodados com o avanço rápido do beijo deles.
- Owww picurruxa e mafagafo, querem parar? Tem crianças aqui atrás! – Micael gritou tentando afastar os dois puxando-os pelos ombros.


Lua se despediu do primo e viu os outros meninos rapidamente, menos Arthur porque ele viajou para Manchester junto com Fletch pela manhã mesmo. Ela foi pra casa enquanto as outras meninas acompanharam seus namorados até o aeroporto.
- Cuidem bem da Lua! Vocês sabem que ela fica com essa pose de*não-estou-sofrendo-por-causa-do-Aguiar*, mas é tudo uma grande fachada! – Micael dizia ao dar um abraço em Rayana.
- Pode deixar! E vocês... – Rayana se soltou do abraço e apontou para os outros dois – cuidem do guitarrista garotão de vocês pra nenhuma Devaca chegar perto! Ele ainda é da Lu... Mesmo que ela não saiba disso!
Os garotos foram de jatinho e assim seria uma rápida viagem, quase como entrar num elevador... Eles tinham quatro shows marcados naquela cidade e seria uma semana cheia! O táxi levou os três direto ao hotel onde Arthur já estava. Chay entrou no quarto do amigo e se assustou com a cantoria que vinha do banheiro.

Can't let the music stoooop oh noo until I touch your haaaand! Cause if I do it'll all be over, I'll never get the chance again, I'll never get the chance again, I'll never get the chance again...

Arthur não estava cantando muito afinado, na verdade estava gritando e Chay começou a rir alto.
- Ah, já chegaram – Arthur saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e outra menor, colocada de qualquer jeito sobre a cabeça.
- Sim, a tempo de ouvir você cantar! – Chay se jogou na cama rindo.
- É que eu não tiro essa música da cabeça – Arthur deu de ombros, sentou na cama, pegou o celular e pôs a música pra tocar.
- Hum... – Chay analisava com a mão no queixo – Legal. Apesar de não ser assim exatamente do estilo das outras que você gosta e tal...
- Me faz lembrar da...
- Eeei, nada de depressão! – Chay tomou o celular e parou a música – Você sabe que eu gosto muito da Lua e não te diria isso em circunstâncias normais, mas durante essa semana, nós temos uma cidade pra conquistar então você não pode ficar lembrando dela!
- Eu sei cara. Mas você viu pelo menos como é que ela ta?
- Me parece normal. E não, não perguntou por você.
- Eu não ia perguntar isso! – Arthur deu risada e alguém abriu a porta.
- Ih Micael, acho melhor a gente nem perguntar o que o Chay faz no quarto com Arthur de toalha! – Pedro entrou no quarto e logo correu pra se jogar na cama.
- O que?! Virou festa de machos isso aqui agora? – Arthur levantou abrindo os braços.
- O Pedro disse que precisava se jogar em todas as camas do hotel e se forem boas ele vai trazer a Rayana aqui! – Micael começou a puxar Pedro pra fora da cama pelas pernas enquanto ele gritava e se agarrava aos lençóis.
- Ew, que nojo. Tem muito marmanjo no meu quarto, vão lá pra fora! – Arthur ameaçou bater neles com o travesseiro. Antes de sair, Chay conseguiu arrancar a toalha dele e todos começaram a gritar e rir enquanto Arthur se tampava com o travesseiro. Chay jogou a toalha no chão e saiu por último, Arthur quase bateu a porta na bunda dele.

Tudo correu bem durante a semana de shows. Exceto pelo fato de Arthur ter cometido alguns errinhos muito bobos em Five Colours, Obviously e Star Girl no último show, mas não foi nada muito notável e os guys deixaram passar.

- Lu, por favor diz que você vai com a gente! – Mel pedia pra Lua ir visitar os guys unindo as pontas dos indicadores à frente do rosto.
- Já tem duas semanas que eu não vejo o...aquelequenãodevesernomeado, e tava muito bom assim.
- Nem o Micael você quer ver? – Sophia perguntou com a cabeça levemente baixa e o olhar levantado pra ela, fazendo beicinho.
Estavam as quatro no quarto de Sophia. Como é sempre a Soph que vai pra casa da Lu, dessa vez elas mudaram.
- Não é que eu não queira ver meu primo e os outros meninos. É que eu sinto que ver o...
- Aquele que não deve ser nomeado – as outras três meninas completaram em um coro entediado.
- Isso, vê-lo vai me causar danos mentais! E eu não me responsabilizo pelos meus atos.
- Deixa com a gente! Nós te tiramos de cima dele quando você começar a mutilá-lo – Rayana sorriu e piscou.
- Tudo bem, até porque, vai ficar feio se eu não for, né! Mas olha! Vocês não vão comentar sobre a proposta que meu pai me fez.
- Por que não? Nem pro seu primo? – Sophia cruzou os braços. Sempre lembrando do Micael...
- Porque não tem nada confirmado ainda Soph! – Lua torceu a boca. Durante a semana conversou mais do que o normal com o pai pelo telefone, ele informou que sua madrasta havia conseguido um ótimo emprego pra ela no Canadá. Trabalhar na TV.
- Mas você quer ir? – Melanie perguntou com um certo medo na voz.
- Não decidi ainda, mas estou fortemente tentada! Vocês sabem que eu fui demitida de onde trabalhava. Não tem nada que me prenda aqui... Só a faculdade, mas eu posso trancar.
- COMO ASSIM?! – Rayana fingiu estar zangada e esbugalhou os olhos – Como assim não tem nada? E a gente? E seus amigos?
- É, você vive dizendo que adora fazer publicidade e que gosta muito dos seus amigos de lá, eu sou testemunha! Você quer abandonar tudo isso? – Sophia pôs as mãos nos quadris.
- E outra, você não precisa ficar desesperada por emprego! Você nem sabe o que vai fazer lá! O que você deve lembrar é que meu pai e a sua mãe já disseram que bancam sua faculdade até o final sem nenhum problema. E ainda tem o... – Melanie ia falando seus argumentos, mas foi freada por um olhar feio de Lu quando ela ia falar o nome do Arthur – Erm, você tem certeza que vai querer viver a um oceano de distância dele?
- Hum, ele é um dos motivos pra eu querer vida nova, Mel.
- Um dos motivos não, ele é O motivo! – Sophia corrigiu.
- Mas não é melhor você se acostumar a ter contato com ele do que de repente ele ir fazer uma turnê lá no Canadá?– Rayana perguntou.
- Ah, mas se o McFLY for fazer uma turnê por lá daqui a muitos anos eu já estarei recuperada!
- Eu não teria tanta certeza... – Ray comentou baixinho enquanto fingia prestar atenção nas unhas.
- OKAY, o que vocês querem que eu diga?! Que eu choro todas as noites e deixo a fronha úmida com minhas lágrimas?
- Bom... não era bem isso, mas... – Melanie deu de ombros.
- A verdade é que eu ainda não me recuperei daquele dia. E depois da raiva que senti dos dois veio a raiva de mim... E depois raiva de tê-lo encontrado de novo! Seria tão melhor se fosse diferente! Por que eu tinha que ter ido passar as férias na casa do meu primo? Por que eu tinha que encontrar o Arthur de nov... puta que o pariu falei o nome dele.
- Relaxa Lu! Uma hora você ia falar mesmo – Rayana se divertindo com as confusões mentais da amiga – Seria cômico se não fosse trágico!
- Acho que os meninos já devem ter chegado! Vamos vê-los? – Sophia falou com os olhinhos brilhando de saudade.
Estavam todas produzidas pra rever os namorados. Menos Lu, ela estava com uma calça jeans normal e um agasalho de tricô vermelho onde provavelmente caberia três Luas e batia no meio das coxas.
- Você vai assim? De quem é esse agasalho? – Melanie apontou estranhando a peça.
- É meu, tava guardado aí...
- LU VOCÊ JÁ FOI GORDA?! – Rayana levou as duas mãos à boca.
- Ela é gorda e você é cega? – Soph resolveu tirar.
- ESPERA AÍ! – Lua levantou com as mãos nos quadris – Eu tenho 49kg muito bem distribuídos por 1.65cm. Posso ser baixa, não gorda! Você que é muito magra...
- O Micael gosta de mim assim – Sophia deu de ombros.
- Ah, eu nunca te contei, mas o Micael é a única pessoa dessa família que nasceu com um problema inexplicável... Mau gosto. Haha!
- Então ta explicado por que ele ficou com você. Haha! – Soph respondeu rindo.
- É, mas ele escolheu você. Haha! Mau gosto. – Lu respondeu sorrindo também.
- Eii! O que é isso?! A briga das gostosas contra as magrinhas?! – Melanie ficou entre as duas.
- Puxa, então eu não sei de que lado eu fico. Sou magra e gostosa – Rayana deu um sorriso convencido.
- Certo, o nível de gostosura ta equilibrado, precisamos encontrar nossos gostosos agora pra sossegar o facho! Mas Lu, vê se você não fica com essa cara de quem engoliu chumbo! – Melanie apontou o dedo pra ela e Lua voltou a encolher os ombros, adotando novamente a cara de cachorrinho molhado e com frio.
- O que eu posso fazer se o meu estômago parece pesado como se tivesse quilos de ferro? Só de pensar em ter que falar com o Arthur meu estômago embrulha.
- Hey, se for vomitar vira pra lá! Assim vai tudo no cabelo da Melanie! – Ray levantou da beirada da cama de Soph e foi pra frente do espelho.
- E eu te obrigo a limpar tudo e ajeitar de novo, já que foi você mesma que arrumou. – Mel também se aproximou do espelho, Ray havia feito cachos nas pontas dos cabelos dela.

Já estavam na sala, prestes a sair quando a campainha tocou. Elas se entreolharam porque não estavam esperando ninguém, então quando Sophia abriu a porta, um Pedro sorridente já foi entrando na casa.
- Vim buscar vocês pra... RAYANA! – não terminou de falar quando viu Rayana e correu pra abraçá-la.
Lua sentiu o coração apertar com a possibilidade de Arthur estar lá fora. Respirou aliviada ao ver que Pedro veio sozinho. Como se fosse fazer muita diferença vê-lo agora ou quando chegasse ao apartamento deles...




Capítulo 23 – Cause you are beautiful inside

- Lu! Lu! Lu! – Rayana cutucava o braço de Lua insistentemente, vendo que ela encarava Arthur como se fosse sair fogo pelos olhos daqui a pouco. Já estavam todos os oito reunidos no apartamento de Micael. Passaram a tarde comendo, bebendo e falando bobagens como sempre. Logo de início, Lua evitava olhar, e com certeza falar, com Arthur, mas depois de apenas três latinhas de cerveja ela já não conseguia controlar seus olhares raivosos sobre o garoto, que apenas a encarava de volta.
- Que foi? – ela se virou pra Ray rapidamente.
- Vamos dar uma festa lá em casa?
- Comemorar o que?
- Como assim O QUE garota?! Andou bebendo foi? – e todos olharam pra ela, Lua ergueu sua latinha de cerveja na altura do rosto – Digo... ah, vocês entenderam, poxa! Como assim o que? A gente vai comemorar que o McFLY mora perto da gente agora!
- Essas pragas da cidade? Mas isso não é motivo pra comemorar e sim pra se enterrar!
- OMG! Não fala assim! – Rayana tampou a boca de Lua com uma das mãos se fingindo de muito indignada – Eles são criaturas adoráveis! – e apontou pra todos eles, que faziam cara de desolados.
- Você diz isso porque não nasceu prima de um deles! – Lua riu e foi acertada por uma almofada que Micael jogou – Tudo bem, por mim que façam a festa... A mãe vai viajar com o Robert mesmo.
- Então vamos acertar o dia! – Melanie se ajeitou no sofá empolgada.
- Que dia viajam? – Pedro perguntou.
- Quarta-feira. Vão passar 15 dias fora! – Ray respondeu e tomou a latinha da mão de Lua pra tomar um gole.
- Então fazemos no próximo sábado! – Chay falou e Micael lhe deu um tapa na cabeça.
- Sábado vamos num programa de TV!
- Ihh, é! Mas que hora? – perguntou passando a mão no local que Micael atingiu com a sua santa falta de paciência.
- A gravação do programa é à tarde. – Pedro deu de ombros.
- Ah, então ta tranqüilo! – Chay sorriu e ergueu os braços – Festa!
- Eu vou indo... – Arthur falou depois de um tempo calado, só ouvindo a alegria dos outros. Ele se levantou ouvindo alguns tchau, cara e alguns tchau Arthur, mas depois de dar uns passos ouviu outra coisa além disso.
- Que foi Arthur? Triste com saudades da Delilah? – Lua falou encarando a latinha em sua mão, como se enxergar o líquido lá dentro fosse de extrema importância. Arthur apertou os olhos, mas permaneceu de costas imaginando que talvez o olhar da garota estivesse queimando sobre ele. Isso de fato aconteceu quando ele começou a responder.
- Não... Eu a trouxe no porta-malas do meu carro. Quando eu quiser vê-la, trago pra cá. – ele falou sem olhar pra trás e deu mais alguns passos em direção à porta.
- Então vê se compra umas roupas pra ela. Não é como se ela fosse uma cadela, sabe... Ou pelo menos, não no sentido literal, se é que me entende! – Lua ficou de pé e tinha um sorrisinho do mal desenhado no rosto.
- Não, eu DE FATO não entendo você. No começo nem olhava pra mim e agora o que quer? ME PROVOCAR? – Arthur exaltou a voz em algumas palavras e enquanto isso Lua se aproximava de onde ele estava.
- Se o que eu estou dizendo te incomoda é porque é verdade. Você e Delilah foram feitos UM-PRO-OUTRO – Lua separou as últimas palavras desenhando 'ligações' no ar com o dedo indicador.
- PELO MENOS ELA SEMRPE ACREDITAVA EM MIM!
- FINGIA ACREDITAR PORQUE TINHA O RABO PRESO! VOCÊS DOIS NÃO PRESTAM!
- Tudo bem anjinho da Inglaterra, não vou te contrariar! – Arthur disse sua última frase antes de deixar o apartamento e bateu a porta à tempo de evitar que a latinha de cerveja que Lua tacou o acertasse. Era uma vez uma latinha que se chocou contra a porta e morreu. 
Lua ficou olhando pra porta que ele bateu enquanto soltava o ar que parecia preso na garganta. Ninguém sabia o que dizer, o clima pesou...
- Traidor filho da puta – Lu falava coisas daí pra baixo e começou a caminhar de um lado pro outro com a mão na testa, varrendo toda a sua franja pra cima. Rayana se levantou e com movimentos calmos, como se estivesse pisando em ovos, andou até ela.
- Vem, volta pro seu lugar. – Ray passou o braço pelos ombros de Lu.
- Desculpa pelo carpete Micael – Lua se desculpou com a voz murcha e baixa por causa do carpete próximo à porta que agora estava encharcado com a cerveja que ainda restava na latinha.
- Erm, imagina – Micael sorriu sem graça vendo que a prima não demoraria a chorar. E não estava errado, Lu começou a chorar e desabafar sentindo todos os olhares atentos nela. Era engraçado como ela estava tão aparentemente forte na casa da Soph horas antes e agora estava assim, só por tê-lo visto.
- Eu... eu, eu não consigo! Não dá pra ficar fingindo que ta tudo bem, que somos amigos e estamos nos tratando normal e civilizadamente! Eu simplesmente queria dar uma voadora nele! Aquela imagem nojenta ficou na minha cabeça esses dias todos, por mais que eu estudasse ou me distraísse...
- Calma Lu! Espera o tempo passar e você vai ver como tudo vai parecer menor. – Soph veio e se ajoelhou perto dela.
- Menor, Soph? – Lua relaxou os braços e falou em tom de desanimo – Eu e Micael vimos o Arthur com aquela garota pelada na sala dele, você acha que isso um dia tem como ficar menor?
- Nem sei por que o Arthur fez isso – Chay estava com o olhar fixo no chão e balançava devagar a cabeça – Ele gosta da Lu desde o berçário, parecia um pateta falando dela!
- Mas aí é que ta, meu caro Suede! Ele é um pateta. – afirmou Pedro. 
- E um fraco! – Micael completou.
- Eu te disse Soph, eu te avisei, era melhor eu não ter ficado com ele! Um dia depois de estarmos juntos eu o pego com outra! Falei que se isso acontecesse eu não saberia o que fazer!
- Mas você soube! Você está aqui inteirinha, não está?! – Sophia falou sentando no chão perto dela.
- Não... num to inteira. Posso estar qualquer coisa. Menos inteira.
- Ele deve ter alguma explicação, eu nunca vi os dois tão felizes como na época em que estiveram juntos! Parecia que tinham colocado um disco de vinil dentro da boca dele de tanto que sorria! É simplesmente inacreditável que algumas horas depois ele faria uma coisa dessas por querer! – Mel falou abraçando as pernas e apoiando o queixo sobre os joelhos.
- Mas que explicação?! Por mais que ela tenha provocado, ele a agarrou, isso é fato! Mas e daí? Eu nem devia estar assim caramba! Eu sempre soube como ele era.
- Lua... – Micael a olhou, estava sofrendo por ela e também pelo amigo – Ele foi um tosco, isso não dá pra negar, ainda mais quando ele sabia que você estava prestes a aparecer por lá! Mas você não pode ficar odiando ele pelo resto da vida, ok? Você vai ter de superar isso e uma hora os dois terão que conversar! – Lua não disse nada, apenas concordou lentamente olhando pra baixo.
- Micael, esses não são os planos da Lua. – Sophia falou de repente cortando o silêncio que havia se instalado.
- Por que Soph? – Micael perguntou e todos os olhares estavam agora esperando a resposta dela. Lu olhava como se implorasse pra ela ficar quieta. Sophia não estava na intenção de trair a amiga ou fazer fofoca contando o que ela pediu pra ficar em segredo. Queria apenas o que era melhor.
- Lu não adianta me olhar assim! Você ia ter de contar uma hora...
- Não quero falar disso agora.
- Por que não Lu? A gente ta entre amigos! – Micael sorriu pra encorajá-la.
- Ela ta pensando em morar com o pai no Canadá – Melanie falou rápido e fez cara de 'prontofalei'!
- Canadá! Por quê? – Micael parecia chocado e ficou de pé.
- Calma, não tem nada confirmado!
- Calma nada! Quando você ia me contar isso?
- Senta aí Micael! Po... eu sei lá! Meu pai ficou sabendo que eu não estou conseguindo trabalho e a mulher que ele se casou é diretora de um canal de televisão. Aí ele disse que ela poderia me botar lá dentro a qualquer hora que eu quisesse. Não com um salário milionário, mas algo que desse pra me sustentar...
- Mas você nem conhece sua madrasta! E se ela for uma louca?!
- É isso que a gente tenta dizer pra ela Micael! Quando meu pai se casou com a Julie eu morri de medo que ela fosse radicalizar comigo e com a Melanie. Felizmente demos muita sorte porque a mãe da Lu é um anjo de pessoa! Nós estamos muito bem lá em casa na questão 'pais', você não precisa ficar brincando com a sorte! – Rayana falou o que sentia de verdade e Mel olhou pra ela com um sorrisinho meigo.
- Eu sei gente, mas eu não pretendo chegar lá e ficar morando com eles! Vou ter meu próprio apartamento.
- Mas ela ainda vai ser sua chefe! Se ter a mãe como chefe às vezes é um pé no saco, imagine a madrasta! – Melanie comentou.
- Pensei em tudo isso... Não dei nenhuma resposta ao meu pai e ainda quero conversar melhor com minha mãe. – Lua torceu a boca e Pedro bagunçou seus cabelos.
- Não pensou não, eu acho que você não pensou na tia nem na gente, nas pessoas que te amam. Pensou só em você – Micael falou sério e frio.
- E por acaso você é uma dessas pessoas que me amam? – Lua se levantou novamente e respirou fundo.
- Por quê? Alguma dúvida disso?
- Todas. Se você me amasse mesmo, deveria me apoiar em qualquer decisão que eu tomasse. – ela atravessou a sala e caminhou pra perto da porta de novo.
- Lu aonde você vai? – Sophia perguntou e ficou de pé também.
- Pra casa, acho que eu não estou sendo uma boa companhia hoje... Desculpem meninos, pela minha cara pode não parecer, mas eu estou muito feliz que estejam aqui! – Lua sorriu sincera e abriu a porta.
- Quer que eu te leve? Afinal fui eu que trouxe! – Pedro se ofereceu pra ajudar.
- Não, obrigada Pedro! É que eu estou com um mal estar que me faz pensar que eu preciso desesperadamente de ar, então é melhor eu ir andando.
Depois que ela saiu, os presentes na sala ficaram olhando uns para os outros. Alguém teria que contar a notícia ao Arthur!

Arthur’s point of view ON

Caralho. Merda. É, não tem palavras bonitas no meu pensamento agora! Acho que não tem crianças acessando meus pensamentos, então tudo bem...
Sabe, eu vou pegar uns salgadinhos aqui no armário, sentar no sofá e simplesmente comer. Os simples atos de mastigar e depois engolir parecem ter ficado muito mais difíceis nos últimos dias. Cada salgadinho que eu botava na boca se desfazia sem gosto sobre a língua... E não é só pra me alimentar que estou com dificuldades, pra respirar e dormir também. Isso desde a maldita hora que o sonho virou pesadelo! É engraçado como sonhos viram pesadelos do nada, basta aparecer um lobo mau ou um cara de capuz preto te perseguindo. No meu caso apareceu a Delilah, e sem capuz. Nem roupa nenhuma.
Eu fiquei um tempo largado no sofá, repensando em toda aquela cena e em como foi doloroso ver a Lua agora querendo me fuzilar, me enterrar vivo, arrancar meu coração, cortar minha cabeça - e outros membros também, err - me cortar em várias partes e queimar, ou talvez enterrar cada uma delas num canto do planeta, me jogar dentro de um vulcão, me enviar pro centro da terra, me deixar no olho de um furacão, me... opa, a campainha toca enquanto eu penso nas várias maneiras que a Lua teria me matado.
- Melanie?
- Oi Aguiar, você ta legal? – eu abri mais a porta e ela foi entrando.
- To ótimo. Por que não estaria? – rolei os olhos e fechei a porta. A Mel é uma boa amiga, ouvinte, conselheira, mas eu não estava a fim de conversa! Acabei de sair de um quase-quebra-pau com a Lu, preciso recuperar minhas energias...
- Eu sei que é muito chato tudo que está acontecendo, Arthur. Nós já falamos no Msn outro dia.
- Chato? Chato é ficar preso no elevador, é ter diarréia no dia de um show, ficar com ressaca... isso aqui é o inferno.
- Não se esqueça que...
- Ta, que foi culpa minha.
- É, e eu queria saber o que você esteve pensando nesses últimos dias porque no dia que conversamos no Msn você estava bem disposto a conseguir que ela te perdoasse. Ainda continua com o mesmo objetivo ou a viagem já mudou a sua cabeça?
- Eu... eu não sei. Quero muito que ela me dê outra chance, mas não sei como vou fazer isso.
- Então eu acho que você vai precisar saber como logo.
- Logo? Por quê?
- Eu vim aqui pra te contar isso. A Lua vai ficar chateada, mas nós chegamos num acordo e achamos que era melhor você saber com urgência porque só você está podendo impedi-la de fazer isso.
- Fazer o que? Você ta querendo que eu morra de curiosidade aqui? Porque se for pra eu morrer no último capítulo é só vocês me deixarem na frente da Lua numa sala isolada que...
- Mudar pro Canadá. – Mel me cortou e eu fiquei quieto. Ela tinha falado isso mesmo?
- Err, ma-mu-mudar?! Canadá? – eita caraíí, nunca eu gaguejei tanto como hoje.
- É, o pai dela mora lá, lembra?
- E ela vai morar com o pai assim de repente? Eu sempre achei que ela gostasse mais da mãe! Sogrinha Julie é tão legal...
- É, mas ela vai. Estava indecisa, mas se eu bem a conheço, depois do clima insuportável entre vocês hoje, ela deve ter se decidido.
- Ah, assim não dá! Quem teve essa idéia maluca de levar minha Lu pra milhas de distância?
- Foi a madrasta que arranjou um emprego pra ela lá.
- Só podia ser coisa de madrasta. – uma agonia tão grande cresceu dentro de mim que se eu estivesse segurando uma lata, amassaria facilmente.
- Ninguém quer que ela vá Arthur, eu sei que você também não! Ela não vai ser feliz num país estranho, vivendo com o pai e uma mulher que ela nem conhece!
- Quer saber? Talvez seja melhor que ela vá mesmo. – cruzei os braços rapidamente porque ao falar essa frase foi como se eu tivesse me cortado. Pontadas. Insuportáveis pontadas, sinais da fraqueza humana.
- Não faz isso Arthur, não entrega o jogo assim! É a Lua, sua velha amiga! Você é amigo dela há mais tempo que eu e com certeza gosta dela muito mais do que eu... E olha que eu gosto pra caralho! Você não pode deixá-la na mão de uma madrasta do mal, você quer que ela se torne uma espécie de branca de neve ou algo assim?
- Ela já é bem grandinha pra saber se defender de uma madrasta, Mel. – eu falei dando as costas pra ela e ficando de frente pra janela. Um conhecido aquecimento estava tomando conta das minhas bochechas ao mesmo tempo que minha garganta parecia estar dançando salsa. Em outras palavras eu estava prestes a chorar feito um bebê.
- Ok, eu achei que você ia querer ajudar a salvar a Lua dela mesma. Eu acho que se você está dando as costas agora é porque não a ama como diz. Quem ama protege a criatura amada mesmo quando ela não quer proteção. Talvez ela esteja certa ao se afastar de você...
- EU AMO A LUA. – me virei depois de tanto ouvir a voz da Melanie ecoando pela sala. Ela demonstrou surpresa ao ver minhas bochechas molhadas e o nariz levemente vermelho. – Não duvide disso!
Ela abriu um leve sorriso, acho que meio comovida com meus olhos vermelhos. Dude, eu odeio chorar.
- Eu a conheço e sei que não sou capaz de detê-la. Que idéia de vocês achar que eu ia impedir alguma coisa. Só se eu me matasse! – abaixei a cabeça e respirei pela boca. Parecia que tinha um concreto louco no meu nariz, totalmente bloqueado. Dude eu odeio chorar.[+1]
- Todo mundo sabe que você vai achar um jeito. Você é inteligente, você é Arthur Aguiar – Mel pôs a mão no meu ombro e inclinou um pouco a cabeça pra tentar olhar nos meus olhos.
- Eu vou fazer o que eu puder, mas não garanto nada. Não sei nem por onde começar...
- Você é do McFLY! Compõe uma música pra ela e manda tocar no topo da montanha, sei lá! Eu ainda continuo apoiando uma carta quilométrica e bem fofa. Pega a nossa conversa, você estava muito fofo naquele dia! – Melanie se aproximou da porta e eu a acompanhei. Ela pôs uma mão na maçaneta, mas antes de abrir, limpou minha bochecha com o polegar.
- Você errou ao se deixar levar pela Devaca, Arthur. Mas agora você deve provar que merece outra chance. – é! Eu vou provar sim, mas espera... Devaca?
A Mel foi embora depois disso. Minha cabeça rodava e não era pela cerveja. Meus olhos estavam ardendo, receber essa notícia foi como se alguém tivesse jogado areia neles. Dude eu odeio chorar. Mas quando as coisas não estão bem com a Lua isso acontece. E acontece fácil! Quando as lágrimas saem eu sinto até um alívio, é o nó da minha garganta que folga um pouco. Infelizmente chorar não resolve nada. Tinha que ter alguma coisa "fofa" que eu pudesse fazer! Então eu segui a recomendação da Melanie. Fui pro computador e peguei a conversa que tivemos no Msn antes da semana em Manchester. Foi uma conversa longa. Eu li na esperança de achar alguma inspiração pra escrever uma carta, ou compor, ou qualquer coisa que fosse.

Play histórico do Msn 

Arthur diz: MEL!!!! Você por aqui uma hora dessas?!
Mel (L) mafagafo diz: Oi Arthur! Cheguei da facul e nã tinha nada pra fazer... enfim, hj é sexta né! Proibido dormir cedo!
Arthur diz: claaaro!! Q bom, assim não fico sozinho.
Mel (L) mafagafo diz: e vc, ta no msn pq? Não foi furunfar por aí?
Arthur diz: ahn... vc sabe... a semana toda eu fiquei assim, derrotado!
Mel (L) mafagafo diz: eh eu sei, a Lua me contou.
Arthur diz: eu sou um idiota Mel! Eu sabia que ela ia lá quer mais burrice q isso?!
Mel (L) mafagafo diz: realmente vc eh um idiota! 
Arthur diz: vc tb ta brava cmg? D:
Mel (L) mafagafo diz: só um pouco... na verdade, to mais decepcionada!
Mel (L) mafagafo diz: poha. Arthur! E aquela conversa toda lá no parque?
Arthur diz: eu sei eu sei!! não era mentira, eu amo msmo a Lu, mto!
Mel (L) mafagafo diz: e ai, como é q vc trai a menina, caralho òó?
Arthur diz: é isso q eu me pergunto Mel! Todo dia!
Arthur diz: nem eu mesmo entendo o q aconteceu =/
Mel (L) mafagafo diz: eu já ouvi a versão da Lu, agora me conta vc como foi.
Arthur diz: conto... mas antes me conta o que ela te disse?
Mel (L) mafagafo diz: ah, nada além do que vc deve imaginar...
Mel (L) mafagafo diz: q vc mandou uma mensagem na última hora dizendo que era pra ela passar lá na sua casa pq vc tinha uns negócio pra entregar,
Mel (L) mafagafo diz: aí qd ela chegou la vc e a sua ex estavam se comendo.
Mel (L) mafagafo diz: aí ela ficou meio paradona e chocada, mas realizou a situação e ela com a sua ex quebraram uns vasos lá...
Mel (L) mafagafo diz: a coisa foi feia!!
Arthur diz: foi mais do que feio!
Arthur diz: aquele foi o pior momento da minha vida, cara!
Mel (L) mafagafo diz: pq? da SUA vida? Imagina a Lu!
Arthur diz: é que eu senti uma dor me esmagando no peito como se a casa toda estivesse caindo em mim =x
Mel (L) mafagafo diz: seu emo 
Mel (L) mafagafo diz: se vc sabia o q ia acontecer, pq fez isso, idiota?
Arthur diz: já disse q não seeei caraíí!
Arthur diz: foi assim... mandei a mensagem pra ela pq eu vi que ela tinha esquecido o mp4, 
Arthur diz: e tb tinha um álbum de fotos nossas que eu queria mostrar,
Arthur diz: e junto ia devolver tb uma pulseira q ela perdeu na minha casa uns 500 anos atrás...
Arthur diz: ai mandei a mensagem, pra ela ir lá buscar tudo...
Arthur diz: assim que mandei, tipo coisa de segundos, a campainha tocou.
Arthur diz: pensei “nossa que rapidinha” e fui abrir, aee era a delilah 
Mel (L) mafagafo diz: pq vc deixou ela entrar? pra começo de conversa, né u.ú
Arthur diz: o pior eh q eu não deixei oO!! Ela foi entrando e falando sem parar
Mel (L) mafagafo diz: certo... continua
Arthur diz: ela tava falando que não queria ter terminado comigo e q não tava saindo com Mike do marianas e talz...
Mel (L) mafagafo diz: WAIT! PARA TUDOOO
Mel (L) mafagafo diz: ela saiu com o baixista do Mariana’s Trench??
Arthur diz: foi o q ela disse qd terminamos, ms ela desmentiu dps
Mel (L) mafagafo diz: ms q maria palheta!
Arthur diz: ehh, ms deixa eu continuar vai...
Arthur diz: ela disse q num tava cmg apenas pq eu sou famoso, q gostava de mim e eu disse q agora não importava mais
Arthur diz: ai ela pediu perdão etc e tal e chegou perto de mim dizendo q duvidava q eu não sentia mais nada por ela
Arthur diz: então ela tirou o sobretudo e tava nua...
Mel (L) mafagafo diz: PUTAAAA putaputaptuaptuaptuaptuaputaput
Mel (L) mafagafo diz: ahiuwhiudfhai pourohnfkan dwegtnb @#$$#@##
Arthur diz: é é é tuuuudo isso aí
Arthur diz: e pára de acotovelar o teclado. não é legal..
Mel (L) mafagafo diz: foda-se Aguiar ms continue contando
Arthur diz: ela chegou mais perto ainda e me mordeu na orelha, dps na minha bochecha, ficou se esfregando, me beijou e vc sabe... sou homem porra
Mel (L) mafagafo diz: e vc agarrou a vaca, certo?
Arthur diz: ...
Arthur diz: não conseguia me controlar, meus braços não me obedeciam! tdo q eu mais queria era soltar ela, eu juro!
Arthur diz: fomos caminhando pro sofá, ela tirou minha blusa e a Lua chegou
Arthur diz: a gnt só percebeu q ela tava ali qd ouvimos o barulho do celular q ela deixou cair no chão, eu me assustei e até mordi a língua da outra
Arthur diz: eu fiquei meio sem acreditar que isso tava acontecendo msm, fechei os olhos com força pedindo que fosse só a minha consciência brincando cmg!
Arthur diz: abri o olho e ela continuava lá me olhando
Arthur diz: pensei que fosse infartar O- O!
Arthur diz: a lilah se levantou e vestiu minha camisa enquanto eu ficava tentando falar algo, ms não vinha nada na cabeça a não ser aquelas frases tipo
Arthur diz: ohhh, não eh nada do que vc ta pensando...
Arthur diz: e coisa e tal
Mel (L) mafagafo diz: FATOO
Mel (L) mafagafo diz: isso é frase de culpado!
Arthur diz: 
Arthur diz: não precisa ficar me lembrando desse detalhe
Mel (L) mafagafo diz: que seja... what else?
Arthur diz: ela disse uma coisa q me fez pensar
Arthur diz: disse q a gente não é nada =/
Mel (L) mafagafo diz: ms é verdade né? Ela disse q vcs só tinham um rolo, mas nada de namoro
Arthur diz: certo, a gnt não tava namorando oficialmente AINDA, ms daí a não ser NADA?!
Arthur diz: as nossas ficadas não podem ser reduzidas a nada!
Arthur diz: sem contar q eu já teria pedido em namoro se tivesse conseguido comprar a droga da aliança no dia do jantar...
Arthur diz: são alianças especiais, tem o desenho da nossa tatuagem gravada nelas =/
Arthur diz: acredita q chegaram aqui em casa um dia dps da Lu ter ido embora??
Arthur diz: to olhando pra caixinha nesse exato momento
Arthur diz: são lindas =/
Arthur diz: =/ =/ =/ =/ =/ =/ /= / =/ =/ =/ =/ =/ =/ /=/ /=´/
Mel (L) mafagafo diz: calma dude não choraaaa
Mel (L) mafagafo diz: e pare de acotovelar o teclado! se eu não posso vc tb não pode osh!
Arthur diz: quem disse que eu to chorando?
Arthur diz: nem instalei a web cam oO
Mel (L) mafagafo diz: relaxa, brincadeira xP
Arthur diz: tudo bem... meus olhos estão aguados mesmo, vc não errou
Mel (L) mafagafo diz: ounnnnt as coisas vão se acertar vc vai veeerr!
Arthur diz: ela não vai querer me ver nem com 50 mil alianças de namoro nas mãos!
Arthur diz: MEL eu to perdido sem aquela mulheeeerr! FALO SÉRIO!
Mel (L) mafagafo diz: hauahuahuah ta parecendo aqueles bêbados que ficam debruçados no balcão enchendo o saquinho dos barmen ueheuheuhe!
Arthur diz: kkkkkkkkk sabia q vc ia dizer isso
Arthur diz: e eu to bêbado msmo, mas só um pouquinho...
Mel (L) mafagafo diz: o q vc ta bebendo?
Arthur diz: vodka, energético, suco de maracujá e um troço estranho que eu achei debaixo da cama
Mel (L) mafagafo diz: eita porra 0o
Arthur diz: to me sentindo o próprio john vesely falando coisas tão melosas e gays!
Mel (L) mafagafo diz: não chama o vesely de gay eu adoro secondhand!
Mel (L) mafagafo diz: e dizer q ta perdido sem a mulher naao é gay! 
Mel (L) mafagafo diz: a menos q vc fosse mulher tb hauheuheuawe
Mel (L) mafagafo diz: e vc naoo ée
Mel (L) mafagafo diz: ou é oO?
Arthur diz: 
Arthur diz: engraçada vc... voltando ao assunto ---> Lua Blanco
Arthur diz: eu sempre demoro um bocado pra conseguir ficar com ela e qd consigo acontecem essas tragédias!
Arthur diz: amo a Lu! mais que tudo! desde sempre, vc sabe!
Arthur diz: aquilo com a lilah foi uma terrível fraqueza
Arthur diz: se eu pudesse voltar no tempo eu teria simplesmente olhado no olho mágico da porta antes de abrir pra ela
Arthur diz: a lilah era minha namorada ms estar com ela era sempre uma enrolação pq eu não esqueci a Lu!
Arthur diz: tudo q eu queria era ter outra chance
Arthur diz: se cada pedacinho do meu arrependimento valesse um dólar eu não precisaria mais trabalhar!!
Arthur diz: quero minha garota de volta
Arthur diz: não posso perder ela outra vez!!
Arthur diz: sabe qd a gnt era amigo, eu não catava ela como queria pq sabia que uma hora a gnt ia brigar, coisa q como amigos não acontecia nunca!
Arthur diz: e aí eu ia ficar sem poder andar junto dela, sem ouvir a voz, sem zoar com ela... exatamente como agora! Talvez ela nunca mais dê uma risada pra mim e essa idéia me desespera!
Arthur diz: nunca pensei que fosse gostar de alguém tanto assim! Vc acredita que eu a amo, não acredita?
Mel (L) mafagafo diz: acredito em vs... mas ela nunca ia ficar te ouvindo assim porque ela ta brava e eu não, certo?
Arthur diz: yep. agora comofas?
Mel (L) mafagafo diz: faz ela saber de tudo isso que você me disse, tipo... escreve pra ela, cara!
Arthur diz: tipo uma carta vc quer dizer?
Mel (L) mafagafo diz: uhm
Mel (L) mafagafo diz: aproveita e bota num envelope junto uma foto de vcs!
Arthur diz: ms eu não sou bom em cartas 
Mel (L) mafagafo diz: aprende errr! mais tarde vc pega esse histórico e copia no papel o que vc me disse, inteligência!
Mel (L) mafagafo diz: soh acrescenta mais coisas e tira os errinhos, claro huahauhs
Arthur diz: eh pode ser... obrigado por estar do meu lado!
Mel (L) mafagafo diz: Arthur... eu sou sua amiga e da Lu. Não to do lado de ninguém pq não há lados aqui, certo? num tamo numa guerra!
Mel (L) mafagafo diz: to do lado dos dois, quero que estejam juntos logo pq ficam muito chatos qd estão separados!
Mel (L) mafagafo diz: mas que fique claro que não to apoiando o que vc fez! Se trair minha irmãzinha de novo eu te excluo do msn! Òó
Arthur diz: num vou fazer de novo
Arthur diz: nem sei se vou ter outra chance de estar com ela, porra
Mel (L) mafagafo diz: ah vai se foder - |- 
Mel (L) mafagafo diz: ...se fosse o Chay eu cortava aquilo lá dele! só pra ele nunca mais pensar com a cabeça de baixo!
Arthur diz: aaaaaaaaaaaaaaaau vc é cruel! Vou falar pro Chay te largar!
Mel (L) mafagafo diz: pode falar docinho, ele não vai te ouvir mesmo...
Arthur diz: uhauhauhauhauhu ele te ama!
Mel (L) mafagafo diz: eu sei *-------* 
Mel (L) mafagafo diz: e amo ele tb
Arthur diz: ele nunca tinha amado ninguém!
Arthur diz: que bom que vc chegou pra salvar aquela alma! Me diz, ele já levou café na cama pra vc?
Mel (L) mafagafo diz: pq quer saber 0o?
Arthur diz: só curiosidade!
Mel (L) mafagafo diz: jáaa =D
Arthur diz: sabe, eh que ele falou q nunca faria isso... meu bebê mudou!
Arthur diz: graças a voceeee!
Mel (L) mafagafo diz: yeeeeeeeeeeeeeeee!!!
Mel (L) mafagafo diz: ok, agora eu tenho q ir! vejo meus olhos se fechando u.u
Arthur diz: ta bom, eu tb vou tentar dormir... amanhã eu vou viajar um pouco antes do que os garotos, vamos fazer uma turnê, cê sabe..
Mel (L) mafagafo diz: já sei. viajar antes, né? sakei a sua
Mel (L) mafagafo está digitando uma mensagem
(...) 3minutos
Arthur diz: sacou o que garota oO?
Mel (L) mafagafo diz: é pra não ver a Lua que vc vai antes!!
Arthur diz: 1º=sim, não vai ser saudável pra nenhum dos dois
Arthur diz: 2º=vc passou 3 minutos digitando essa frase? dava pra fazer um miojo
Mel (L) mafagafo diz: avisei que eu tava com sono 
Arthur diz: eu hein, tinha que ser amiga da Lua!!
Mel (L) mafagafo diz: boa noite Arthur 
Arthur diz: ta bom soneca vai la... durma com o Chay e sonhe com os anjos
Mel (L) mafagafo diz: ahahshsahshahshahah diz pra ele que eu to com uma saudade da porra
Arthur diz: onde vs aprendeu a falar isso? limpa esse teclado menina
Mel (L) mafagafo diz: não enche
Mel (L) mafagafo diz: bjsss
Mel (L) mafagafo parece estar offline

Stop histórico do Msn

Arthur’s point of view OFF / Lua’s point of view ON
 

Eu saí dizendo que ia pra casa, mas não estava a fim de chegar lá e ficar sozinha, então preferi andar pela rua. Um vento frio passou me obrigando a apertar o agasalho contra o corpo. O dia não estava muito bonito, era um dia branco. Sabe aqueles dias que desde o meio-dia até as cinco da tarde parece a mesma hora porque simplesmente é como se o sol não existisse? Há quem goste de dias assim, mas pra mim fica tudo tão sem cor! É como se eu fosse transportada pra um filme em preto e branco... Transportada. É, eu serei transportada para o Canadá! Gostaria que as minhas lembranças não se transportassem comigo! Seria tão mais fácil se eu pudesse deixá-las aqui, junto com Arthur e os momentos que passei com ele. As malditas sensações que ele me causa e a maldita ex-namorada. O meu maior medo é não conseguir esquecer. Arthur era o cara dos meus sonhos e em menos de meio minuto se tornou o monstro dos meus pesadelos. A minha cabeça está como esse dia. Monocromática, sem sol e sem graça. Talvez sejam meus olhos, mas o mundo está em tons de cinza... Bem que Sophia diz que eu sou meio dramática! Só de pensar em me afastar daqui os meus olhos enchem de água...
Por que diabos eu passei uma semana inteira sem falar nem lembrar - juro que não lembrei do Arthur - e agora que eu o vi ficou tudo tão perturbado na minha cabeça? Ao mesmo tempo que queria matá-lo, uma pequena parte de mim ficou contente ao bater os olhos nele. Isso foi percebido facilmente porque quando o vi, senti uma eletricidade percorrendo meu corpo e fazendo meu coração começar a se achar engraçadinho pra sorrir sozinho. Mas isso durou um segundo porque logo a parte que queria matá-lo começou a falar mais alto. Se eu pudesse, com o ódio que estava sentindo aquela hora, eu o fuzilaria, o enterraria vivo, arrancaria seu coração, cortaria a cabeça - não só a de cima como a de baixo também - o cortaria em várias partes e queimaria, ou talvez seria melhor enterrar cada uma delas num canto do planeta, o jogaria num...
- Ah, desculpa. – me bati com um cara que vinha na direção oposta, acho que nós dois estávamos distraídos. Ele ficou me encarando, mas eu não olhei pro rosto dele. Quem é esse cara que não olha por onde anda?

Arthur’s point of view ON

Um retardado. É assim que eu me sinto quando leio as coisas que converso... Depois que terminei de ler a conversa, me pus a escrever. Era tudo que eu tinha guardado e queria falar, pra Lua e pra todo mundo. 
- Mas que porra! – falei sozinho enquanto chutava a lata de lixo ao meu lado. Era a quarta vez que amassava um papel e pegava outro. As palavras me vinham na ment, mas quando ia escrever, não saiam do jeito que eu queria. Será que alguém pode me enviar uma luz divina? O que eu tenho que fazer?!

Lua’s point of view ON

O que eu tenho que fazer é me livrar de tudo que lembra o meu passado. Agora é oficial, vou mesmo morar com meu pai. Depois do que aconteceu hoje, essa raiva toda que eu senti vendo o Arthur na minha frente, isso não deve fazer bem! E se eu vou recomeçar tudo, não há espaço pra ficar levando bagagens, certo?

Arthur’s point of view ON

Certo. Acho que terminei de escrever, depois de muito lutar a luz divina se fez aqui! Coloquei no envelope a folha onde havia escrito uma senhora carta. Coloquei também uma foto, aquela do parque de diversões que o Micael viu e resolvi também entregar de vez a pulseira! Arranjei uma caixinha pra ela.

Arthur’s point of view OFF

Quando Lua chegou em casa já estava escurecendo. Queria ter uma conversa com a mãe, mas encontrou um bilhete na porta de seu guardarroupas:
Minha querida, chegarei mais tarde hoje.
Você sabe que nós precisamos conversar, não é? Faremos isto amanhã.
Tem lasanha na geladeira. Te amo.


Dra. Julie nunca tinha horários certos. Como a mãe não estava, foi com urgência botar em prática um outro plano.
Pegou sua velha e conhecida caixa rosa.
O plano: Queimá-la.
 Abriu a porta que dá acesso à uma pequena varanda, para que a fumaça pudesse sair. Posicionou uma mesinha em frente à porta e pôs a caixa em cima. Tirou a tampa e a deixou ao lado. Respirou fundo olhando todas aquelas coisas lá dentro, parte de sua vida estava arquivada ali: A parte com Arthur. Pegou uma das fotos numa mão e um isqueiro na outra, aproximou a duas e deixou que começasse a queimar a primeira foto. Ficou observando como o fogo avançava centímetro por centímetro e imaginou que a mesma coisa acontecia nesse momento com suas más lembranças. Uma sensação estranha começou a causar uma espécie de erupção no interior de Lua e uma lágrima grossa correu por sua face. Quando a foto em sua mão estava com poucos centímetros onde o fogo ainda não havia chegado, ela a jogou dentro da caixa e assim o fogo aumentou com a quantidade de material a mais para queimar. Várias outras lágrimas como aquela se sucederam enquanto seu rosto era colorido pela luz laranja do fogo. Todas as lembranças que aquelas fotos carregavam estavam evaporando na frente dela e isso causava dor.
Após cessar as chamas - e também as lágrimas - ela se entregou ao sono e cansaço que sentia.

No dia seguinte, um domingo chuvoso, Lua acordou ao pensar ter ouvido um barulho dentro do quarto. E realmente ouviu. Era Arthur, Melanie o deixou entrar na casa e ele foi até o quarto dela. Colocou a carta em cima da penteadeira, depois a caixinha com a pulseira sobre o envelope. Quando ele saía do quarto, observou o que antes era uma linda caixa de papelão rosa muito bem cuidada pela dona. O tom de rosa ainda estava presente em algumas partes do papelão e na tampa, mas na maior parte da caixa, estavam visíveis as queimaduras. A curiosidade o fez olhar o interior e ele sentiu uma facada no estômago ao ver pedaços de fotos que não foram consumidos pelo fogo. Deu meia-volta pra sair e com o nervosismo tropeçou num tênis jogado, fazendo Lua se remexer na cama. Ele fechou a porta e saiu pálido.
- Que foi? Ela acordou? – Mel perguntou baixinho na escada.
- Eu pisei num tênis jogado e ela se mexeu.
- Mas ela te viu?
- Não... mas eu acho que a coisa é mais séria do que pensei. Umas palavras num papel não vão adiantar... – ele afirmou com a expressão séria enquanto passava por Melanie em direção à porta.
- O que foi? Que cara é essa? – Melanie perguntou quando os dois já estavam fora da casa.
- A caixa Mel! Ela acabou com a caixa onde guardava coisas que faziam lembrar de mim. Ela queimou o meu coração agora.
- Nossa, isso é mau... – ela falou pensativa, mas sem entender muito bem a parte do coração – Vamos continuar com o plano, ok. Vai embora que eu vou pegar a sacola dos donnuts e fingir que estou chegando agora. – Arthur foi andando rápido até seu carro, que estava estacionado umas duas casas depois. Estava tudo acertado assim e Mel já havia passado com ele na padaria pra comprar os donnuts antes. Melanie ficou com o ouvido colado na porta e ouviu Lua descer as escadas correndo, hora de entrar com tudo.
- Oi Lua! – ela sorriu vendo a menina com a cara espantada.
- Vo-você não tava em casa?
- Fui à padaria.
- Cadê a Rayana?
- Ela bebeu demais depois que você foi. Os meninos acharam melhor deixá-la dormir lá no apartamento do Pedro.
- E nossos pais?
- Eles saíram cedo, não te avisaram ontem? – Melanie caminhou tranqüilamente até a cozinha com uma Lua assustada atrás.
- Não... quando eles chegaram eu devia estar dormindo. Minha mãe só avisou que ia chegar tarde. Preciso conversar com ela sobre o Canadá. Depois do que rolou ontem eu decidi que vou mesmo, Mel. O meu pai já até depositou o dinheiro da passagem na minha con... Espera eu desci agora só pra perguntar! QUEM ESTAVA NO MEU QUARTO?
- Tinha alguém no seu quarto?
- SIM! Eu ouvi um barulho lá! Não viu ninguém sair quando estava chegando?
- Não... ah Lua, deixa de bobagem! O vento deve ter derrubado alguma coisa no chão. Estava com a porta da varanda aberta?
- É, estava aberta. Será que foi isso então?
- Claro! Você só se assustou porque estava dormindo... Agora deixa esses assuntos pra depois. Volta lá pro seu quarto, lava o rostinho, penteia o cabelo e desce pra comer donnuts comigo! – Mel segurou os ombros de Lu e a virou de costas, empurrando-a de volta até a escada. Lua subiu um pouco desconfiada e Melanie voltou pra cozinha, sentou e pegou um donnut com cobertura de brigadeiro. Esperou dez minutos lá enquanto comia seu donnut tranqüilamente, depois pegou um prato, colocou uns três donnuts e foi ao quarto de Lu. A porta estava entreaberta, ela empurrou devagar com o cotovelo e logo pôde ver Lua sentada de lado na cama com um papel na mão, era a carta. Viu também a caixa destruída que Arthur mencionou. Será que ela o perdoou ou ele estava certo ao dizer que não ia adiantar nada? Melanie pensava...
- Que houve? O que é esse papel? – Melanie estava fingindo não saber de nada porque não queria que Lua a acusasse de ajudar o Arthur e ficasse brava com ela, só ia piorar tudo.
- F-foi o Arthur, Mel! – Lu estava aos soluços.
- Arthur? O que tem o Arthur?
- Foi ele que entrou aqui... – ela suspirou e limpou uma lágrima com a manga do agasalho.
- Te deixou alguma coisa? Foi esse envelope vermelho?
- Sim, ele trouxe algumas coisas. Tem essa carta, uma foto nossa antiga que eu nem lembrava mais e minha pulseira que eu sempre suspeitei ter perdido na casa dele...
- Ah, deixa eu ver a foto? Adoro ver vocês em versão baby!
- A gente não era baby, Mel! Mas enfim... – Lua suspirou se acalmando dos soluços e entregou a foto.
- Eu sei que é o Arthur beijando uma de suas bochechas, mas quem é o garoto beijando a outra bochecha?
- Ihh... esqueci o nome dele. Droga. Mas ele era legal e bonito... Acabei ficando com ele nesse dia porque o Arthur estava ficando com uma nojentinha lá mais velha que a gente. – Lua torceu a boca e rolou os olhos. O Arthur romântico da carta não tinha muito a ver com o Arthur das lembranças dela.
- O que diz na carta? – Melanie se sentou ao lado com o prato no colo, Lua pegou um donnut e entregou a carta. Lua comia seu donnut distraída enquanto Mel foi lendo e deixou um sorrisinho escapar ao imaginar que ele deve ter lido a conversa de Msn pra se inspirar.

“Oi Lu! Se você está lendo é porque não rasgou a carta quando viu de quem era... Isso já é um bom começo! Eu entendo que você não conseguiria ouvir um 'me perdoa' saindo da minha boca sem me dar um tapa ou sair correndo. E eu entendo também que ao ler essas duas palavras você vai me mandar para aquele lugar mentalmente. Eu fiz tudo errado desde o começo, mas foi sempre querendo te impressionar. Certa vez você mesma me disse que talvez eu estivesse usando a tática errada pra conquistar a única garota na escola que parecia não se importar comigo. Não consigo evitar de sorrir quando lembro daquele dia! Eu demorei pra perceber que estava mesmo usando o pior plano de ação da história! Deixei que você tivesse a imagem de um Arthur torto. E agora você não vai acreditar se eu disser que um demônio chegou na minha casa e queria me estuprar! Tudo bem, não é pra tanto, certo?! Eu com meus exageros... O 'demônio' se chama Delilah e ela forçou a barra sim. Não é normal uma pessoa chegar na casa de outra vestindo apenas um sobretudo! Porém isso não explica o fato de que num dado momento eu me deixei levar. Eu sou apenas um homem cheio de imperfeições com uma caneta na mão jurando a você que não significou nada aquilo ali que você viu, só tem uma pessoa no mundo que tem tantos poderes sobre mim e é você Lu, não me importo com outras garotas e só quero ter você na minha vida todo dia! Você também me quer, eu vejo isso. Não fique divulgando por aí que a gente não teve nada, ou nada importante.
Foram 926357 olhares cúmplices trocados.
171623 risadinhas - gargalhadas seriam incontáveis.
26330 vezes que você fez minhas mãos suarem. 
25600 olhares apaixonados.
1825 dias sem te ver e sonhando com você.
900 carinhos.
547 choques da sua pele pra minha.
431 fotos nossas.
314 abraços.
202 beijos.
1 noite na praia.
Não dá pra chamar de pouco. Minha vida não seria nada sem esses números. Eu juro com todo meu coração que se passasse uma estrela cadente aqui eu só pediria pra ter esses números multiplicados, porque eu quero estar com você por muito tempo. Oops. Esqueci que eu não posso jurar com todo o meu coração porque ele nem está aqui comigo. Está dentro de uma caixa rosa que você mantém no seu guardarroupas! Você pode pensar que eu sou bom em escrever letras de músicas e por isso está sendo fácil colocar essas palavras no papel, mas não é bem assim! Isso aqui é novo pra mim, nunca me senti desse jeito ao escrever uma música... Me sinto como um astronauta explorando um lugar desconhecido e tudo que eu quero encontrar é um buraco negro que me puxe pra dentro dele do mesmo jeito que os seus olhos. A verdade é que eu fico perdido com os seus olhares e mais perdido ainda fico sem eles. Eu já cansei de me perguntar por que não consigo fazer nada sem você. Talvez os seus olhos possam me responder. Os meus olhos me mostram o quanto você é linda por fora mas os seus me mostram o quanto você é linda por dentro, tão apaixonante e a verdade é que eu prefiro estar em qualquer lugar, mas não aqui, sem você! Talvez eu ainda possa ser tudo que você sempre sonhou, é o que eu mais quero. E esse é o fim do momento, ou simplesmente um belo desdobramento de um amor que nunca será. Ou talvez será. Só depende de você perdoar essa criatura que nada faz na vida a não ser pensar em você.”


- Ele escreveu coisas fofas! – Melanie terminava de ler e mesmo não sendo pra ela, não conseguiu evitar que os olhos ficassem úmidos. A carta ficou tocante pra quem não sabia escrever cartas! – O que vai fazer? 
- Eu tenho que fazer alguma coisa?
- Pra escrever um texto lindo desses ele deve ter passado a madrugada toda.
- Ta! E as madrugadas que EU perdi porque ficava tendo pesadelos com aquela cena nojenta dos dois se atracando?
- Pelo que diz aqui ele se arrependeu né...
- Ah, é fácil dizer isso agora! Ele que pense que pode catar as negas e depois querer voltar a ficar comigo, me enviando uma cartinha fofinha e melosa que eu vou correr pra ele e ta tudo certo.
- Erm, você devia pelo menos agradecer pela pulseira!
- A pulseira eu já agradeci... Pra Sophia, foi ela que me deu! Ele não fez mais do que a obrigação, se ele achou tinha que devolver. E olha que demorou bastante! – ela sorriu irônica na última frase, Mel encarou o chão.
- Acho que você está sendo muito durona e estressada!
- O QUÊ? Defendendo o Aguiar? Ah, vai se foder você também, nossa...
- Durona, estressada e mal educada.
- Não é pra menos, né? Queria ver se fosse o Chay! A essa hora já seria um mafagafinho desmafagafizado...
- Claro que não! E eu não to defendendo... err, vamos pra cozinha, fiz chocolate quente. 
Melanie entendeu o que Arthur estava dizendo sobre queimar o coração. Lua se demonstrava inatingível e forte. Pensou em queimar também a carta, mas esses pensamentos só demonstram o quanto ela tem medo de acreditar e ser levada pelo sentimentalismo.

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