sexta-feira, 11 de maio de 2012

A Tatuagem


Capítulo 14 – Closet...

DING-DONG
...Terça-Feira 8:30 a.m.


- Chegaram cedo! – Melanie abriu a porta para os três amigos que sorriam de orelha à orelha.

- A gente achou que qualquer hora antes de meio-dia fosse madrugada pra vocês! – Lua apareceu ao lado de Mel

- Já tomaram café? Entrem, a Ray hoje ta inspirada! Já fez um bolo não sei do que e agora ta fazendo panquecas! – Melanie deu espaço para eles entrarem na casa, que estava toda perfumada com o cheirinho bom que vinha da cozinha.
- Dude, só esse cheirinho... Parece que eu to no paraíso! – Arthur cumprimentou as duas e pôs a mão sobre o estômago.
- Eu trouxe o vídeo da gente sendo acordado! Querem ver depois do café?! – Chay falou enquanto cumprimentava as meninas.
- Hum... Tenho até vergonha de assistir isso, eu devo estar horrível! Mas a curiosidade é maior! – Lu falou sorrindo e Chay jogou um CD em cima da mesinha da sala.
- Pra que ver depois criatura?! Vamos ver enquanto comemos! – Mel se jogou no sofá animada, puxando Chay e Lua juntos com ela, Arthur foi pôr o CD onde gravaram o vídeo no aparelho de DVD... Pedro, depois de cumprimentar Lua e Melanie, foi até a cozinha e ficou parado vendo Rayana virar as panquecas.
- OMG! – ela deixou cair uma no chão quando o viu.
- Sou tão feio assim que te assustei? Desculpa!
- Tudo bem, Pedro! Você é um monstrinho, mas eu te adoro! – e deu um selinho nele.
- Hum... Esse bolo ta bonito! – Pedro observou o bolo em cima da mesa.
- Vai cortando ele em pedaços pra levar pros esfomeados lá na sala!

Eles tomaram café na sala assistindo o vídeo e caindo nas risadas.
- Putz! Eu não acredito que vocês esvaziaram quase todo o perfume do Micael! Ele a-do-ra esse perfume! – Lua ria com as mãos na boca.
- Falando nisso, cadê ele? – Arthur ficou de pé.
- Nem sinal da biba! – Mel respondeu.
- Eu vou ao banheiro e quando eu voltar, vamos precisar resolver o sumiço dele! – Arthur foi saindo da sala e subiu as escadas. Os outros ficaram revendo o vídeo pela terceira vez.


- Atchim! – Sophia acordou espirrando, estava apenas de calcinha, com a cabeça sobre o peito de Micael, que tinha somente uma peça de pano pelo corpo todo e o prendedor de cabelo da Soph que ele pôs no pulso como se fosse uma pulseira. Os dois deitados dentro da banheira, mas sem água e cobertos parcialmente por uma jaqueta grande e marrom que ele usava.
- Bom dia sol do meu dia! Melhor se vestir pra não ficar doente. – Micael acordou com os espirros dela.
- Micael, você acorda muito cafona! – Soph falou com os olhos ainda fechados e a voz embolada de sono. Ela passou a mão pelo rosto todo como se isso fosse fazê-la acordar magicamente e logo se pôs sentada, levando as mãos às costas. – Ai minhas costas! A gente devia ter enchido a banheira... Pelo menos não íamos ficar tão doloridos.
- Ah, e você queria acordar toda enrugada? – ele olhava pros lados, procurando sua boxer listrada.
- Um dia eu vou ficar assim mesmo... – ela deu de ombros segurando o sutiã com desenhos de joaninhas que estava para vestir.
- E eu vou te amar até esse dia... e depois... e depois... – ele ia falando e intercalando as falas com selinhos. Foi quando Arthur abriu a porta de repente interrompendo o momento cute e fazendo Sophia largar o sutiã que segurava para imediatamente tampar os seios com as mãos.
- My fucking God! – foi o único som que saiu da boca da Sophia.
- PUTA MERDA! – foi o único que saiu da boca do Micael.
Enquanto que Arthur só sabia rir. Depois ele virou de costas, percebendo que Sophia precisava tirar as mãos de onde estavam pra poder se vestir. Ele riu até doer a garganta enquanto os dois desesperados se vestiam.
- Já colocaram as peças íntimas pelo menos, seus sem-vergonhas? – os dois murmuraram alguma coisa que Arthur entendeu como sim e se virou pra eles – Então vocês passaram a noite aqui?! – enxugou as lágrimas que se formaram no canto dos olhos depois de tanto rir.
- É Arthur, a gente ficou trancado. – Sophia levantou e falou séria, pegou as sandálias nas mãos e caminhou até o vaso sanitário para sentar e calçá-las.
- Mas a porta não tava fechada... – Arthur queria mais explicações.
- Foi assim Arthur, vê se entende. – Micael fechava o cinto da calça – Lembra quando ontem eu falei que ia subir pra procurar as meninas?
- Aham.
- Então, eu vim até aqui nesse banheiro e achei a Soph. Só que eu deixei a porta aberta enquanto perguntava pra ela onde estavam as outras, um vento forte passou e bateu a porta. Você sabe... Eu já tinha avisado pro pessoal que a porta desse banheiro tava com defeito, não pode bater com força que ela fica trancada e depois só dá pra abrir por fora! – Micael acabou de contar a história e Arthur já não ria mais, provavelmente acabou o estoque de risadas.
- Mas eu já vi essa porta emperrar, o Chay ficou preso aqui sozinho um dia e foi difícil de abrir até por fora! Precisou vir o seu pai, eu, você, o...
- Cala a boca Arthur! – Micael apertava a boca e os olhos, como se Arthur estivesse falando muito além do necessário. Percebeu que Sophia olhava pro amigo e pra ele, desconfiada.
- A-a porta é sentimental oras! Hoje ela abriu fácil...
- Espera aí Micael, que essa história ta mal contada! – Sophia ficou em pé ao lado de Micael, com as mãos nos quadris.
Arthur olhava pro chão e não sabia se ria do amigo ou se ia embora dali.
- Erm... Vai ver ela não estava tão emperrada assim... – Micael falou baixo, passando a mão pelo cabelo.
- EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ TRANCOU A GENTE AQUI DE PROPÓSITO MICAEL BORGES!
- CALMA SOPH! Eu posso explicar, ta bom!
- Micael... Micael... Que coisa feia, tsc tsc tsc!
- Aguiar, fecha a boquinha por um instante, ok? Soph... De cara eu achei que a porta fosse ficar mesmo emperrada, mas depois eu vi que se eu me esforçasse um pouco mais eu poderia abrir mesmo por dentro. Só não fiz isso porque... eu... quis estar com você, ta bom?
- Ohhh Micael... – Sophia se desmanchou num sorriso e passou a mão pela bochecha dele. Arthur rolou os olhos e ia saindo, mas ela o chamou de volta.
- Hey, parado aí Arthur! Onde vocês estavam? A gente gritou socorro um monte de vezes e ninguém veio!
- Ah, a gente tava na casa da frente. – ele respondeu simplesmente.
- Como é que é? Vocês foram lá?! – Micael ficou passado.
- Fomos. E a festa de aniversário do Pedro vai ser lá!
- Espera aí! Não to entendendo mais nada! – Soph cruzou os braços.
- Erm... É uma longa história, ok! Vocês descem e eles explicam lá pra vocês...
- Ah, Arthur! Por falar nos outros... Será que dá pra você abafar o caso aqui?
- Ta bom Micael, depois eu te mando por e-mail uma chantagem pelo meu silêncio... Agora eu vou usar outro banheiro, esse aqui eu não uso mais até que alguém arrume a bagunça que vocês fizeram! A noite deve ter sido muito proveitosa mesmo, huh! – Arthur brincou e saiu correndo quando Micael ameaçou bater nele, enquanto Sophia ficava vermelha.


- Olha lá, foi com essa parte que nos assustamos ontem! – Chay mostrava para as meninas a parte do começo do vídeo que foi filmada do lado de fora da casa, onde Micael se assustou ao ver uma pessoa dentro da outra casa.
- Ainda bem que agora a gente já sabe quem ta lá, né! – Melanie sorriu aliviada.
- Imagina se a gente não soubesse! Estaríamos em pânico agora! – Lua fingiu uma cara de pânico.
- CARALHO, O QUE ACONTECEU COM MEU PERFUME?! – escutaram os gritos de Micael vindos do andar de cima.
- Oops... Acho que o Arthur encontrou Micael! – Chay sussurrou meio assustado.
- Você acha? – Mel olhou pra ele.
- Gente... Erm... Que vocês acham de... – Lua levantou e foi andando de costas, observando a escada e o corredor lá em cima – CAIR FORA?!
Chay, Pedro, Melanie e Rayana levantaram imediatamente do sofá e seguiram Lua até a casa da frente.

- Arthur, me leva pra onde os outros foram... O Micael ta bufando lá no quarto! – Soph abordou Arthur quando ele saía do banheiro, ele concordou em silêncio e os dois desceram as escadas.

- SOPHIA! ONDE VOCÊ TAVA, SUA PANGUONA?! – Melanie gritou ao ver Sophia chegar na casa e correu junto com Lua pra abraçá-la, as três caíram no chão e todo mundo pulou em cima delas.
- AGORA É QUE EU VOU SUMIR DE VEZ! – Sophia gritou com a voz abafada debaixo de todo aquele povo e todos começaram a sair.
- Onde você tava? Sério! A gente já tava começando a se preocupar de verdade! – Mel falou ajeitando a roupa que amassou um pouco.
- Ah, é uma longa história! Depois eu conto, mas... – Soph ia falando mas Lua não a deixou terminar. [n/a: oi? educação mandou lembranças viu! Que coisa feia ficar cortando as falas dos outros u.u]
- Você deu um susto em todo mundo! Ainda bem que foi só um susto, amiga! – Lu lhe deu um daqueles abraços sufocantes.
- Ta esmagando meus ossos, caralho! – Soph falou meio sem ar e Lua a soltou.
- É assim que você me trata por eu estar aliviada em te ver de novo?! Bate nela Jamie!
- Jamie?
- Ah sim! Esqueci de apresentar! – Lu bateu na própria testa – Sophia, elas são Jamie, Molly e Stacey. Eram elas que estavam aqui na casa!
- SÉRIO?! CARAMBA! – Soph ia cumprimentando cada uma com cara de surpresa.
- Depois elas te contam a história toda também, mas antes... – Mel lhe entregou um rodo – A gente tem um longo trabalho por aqui!
- Ahh sim, entendi, a festa do Pedro vai ser aqui, não é?
- Aham. Achou legal? Foi minha idéia! Só minha!
- Achei Ray, vai ser incrível! Mas antes eu queria saber onde está o Chay! Alguém sabe?
- Ele e o Pedro estão nos fundos da casa, varrendo as folhas secas do chão. – Rayana respondeu e Soph saiu.
- Já volto...


- HAHAAHA, você ta varrendo errado Pedro!
- Num to não! Você é que ta me atrapalhando!
- Tenho culpa se você não sabe pegar na vassoura?
- HEEY SUEDE! – Sophia chegou, mas eles não tinham visto ainda por causa da brincadeirinha deles, então ela precisou gritar.
- A-ah, oi Soph!
- Oi meninos! Pedro, será que eu podia conversar com Chay por um instante?
- Claro! – Pedro sorriu, encostou a vassoura num muro e se retirou. Sophia caminhou um pouco e sentou-se numa balança, Chay sentou na balança ao lado.
- Precisamos de uma conversa – ela falou olhando pro chão.
- Também acho... – ele deu um meio sorriso e olhou pra ela.
- Acho que estamos pensando a mesma coisa. – ela sorriu e o encarou também – Vamos ser sinceros e diretos, a gente não é tão a fim um do outro assim, à ponto de levar isso à diante. E eu acho que somos mais é amigos!
- Isso nós somos! Temos tantas coisas em comum que às vezes chego a pensar que você é uma irmã gêmea que fugiu da maternidade! À propósito... Em que dia você nasceu mesmo?
- 17 de junho.
- Puxa! Não somos gêmeos – Chay deu um soquinho no ar se fazendo de decepcionado.
- Me sinto à vontade com você, Chay.
- E eu adorei ficar com você, te conhecer... – ele falou retomando um ar mais sério.
- Eu também! Adorei cada dia com você, a gente se divertiu tanto!
- Não precisa falar no passado, Soph! Desse jeito até parece despedida... Vamos continuar nos divertindo, só que como amigos – e ele bagunçou o cabelo dela.
- Com certeza! Você pode contar comigo pra sempre! – ela passou a mão pelo rosto dele, os dois sorriam sinceros, ele pegou a mão dela e deu um beijo.
- Você pode contar comigo também!
- Eu sei que tem um clima entre você e a Melanie! Se precisar de alguma ajuda com aquela cabeça de cookie, é só falar! – ela disse depois de um tempo.
- Acho que gosto mesmo dela... Só demorei pra perceber!
- E ela também gosta muito de você!
- Isso eu descobri quando ela me tratou tão bem e se preocupou tanto comigo... Às vezes me vem uma vontade de cuidar dela também e protegê-la de tudo para que ela seja feliz.
- Vai ser. Vocês dois vão!
- E você também, com Micael!
- C-c... com Micael? Por que você ta falando do Micael?!
- Ah, Sophia! Conta outra né... Só se eu fosse cego pra não perceber o quanto você ficava incomodada quando o via com a Lua!
- É verdade... Eu ficava destruída! Mas já descobri que eles não estavam juntos pra valer.
- Uhum, ele te ama, dá até pra ver, Fátima Teresa Aldegunda Bananéia de Oliveira!
- Eu sei! Eu também amo ele, Reginaldo Carlos Chapado Caio Escadabaixo!
 - Minha Nossa senhora, que coisa horrível! Você precisa parar de inventar esses nomes, ou então nunca tenha filhos! – Chay falou entre risos. Sophia quase se desequilibrou na balança de tanto que ria também. Depois se sentiu à vontade pra começar a contar o acontecido da noite passada. Estava tão feliz que precisava compartilhar isso.Conversaram por um bom tempo sentados nos balanços, os dois sentindo-se mais aliviados por saberem que a amizade deles tem validade indeterminada! Mais tarde retornaram ao interior da casa para ajudar os outros.

- Ta mais calmo amor? – Soph perguntou quando entrou e viu Micael sentado numa janela, limpando os vidros. Tirando Arthur e Chay, todos se entreolharam surpresos, mas não perguntaram nada.
- Sim, eu vi o vídeo de vocês esbanjando meu perfume... E a idéia foi sua! – Micael desceu da janela, ficou de frente pra Sophia e se fez de zangado apontando pra ela.
- Ai... Desculpa Micael! E-e-eu não queria gastar seu perfume à toa! Prometo que te compro outro se quiser! – ela falava dando passos pra trás, meio assustada ao ver o sorrisinho que ele tinha. Do nada, os dois começaram a correr feito loucos pela casa como se não houvesse mais ninguém ali.
- Quando eu digo que eles são malucos ninguém acredita! – Lua se virou pra Rayana e Melanie, que apenas sorriam observando o casal. Micael conseguiu pegar Sophia e a jogou no sofá, enchendo-a de cócegas. Ele parou quando percebeu que todos estavam ao redor deles observando.
- Erm... – Micael sentou e se ajeitou no sofá, Sophia fez o mesmo – Oi, meu nome é Capitão Fronha-Babada! – ele acenou com um sorriso mais idiota que conseguiu fazer enquanto Soph prendia o riso com a mão na frente da boca. Algumas pessoas rolaram os olhos, outras sacudiram a cabeça, mas todos sorriram e se dispersaram. Melanie ainda entregou um espanador pra Soph antes de sair.
- Capitão Fronha o quê?! Assim... Tem mais algum maluco na sua família? – Soph brincava com as peninhas do espanador.
- Tirando a Lua, todo o resto é até que normal sabe...
- EU OUVI ISSO E VOCÊ TA FERRADO NA MINHA MÃO BORGES – Lua surgiu na janela fazendo Micael pular de susto, ela estava varrendo a varanda. Sophia sorriu com isso e deu uma 'espanada' no rosto dele.
Todos passaram o dia varrendo, espanando, limpando janelas, planejando a decoração, às vezes alguém saía pra comprar coisas que usariam...

O dia da festa chegou rápido, mas eles conseguiram deixar aquilo lá um luxo só! Também... Com onze pessoas suando as camisas! No último dia que faltava, quinta à noite, eles ficaram lá até tarde. Na sexta-feira, logo de manhã, Micael chegou com vários tipos de bebidas e botou tudo na geladeira de casa. No começo da noite, Lua usou o carro dele pra buscar Chay, Arthur e os três iriam juntos buscar o bolo. Passou primeiro pela casa de Arthur e teve uma grata surpresa quando ele abriu a porta.
- ARTHUR?! V-vo-você tá assim ainda? São 8:15, a festa começa às 9h e ainda precisamos buscar o bolo! – Arthur estava de boxer e com a cara meio amassada.
- Nossa eu... capotei aqui no sofá! – esfregou o rosto com uma das mãos e percebeu que as bochechas de Lua pareciam um tanto coradas e ela olhava para o lado como se houvesse algo muito interessante para ser analisado na parede. No fundo (tá, nem tão fundo) adorou provocá-la, mas preferiu acabar logo com a situação.
- Erm... Entra! Me espera aqui na sala que eu vou só me vestir e já desço! – Lua entrou, ele fechou a porta e subiu as escadas correndo.
'Ai, a tatuagem ta lá... ' Lu pensava enquanto suspirava sentando no sofá. 'Ah, mas é claro que ta lá, anta! É uma tatuagem pô! Como ia sumir? Onde você ta com a cabeça Lua? Ah! Já sei, na tatuagem dele!'

Play Lua’s Flash Back

- Oi, a festa do Ricky foi boa? – encontrei o Arthur na entrada da escola e ele não estava com cara de "manhã-pós-festa" se é que você me entende...
- Mais ou menos. Por que você não foi?
- Não tava a fim.
- Teria sido mais legal se você fosse. Aquilo tava um tédio pra falar a verdade.
- Ah vai Aguiar! Não começa a fazer tipo que eu já te conheço! Com quantas você dormiu,hun?
- LUA, TA PENSANDO QUE EU SOU O QUE? Não fiquei com ninguém e até fui embora cedo!
- Você? Indo embora cedo de uma festa? Não dá nem pra acreditar...
- Eu estou tentando mudar, Lu.
- É mesmo? Por quê? – oops, impressão minha ou eu to sentindo uma pontada de nervosismo inexplicável dentro de mim?
- Tem uma pessoa que precisa saber que eu sou diferente.
- Sei...
- Isso foi em tom de dúvida? Não responda! Vamos apostar!
- Ok. Eu não acho que você consiga passar três semanas sem pegar ninguém! – Pronto, falei! O Arthur não consegue passar uma semana sem galinhar! Vaquinho.
- Três semanas? Tudo bem, vai ser fácil. Se eu conseguir, você vai ter que...

Três semanas depois

Ele conseguiu. Não ficou com ninguém! Isso é incrível pra mim! E olha que eu vigiei direitinho cara! Por um lado eu estou muito feliz porque eu vi que ele pode realmente se comportar quando quer! Mas também estou frustrada por ter perdido a aposta...
- Arthur, eu acho que to me arrependendo! – cara... quando eu vi aquelas agulhas, quis correr dali! Sério, nunca tinha feito uma tatuagem e sinceramente, não pensava em fazer nem tão cedo!
- Relaxa Lu! Esse desenho é pequeno, vai ser rápido! E eu to aqui com você, pra fazer a mesma tatuagem! Vamos enfrentar juntos, você vai ver! – Arthur falou todo animadinho, acho que ele fica feliz me vendo assustada, só pode!
- Maldita a hora que fui apostar com você Arthur! – Falei e sabe o que ele fez? RIU da minha cara! Me diz, o que eu fiz pra merecer isso? Ah sim, o que eu fiz foi perder uma aposta pro meu melhor amigo, por quem por acaso eu sou apaixonada! Foi isso que eu fiz!
- Lua! Olha bem pra mim, – ele pegou nos meus ombros e me encarou com aqueles olhos, e que olhos... Eu tenho medo deles! – a gente vai passar por essa juntos! Vamos tatuar o mesmo desenho! Você na nuca e eu no peito. Daqui alguns anos, isso vai ser uma puta recordação que teremos um do outro! Não acha?
- Não tem um jeito menos dolorido pra gente se lembrar um do outro? – claro que tem! E a minha caixa com as nossas fotos? Hein, hein, hein?! Ela ta até ficando cheinha já...
- Não vai doer tanto Lua, eu garanto! Pode começar moço... – ele falou e o tatuador me mandou deitar de bruços e tirar o cabelo do pescoço. Peguei a mão do Arthur e só pra me vingar, antes mesmo da tortura começar, eu já apertei como se fosse ter um bebê! Mas até que foi rápido... Teve uma hora que eu nem sentia mais dor, acho que acostumou, sei lá! E admito que ficou bem bonita! Só que claro... Legal mesmo ficou no Arthur! O desenho ficou logo acima do peito, e que peitoral e... QUE GAROTO! JESUSMEADICIONA!

Stop Lua’s Flash Back

Enquanto Lua ficava 'panguando' na sala, Arthur corria pra se vestir. Enroscou o pé numa calça que estava jogada no chão e tropeçou.
- Putaqueopariu! – ele resmungou baixo enquanto se levantava do chão e pegou a calça de ponta cabeça. Uma foto caiu do bolso...

Play Arthur’s Flash Back

- Eu não entendo por que você fica ligando pra essa garota quando pode ter a menina que quiser!
Stive falou depois de ver que eu observava atentamente cada movimento de Lua num canto do pátio com suas amigas, ela brincava com uma fitinha daquelas que usam em ginástica olímpica, eu não sei o nome daquela fita e não interessa ,ok?! Mas que aquela sainha dela parecia mais curta hoje, parecia...
- O que? – me virei pra ele, será que ele não se toca que eu tava ocupado?
- Essa sua amiga aí, que você carrega pra cima e pra baixo, às vezes até esquece da gente!
- Certo, essa frase foi muito gay! Você não quer competir pela minha atenção com as pernas da Lua agora, quer?
- Deixa de ser besta! Eu to tentando falar sério, caralho!
- O que é Stive?! – bufei meio sem paciência, o Stive é meio chato às vezes, mas é um amigo do caraíí!
- Cara! Você não pode continuar desse jeito, ok?! – ele me sacudiu pelos ombros, to ficando com medo dele! – Vai acabar pirando! Você é a fim da mesma menina desde não-sei-quando e fica aí pagando de amiguinho dela! Francamente viu... Ou você pega ela de uma vez ou acaba com isso!
- Ta bom pai. Acabou o momento sermão?!
- To falando isso pro seu bem cara, quero saber o que é que há contigo! Esses dias você ficou mais esquisito ainda.
- Tudo bem, é só que... Eu acho que não vou poder mais ficar com ela.
- Por que? NÃO ME DIGA QUE ELA TE DEU UM FORA ARTHUR?!
- CALA A BOCA, seu porra! Quer falar mais alto pra Lua ouvir também?
- Ela te deu um fora! – Stive soltava um sorrisinho besta. Erm... esquecendo da coisa do 'amigo do caraíí', tudo bem se eu socar ele tipo... agora?!
- Não foi isso idiota! Não posso mais por que vou me mudar.
- Ah é, você me disse ontem... Chato pakas... Mas, o que tem isso a ver?
- Tu é burro ou só não pensa? – perguntei rápido e o otário ainda ficou pensando pra responder – Esquece... Olha só! Eu tenho certeza do que eu sinto por ela, sei que se a gente acabar ficando e eu me mudar depois vai ser muito ruim. Pra mim e pra ela também. Eu não ia conseguir me afastar dela e assim já fica mais fácil.
- Que paixonite mais desgramada, hein cara... – ele bateu no meu ombro como um perfeito jeca e eu me senti o próprio Flintstone!
- Nem me fale! Vamos sair hoje? – Yabadabadooooooo!

Stop Arthur’s Flash Back

Arthur terminou de se vestir, pegou a foto que caiu no chão e guardou numa gaveta. Era a foto que ele havia 'seqüestrado' da caixa da Lua.

'Ele ta demorando. Será que eu devia subir? Não! Sossega o facho aí menina! Puta merda... Essa deve ser a Delilah!' Lua já não estava mais sentada no sofá e se pôs a observar os objetos da estante da sala. Ficou intrigada ao ver que havia uma foto dentro do aquário do Emo – o peixe do Arthur – ela se abaixou pra ver melhor a foto que estava com a frente encostada no vidro e Arthur estava ali com uma garrafa numa das mãos e abraçava Delilah pela cintura com a outra mão. Delilah parecia beijar a bochecha dele com força enquanto ele fazia uma careta engraçada. Os dois bêbados very, fato.
- LU, VEM AQUI! – ela ouviu um grito da sala e foi correndo até o quarto. Arthur já a esperava na porta, estava lindo e só faltava um calçado.
- Que foi Arthur? Por que gritou?
- Me ajuda a escolher um tênis que combine com a roupa! – ele pegou o braço dela e a puxou pra dentro do quarto até o closet, onde havia vários pares de tênis arrumados, a maioria brancos com detalhes em outras cores.
- Puxa... Com tantos fica até difícil! – Lua pensava olhando pra roupa dele e depois para os tênis. Mas Arthur não havia chamado-a ali pra isso... Ele já tinha até escolhido o tênis! Foi se aproximando dela, viu que ela ficou nervosa e isso foi um incentivo pra ele continuar a aproximação.
- Vai com aquele ali – ela apontou pra qualquer um e parecia que já tinha esquecido como respirar direito, tamanha era a proximidade de Arthur! Ela estava de lado pra ele, mas virou de frente pra poder sair. Antes que ela completasse dois passinhos, ele segurou seu braço.
- Arthur, você... precisa terminar de se arrumar – ela começou a frase olhando pra baixo, mas depois se fixou naqueles olhos que tanto a hipnotizam.
- Você não sabe do que eu preciso, nunca soube mesmo. – Arthur falou num tom de voz suave e a trouxe pra mais perto.
- Como assim?
- Nunca soube que tudo o que eu mais precisava era ter você. – estava tão perto que fez seu nariz tocar o dela.
- Pára Arthur, isso não é hora... – Lu tentava resistir e ser forte, mas quem quer saber de força com um Arthur Aguiar encostando narizes com você?! O momento ‘fale de perto com Close-Up’ não poderia terminar de outro jeito. Arthur tocou os lábios dela suavemente com os seus e ficou fazendo os dois se roçarem de um lado pro outro, Lua teve medo que seu coração pudesse estar sendo ouvido por ele, de tão alto e rápido que batia. Milhões de borboletas faziam aquela algazarra gostosa dentro do estômago dela e Arthur podia jurar que todos os pelinhos da nuca estavam arrepiados. Principalmente quando ela abriu levemente a boca e deixou a língua avançar pra tocar nos lábios dele. Arthur apenas deu passagem e encostou a língua na dela, produzindo vários impulsos elétricos nos dois ao mesmo tempo. Ela deixou a língua dele entrar em sua boca e relembrou o gosto bom da boca dele também, logo depois sentiu os braços dele envolvendo sua cintura num abraço cheio de saudade e vontade. Sentiu uma imensa sensação de proteção e não queria sair daqueles braços nunca mais. Pousou uma das mãos levemente sobre a nuca dele e o fez suspirar, depois começou a bagunçar o cabelo dele, sem nem se lembrar que tinham uma festa pra ir. Minutos passaram como frações de segundo, mas eles estavam dispostos a aproveitar cada segundinho que fosse, até que foram interrompidos por uma música de repente e se afastaram, ambos com os lábios vermelhos.

Now that the looove is goone-o-o-o-Oo-o-o-o-Oo-Oo-Oo-Oo-Oo-gone,gone,gone

Um remix de Love Is Gone, era Chay ligando no celular da Lua. Ela viu quem era e atendeu.
- Fala Chay. – tentou disfarçar que estava ofegante.
- Lua! O que aconteceu? Como você demorou pra chegar aqui, eu mesmo já peguei o carro e to indo buscar o bolo sozinho... O lugar que a gente encomendou é um pouco longe e não queremos que o principal da festa - depois das bebidas - chegue atrasado né!
- Ah sim, seu bebum! Desculpa Chay! Depois você pergunta o que aconteceu pro "Mr.Capotei-No-Sofá"! – ela falou e deu um risinho pra Arthur, que também sorria à sua frente.
- Arthur atrasado?! Fato! Ele é o que sempre se atrasa mesmo... Mas ta bom Lu. Bye!
- Tchau Suede! – ela desligou o celular e Arthur se aproximava do rosto dela com um sorrisinho para outro beijo (lê-se: desentupidor de pia) daqueles de novo, mas ela pôs o dedo na frente dos lábios vermelhos dele.
- Wait! A gente não pode ficar se amassando aqui! Daqui a pouco vamos ter de passar nossas roupas de novo! – ela falava rindo porque ele se pôs a sugar a pontinha de seu dedo indicador fazendo a cara mais sexy e ao mesmo tempo hilária que conseguia – Você não quer chegar na festa todo amassado e despenteado, quer?
- Festa! Que festa? – ele soltou o dedo dela e fez a cara de esquecido mais fofa que ela já viu. Lua apertou o nariz dele do mesmo jeito que Micael costuma fazer com ela.
- Vem aqui! Preciso arrumar essa bagunça que eu fiz! – ela o puxou pela mão e o fez se sentar na frente da penteadeira. Começou a arrumar o cabelo dele com as mãos e Arthur fechou os olhos, como um gato sendo acariciado. Depois que ela terminou de ajeitar, colocou as mãos sobre os ombros dele.
- Ta dormindo aí Aguiar? – ela perguntou rindo e ele abriu os olhos, ficou observando o reflexo dela no espelho e começou a sorrir também. Eles ficaram feito bestas, um olhando pro reflexo do outro por um tempo.
- Você vai ser a mais bonita da festa! – ele cortou o silêncio.
- Hum... Nada que eu já não saiba! – ela olhou pro teto e ficou enrolando nos dedos uma mecha do próprio cabelo.
- Hey, você não era convencida! O que aconteceu, hun?!
- Queria que eu dissesse o quê? Eu sei que você diz isso pra todo mundo! Até pro Pedro você já deve ter dito isso!
- Ah, é verdade! Desculpa Lua, mas o Pedro vai estar mais bonito que você hoje! – ele falou rindo e se levantando.
- Num falei! – bateu no ombro dele enquanto soltava uma risada um tanto contagiante – Você vai me trocar por ele quando chegar lá!
- É, quem sabe... Mas eu acho que ele não deve beijar tão bem! – Arthur a pegou pela cintura e a beijou rápido antes que ela fugisse de novo dizendo que tinham uma festa pra ir. Começou tudo outra vez e os lindos cabelos dele foram bagunçados de novo, o vestido preto que ela usava ganhou alguns amassadinhos, falta de ar, a boca dele borrada com gloss, mas quem liga, não é?! Alguns minutos depois, Lua o ordenou que fosse calçar logo o tênis enquanto ela ia retocar a maquiagem. ‘Se não sou eu pra botar ordem nessa casa...’ ela pensava e ria pro espelho.

Alguns convidados já estavam chegando na festa, Chay também já havia chegado com o bolo e Pedro parecia nervoso como uma noiva!
- PARABÉNS PEDROZINHO! – Rayana chegou por trás e pulou nas costas dele.
- OI RAY! Que bom que você apareceu, eu tava tão nervoso!
- Nervoso? Por que, my boy?
- Não sei! Acho que é ansiedade por estar ficando mais velho! – ele sorriu e só agora começou a observar o visual de Rayana, ela usava um scarpin vermelho, calça jeans skinny preta, que parecia deixar as pernas dela mais compridas ainda, blusinha branca, brincos e pulseiras vermelhas combinando com os sapatos, no melhor estilo mamãe-quero-ser-modelo; os cabelos estavam soltos com alguns cachos que Sophia fez com babyliss.
- Como você ta gata – ele falou quase babando.
- Isso tudo é pro aniversariante! Você viu o cara por aí? – ela se aproximou e entrelaçou os braços no pescoço dele.
- Não, mas... deixa o recado comigo que eu passo pra ele depois! – ele falou e Ray o beijou.
Não demorou e a casa já estava lotada! Pedro ficou cansado de ouvir tantos parabéns...

Uma chuva fraca começou a cair na hora que Arthur estacionava o carro de Micael na frente da casa. Ele e Lua desceram do carro com sorrisos que mal cabiam nos rostinhos. Os dois andaram praticamente colados até a entrada da casa para poderem ser protegidos pelo guarda-chuva de Lua. Logo que entrou, ela fechou o guarda-chuva, encostou-o próximo à porta e foi dar o presente que comprou pro Pedro.
- Olha só quem chegou, o casal de pombinhos atrasados! – Pedro se aproximou deles na entrada abraçado com Rayana.
- E olha só quem ta aí, o casal de pombinhos grudados! – Arthur respondeu debochado e deu um abraço no amigo.
- Lua! Vocês demoraram! – Ray queria que a amiga contasse imediatamente tudo o que aconteceu.
- O Arthur demora mais que a Cinderela pra se arrumar!
- Lu, você vai mesmo ficar divulgando isso por aí?!
- Relaxa na graxa, Arthur! Seus amigos já conhecem os Aguiar-secrets! Ah, o seu presente Pedro!
- Obrigado! – Pedro abriu o embrulho com euforia, que nem uma criança de seis anos – UMA LUNETA! Uma luneta?!
- É Pedro! Pra você observar sua star girl...
- Rayana, corre para aquele canto da sala que eu vou te observar! – Ray sorriu e nem percebeu que Mel estava atrás dela.
- AIMEUDEUS! Vocês são todos uns bregas! Mas eu até que gosto de vocês...
- O que você ta falando aí ow! Não vive sem mim, baranga! – Lua abriu os braços rindo e saiu correndo atrás da amiga, pelo meio da festa, pra dar o golpe do abraço-quase-mortal-by-Lu.

Capítulo 15 – Please, please, please, Rose please!

Ooh, baby, don't you know I suffer?
Ooh, baby, can't you hear me moan? 
You caught me under false pretenses
How long before you let me go?
...


Quase 11 da noite ainda. Estavam tocando Supermassive Black Hole e apesar de todos já estarem bastante enjoados de ouvir aquela música nos seus Ipods, estavam curtindo ouvi-la na festa.


- Vocês não sabem quem eu acabo de ver estacionando o carro aqui na frente! – Rayana chegou para as meninas, que conversavam.
- O Homem-Aranha! – Soph apontou pra ela sorrindo idiotamente, Ray negou com o mesmo sorriso.
- Não vai arriscar um palpite, Mel?
- Hum? – ela olhou pra Ray despertando de um transe, havia acabado de receber uma mensagem de Chay no celular dizendo que queria dançar com ela hoje porque ela estava reluzente como uma Ferrari Califórnia e notável como um Boeing 737. Aquelas comparações fizeram Melanie soltar risinhos bestas enquanto lia, Rayana rolou os olhos com a lerdeza da irmã e voltou a falar.
- Kyle!
- Que Kyle? – Lu perguntou.
- Dickherber. – ela respondeu e Melanie simplesmente deixou seu celular cair no chão.
- Quem é esse? – Sophia olhou pra Lua, que respondeu baixinho pra Melanie não perceber.
- Deve ser de alguma dessas bandas que a Mel gosta e está viciando a gente.
- Eu não viciei ninguém, vocês estão ouvindo porque gostaram! – Mel se recuperou do choque inicial e se abaixou pra pegar o celular – E o Kyle do Click simplesmente NÃO PODE ESTAR AQUI! VOCÊ TA MENTINDO!
- É PANGARÉ! É verdade, olha ali! – Ray saiu da frente e ficou de lado, Mel pôde ver a porta, por onde seu querido Kyle passava.
- M-m-mas o que ele ta fazendo aqui? Quem chamou e por que ele ta sozinho?
- Por que você não vai perguntar isso pra ele? – Sophia deu de ombros e Melanie engoliu seco, tomando coragem.

- Fala seu emo! Cadê o resto dos viadinhos? – Micael se aproximava dele.
- Estão chegando, cara! Mas e aí, cadê o Mcfruta aniversariante? Quero dar um abraço naquela bicha!

Mel se aproximava sem acreditar, não pensava em algum dia estar na mesma festa que um integrante do The Click Five. As amigas iam atrás dela, pra encorajá-la e zoar dela depois. Elas se aproximaram quando Pedro o cumprimentava.
- Meninas! Esse é o Kyle!
- A gente sabe, Chay! – Rayana sorriu – O que a gente não sabia era que vocês conheciam os Clicks!
- Nos conhecemos num torneio de bandas. – Chay explicou e viu que Melanie não tirou os olhos de cima dele. Isso o incomodou. 
‘Como ele é lindo pessoalmente, e tão simpático!’ Melanie pensava enquanto observava Kyle cumprimentando suas amigas com beijinhos nas bochechas. Quando chegou a vez dela, ela simplesmente o agarrou num abraço.
- Caralho, eu sou fã de vocês! Adoro as músicas! Me dá um autógrafo, Kyle, please!
- Claro! Onde tem caneta?
- OMG! Eu não sei, mas a gente TEM que arranjar! – e o puxou pela mão. Os dois foram em direção à biblioteca e sumiram. Chay ficou com as mãos nos bolsos da calça e olhando pra baixo, todo mundo reparou. As meninas se dispersaram, Arthur deu seu drink pra que ele deu um gole e saiu de perto, Pedro e Micael bateram nos ombros dele e saíram também.
‘Vai tomar no cu! Eu mando uma mensagem toda bonitinha pra depois ela nem olhar pra mim?!’ Ele pensava, ainda olhando pro chão.

It's these substandard motels
On the, lalalala, corner of 4th and Freemont Street
Appealing, only because they are just that un-appealing
Any practiced catholic would cross themselves upon entering
The rooms have a hint of asbestos
And maybe just a dash of formaldehyde
And the habit of decomposing right before your very, lalalala, eyes
Along with the people inside

Oh, What a wonderful caricature of intimacy
Inside, What a wonderful caricature of intimacy...


Uns 40 minutos passaram voando. Panic At The Disco animava a festa agora com aquela música legalzinha de nome comprido. Lua foi se aproximando do equipamento de som, assim como quem não quer nada e trocou a música, fazendo os casais se ajuntarem.

Rayana se aproximou de Lu.
- Pensei que você não gostasse de ouvir McFLY num simples rádio, como uma simples fã!
- Pois eu retiro o que disse! Eu acho que sou mesmo uma simples fã deles... – ela sorriu observando Micael girar Sophia e depois concluiu – Eles são adoráveis e únicos!
Rayana também sorriu e avistou Pedro.
- Vou aproveitar a música pra dançar com Pedro!
- Ok! – Lua piscou e depois que Rayana se afastou, viu pela janela que Arthur estava do lado de fora da casa. A mesma chuva fraca ainda caía, molhando as roupas e os cabelos do garoto aos poucos. Lua não pensou duas vezes pra pegar o guarda-chuva vermelho que ela havia encostado num canto na entrada e ir até lá.
- Por que está aqui tomando chuva? - Arthur ouviu a voz de Lu perguntando alguma coisa atrás dele e um guarda-chuva parando sobre sua cabeça.
- Essa música me dá vontade de sair na chuva! - ele se virou pra ela e deu de ombros. Lua gargalhou com a resposta estranha.
- Hum... Então se você acordar resfriado amanhã a culpa é minha, fui eu que coloquei a música!
- Desde quando você gosta de ouvir McFLY?!
- Ah, pára de chatice Arthur! Eu tenho total consciência que vocês compõem as letras mais lindas do mundo! Já virei fã!
- Não sabia que tinha uma fã tão hot! Quer dançar?
- Yep!
Os dois se aproximaram ali mesmo no quintal e começaram a dançar lentamente, como se não quisessem que aquele momento acabasse.

… 
Some people fight
Some people fall
Others pretend
They don't care at all

If you want to fight
I’ll stand right beside you


Lua estava de olhos fechados e com o queixo apoiado no ombro dele, foi impossível não lembrar daquele dia na festa de despedida dele. Arthur envolvia a cintura dela com os braços e pensava a mesma coisa.
- Eu lembro daquele dia – ele falou de repente no ouvido dela.
- E eu acho que as nossas cabeças estão tão próximas que você leu meu pensamento! – ela afastou um pouco a cabeça do ombro dele, pra poder olhá-lo.
- Você sabia que eu ia lembrar, e que eu não tava bêbado?
- Melanie contou pra mim.
- Ah, aquela fofoqueira! – ele se fez de bravo.
- Entendi a sua atitude... Foi infantil, mas entendi. – ela passou a mão que estava livre pelo rosto dele, tirando uma mecha de cabelo molhado. Com a outra mão segurava a sombrinha.
- Eu não queria sentir algo forte por você e depois ter que me afastar, ficar te vendo só em finais de semana e passar os outros dias com o coração na mão, só imaginando o que você poderia estar fazendo... Só que não adiantou de nada porque eu já sentia muita coisa por você, sempre senti! – falando isso ele pegou a mão dela, que passava por sua bochecha e deu um beijo, depois aproximou mais o rosto e lhe deu um beijo na testa, outro na ponta do nariz, e enquanto isso ela sorria. Depois ele a beijou no canto da boca e ela começou a dar selinhos nele. O beijo ganhou força quando ele passou a língua pelo lábio inferior de Lua, mais uma vez provando o gosto do protetor labial de morango que ela tinha acabado de passar, o mesmo que ela usava no dia daquela festa há alguns anos. Aos poucos ela foi relaxando com a mão que segurava a sombrinha, deixando que a chuva a molhasse também.


I know you believe me
When you look into my eyes
Because the heart never lies

'cause the heart never liiiies yeah
Because the heart never lies

Melanie estava com um copo de vodka na mão e foi se aproximando da janela. Não pôde deixar de reparar num 'ponto vermelho' no meio do quintal, era o guarda-chuva de Lua, que nesse momento não estava guardando-a de chuva nenhuma. 'Isso aí! Tem mais é que beijar na chuva mesmo!' Melanie pensou e ficou feliz porque aqueles dois deram trabalho pra se acertar.
Plain White T’s começou a tocar na seqüência e Mel não conteve um sorrisinho. Era a música que a fazia lembrar do Chay... O quintal estava lindo, todo decorado com várias luzes penduradas nas árvores e ela se pôs a contemplar o próprio trabalho enquanto um vento fresco brincava com seus cabelos.

'Impressão minha ou o Chay ta parecendo distante? Depois do SMS ele não falou mais comigo, não olhou pra mim e me deixou aqui sozinha! Quer dizer... Não é como se eu estivesse louca pra dançar com ele, mas... Ahh, puta que o pariu Melanie! Você ESTÁ louca pra dançar com ele!'
Os pensamentos dela foram interrompidos quando sentiu uma mão tocar levemente seu ombro esquerdo e quando se virou, deu de cara com Chay.
- Sozinha? E o Kyle?
- Ah, sei lá Chay. Ele me deu meu autógrafo, tiramos uma foto e ele foi curtir a festa! Por que a pergunta? – ela deu de ombros se controlando pra não rir.
- Ahn, nada não, achei que você estaria com ele, mas... Quer dançar? – ele estendeu a mão pra ela, que sorriu e segurou a mão dele. ‘Fato, Chay ficou com ciúmes e isso é fodástico demais, véio!’ ela pensava com um sorrisinho enquanto ia sendo conduzida por ele pro meio dos outros casais que dançavam juntinhos.


There's only one way
To say
Those three words
That's what I'll do
I love you

Give me more love from the very start
Peace me back together when I fall apart
Tell me things you never even tell your closest friends...


‘Que perfume bom...’ Melanie cheirava o pescoço de Chay e isso estava causando nele uma série de arrepios.
- Está gostando da festa? – falou ao pé do ouvido dela e foi a vez de Mel se arrepiar.
- Uhum, ficou tudo incrível!
- E você também ta incrível, Mel! – ela sorriu e fechou os olhos, Chay estava tão próximo dela nos últimos dias que parecia até sonho.
- Sabia que essa música me faz lembrar você? – ela falou e pôs o rosto em frente ao dele.
- Por quê? – ele deu um sorrisinho e apertou mais os braços em volta da cintura dela.
Melanie se aproximou da orelha dele e sussurrou pedaços da música – I'm so glad I found you I love being around you. – ao terminar de cantar, deu uma leve mordida na orelha e Chay começou a beijar seu pescoço. Melanie simplesmente pirou com aqueles lábios quentinhos e macios tocando sua pele com carinho. Depois ela encostou seu nariz no dele, e já de olhos fechados voltou a cantar baixinho outras frases da música - There's only one way to say those three words... – ele também fechou os olhos balançando a cabeça junto com ela, deixando os corpos irem no ritmo gostoso daquela música pra lá e pra cá lentamente. Depois colou seus lábios nos dela. Intensificaram o beijo logo em seguida e toda a fauna da floresta amazônica fazia a festa no estômago dos dois!

...
There's only one thing,
To do, 3 words,
For you.
I-love-you (I love you)
There's only one way,
To say those three words
That's what I'll do.
I love you (I love you)


- Arthur... Acho ótimo você tratar bem as suas fãs, mas espero que você não seja tão 'simpático' assim com todas elas! – Lua falou com a testa encostada na testa de Arthur, que apenas sorriu e se aproximou da orelha dela. 
- O tratamento especial é só para a fã número 1! – ele sussurrou e ela sorriu.
- Olha, parou de chover... - ela se deu conta de repente olhando pro céu, que já estava limpo como num passe de mágica.
- Melhor a gente entrar, ta ventando um pouco e você pode pegar uma gripe com essas roupas molhadas! - os dois sorriram e começaram a caminhar abraçados em direção à entrada da casa.

Os casais estavam inspirados essa noite... Pedro, Rayana, Micael e Sophia estavam sentados no sofá e riam muito porque Micael tentava abocanhar um copo plástico. Pedro estava mais do que feliz, ria feito criança que ganhou ovo de páscoa de 7kg... Mas seu sorriso foi ficando menor quando ele começou a observar uma pessoa de casaco e capuz preto passando pela sala. Achou melhor mostrar pra Micael e o cutucou.
- Que foi. – Micael perguntou baixinho e Pedro apontou para a pessoa com a cabeça. Micael lançou seu olhar e a avistou, estava indo direto para a biblioteca.
- Parece uma mulher, mas não deu pra ver o rosto direito... Vamos ver onde ela vai! – Micael levantou e puxou Pedro com ele. As duas meninas se olharam preocupadas, também tinham visto a ‘criatura’ de capuz e não gostaram nada, nada. Pedro e Micael se puseram a perseguir a tal pessoa de capuz preto e esta já havia percebido. Tentava despistá-los dando voltas pela casa, mas eles sempre a encontravam de novo. 
- Olha, ela subiu a escada...
- Como sabe que é ela, Micael? Ta tudo coberto!
- Ah, tanto faz cara... Mas eu acho que é mulher!
- Bom... Parece mesmo e é bem estranha. Mas e aí, vamos continuar vigiando?
- Com certeza! Pode ser alguma ladra! – os dois começaram a subir a escada e a suposta ladra já estava terminando de subir. Quando chegaram ao corredor dos quartos, conseguiram ver um vulto entrando no último quarto. Pedro se lembrou que é ali que fica a passagem secreta em baixo da cama e começou a acelerar o passo com medo que a pessoa entrasse lá e eles a perdessem de vista, Micael ficou pra trás.
O quarto estava silencioso e Pedro entrou mais silencioso ainda. Até que ouviu um ‘tooc’ e correu pra olhar em baixo da cama. Ele pegou a lanterna, que estava lá, do jeito que ele tinha deixado e foi abrindo aquela pequena passagem com cuidado... Jogou o raio de luz da lanterna lá dentro e viu uma mulher abaixada com uma mochila aberta no chão, ela já não tinha mais o capuz e revelava seus cabelos descoloridos. Ela olhou pra cima com uma cara assustada, levantou rápido, deixou cair uns maços de dinheiro que segurava nas duas mãos e saiu correndo pelo túnel subterrâneo. Pedro desceu a escadinha de madeira bem rápido, como ele nunca tinha descido antes. Havia reconhecido aquele rosto. Aqueles olhos extremamente azuis e assustados, com algumas olheiras a mais, mas era ela. Era Rose, a vizinha do Micael, mulher do falecido Dean, principal suspeita pelo assassinato e estava ali na frente dele! Havia um cofre atrás daquele quadro que ele e Rayana observaram, mas nem pensaram que pudesse ter um cofre ali, apesar de ser uma coisa extremamente clichê. Rose correu por todo o corredor com Pedro na sua cola, quando viu que ele já estava para alcançá-la, tirou um revólver de dentro de um dos bolsos internos do casaco e se virou bruscamente pra trás apontando pra Pedro, que parou de correr imediatamente e levantou os braços.
- Não se atreva a continuar correndo atrás de mim, porra! O que você quer?
- Calma... Calma Rose! Não atira em mim, por favor!
- Droga... Se pelo menos tivesse uma corda nesse lugar! – ela falava para si mesma enquanto mexia nos cabelos com a mão que estava livre.
- Eu volto! Eu volto pra lá e não conto pra ninguém que te vi!
- Cala a boca! Viadinho dos infernos... Vou ter que te levar comigo agora. Anda, vem! – ela o puxou pelo braço e começou a andar com o revólver apontado na cabeça dele.

- MICAEL! – Sophia e Rayana chegaram até Micael, que descia as escadas com cara de assustado.
- Micael... Cadê o Pedro? – Ray perguntou pausadamente, ficando assustada com a cara nada boa do amigo.
- Ele foi atrás daquela pessoa de capuz no quarto, mas quando cheguei lá, não vi nenhum dos dois! Eles simplesmente sumiram! – Micael explicava confuso e com o olhar perdido. Rayana teve um ‘click’ e começou a descer as escadas correndo. Sophia e Micael não sabiam pra onde ela estava indo, mas a seguiram. Ray foi até a biblioteca e ficou de pé num cantinho observando o chão.
- Que foi Ray? – perguntou Soph parando ao lado dela.
- O que tem aí? Por que ta olhando pro chão? – Micael chegando do outro lado dela.
- Shhh, quietos! O Pedro pode sair por aqui!
Micael caiu na risada, com a correria pra preparar a festa, ninguém contou a ele ou a Sophia o episódio da passagem secreta – Ele vai sair do chão? O que você be... – ele mesmo se interrompeu quando viu um quadradinho começar a se abrir no chão. Os três foram dando passos pra trás e quando começaram a ver as duas cabeças que emergiam, ficaram pasmos.
- R-Ro-Rose! – Micael gaguejou morrendo de medo ao vê-la armada. Sophia e Rayana só sabiam tampar a boca com as mãos e esbugalhar os olhos.
- Saiam da frente senão ele morre. – ela falou com sua voz firme e imponente.
- PEDRO! – Rayana começava a sentir a visão totalmente embaçada pelas lágrimas e Sophia a segurou porque parecia que ela queria avançar em cima dos dois pra soltar o Pedro.
- Calma Rayana... E-e-eu amo você! – ele falou com a voz trêmula, era o primeiro e talvez último "amo você".
- Ray, se afasta! – Soph puxou Rayana pra longe da mulher e ela custava a sair, parecia que estava com os pés colados, não queria abandonar Pedro. Micael ajudou Sophia a segurar Ray quando a mulher passou por eles. A música parou quando os dois chegaram na sala.
- NINGUÉM SE MEXE! – a mulher apontou a arma para todos ao seu redor e voltou a encostá-la na cabeça de Pedro em seguida.
- Putafodeu! – Chay estava mais distante assistindo a cena com Mel, Lu e Arthur, que pegou o celular pra chamar a polícia.
- Olha Rose, se você me deixar aqui e ir embora ninguém vai chamar a polícia, a gente sabe que você não matou o Dean, v-vo-você não seria capaz de uma coisa dessas! – Pedro tentava conversar com ela e falava com dificuldade, pois ela apertava forte seu pescoço com o braço. Os dois continuavam parados no meio da sala, cercados de convidados estáticos.
- É Rose... Não chamaremos a polícia, até porque nós invadimos a sua casa, nós é que seriamos presos, todos nós! – Micael se pronunciou num cantinho da sala.
- É, invadiram a minha casa, seus demônios! Eu devia acabar com todos vocês, que nem eu fiz com Dean – ela sorriu, parecia meio fora de si.
- Não, pelo amor de Deus, solta ele moça! – Lua também falou vendo que a situação ficava cada vez mais séria, ela não sabia se estava tremendo de medo ou de frio por causa das roupas ainda um pouco úmidas grudadas no corpo.
- Quem é você? Nem te conheço garota! Aah... Deve ser mais uma das periguetes que davam em cima do Dean! Eu tenho raiva de todas vocês, garotas bonitas e fáceis que faziam o Dean me trair e chegar tarde em casa! Sabe... Teve um dia que ele chegou cinco horas da manhã. Nem entrou no quarto, se jogou aqui nesse sofá e quando eu acordei às oito, o chamei... Discutimos muito naquele dia e ele me pediu o divórcio. – Rose contava e seu olhar vagava pela sala – Ele tava sempre com aquele sorriso besta estampado, devia se achar perfeito... E ele era mesmo, com seu rostinho bonito, olhos azuis, cabelo bem cuidado e um corpo cuidadosamente esculpido na academia. E de que valeu tudo isso, me diz? Isso tudo nem existe mais, agora que ele foi pra debaixo da terra – ao falar tudo isso começou a soltar um sorrisinho cínico de canto de boca, estava gostando de ser o show da noite.
- Você também é linda Rose, seus olhos são tão azuis quanto eram os de Dean e o seu corpo e rosto também são perfeitos! Não estrague a sua vida! – Pedro continuava tentando acalmá-la, sem sucesso.
- Fica quieto aí! – ela deu uma batidinha com o revólver na cabeça dele que fez Ray soltar um soluço alto e Sophia a abraçou.
- O que essa mulher cheirou? – Arthur se perguntava em voz baixa.
- Hey! Espera aí... Você aí chorando feito louca, como é seu nome?
- O-o-o m-meu nome?
- NÃO, O MEU! FALA LOGO!
- Rayana! – ela disse mais do que depressa, com os olhos esbugalhados.
- Hm... Sabia que eu tava te reconhecendo sua PUTINHA!
- Han?!
- Não adianta fazer essa carinha de desentendida não! O Dean tinha uma pasta no notebook dele que chamava 'Rayana' e dentro várias fotos suas! 'Rayana001.jpg', 'Rayana002.jpg'...
Várias pessoas ficaram passadas ao ouvir isso, inclusive a própria Rayana e principalmente Pedro, que olhava pra ela incrédulo.
- Mas... Mas... A gente mal se conheceu! – Ray falou quase num sussurro, mas a sala estava em total silêncio.
- Então vai admitir assim na frente de todo mundo que o conheceu mesmo?! Foi mais fácil do que eu pensava!
- Não! A gente se viu algumas vezes no p-pa-parque, mas eu não sabia nada da vida dele, EU JURO!
- Não é o que as fotos dizem, vocês pareciam muito próximos! Principalmente na foto Rayana022.jpg! Sabe qual é essa?
- Não. Eu nem sabia que ele tirava tantas fotos minhas se você quer saber! Eu achava que ele segurava o celular às vezes pra sei lá... ver as horas!
- Quanta ingenuidade, tsc tsc tsc... De qualquer jeito eu vou refrescar sua memória! A 22 é a foto do BEIJO de vocês!
Ray sentiu como uma facada na boca do estômago aquele olhar de desprezo que Pedro lançou pra ela na hora que ouviu isso.
- FOI SÓ UMA VEZ, TA LEGAL! – ela agora berrava como se quisesse desesperadamente fazer com que Pedro parasse de olhá-la daquele jeito – E não passou disso!
- Foi você que acabou com meu casamento! De fato, o Dean saiu com várias vaquinhas, mas por você ele se apaixonou, sabia?!
- VOCÊ NÃO TEM COMO PROVAR O QUE ESTÁ DIZENDO! POR ACASO ELE FOI LÁ DO NADA E CONTOU QUE ME AMAVA?
- FOI E POR ISSO EU ATIREI NELE!
Nessa hora o silêncio reinou e só se ouvia os 'óóóhs' das pessoas admiradas, além das respirações alteradas das duas.
- Ele disse... 'Agora é sério, Rose. Precisamos nos divorciar porque eu amo outra pessoa' – Rose começou a contar com o olhar perdido em algum canto da sala – Aí eu perguntei 'A menina daquelas fotos no seu celular. Por que eu não to surpresa?!' ele fez uma cara de piedade e veio me abraçar, eu subi as escadas e me tranquei no primeiro quarto que vi. Ele esmurrou a porta algumas vezes, falou que eu estava sendo infantil. Começamos a gritar um com o outro, eu dentro do quarto e ele fora. Até que ele parou de gritar e eu me sentei no chão, eu estava muito nervosa e chorava desesperada com a possibilidade do meu marido ir embora de casa. Sabe, no começo a gente tinha um casamento feliz! – Rose agora fez uma pausa pra fungar, pois estava chorando também – Comecei a ouvir uns barulhos de movimentação dele no quarto do lado, portas batendo e logo adivinhei que eram as portas do guarda-roupas. Ele estava fazendo as malas. Suspirei e olhei pra cima, focalizei minha visão numa caixa de sapato que estava no topo de uma estante daquele quarto. Peguei a caixa e ali estava minha arma! Havia comprado há pouco menos de dois meses... Ouvi passos apressados do Dean pelo corredor, e depois descendo as escadas. Quando ele estava perto da porta da rua, eu cheguei no topo da escada e foi um tiro certeiro! BAANG! Exatamente na nuca do infeliz. Ele ficou lá estirado, enquanto eu tratei de fazer minhas malas e pegar um dinheiro no nosso cofre. Na verdade todo o nosso dinheiro era só MEU. Cada vez mais eu tinha certeza que ele se casou comigo por isso.
Todo mundo prestava atenção no depoimento dela agora. Rayana reuniu toda calma que tinha e começou a falar tranqüilamente.
- Rose, é a última vez que eu vou te pedir! Você já matou uma pessoa e tenho certeza que você não se agradou de ter feito! Então não faça isso de novo, aproveita a chance que você tem pra fugir daqui com todo seu dinheiro e começar uma vida nova em outro lugar!
- Sei... Pensa que eu não saquei que é desse bonitinho aqui que você gosta? Quero que você sinta o mesmo que eu senti vendo o homem que eu mais amei indo embora! Pode começar a se despedir do seu branquelo!
- NÃO, POR FAVOR! – Ray sentiu uma fraqueza nas pernas e quando foi ver, estava ajoelhada – OLHA, VOCÊ PODE ME LEVAR CONTIGO!
O pessoal estava tenso, a maioria ali nunca tinha visto alguém implorar pela vida de outra pessoa sem ser num filme. De repente, todos começaram a ouvir o som das sirenes. A polícia chegou realmente rápido! Rose esbugalhou os olhos e permaneceu estática por um tempo, todos olhavam pra ela. Quando ouviram o som de portas de carro batendo, ela reagiu e começou a caminhar com Pedro para o hall. Vários policiais entraram na casa apontando armas pra ela, que apenas ria e começou a subir as escadas com seu refém.
- Não se atrevam a me seguir que eu atiro nele! – ela gritava no meio da escada e Pedro pedia com o olhar desesperado que os policiais fizessem tudo que ela queria. Quando ela terminou de subir as escadas e saiu da visão deles, alguns policiais começaram a subir com cuidado. Rose ia correndo pelo corredor e puxando Pedro pelo pescoço, ele já não agüentava mais aquele braço grudado no pescoço fazendo pressão, causando atrito, não via a hora de sair daquele pesadelo e amaldiçoou mentalmente a hora que começou a correr atrás dela. Ela abriu uma pequena porta e lá dentro havia uma escada para o sótão, mandou Pedro subir e fechou a porta atrás de si. Dois policiais que viram do começo do corredor se comunicaram com os que estavam na sala e avisaram que ela o levou para o sótão e que pelo jeito sairiam no telhado. E não deu outra, dentro do sótão estava uma escadinha apontada para uma janela. Rose mandou Pedro subir, abrir o vidro e sair. Assim ele fez e logo os dois estavam no telhado. Todo mundo correu pro lado de fora da casa ao verem que os policiais todos estavam indo pra lá.
- OMG! – Rayana tampou os olhos ao ver Pedro sendo segurado pela mulher na beira do telhado, à essa altura as quatro meninas amigas do garoto choravam e gritavam.
- É tudo culpa mi-nha! Eu que tive a i-dé-ia da festa ser aqui! Eu que me envolvi c-com a porcaria d-do marido de-la! – Ray falava entre soluços e tampou com as mãos o rosto cansado de ser molhado por lágrimas misturadas com maquiagem. Lua a abraçou, Arthur beijou o topo de sua cabeça e Mel retirou as duas mãos dela da frente do rosto para segurá-las.
- Você não tem culpa de nada, ouviu! Quem está causando a situação é apenas a maluca! Foi ela quem matou o próprio marido! – Melanie falou segurando as mãos da irmã firmemente, mas também tinha lágrimas pelo rosto.
- Solta o menino Rose e nada vai te acontecer – um policial falava no alto-falante.
- QUER MESMO QUE EU O SOLTE?! – ela gritou irônica entre risadinhas forçando Pedro um pouco pra frente e provocando susto geral em quem assistia lá em baixo.
- Chame o nosso melhor atirador de elite. – o policial que antes falava no alto-falante, agora se virou pro outro, que concordou.
Uma hora se passou com a mesma enrolação, Rose dizendo que não queria ser presa e preferia a morte, então se jogaria com Pedro. Policiais tentando negociar com ela, imprensa começando a aparecer e lotar o local... Os pais de Pedro também foram avisados e chegaram lá desesperados. Já estavam todos cansados por permanecer em pé e ainda naquela tensão. Pedro então, nem se fala. Mais duas horas de negociações se passaram e o cansaço só triplicou! Aquele pesadelo parecia não ter fim. Tentaram de tudo, disseram a ela que teria um bom advogado, que sua pena por matar o marido seria reduzida se confessasse e entregasse o garoto... Às vezes parecia que ela estava cedendo, mas logo voltava a ficar desesperada pra se jogar e acabar com tudo. Os policiais viram que aquilo não ia resultar em nada e que poderiam passar dias ali se não agissem logo.
- Rapaz, quem mora nessa casa? – o chefe da polícia abordou Micael e apontou para a casa em frente.
- E-e-eu. – respondeu gaguejando pelo alto nível de stress.
- Preciso de sua autorização para meus atiradores entrarem nela. Assine aqui, por favor, se você autoriza a ação na sua casa – entregou uma prancheta a Micael.
- Claro... – ele assinou e antes de devolver olhou nos olhos do policial – Acabem logo com isso e salvem a vida do meu amigo. – o policial apenas concordou com a cabeça e acenou para que seus homens fossem até a casa de Micael. Sophia o abraçou e ele beijou sua testa.
Outros policiais distraiam Rose pra ela continuar lá em cima e sem perceber que estavam invadindo a casa da frente. Os atiradores que entraram na casa de Micael subiram até o sótão e o melhor deles, o mais experiente e bem preparado da equipe, saiu também por uma janelinha semelhante a que Pedro saiu na outra casa. Ficou escondido ali no telhado e posicionou a mira em Rose. Era preciso muita concentração, a cabeça de Pedro estava muito próxima da dela. Ele mirou bem e quando todos menos esperavam, Rose foi atingida no meio da testa! Por uma fração de segundo ela ainda continuou em pé e com os olhos abertos, seu corpo cambaleava pra trás e pra frente. Aquele tempo foi uma eternidade pra Pedro, que pôde ver o minúsculo furo na testa dela e uma ‘lágrima’ de sangue escorrer por ele. Rose caiu, mas como ainda segurava Pedro pelo pescoço, ele foi junto. Todos soltaram gritos desesperados quando o corpo de Rose se espatifou no chão feito um saco de batatas. Por sorte, Pedro conseguiu se segurar no último momento na borda do telhado, mas as mãos dele não iam agüentar aquilo por muito tempo. Até porque, estava tudo meio úmido pela chuva de mais cedo. A mãe dele chorava sem parar e policiais entraram correndo na casa. ‘Ai, eu não vou agüentar, não to agüentando, parece que minhas mãos vão descolar do braço!’ Pedro pensava de olhos cerrados, desejando que chegasse logo alguém pra tirá-lo. Segundos depois, dois policiais chegaram e cada um segurou um braço de Pedro, ele finalmente respirou aliviado.
Quando ele saiu pela porta da frente, foi logo abraçado pelos pais. Sua mãe lhe enchia de beijinhos pela cabeça e depois pegou as mãos dele, fez uma cara de dó ao ver como estavam vermelhinhas, coisas de mãe!
 - Mãe, calma! Eu to... eu to legal, já acabou – ele sorria pra tranqüilizar a mãe. Olhou mais à frente e viu uma menina de cabelos castanhos que sorria e chorava ao mesmo tempo. Viu também seus amigos um pouco atrás dela. Começou a caminhar na direção deles e Ray tinha esperanças que ele não tivesse ficado chateado com tudo que Rose disse, ela esperava poder abraçar Pedro bem forte e calar toda aquela agonia que ainda estava sentindo só pela possibilidade de perdê-lo. Mas não foi assim. Pedro passou por ela sem nem olhar seu rosto. Ela abaixou a cabeça, Melanie estava ao seu lado e a abraçou enquanto Pedro sumia no meio de um abraço com os amigos.

Capítulo 16 – Borboletas, peixinhos e a caneta da vovózinha



Durante o fim de semana, todos se esforçavam pra não lembrar daquelas imagens da festa - Rose, telhado, etc. Rayana e Pedro não se olhavam mais e nunca estavam num mesmo lugar ao mesmo tempo. Ele sabia que estava sendo exagerado porque, afinal de contas, se ela teve mesmo uma coisa passageira com o Dean o que importa? Mas não, os dois estavam orgulhosos demais pra se aproximarem e ter uma conversa.
- Oi, oi pessoas! – Micael abriu a porta e Pedro chegou na sala, onde estavam todos reunidos assistindo filme.
- Oi Pedro, tudo bem? Como foram as coisas lá na sua casa? – Lua perguntou enquanto cumprimentava-o.
- Ah, você sabe, todo mundo me paparicando, perguntando se eu quero isso ou aquilo outro... – ele fez uma careta engraçada que fez todos rirem, menos Ray. Ela saiu da cozinha enxugando as mãos num pano de prato. Ao ouvir a voz de Pedro lá de dentro ela ficou com o coração acelerado, sua vontade era não sair da cozinha enquanto ele estivesse lá porque toda vez que se topavam ele vinha com alguma ironia pra cima dela, mas estava impossível evitá-lo morando tão perto. Quando chegou na sala, os dois se cumprimentaram com um fraco aceno de cabeça. Mesmo de longe, ela captou o olhar cortante dele, era justamente isso que ela não queria ter visto.
- Vou sair. – ela disse com voz de tédio, desamarrou um avental da cintura e jogou em cima de uma mesinha. Hoje fora seu dia de lavar a louça do almoço... Pedro deu um meio-sorriso sarcástico.
- Algum encontro às escondidas? Quem é o bonitão da vez?
- Mel, onde você guardou aquela lista de compras que a gente tava fazendo ontem? – Se dirigiu à irmã, ignorando a pergunta de Pedro e tentando não parecer tão nervosa.
- Ah, eu acho que ta lá no meu quarto. Quer que eu vá fazer compras com você?
- Se você não se importa de presenciar meu encontro às escondidas com o molho de tomate... – ela falou e já foi caminhando para a porta – te espero lá fora com a lista.
Os olhares se voltaram pra Pedro, que apenas sentou numa poltrona tranqüilamente como se nada estivesse acontecendo. Mel levantou se espreguiçando e subiu para o quarto. Quando estava lá, apenas ajeitando rapidamente o cabelo, Lu e Soph bateram na porta.
- Certo, a situação ta preta! – Lua já foi disparando ao entrar o quarto.
- É errado se meter na vida dos outros, mas a gente PRECISA ajudar! – Sophia cruzou os braços e sentou (lê-se: abandonou o peso) na cama. Melanie fechou a porta e ficou pensando com o queixo apoiado na escova de cabelo.
- Eu acho que não tem nada a ver o Pedro ficar agindo assim! – Lua também sentou na beirada da cama.
- Também acho. A Ray conheceu o Dean? Ótimo, mas já passou e ele ta morto e enterrado, literalmente falando. – Mel voltou à frente da penteadeira pra achar algum enfeite fofo pro cabelo.
- Então a gente pensa com calma e bolamos um plano! – Soph ia falando animada e seus olhos brilharam ao falar ‘plano’ – Adoro planos! Principalmente pra juntar casais, é tão “coisa-de-filme-água-com-açúcar”!
- Ok. Todo mundo pensa com calma e mais tarde a gente se reúne de novo. Agora eu vou lá porque a Rayana já deve estar impaciente.
- É, a gente se encontra aqui no quarto da Mel depois que todo mundo for dormir. Eu vou chamar as outras meninas, elas podem ajudar, são inteligentes! – Lua falou se levantando, Sophia também levantou e as três saíram do quarto já pensativas. As outras meninas que Lua se referiu são Jamie, Stacey e Molly! Elas vieram passar os últimos dias em Bedford na casa de Micael, à convite do próprio, já que a casa de Dean e Rose ficou interditada pela polícia. Molly dividiu o quarto com Ray, Jamie com Lu e Stacey com Mel. O acampamento onde elas deviam estar acabava na última segunda-feira do mês, dia 27, e assim voltariam pra casa.

- Vocês estão sendo infantis. Os dois. – Micael falou encarando a TV, mas sem prestar muita atenção ao que passava.
- Eu já tinha perguntado do Dean pra ela, ta?! E ela mentiu pra mim. – Pedro cruzou os braços em sinal de revolta, os outros apenas assistiam a cara que ele fazia.
- E por que isso é importante? O cara já morreu mesmo! – Arthur deu de ombros e viu Pedro se levantar num movimento brusco.
- Vocês não entendem que não é simples assim?! Ele ter morrido não impede que ela continue gostando dele!
Pedro foi logo embora, não quis ficar discutindo esse assunto com os amigos e também não queria estar lá quando Rayana voltasse. Ele sabia sim que precisava de uma conversa com ela, mas não queria isso agora.
As meninas passaram o resto do dia pensando em planos mirabolantes pra fazer os dois pararem de brigar por aquela bobagem. À noite, depois de jantarem, Lua seguiu discretamente pro quintal e sentou no chão, encostada numa árvore que havia lá desde que ela se entendia por gente. Depois de um tempo, Arthur percebeu a ausência dela e foi procurar.
- Achei você! – ele se abaixou e sussurrou no ouvido dela, estava tão distraída que pulou.
- Você ta mesmo tentando me matar do coração? Porque é o que parece!
- Não... não... to tentando é saber o que se passa nessa cabecinha! Estou te achando meio distante, tem algum problema?
- Tudo bem... É sobre a Rayana e o Pedro! – quando ela falou, Arthur soltou um suspiro como se dissesse ‘É, imaginei’.
- Relaxa, eles vão acabar se acertando! – deu um beijo no topo da cabeça dela e os dois ficaram em silêncio por um tempo. Ela só queria ficar ali com a cabeça apoiada no peito dele sentindo o perfume. Até que lembrou de uma coisa importante o suficiente pra fazê-la se afastar.
- Arthur, o que uma foto sua com a Delilah fazia dentro de um aquário na sua sala?
- Erm... – Arthur pasmou um pouco.
- Arthur?
- Calma! Não é nada... É só que eu fiquei um pouco chateado na época que a gente terminou então eu peguei o porta-retrato onde pus aquela foto e o guardei pra uma foto que eu goste mais porque ele é muito especial pra desperdiçar com a foto dela! Daí a foto com ela eu deixei ali mesmo em cima da prateleira, um vento deve ter batido e derrubado dentro do aquário que fica logo abaixo...
Lua ficou um tempo com o olhar vago, Arthur pensou até que ela havia ficado chateada ou algo assim.
- AAHHH! JÁ SEI!
- Caraíí, que susto Lu! Num faz mais isso! Eu acho que não tenho mais idade pra ficar levando esses sustos! – Arthur repousava a mão sobre o peito enquanto ela ria.
- Tudo bem Arthur, é que eu tive uma idéia que talvez possa ajudar o Pedro e a Ray.
- Posso saber?
- Primeiro eu preciso falar com as outras meninas, na hora certa você saberá! – Lua deu um selinho rápido nele e se levantou animada.
Como foi o combinado, depois que todos foram para seus quartos, Lua, Sophia, Melanie, Stacey, Molly e Jamie se reuniram pra ter idéias e bolar planos pra ajudar Rayana.
- Silêncio! Parem de piar ao mesmo tempo! Vocês querem que a Rayana acorde? – Lua jogou um travesseiro em cada menina que falava sem parar.
- Quantas vezes eu vou ter que repetir que Rayana dorme como uma pedra? – Melanie cruzou os braços.
- Mas então, quem teve idéias levanta o braço aí. – disse Sophia.
Molly, Lua e Melanie levantaram os braços.
- Fala Lua…
- Olha só Soph! Tive uma idéia hoje conversando com o Arthur. Me responde uma coisa, é impressão minha ou eu já ouvi o Pedro dizer que queria ter um peixinho?
- É, acho que já... – Melanie respondeu pensativa – mas e daí?
- A gente dá um peixinho, de pelúcia, todo cheirosinho com o perfume da Ray!
- Hum... Lua! Olha pra mim frapêzinho, – Sophia se pôs à frente dela, do mesmo jeito que Lua já fez com ela chamando-a de frapêzinho – apesar do Pedro rebolar e parecer uma maritaca falante às vezes, ele não é uma menina pra ficar recebendo bichinhos de pelúcia perfumados!
Todas riram e Lua fez bico.
- Posso falar? – Molly e Mel falaram incrivelmente ao mesmo tempo.
- Ah, fala você vai. – Melanie passou a vez pra ela.
- Ah... Minha idéia era só trancá-los no armário! É blaster legal ficar presa no armário! Eu li uma fic uma vez que... Ahhi! – Jamie lhe deu um tapinha na testa.
- Você não consegue ficar sem falar de fic, Molly?! A GENTE NÃO TA NUMA FIC!
- Fic? Mas que diabos é fic?!
- Minha vez então... – e Mel ajeitou os cabelos animada – Lembram quando a Rayana contou toda empolgada o beijo que ela deu no Pedro aqui na frente, que a borboleta pousou no ombro dela e bla bla bla...
- Eu lembro, mas pensei que você estivesse mais concentrada no brigadeiro do que na conversa aquele dia, Mel – Lua falou e ia receber uma travesseirada na cara, mas se desviou.
- Continua Mel, olha o foco! – Soph chamou a atenção ao ver que Melanie ia ficar tentando acertar Lu até conseguir – O que é que tem a borboleta?
- Ah, sim... A gente faz umas várias borboletinhas de papel, não deve ser difícil. Penduramos na garagem do Micael e marcamos um encontro entre os dois lá!
- Sei... Mas como fazer para que os dois compareçam e não fujam? – Jamie ficou pensativa.
- WAIT! – Stacey deu um pulo de repente que fez todas pularem também – Por que não juntamos as três idéias?
- De que jeito? – Sophia coçou a cabeça em reação natural de dúvida.
- Damos o peixe de pelúcia. – ela falou e logo se virou para Lu – Mas não para o Pedro e sim pra ela! Pedro recebe uma mensagem do Micael pedindo pra ele vir aqui. A gente coloca as borboletas na garagem e o encontro será lá. A gente tranca os dois lá até que tenham conversado!
- CARAÍÍ! Não falei que elas eram inteligentes?
- É, senhorita ‘caraíí’?! Está pegando o Arthur ou as manias dele? – Sophia perguntou fazendo Lua corar levemente. Ela tinha mesmo falado igualzinho a ele. Isso é medonho.

No dia seguinte as meninas já foram colocar tudo em prática. Sophia levou Ray ao shopping dizendo que era pra ela espairecer. Melanie ficou em casa recortando as borboletinhas de papel, já que a idéia foi dela. Stacey, Lua, Molly e Jamie ficaram com a tarefa de ir comprar o tal peixinho de pelúcia como Lua disse, depois ir até a casa do Pedro e passar o perfume dele no peixinho de alguma forma que ele não percebesse. Definitivamente, a tarefa mais difícil!

- Ah, oi Pedro! – disse Stacey quando o menino abriu a porta. Eram onze da manhã e ele nem tinha penteado o cabelo. Mas estava hot, diga-se de passagem.
- Oi! Stacey?! Meninas! O que... o que fazem aqui essa hora da madrugada?
- Ah, a gente te acordou? – Agora Lua surgiu no meio delas.
- Não, eu tava tomando café. Entra aí. – ele deu espaço e as quatro entraram sorrindo, mas estavam super nervosas por dentro.
- Então, o que trouxe vocês até aqui?
- Ai Pedro, é que eu acho que você ficou com uma caneta minha... Não a encontro em lugar nenhum desde o dia que vocês deram autógrafos pra gente! É só uma caneta simples, mas ela tem um imenso valor sentimental pra mim, eu não viria buscá-la, não viria te atrapalhar se fosse uma caneta qualquer! – nessa hora Jamie começou a fazer uma cara triste – Ela foi dada pela minha avó quando eu estava na quinta série! Comprou na última viagem que fez à Veneza... Ela achou Veneza tão linda, mas não teve tempo de voltar porque teve câncer. – Jamie já tampava a boca com uma das mãos e as meninas estavam abismadas com a interpretação dela. Pedro foi abraçá-la e ela deu um sorrisinho tipo “como estou me saindo?” pelas costas dele. As outras três seguraram as risadinhas que queriam soltar.
- Olha, ela pode ter ficado na minha roupa, em algum bolso eu não sei... eu sempre esqueço! Se eu fiquei mesmo com a sua caneta, não ia ser a primeira vez sabe! Mas não que eu goste de roubar as canetas dos meus fãs, é que eu esqueço de verdade e se eles não pegam depois... – Pedro se soltou do abraço e disparou a falar num tom de desculpas.
- Tudo bem, Pedro! Será que a gente pode procurar a caneta dela no seu quarto? – Lua pediu.
- Claro! Querem que eu ajude?
- Não precisa – Molly respondeu rápido – Pode voltar a tomar seu café, a gente não veio com a intenção de te incomodar!
- Ok... Precisando de ajuda me chama.

- OMG! Vocês acham que ele desconfiou? Eu dei mole agora! Eu sei. Desculpem... – Molly falou depois que Jamie fechou a porta cuidadosamente.
- Ta tudo bem Moozinha, relaxa na graxa. – Lua respondeu já tirando o peixe de dentro da bolsa gigante.
Havia vários perfumes em cima da penteadeira. ‘Qual será o que ele usa quando vai ver a Rayana?’ Era o que todas se perguntavam... Resolveram escolher simplesmente o que achassem mais gostoso e depois de quase cinco minutos chegaram num acordo.
- Ai, espirra logo nele todo! A gente demorou demais escolhendo, daqui a pouco Pedro vem aqui! – Jamie dizia impaciente sacudindo as mãos enquanto Stacey espirrava o perfume no peixinho de pelúcia nas mãos de Lua. Molly colou o ouvido na porta pra avisar se escutasse passos.
Elas terminaram, foram só umas quinze espirradinhas... Lua voltou a guardar o bichinho na bolsa, Jamie abriu a porta com o mesmo cuidado com o qual havia fechado e elas saíram. Quando chegaram ao fim da escada, encontraram com Pedro, que já ia subir.
- E então, acharam a caneta?
- Achei! Ela rolou pra baixo da sua mesinha de computador! – Jamie respondeu sorridente, mais uma vez com sua atuação perfeita.
- Que bom! Peço mil desculpas por isso!
- Imagina Pedro! Nós é que temos que agradecer por você deixar que a gente viesse procurar assim no meio das suas coisas... Eu juro pra você que não mexemos em nada, só procurei a bendita caneta no chão e nos bolsos das roupas que você jogou em cima das coisas.
- Tudo bem... Nem tinha nada pra mexer lá, só essa bagunça mesmo!
- Certo, então ta tudo resolvido e a gente já vai. – Lua passou interrompendo o papo de Jamie e Pedro, enquanto empurrava levemente as outras duas com as mãos escoradas em suas costas. Pedro franziu a testa, fez uma cara estranha e discretamente curvou o pescoço pra cheirar o próprio ombro. As meninas se entreolharam.
- Pedro? Que foi? – Stacey perguntou apreensiva.
- Ah, não, nada... É que eu não me lembrava de ter passado perfume hoje! Ah, é bobeira minha, esquece! – ele sacudiu a cabeça e abriu a porta para elas.

Quando elas voltaram pra casa, Melanie já estava com as borboletinhas feitas. Chay chegou, ficou por dentro da situação e estava lá ajudando a prender fios de nylon em cada uma para que pudessem ser penduradas no teto. Na hora de pendurar, Micael também prestou sua solidária ajuda para as meninas.
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahii ateeeeeende o telefoooooone aíííííííííí.

Celular de Melanie tocando afetadamente alto, era Sophia que estava ligando e quase fez o pobre do Micael cair da escadinha com o susto, mas tudo bem...
- Oi Soph! O que foi?
- Ah Mel, como é que vai a coisa aí? É porque a Ray já quer voltar sabe... Ela foi ao banheiro agora, por isso eu liguei pra ver né!
- Ah, a gente ta pendurando as borboletas no teto e está ficando lindo! Mas não chegamos nem na metade ainda... – e Melanie suspirou olhando pra cima – Você vai ter que segurar aí, pelo menos um pouquinho.
- Que jeito... Ela ta vindo. Tchau e vê se agiliza! – Sophia falou depressa e desligou sem nem dar tempo pra Melanie dizer tchauzinho.
- Pronto Soph, já podemos ir! – Rayana chegou onde a amiga estava sentada com as sacolas das comprinhas que fizeram.
Sophia não conseguiu lembrar de nada pra falar que precisavam fazer ainda, simplesmente porque já tinham feito tudo! Já tinham feito lanche, passaram no mercado, nas lojas...
- Ai! Ai eu não to me sentindo muito bem. – Sophia levou a mão rapidamente até o estômago, foi a única maneira que ela achou pra enrolar mais um pouquinho.
- O que foi menina?! Está me assustando!
- Acho que eu comi demais e fiquei enjoada! Vou ao banheiro!
- É amiga, realmente você passou dos limites hoje! Eu nem ia falar nada, mas... – Rayana foi seguindo Soph até o banheiro do shopping. Sophia havia comido bastante mesmo, mas essa sempre foi uma característica dela, às vezes parecia o Taz, (Tasmanian Devil) em pessoa e nunca passava mal por isso. Nem sequer engordava.
Ela se fechou em uma cabininha e deixou que os minutos fossem passando... Doze minutos depois Rayana batia na porta euforicamente. Sophia então saiu, fingiu uma cara abatida, foi lavar o rosto e ali enrolou um pouco mais.
Ao chegarem na casa do Micael, Arthur esperava por elas lá na frente. Puxou assunto e conseguiu dar ao pessoal que pendurava borboletas na garagem mais uns dez minutos. Logo depois, Ray entrou pela sala e foi direto ao seu quarto tomar banho. Assim que Lua ouviu que ela já estava com o chuveiro ligado, entrou no quarto e deixou uma caixa cinza, de tamanho mediano em cima da cama. Ficou ajeitando um lacinho rosa na tampa dela e levou um pequeno susto que fez o coração dar um pulinho dentro do peito ao sentir duas mãos envolvendo sua cintura por trás.
- Assustei você? – ele sussurrou perto do ouvido dela, que encolheu um pouco o pescoço, sentindo cócegas.
- Não, imagina... Eu só estava aqui concentrada na minha missão secreta de arrumar esse lacinho! – ela se virou de frente pra ele sorrindo, ainda envolvida pelo abraço dele.
- Estou tão orgulhoso de você! Ray realmente não poderia ter amiga melhor!
- Claro! Aqui é serviço de primeira! – Lua deu uma piscadinha e Arthur aproximou seu rosto num movimento rápido, tão rápido que quando ela foi perceber já estava com seu lábio inferior preso nos dentes dele. Se ela pudesse ficar mais arrepiada que aquilo, até os cabelos da cabeça ficariam em pé.Arthur soltou o lábio dela de seus dentes, colocando a língua pra dentro da boca dela em seguida e apertou mais os braços em volta dela, vendo que ela cedeu completamente ao beijo. Eles esqueceram que uma coisinha chamada Rayana poderia sair do banheiro a qualquer momento e ficaram de pegação ali mesmo. Se separaram ofegantes quando escutaram um barulho exagerado vindo de dentro do banheiro, seguido de um ‘Caraaalho!’ e Lua escondeu o rosto no pescoço dele abafando um riso. Nesse momento a porta do banheiro abriu e os dois olharam assustados vendo Ray sair de lá. Ela não poderia vê-los ali, pois iria descobrir que foram eles que deixaram a caixa e essa definitivamente não era a intenção.
Arthur e Lua respiraram aliviados quando viram que ela vinha com os olhos tampados por uma toalha.
- Mas que espécie de anta ainda deixa cair shampoo no olho com uma idade dessas, hein Rayana? – ela resmungava achando que estava sozinha. Lua se prendia pra não rir e puxou Arthur pela mão pra fora do quarto.

- Já entregou a encomenda da Ray? – Soph se aproximou de Lu e Arthur, que desciam as escadas.
- Entregadíssimo. – ela respondeu e quando pôs o pé no último degrau, pisou numa bolinha de ping-pong. Arthur segurou-a pela cintura e então Lua não caiu. Ficaram se olhando porque Lua começou a sentir uma coisa estranha, tipo como se o conjunto de todos seus órgãos internos estivesse dançando funk. Quanto mais ela viajava olhando aqueles olhos castanhos e sentindo os braços que a seguravam, mais confirmada ficava a certeza que ela achou a tampa da panela! Arthur tinha um leve sorriso nos lábios, se segurou pra não pegá-la no colo e carregar pra casa. Esse momento todo durou menos de três segundos, mas pareceu bastante para eles. Só foi interrompido quando Melanie falou.
- Vocês não ficaram de pegação lá em cima correndo risco de botar tudo a perder, ficaram?
- Que pergunta Mel! Que tipo de gente você acha que somos? – Lua se pôs de pé novamente, ajeitou a blusinha e deu um tapa no braço de Melanie, depois um sorrisinho à Arthur.
Micael já enviava o sms para Pedro.

Duuuude! Passe aqui em casa RIGHT NOW!
ps: entre pela garagem porque eu perdi a chave da porta da frente

E agora era só esperar os dois entrarem na garagem para trancá-los. Fácil assim.

- Oun, que coisa mais linda! – Ray abraçava o peixinho fazendo o maior escândalo. [hunpf... coisas de Rayana]. Ela sentiu o perfume de Pedro exalando de cada fibra de tecido do peixinho de pelúcia e instintivamente apertou-o mais contra o peito. ‘Que falta eu sinto daquele orangotango! Será que ele mandou isso pra se desculpar ou qualquer coisa assim?! SERÁ QUE ELE ESTÁ AQUI? DEUSDOCÉU!’ Se levantou rápido largando o peixe em cima da cama e correu pra frente do espelho. Se maquiou bem rapidamente e voltou pra pegar o peixinho nos braços outra vez. Reparou que havia um pequeno papel azul no chão, perto da cama. Estava em cima da tampa da caixa, mas voou quando ela a abriu euforicamente sem nem vê-lo.

Queria te ver... Na garagem.
Era o que dizia.


‘Micael está cada vez mais louco! Onde já se viu perder a cópia da chave da própria casa? Pelamor!’ Pedro pensava ao chegar na frente da casa do amigo. O portão da garagem estava meio aberto, ele se curvou um pouco e passou. Micael observava do outro lado da rua, escondido entre uns arbustos. Estava se sentindo o próprio Agente 007 com o poderoso controle do portão na mão. Assim que Pedro entrou, o portão começou a se fechar e a escuridão anunciava que tomaria conta do local.

- Ray! Aonde vai? – Lu estava sentada no sofá da sala e perguntou como se não soubesse a resposta quando a viu descer as escadas como um foguete. Rayana trazia o peixe pendurado na mão pela nadadeira.
- Ah, vou aqui! – fingiu diminuir o entusiasmo e já rumou em direção à porta na parede lateral que ligava o hall com a garagem da casa dos Borges. Lua soltou um meio sorriso e um sinal com a cabeça para que todos saíssem de trás dos armários/cortinas/sofás/etc...
Rayana entrou no cômodo e fechou a porta atrás de si. Logo Arthur se aproximou da porta e a trancou, abrindo em seguida um sorrisão maior que a boca para os outros que observavam mais distantes e estes logo trataram de diminuir a distância para colar os ouvidos na porta, juntamente com Micael, que entrava novamente em casa.
[n/a: frases em itálico são falas escutadas por eles do outro lado da porta.]
Pedro estava com os braços estendidos, pra ver se achava o interruptor. Rayana fazia exatamente a mesma coisa. Tateavam a parede onde estava o interruptor e o encontraram ao mesmo tempo. Quando acenderam a luz, os dois encolheram um pouco os olhos e Pedro permaneceu com a mão sobre a mão dela por alguns segundos.
- Erm…Ray? – ele desviou o olhar para um lado qualquer e pôs as mãos nos bolsos da calça.
- Oi... UAU! – agora ela olhou pra cima e viu as dezenas de borboletas coloridas penduradas no teto, umas mais baixas, outras mais pro alto... Estava sorrindo com cara de boba.
- Quem... – Pedro também teve perda temporária de palavras, até sacudir levemente a cabeça e recobrá-las – quem fez isso?
- A mesma pessoa que me entregou isso? – perguntou como se fosse óbvio, sorrindo levemente e erguendo a mão com a qual segurava o bichinho de pelúcia. Pedro encarou o peixe azul com nadadeiras roxas e boquinha amarela. O pegou um pouco rápido da mão de Rayana fazendo-a estranhar aquela reação. Com o movimento rápido, ele sentiu uma nuvem de seu próprio perfume passando rapidamente pelo olfato e aproximou o peixinho do nariz.
- Ray… Quem te entregou isso?
A menina bufou soltando um risinho incrédulo.
- Pedro… Foi você! Quem mais ia me entregar um bichinho de pelúcia com o SEU perfume, oras?
- Claro que não fui eu e aliás...

- QUEM FOI QUE USOU O MEU PERFUME NUM PEIXE IDIOTA?

O pessoal que estava encostado na porta ouviu esse grito. Lua apertou os olhos.

- PARE DE GRITAR SEU BRONTO! NINGUÉM TA GRITANDO COM VOCÊ AQUI!
Rayana também elevou a voz e os dois ficaram por instantes em silêncio. Respiravam um pouco rápido. Pedro deixou o peixe em cima de uma mesinha onde estavam alguns objetos e passou a olhar pro lado como se houvesse algo profundamente interessante na vida da joaninha que andava na parede.
- Como você pode ser tão fofo num instante, dizendo que queria me ver aqui e quando eu chego se transformar num rinoceronte briguento?
- Mas hein? Eu nunca disse que queria te ver, muito menos aqui. E rinoceronte é a sua...
- PEDRO! Eu não acredito que me deixei levar… Eu estava quase acreditando que você podia ser um pouco descente!
- Descente?! Eu sou muito descente se quer saber, nunca me envolvi com pessoas casadas. Ao contrário de outras aqui nessa garagem.
- Então é isso?! Nunca vai esquecer esse assunto?
- Que assunto?
- Não me irrita, garoto! Você quer que eu fale do Dean? Ótimo, vamos falar dele então, o que você quer saber?
- Eu? Nada... Eu nunca fui interessado nele!
- Pára de ser infantil... Essa é a última vez que eu tento conversar com você. E pelo visto, já percebo que não vai dar.
- Ah, é a última vez. E depois você vai sumir?
- Você quer que eu suma? Pensei que aquela criança que ficou comigo embaixo de uma cama tinha dito que me adorava e tudo mais... Acho que ouvi errado.
- Uma criança que você enganou com muita facilidade.
- Enganar?! Certo. Me diz então onde foi que eu te enganei.
- Em tudo, desde o começo. Parecia a garota perfeita, mas foi só aparecer a Rose pra te desmascarar. Ela queria acabar comigo pra se vingar de VOCÊ! Sabe, depois que eu pensei melhor fiquei até preocupado, será que vão aparecer muitas outras esposas neuróticas querendo se vingar de você? Coitado do cara que estiver contigo porque sinceramente...
- CHEGA, TA LEGAL?! EU QUERIA SABER POR QUE É QUE VOCÊ IMPLICA TANTO COM ISSO! A GENTE NEM TAVA JUNTO QUANDO EU CONHECI O DEAN, MAS QUE DROGA PEDRO!
- QUANDO EU TE PERGUNTEI SE VOCÊS TINHAM SE CONHECIDO VOCÊ DISSE QUE NÃO, MAS EU SABIA QUE VOCÊ GOSTAVA DELE! 

- Ainn Micael, acho melhor você abrir o portão ou esses dois vão se pegar na porrada! – Lu roía as unhas de nervosa. As outras meninas também estavam nervosas, então o plano tinha sido um fracasso?

- EU VOU TER QUE REPETIR QUANTAS VEZES QUE EU NÃO GOSTAVA DELE?
- Aaaíh... Eu não acredito que vocês nunca viram o gostoso do Dean pegando o jornal de manhã! – Pedro fazia trejeitos exagerados procurando imitar Ray – Ele se abaixava assim tão sexy, minha vontade era pegar na bunda del... – Pedro não pôde terminar a última letrinha de sua fala porque levou um tapa naquela bochechinha macia. Rayana respirava mais rápido que antes e tinha os olhos úmidos, como se o tapa tivesse doído mais nela. Nem perceberam que a claridade do dia começava a invadir aos poucos o cenário, era o portão da garagem se abrindo vagarosamente.
- Eu não quero mais te ver Pedro Cassiano.
Pedro não disse nada, apenas repousava a mão sobre o local atingido. Voltou a colocar as duas mãos nos bolsos, deu meia volta e se curvou novamente para passar pelo portão que ainda não estava totalmente aberto. Ray sentiu que ia começar a soluçar e não conseguiu segurar. Depois de uns três soluços, olhou para o peixinho de pelúcia em cima da mesinha e o pegou com uma certa raiva.

- HEY! LEVA ESSE TROÇO FEDORENTO PRA SUA CASA! – Ray saiu da garagem e foi pro meio da rua de repente. Pedro já estava alguns passos à frente, na calçada do outro lado. Viu o bichinho cair perto de seus pés e só então virou na direção dela.
- RAYANA OLHA A MOTO!

POV Lua

- Foi o Pedro gritando? – Soph franziu a testa e olhou pra cada um de nós.
- Acho que sim, mas eu nem entendi. – dei de ombros... Provavelmente respondeu a algum insulto da Rayana! Parece que ele disse algo com... copo...
- Eu entendi! Ele disse ‘Olha a foto!’ – Melanie disse sorridente e confusa ao mesmo tempo – Ah, mas por que ele iria falar pra ela “olhar a foto”?
- Erm... pessoas... eu acho que ele não disse foto, mas sim moto! – Micael estava em pé na porta e virou o rosto pra gente fazendo uma expressão assustada. Eu fiquei com medo.
- Moto?! Olha a... MOTO! OMG! – Mel se levantou rapidamente do degrau da escada, onde estava sentada e deu uns passos até a porta, Micael deu espaço e ela já saiu com as mãos na boca. Eu e todo o resto da cambada também corremos para a porta. Um frio gelado me cortou por dentro quando eu vi a situação ali.
Uma moto caída no meio da rua, Pedro debruçado sobre uma criatura imóvel, que pode ser chamada de Ray, um capacete prateado, e um macacão preto jogado por ali também, cujo “recheio” pode ser chamado de motoqueiro distraído.
- Ai meu Deus ai meu Deus – parece que a Melanie tinha esquecido como falar outras palavras e só falava essas três enquanto se aproximava do local do acidente.
Micael retornou logo ao interior da casa para ligar chamando uma ambulância. Pedro observava atentamente se ela estava respirando, dava pra ver que suas mãos tremiam feito gelatina. Eu também me tremia toda, nunca tinha visto um acidente assim tão “próximo” em todos os sentidos, digo, estando fisicamente perto e tendo ligação próxima com a pessoa acidentada. Senti Arthur me abraçar por trás de repente, acho que ele deve ter percebido que eu estava meio chocada... Não sei o que seria de mim se ele não estivesse aqui passando uma força! O ouvi sussurrar docemente na minha orelha ‘se acalma, ela vai ficar bem!’, em seguida apoiou o queixo na minha cabeça. Me segurei com força nas palavras dele, perder a Ray seria como perder uma irmã de quatro anos, porque afinal de contas, é mais ou menos esse o tempo que o pai da Rayana se casou com a minha mãe e me deu essas irmãs de brinde! Eu reconheço que elas fazem umas merdas de vez em sempre, mas são muito importantes pra mim. Isso sem dúvida!
- Ray… – Mel falava baixo perto dela enquanto dava leves cutucadas em seu ombro. Não tinha marcas de sangue nem nada, mas ela bateu a cabeça no chão, isso sim é preocupante.
- Chegam em cinco minutos. – Micael veio falando. Não demorou muito e Rayana parecia movimentar os dedos, que estavam entrelaçados aos dedos da irmã. Ela estava mesmo acordando, depois de um tempinho abriu os olhos.
- Ray! Como você ta se sentindo? Quer que chame o pai?
- Calma aí Mel... – ela respondeu e um sorriso fraco se formou em seu rosto. Parecia estar achando graça do estado de sua irmã.
- Espera Ray, num se mexe não. É melhor ficar parada, você não sabe se quebrou alguma coisa! – Pedro pesou a mão sobre o ombro dela quando ela fez menção de levantar. Rayana voltou a encostar a cabeça no asfalto e manteve o olhar na direção dele, ainda com o sorriso fraco nos lábios.
- E ele, será que morreu? – Chay se aproximou do motoqueiro, me toquei de como a gente foi cruel, nem demos atenção pra ele! Cheguei mais perto também. Me tranqüilizei um pouco ao ver que Ray estava pelo menos falando e pude me soltar dos braços de Arthur. Não que estivesse ruim, mas... Ah, vocês entendem! Não dá pra fazer o Arthur de chaveirinho também né, pelamor!
- nhounainuai! – o cara tava gemendo umas coisas que ninguém entendia.
- Hein, o que que foi? Você ta legal cara? Pode se mexer? – Sophia se abaixou perto dele.
- yokigofuaorraé! – ele resmungou mais uma vez. Cara estanho! Será que é grego?
- Erm... Já chamamos a ambulância, daqui a pouco eles chegam! – tentei ser simpática né, apesar de não saber o que ele falava...
- TIRA ESSA PORRA DO MEU PÉ! – o sujeito gritou de repente. Me assustei, fact! De onde ele tirou força pra gritar daquele jeito se até agora parecia que tava miando?! Deve ser ninja...
- Eita, merda! – Sophia viu que era uma parte da moto que havia ficado sobre o pé dele. Micael foi tirar. Graças aos céus aquela coisa não esmagou o pé do coitado. Seria feio de se ver, sabe!
Quando eu fui prestar atenção na Ray de novo, ela já estava sentada e com as mãos na cabeça. Se dizia tonta e a voz saía fraca. É, pelo menos o motoqueiro tinha seu capacete! Rayana parece ter ficado pior que ele.
O barulho das sirenes pôde ser ouvido logo. Em menos de quinze minutos estávamos todos no hospital de Bedford.

Lua OFF

POV Arthurx


- Por que as meninas e aqueles dois enxeridos foram na ambulância com ela e eu não pude ir também? Mas que droga cara... – Pedro resmungava enquanto passava as marchas de má vontade, aplicando mais força que o necessário. Comecei a ficar irritado com ele falando sem parar. Mas até que eu entendo o lado dele, ele gosta (mesmo) da Ray e se tivesse acontecido isso com a Lu eu estaria surtando também.
- Relaxa aí cara. Micael e Chay foram com elas e nós de carro, o que é que tem nisso?! E vê se dirige direito. Não queremos mais acidentes...
- Eu vou me sentir muito mal se ela não ficar bem! VOCÊ NÃO ENTENDE QUE FOI TUDO CULPA MINHA?
- Hey! Se acalma e presta atenção na droga da rua, caraíí! Quer que eu dirija?
- Não... – ele suspirou e parecia estar se acalmando. Agradeci mentalmente por isso!
- Não foi nada culpa sua, seu burro. Pode tirar essa idéia ridícula da cabeça. – falei mesmo! Ué? Não foi culpa dele! Era só o que faltava ele ficar com essas idéias de culpa e não sei mais o que...
- Eu só queria vê-la e queria ficar bem com ela de novo. – ele falou cabisbaixo e nós escutamos uma buzinada um tanto ignorante.
- Olha o sinal, mula – eu falei rindo e Pedro acordou pra vida. É engraçado ver o Pedro assim apaixonadinho, nunca pensei que estaria vivo pra vê-lo desse jeito!
- Mas que porra de trânsito...
- A GENTE JÁ TA PRATICAMENTE NA RUA DO HOSPITAL PEDRO, SE CONTROLA FANDANGO SALTITANTE! – às vezes eu preciso segurar o braço do meu amigo e dar uns berros. Ele é meio atacado sabe... mas hein? Qual é a do fandango saltitante? Acho que to andando muito com a Lua, ela que diz essas coisas gays assim!
- É que esse caminhão de bosta – era o caminhão de lixo – não sai da minha frente, e por que diabos não tem nenhuma floricultura aberta nessa porra? Vão se foder! – eu vou dar um sabão daqueles de coco pro meu amigo lavar a boca! Só pra constar...
- Se quando a gente entrar no hospital você continuar falando alto esse monte de maluquices, eu vou fingir que não te conheço. – cruzei os braços e Pedro respirava fundo enquanto me encarava. A gente já tinha chegado no estacionamento e o faniquito dele já estava me preocupando, de verdade.
- A Rayana vai ficar comigo. Não vai?
- Vai cara! – dei uns tapinhas no ombro dele. É claro que eles vão voltar a ficar juntos sim, os dois são meio lunáticos, perfeitos um pro outro! Devem ser do mesmo planeta ou sei lá... Tudo bem, parei! Eu gosto do meu chapa, ok? Só eu posso falar que ele é lunático/atacado/gay! Vocês não.
Entramos no hospital e Pedro já parecia um garoto normal de novo. Ainda bem, porque um monte de gente SABE que eu o conheço, então nem daria pra fingir... Fomos até o balcão perguntar pelo quarto da Ray e todas essas coisas; a mulher que estava lá disse que a Rayana e também os nossos amigos estavam no segundo andar. Começamos a andar em direção ao elevador, mas de repente notei que Pedro não estava mais do meu lado. Olhei pra trás e vi o safado do Pedro chegando perto de uma garota. Ela segurava um vistoso arranjo de flores e... hey? Espera aí! O que ele vai fazer? Não... ele não vai fazer isso! Não seria capaz! Erm... COOOORREEE!
Pedro veio correndo na minha direção com aquele buquê soltando pétalas pra todos os lados e nós dois corremos numa direção qualquer. Eu juro que eu mato esse filho da puta! Catou o buquê da menina, cara! E ela ainda tentou correr atrás da gente, mas nós somos fodas!
- Por que... você fez... isso... seu filho... da... puta?! – falei meio sem fôlego dentro do elevador. Será que eu to precisando malhar mais? Ou talvez fazer mais shows?
- Eu precisava... de um buquê... ué! – ele deu de ombros e a gente começou a rir.
- Ladrão de flores! – dei um pedala naquela cabeça parada à minha frente. Pedro virando delinqüente. Sem comentários.
- Eu não roubei, você não viu o bolinho de dinheiro que eu joguei pra ela no chão?
- Assim... Não era mais fácil você perguntar se ela QUERIA vender?
- Ah, tipo 'Oi moça, eu sou um pobre cara que não encontrou uma floricultura aberta, dá pra me vender essas flores aí ou tá difícil?' – Pedro torceu a boca de um jeito engraçado e eu ri dele. Maluquinho de tudo... Saímos do elevador e logo avistamos o quarto que nos informaram.
- Vai lá que eu fico aqui. – dessa vez eu sorri pra ver se encorajava Pedro. Ele agora parecia estar se cagando. Alguém pode me dizer como é que ele roubou aquelas flores na maior moral e na parte mais fácil - que eu acho que é entregar as flores, né?! - Ele fica com aquela cara? Hunpf... coisas de Pedro!

Arthur OFF

Pedro entrou no quarto de número 205. Numa mão as flores e na outra o peixe de pelúcia, que ele fez questão de trazer. Rayana estava lá apenas aguardando resultados de exames que fez da cabeça, alguns raios-x, etc. Ela estava em pé, observando a rua pela janela quando Pedro encostou a porta e ela se virou.
- Oi.
- Oi Ray, o que ta fazendo assim de pé?
- Eu to bem, Pedro. Foi só uma queda.
- Eu vi o acidente! Vi como você ficou lá parada! Não é como se você simplesmente tivesse caído da cama! – Pedro foi andando pelo quarto e sentou no leito do hospital. Bateu no colchão para que ela sentasse ao lado dele.
- Eu trouxe o Jão.
- Jão?
- Jorjão! – Pedro abriu um largo sorriso e ergueu o peixe de pelúcia na direção dela. Rayana sentou e o pegou nos braços.
- É... tem cara de Jão. São minhas? – ela olhou agora para as flores.
- Ah sim! Comprei especialmente para você! – cara de pau.
- São lindas! Mas... – ela diminuiu um pouco o sorriso ao reparar bem nas flores, elas estavam meio ‘desmanchadas’.
- Mas o que?
- O que aconteceu? Elas parecem... erm, meio bagunçadas!
- Ah, é que tava ventando muito lá fora... – cara de pau ²!
- Oh, tudo bem! Adorei mesmo assim...
- Erm... Ray, me desculpa.
- Pedro…
- Espera! É sério Ray! Por tudo! O acidente foi culpa minha, eu fiquei com medo de você não querer me ver!
- Você não teve culpa, eu que saí no meio da rua...
- Mas você não teria saído se não estivesse discutindo comigo! Eu te falei pra sumir, mas hoje eu vi mais uma vez nessa vida que eu preciso ter muito cuidado com o que peço quando to estressado! Olha, eu fiquei chateado com toda aquela história do Dean, mas isso ficou muito minúsculo perto do medo de não te ver mais! – Pedro passou a mão pelo rosto de Rayana. Ela manteve o olhar em algum ponto qualquer e ficou pensativa por segundos.
- O que te deixou tão perturbado nessa história com o Dean, Pedro?
- Ah eu sei lá... Eu acho que eu tive ciúme, não sei.
- Mas é isso que eu não entendo! Como pode ter ciúme de um PRESUNTO? Em outras palavras... ele já morreu, né Pedro!
- Eu sei, mas... eu tenho ciúmes do jeito como você fala dele, do jeito como você lembra dele, do jeito como você pensa nele, do jeito como você ainda gosta dele e sente saudades!
- Hey, hey pode ir parando! Quem disse que eu sinto tudo isso?
- Não precisa dizer, isso ficou claro pra mim depois de tantas vezes que eu ouvi sua voz pronunciando o nome dele de um jeito que não pronuncia o nome de mais ninguém. E o que eu vejo nisso tudo é que você nunca vai gostar de mim como gostava dele!
- Você é péssimo em ficar adivinhando pensamentos, sabia?! O tempo todo não era nada disso... Eu admito que me encantei quando vi o Dean pela primeira vez, mas quando ele me deu aquele beijo de repente não foi nem metade do que eu esperava. Eu acredito naquela coisa de borboletas no estômago, lombrigas sapateando, levitar do chão e tudo isso que parece impossível, mas que realmente pode acontecer e basta estar com quem a gente gosta. Não teve nada disso com o Dean e eu já pude perceber nos primeiros dez segundos de beijo que ele não era quem eu procurava.
- Mas e todas aquelas vezes que eu te vi falando dele como se fosse um rei e tal?!
- Eu tava brincando com as meninas... Ainda tava tentando assimilar que já tinha achado o cara que superou qualquer expectativa que eu tivesse. O cara que trouxe as borboletas pra dentro do meu estômago!
- Então você achou o cara é?
- É, achei! – estavam sorridentes e se aproximavam com pequenos pulinhos.
- Mesmo que ele tenha gritado com você e chamado o Jorjão de idiota? - e Pedro apertou o rosto do peixinho com a palma da mão.
- Aham. Mesmo assim, as borboletas continuam todas aqui!
Ray parecia caçar alguma coisa no fundo dos olhos dele. Estavam bem próximos quando alguém abriu a porta e os dois voltaram a se afastar. Era o médico que a atendeu. Disse que estava tudo bem com ela, os exames deram ótimos resultados. Nem Ray e nem o motoqueiro precisaram de internação. Aliás, o motoqueiro permaneceu no hospital por menos de dez minutos. Logo saiu andando como se nada tivesse acontecido. Todo o restante dos amigos estavam numa sala de espera. Sophia, Melanie e Lua estiveram com Rayana antes de Pedro chegar. Arthur se juntou a eles e as meninas explicaram que Ray fez uns exames e parecia bem normal.
Sophia estava sentada no colo de Micael e começou a rir de repente.
- Que foi Soph?
- É que seu celular ta vibrando aí no bolso, me fez cócega poxa! – ela falou rindo e todos começaram a rir da cara dela. Não demorou muito pra passar uma enfermeira de cara feia pedindo silêncio.
Micael se afastou por uns minutos pra conversar e logo voltou sorrindo.
- Quem era? – Lua quase pulou em cima dele.
- Pra que quer saber?
- Ah, pra nada... Pensei que fosse algum show!
- Não vou contar pra você.
- Vai contar sim!
- Arthur, manda a sua garota sentar senão eu não conto pra ninguém!
Arthur abraçou Lua e a fez sentar em seu colo.
- Era o nosso amiguinho dos clicks, o Joey.
- Ah, e o que ele queria? – perguntou Chay.
- Convidando pra uma festa, sexta-feira.
- Eba, festa! – Melanie suspendeu os braços – A gente ta precisando de uma festa pra esquecer o desastre que foi a última!
- Concordo! Mas a gente precisa saber como é que a Ray vai estar, né... - Lua lembrou desse detalhe e todo mundo ficou pensativo... Será que Rayana e Pedro estavam finalmente se entendendo ou não?

#Quarto 205#

- Então a senhorita está liberada a partir desse momento. – o médico dizia enquanto examinava uma última vez os olhos de Rayana com aquela luz irritante. – Foi sorte não ter acontecido nada, o seu acidente não foi tão leve assim!
- É doutor, mas ainda bem! – Pedro estava lá dentro ainda e sorriu pra ela. O médico entregou a ele a receita de um antiinflamatório e se retirou dizendo que ela poderia ir embora a qualquer instante e passar na recepção. Pedro segurava a receita e o agasalho pra ela e passou na frente para abrir a porta, mas Rayana segurou seu braço.
- Pedro…
- Hum? – ele se virou.
- Só me responde uma coisa.
- Diga!
- Me diz que aquele não foi o último amo você que te escutei falar.
Pedro sorriu e encostou a testa na dela, sem desviar o olhar dos olhos dela.
- Olha Ray... Aquele foi o último sim. Daquela semana!

Lua POV

Abri a porta e vi o que todo mundo queria ver, o casal de pombinhos no maior agarramento lá! Posso falar? Arrepiei!

Lua’ OFF

Arthur POV


Pedro pegador… RÁ! É dos meus!

Arthur OFF

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