- Lu, acorda! – Ray pulava em cima da cama de Lua - detalhe: com ela deitada lá...
- Soph vai chegar, Soph vai chegar! – Mel também dava seus pulinhos histéricos só que no chão mesmo.
- Han... o quê? Vocês estão derrubando meu quarto! Que horas são? – Lua tentava se sentar na cama sonolenta.
- Duas da tarde. – Ray pulou pra fora da cama e olhou em seu relógio no pulso.
- CARALHO, VOCÊS ME DEIXARAM DORMIR ATÉ AGORA?! – Lua se livrou rápido das cobertas e levantou da cama – Sophia chega daqui à meia hora lá na estação, temos que voar pra lá!
- Calma, Lu! O Micael já se ofereceu pra levar vocês até lá de carro e trazer a Soph! – Mel tentava desacelerar um pouco a menina que jogava roupas em cima da cama enquanto escovava os dentes.
- O quê? Cooarrim oces? – Lua falou com a boca cheia de pasta mas achou melhor terminar e repetir – Como assim vocês, quer dizer que você não vai?
- Não, porque eu fui encarregada de ficar aqui e preparar umas guloseimas! – Mel tem habilidades na cozinha e isso é muito legal!
Uns minutos depois, Micael, Lua e Rayana já estavam quase prontos pra sair, quando tocou a campainha.
- Fala, cara! – Micael abriu a porta e era o Chay.
- E aí, Micael! Vim pro ensaio... faz tanto tempo que não tocamos que eu já estou ficando com saudades!
- Hummm... essa frase foi comprometedora, hein Suede?! – Ray falou aparecendo atrás de Micael.
- Chay! Já falei pra não deixar as meninas descobrirem o nosso relacionamento! Seja mais discreto! – Micael apenas falou rindo e deu um tapa na cabeça do amigo.
- Oi, Chay! Olha, você vai ter de esperar só mais um pouquinho pra matar a saudade, tá?! – agora foi Lua que apareceu ao lado de Ray.
- Por que? Micael, você tinha falado ontem que o ensaio foi adiado pra hoje ou é impressão minha?
- Uhum! Eu tinha adiado mesmo pra hoje, mas esqueci de avisar que tem uma amiga da Lu chegando e eu vou buscá-la agora. Se quiser esperar eu voltar pra ensaiarmos...
- Ah não... não tem pressa, estamos de férias com a banda mesmo! Podemos desenferrujar amanhã ou outro dia... deixa que eu aviso os caras. – Chay já ia virar pra ir embora quando Lua falou.
- Por que você não entra? A Mel ia gostar de te ver...
- Hum? Ela não vai sair com vocês?
- Não, ela está na cozinha preparando alguns lanches gostosos pra quando voltarmos! – Lua explicou com um sorriso de segundas intenções que Chay captou e imitou logo depois.
- Pensando bem... acho que ela não ia gostar de ficar sozinha sem ninguém pra ajudar, não é?!
- Hey, eu não vou te deixar sozinho numa casa com uma prima minha! – Micael se fingiu de muito injuriado.
- Poxa, Micael! Se você não confia no seu amigo, pelo menos confia na sua prima... – Ray pediu lançando aquele olhar suplicante que toda mulher - e também do gatinho do Shrek - sempre sabe fazer.
- Tá bom, entra logo que já estamos atrasados, Suede. E... juizo com ela, okay?! – Micael apontou o dedo pra Chay enquanto ele passava ao seu lado. Mesmo não sendo primos de verdade, Micael se preocupava com Mel e Rayana como se fossem. Ele fechou a porta e foi com Lu e Ray em direção ao carro. Enquanto Chay, dentro da casa, observava da sala a entrada para a cozinha e podia ouvir os barulhos que Mel fazia lá dentro. Foi se aproximando devagar com passos pequenos e silenciosos.
No carro!
- Acho que a Mel deve ter ficado feliz quando viu Chay! – Ray dizia já dentro do carro com Micael dirigindo e Lu no banco do passageiro. Eles acabavam de dobrar a esquina ao final da rua.
- Você acha? Eu tenho infinita certeza! – Lua repondeu rindo.
- O Chay é um cara legal, ele não seria capaz de sacanear a Mel. – Micael sorriu ao volante e olhou rapidamente para a Lu e Ray que também sorriam.
Em casa!
Mel ainda não tinha visto que Chay estava ali, ele simplesmente ficou escondido atrás da entrada da cozinha. Achando que estava sozinha, Mel começou a cantarolar a música que ouvia em seus inseparáveis fones de ouvido. Era uma música animada, que fez a menina se soltar um pouco mais e começar a balançar a cabeça pros lados enquanto cantava o refrão.
…
Let's rough it up
(Vamos bagunçar)
Till they shut it down
(Até que eles desliguem)
It's oh-oh-obvious
(É, oh, oh, óbvio)
Right here's where the party starts
(É bem aqui que a festa começa)
With you and me all alone
(Com você e eu sozinhos)
No one has to know
(Ninguém precisa saber)
It's oh-oh-obvious to me
(É oh, oh, óbvio pra mim)
How it's gonna be
(Como vai ser)
Oh-oh-obvious
(Oh, oh, óbvio)
When you come close to me
(Quando você chega perto de mim)
Mesmo ela não sendo cantora nem nada, conseguiu prender toda a atenção de Chay, ele deu uns passos pra frente e ficou parado observando-a cantar e mexer os quadris de costas pra ele. Ficou tão hipnotizado que levou um susto muito grande que o fez perder o equilíbrio e cair quando seu celular começou a tocar no bolso do agasalho. Mel arrancou os fones da orelha e foi ver que barulho foi aquele que ela quase tinha certeza que escutou atrás do balcão. Viu então um menino bobão com a bunda no chão...
- Chay?! V-você está bem? – ela de tão surpresa gaguejou um pouco.
- Estou... me ajuda aqui? – ele estendeu as duas mãos pra ela puxar e ajudá-lo a se levantar do chão. Ao ficar totalmente de pé, Chay percebeu que os corpos dos dois estavam perigosamente próximos! Ela podia sentir suas bochechas ardendo, provavelmente estavam vermelhas como uma plantação de morangos e ele escutava seu próprio coração batendo como se estivesse ao lado do ouvido.
- Você não... não vai atender? – Mel falou pausadamente pra não gaguejar outra vez. Ela se referia ao celular que ainda tocava no bolso dele.
- Awn... é o Rick. Espera só um instantinho. – ele olhou o visor do celular e resolveu atender, podia ser importante... foi conversar com o empresário na sala enquanto Mel tentava voltar a se concentrar nos cookies que fazia.
O papo com Rick foi rápido e logo depois, Chay já ligou pra Pedro e Arthur dizendo pra eles não aparecerem pra ensaiar.
- Oi, Mel. – Chay parou mais uma vez na entrada da cozinha, só que dessa vez, deixando sua ilustre presença ser percebida.
- Han... já conversaram?
- Ah, é foi rápido! Era só o Rick dizendo que quando acabarem as nossas folgas, ele vai querer conversar conosco... – Chay explicou e puxou uma cadeira.
- Hum... Fiquei surpresa quando te vi aí. O que fazia sentado no chão, posso saber? – Mel conversava de costas, sem se virar pra ele.
- Eu caí porque me assustei quando o celular tocou. Acho que estava prestando muita atenção em alguém que dançava na minha frente. – após ouvir isso, agora sim ela virou a cabeça pra trás. Não conseguiu pensar em nenhuma resposta, então apenas sorriu tímida e voltou a olhar pra frente instantes depois.
- O que você está preparando?
- Cookies. Você gosta?
- Uhum! Quer ajuda?
- Se não for pedir muito, seria ótimo! – os dois sorriram, Chay se levantou da cadeira e foi pro lado dela.
- Então... o que eu faço?
- Corta em pedacinhos pequenos essas barras de chocolate enquanto eu estou misturando a massa...
- Yes, sir! – ele fez sinal de continência e começou a lavar as mãos.
No carro!
- Chegamos crianças! – Micael falou parando o carro e puxando o freio de mão. As meninas desceram e foram os três entrando na estação de trem. Lua já olhava para todos os cantos da estação procurando pela amiga, que podia estar sentada em algum banquinho esperando por eles. Como ninguém achou Sophia esperando em canto nenhum, procuraram informações sobre o trem que ela pegou e foram esperar na plataforma certa.
- Tomara que ela passe vários dias aqui conosco! Ela virou a minha companheira de compras preferida! –Ray falava empolgada.
- Puxa, fiquei até com ciúmes agora... – Lua se fez de ofendida.
- Ah Lu, você sabe, poxa! É que você e a Mel cansam logo enquanto que eu e ela não, podemos passar uma semana inteira fazendo compras sem parar!
- Vocês são doentes, isso sim! – Lua riu e os três viram que o trem já vinha. Ficaram de pé e observaram o trem parar, depois várias pessoas saírem e nada da Sophia. Ok... ela foi uma das últimas a sair!
- Soph! Eu já estava desesperada pensando que você não estava aí nesse trem! – Lu foi abraçá-la e em seguida, Ray. Micael esboçou um pequeno sorriso e lhe deu um beijo na bochecha.
- Demorei um pouco pra sair porque nem vi que já estava chegando, eu caí no sono!
- Err... deixa que eu carrego. – o garoto se ofereceu pra levar a mala e ela agradeceu com um sorriso tímido.
- Obrigada, Micael.
- Então... você está melhor, Soph? Mandou a carta? – Lua quebrou o silêncio enquanto eles começavam a caminhar.
- Uhum. Foi a primeira coisa que eu fiz quando acordei hoje!
- Que carta? – Ray quis saber e Micael já andava mais à frente com a mala.
- Quando chegarmos eu conto tudo direitinho pra você e pra Mel. Aliás, ela está bem? Por que ela não veio?
- Ficou lá preparando alguma coisa pra comermos quando você chegasse. Mas eu temo que nós vamos ter de ficar com fome porque com o Chay lá sozinho com ela, acho que vai acabar não preparando nada! – Lua ria maliciosamente.
- Você acha? Agora sou eu quem tenho infinitas certezas! – Ray acompanhou com a mesma risada.
- Não estou entendendo, quem é esse Chay?
- É um amigo do Micael, faz parte da banda... vocês serão apresentados depois! Mas vamos logo porque eu quero chegar em casa e ver se teremos ou não algo pra comer! – Lua começou a correr saltitante em direção ao carro. Viu que Micael acabava de pôr a mala da Sophia no porta-malas e estava desprevenido. Logo, pulou nas costas dele. Adorava fazer isso porque ele sempre se assustava! Só que dessa vez ele não se assustou e começou a girar com ela presa às suas costas. Eles soltavam aquelas risadas alegres e todo mundo passava olhando e achando que eles eram só mais um casal de bobos e apaixonados. Ray e Soph se entreolharam vendo os dois, bufaram e entraram no carro.
Em casa!
- Não, Chay! – Mel ria enquanto tentava se defender como podia dos pedacinhos de chocolate que Chay jogava no rosto dela, tentando acertar a boca.
- Espera! Fica quieta! Eu vou acertar um!
- Pára, Chay! Me ajuda a terminar de pôr os biscoitos na placa primeiro!
- Tudo bem! Está com medo que eu acerte mesmo!
- Não! Estou com medo que os cookies não estejam nem sonhando em estar prontos quando Soph chegar! – ela respondeu ainda tentando ficar séria. Coisa meio impossível com Chay Suede e suas criancices fofas.
- Essa Soph deve ser uma obesa, se você tem que ficar preparando cookies pra ela! – Chay cruzou os braços como uma criança emburrada.
- Nossa, ela é muito gorda, você não imagina o quanto! – Mel falou num tom irônico, Sophia era a pessoa mais magrinha que ela já viu em toda a vida. Chay foi ajudando a completar a placa com biscoitos, quando terminaram ela levou ao forno e ao se virar de volta pra ele, mais pedacinhos de chocolate já estavam voando em sua cara!
- Falei que eu não ia desistir? Não deve ser tão difícil! Fique aí onde está!
- Chay... sinceramente! Deve ter alguma criança de cinco anos possuindo o seu corpo nesse exato momento!
Eles não perceberam, mas Arthur e Pedro haviam acabado de entrar na casa. A porta estava aberta e eles foram entrando... chegaram perto da cozinha e antes que pudessem ver as duas figuras, ficaram ouvindo a conversa.
- Espera... fica assim mesmo que está ótimo!
- Chay! Isso é inacreditável, não acredito que estamos aqui no meio da cozinha...
- Calma, Mel! Abre a boca mais um pouco, senão não vai entrar.
As caras que Arthur e Pedro faziam eram inexplicáveis!
- Chay, águem porre rregarr! – ela falava com a boca um pouco aberta, quis dizer ‘alguém pode chegar!’
- Só mais um pouquinho, eu estou quase conseguindo!
Arthur já passava as mãos bagunçando todo o cabelo e sacudia a cabeça incrédulo, enquanto Pedro estava roxo de tanto prender a gargalhada alta que queria sair.
- AH! Foi!
Na hora que os dois ouviram os gritos de Chay e Mel rindo, não conseguiram se conter e botaram as caras na entrada da cozinha. Viram Chay com pedacinhos de chocolate nas mãos e os braços esticados pra cima. Não puderam se segurar com aquela cena e as gargalhadas saíram altas, surpreendendo os dois na cozinha, que ficaram quietos.
- Arthur... Pedro? O que fazem aqui? – Mel perguntou um pouco envergonhada pela bagunça que ela e Chay estavam fazendo na cozinha da mãe do Micael.
- É que a porta estava aberta... mas, cara, vocês são loucos! Quase nos mataram de susto! – Arthur falava um pouco embolado, devido aos risos no meio das palavras, enquanto Pedro, nem ao menos respirar conseguia.
- Hum? Morrer de susto? – Chay perguntava sem entender enquanto comia alguns dos pedaços de chocolate que restaram nas mãos.
- A gente chega... Ouve você falando pra Mel ter calma e abrir mais a boca senão não vai entrar! Você quer que pensemos o que?! – Pedro falou recuperando o fôlego depois das risadas. Mel arragalou os olhos e olhou pra Chay, que sorria de um jeito abobado com o queixo ligeiramente caído.
- Chay, taca chocolate neles! – Mel gritou e apontou para os dois meninos. Chay fez que sim com a cabeça e imediatamente já começaram os pedacinhos de chocolate voando pela cozinha outra vez. Os quatro bagunçaram ainda mais aquele lugar, se é que isso era possível! Quando deram por si, havia chocolate por todos os cantos e neles também...
- OMG! Micael vai chegar e isso vai estar... ASSIM?! – Mel se desesperou olhando pro relógio, eles já deviam estar chegando!
- Dizemos que foi tudo culpa do Chay! – Pedro falou.
- Hey?! – Chay cruzou os braços.
- É... pior que foi mesmo Chay, você que começou com esse negócio de querer jogar o chocolate dentro da minha boca!
- Ah, mas se os enxeridos do Arthur e do Pedro não tivessem entrado aqui sem ser convidados pelo Micael... Micael! – Chay viu Micael em pé logo atrás dos outros três que estavam à sua frente, parou de falar na mesma hora e ficou pálido. Arthur, Mel e Pedro se viraram pra trás devagar pedindo mentalmente que aquilo fosse brincadeira do Chay... não era.
- Err... Oi! – Mel falou rápido e se escondeu no meio dos dois meninos, botando eles na sua frente.
- O que aconteceu aqui? Passou um furacão?! – Micael olhava incrédulo o estado da cozinha.
- Caralho! O que vocês fizeram?! – Ray apareceu logo atrás de Micael, também observando tudo pasma. Soph e Lu se infiltraram no meio deles, que estavam tampando a entrada. Quando entraram ali também ficaram surpresas e apenas riram.
- Desculpa aí, cara... foi mal... – Arthur e Pedro sussuraram baixinho como se tivessem combinado.
- E você, Chay? Não tem nada pra dizer, não?! – Micael se dirigia ao menino que parecia estar em transe. ‘Retiro o que disse sobre ela ser obesa!’ Chay pensava antes de ser acordado.
- Hum? E-eu? – olhou pra Micael, acordando do transe que ficou ao ver Sophia entrar e rir pra ele. Quer dizer... rir dele!
- Claro que é você! Está vendo outro Chay Idiota Suede sujo de chocolate por aqui?
- Desculpa cara! Foi sem querer, quando vimos já estava assim... – Após essa frase de Chay, os outros três ‘culpados’ afirmaram com a cabeça olhando pra Micael.
- Por acaso tem mais desses malditos chocolates picados aí? – Micael perguntou levantando uma das sobrancelhas. Mel olhou pro balcão de mármore, havia milhares deles ainda. Micael foi caminhando calmamente até o balcão enquanto todos o observavam quietos. Pegou um punhado, jogou alguns pedaços na boca. Todos se entreolhavam. Quando Micael lançou seu olhar mortal pra todos eles...
- Coooooooooorreeee negadaaa! – Mel gritou e todos dispararam pela casa debaixo de chocolates e mais chocolates acertando suas cabeças.
Capítulo 9 – A casa-monstro.
A guerra de chocolates durou até a hora que eles sentiram o cheirinho bom dos cookies assando no forno. Interromperam a brincadeira imediatamente e foram comer, feito uns mamutes esfomeados no deserto...
- Cara... isso foi muito bom! – Chay falou pousando a mão sobre o estômago. Ele se encheu de biscoitos assim como os outros.
- É o Arthur? – Sophia, que estava ao lado de Lua, sussurrou e ela apenas afirmou balançando discretamente a cabeça, olhando a amiga de canto de olho e esboçando um pequeno sorriso.
- Arthur! – Soph o olhou – Fiquei surpresa em te ver! O que faz aqui?
- Oi, Soph! Que saudade de você também! – ele riu irônico e voltou a falar – Faço parte da banda e fiquei também muito surpreso quando soube que a prima imaginária do Micael era a Lu!
- Imaginária? – Soph e Lu perguntaram ao mesmo tempo, se entreolharam e olharam pra ele.
- Era brincadeira minha, porque o Micael sempre fala da Lua, sendo que eu só tinha visto Rayana e Mel...
- Sempre fala de mim, Borges?! Ahn... descobri porque é que minha orelha às vezes ferve! – ela brincou e estranhou vendo que Micael estava um pouco vermelho. Mas não foi pelo que acabaram de dizer à mesa, e sim porque às vezes seu olhar se encontrava com o de Soph e, enfim...
- Minha mãe está me ligando. Acho que ela quer que eu vá pra casa! – Pedro se levantou mas antes que ele pudesse dar o primeiro passo, Micael correu e parou na frente dele.
- Ninguém vai sair daqui sem ajudar a limpar toda a bagunça antes, está ouvindo senhor Cassiano?!
- Anh... que seja... – Pedro bufou e revirou os olhos. Assim como Micael mandou, todos foram limpando a casa, até não sobrar mais nenhum pedacinho de chocolate grudado no chão, paredes ou móveis. Ficaram limpando até o anoitecer. O que eles sujaram em alguns minutos, precisou de horas pra limpar!
- Espera Lu, ainda tem chocolate no seu cabelo! – Soph avisou e Lu ficou parada esperando a amiga terminar de tirar alguns pedacinhos de chocolate que Micael grudou no cabelo da prima sem a menor dó.
- Tem chocolate no meu cabelo e é tudo culpa do Micael! – Lua tentou lançar o seu melhor olhar fuzilante mas não conseguia prender o riso.
- Você tinha razão, Lua! Vir pra cá foi a melhor coisa pra eu esquecer dos problemas! – Sophia também estava sorrindo. Aliás todos exibiam sorrisos bestas, apesar do cansaço que foi limpar aquilo tudo que eles bagunçaram.
- Também acho! – Chay estava próximo a elas e entrou na conversa.
- Também acha o que, Suede? – Lua se virou pra ele sem entender direito o que ele queria dizer.
- Que foi bom ela ter vindo! – respondeu com um sorriso no canto da boca e sentiu o rosto corar um pouco. Pois é, meus caros, não foi impressão! Suede ficou terrívelmente e instantâneamente fascinado pela Sophia. Mel não deixou de notar isso, durante todo o tempo que eles passaram limpando a sala e a cozinha, Mel viu cada olhar que Chay lançava à Soph e sentia pontadas no fígado cada vez que via Soph corresponder. Pontadas no estômago quando os dois sorriam um pro outro. Pontadas no peito quando trocavam palavras tipo ‘Ah, deixa eu te ajudar aqui. Oh, obrigada!’ enfim, pontadas por todos os lados corroiam Mel.
Micael também não parecia muito à vontade. Ninguém sabe, nem mesmo Lua, mas ele e Sophia estiveram juntos por um pouco tempo, ele ia praticamente todo final de semana visitar a prima e ver Soph. Mas isso terminou logo que ele descobriu que ela ficava também com o professor de química às escondidas.
Play Micael's Flash Back
- Lu, eu sou péssimo em química, não dá pra te ajudar a estudar! – estávamos no quintal da casa da Lua. Ela insistia que eu podia ajudá-la a estudar pra prova enquanto o que eu mais queria era sair dali pra encontrar Soph na sorveteria! Terceira vez que íamos ficar. A primeira foi na festa da Mel há duas semanas! Mais algumas vezes e eu ia pedir em namoro. Pena que deu tudo errado...
- Você não é tão péssimo, Micael! Com certeza não tanto quanto eu! Me ajuda, resolve só um negocinho desses pra eu saber como é...
- Mas eu não sei! Por que não pede ajuda ao seu professor?
- Porque ele fica muito ocupado ajudando Soph na salinha abandonada... – ela resmungou meio baixinho, eu não entendi muito bem mas ouvi o nome da Soph e quis saber.
- Soph? Salinha abandonada? Do que você está falando?
- Ai Micael... nada, não foi nada! Você está me deixando nervosa, se não quer me ajudar aqui tudo bem! Vai passear, vai. – ela ficou mesmo um pouco nervosa e começou a passar as folhas do caderno freneticamente. Aí tem coisa!
- Agora você vai ter de explicar o que foi que você disse! – olhei firme pra ela e ela evitava me encarar.
- É coisa da Sophia, Micael! Não posso falar.
- Nem pro seu primo favorito? – lancei meu melhor olhar de coelhinho da páscoa!
- É que ninguém pode descobrir, Micael! Senão tanto ela quanto uma outra pessoa podem ficar muito mal.
- Que outra pessoa? Você está me deixando mais curioso!
- Uma pessoa que pode perder o emprego.
- Quem? Anda, Lu! Eu juro que não conto! Até porque, eu nem moro aqui! Eu ia contar pra quem?!
- Que isso não saia daqui está bom?
- Prometo que não!
- É que a Sophia... Bom ela... Estápegandooprofessor.
- O que? Fala mais devagar, criatura!
- Ela e o professor de química estão... tendo um caso!
- Sério? – ouvindo aquilo parecia que todo o telhado da casa dela caía sobre mim. Fiz das tripas coração pra não deixar transparecer isso, ainda nem tinha contado que fiquei com a Sophia algumas vezes, acho que Sophia também não contou...
- Uhum. É isso.
- Nossa... que... diferente. – não sabia o que dizer, as palavras sumiram do meu vocabulário.
- Nem me fale! Mas só eu sei disso, ouviu?! Ignore totalmente esse fato! – claro, como se fosse fácil! A garota que tem me tirado algumas noites de sono está tendo um caso com o professor dela e eu fui feito de palhaço!
- Erm... Lua, eu acho melhor você continuar estudando. Não quero te atrapalhar, vou dar uma volta, ok?
- Está bom, né!? Ninguém quer me ajudar mesmo... – ela fez aquela carinha de ‘awn-puxa-vida!’ que só ela sabe fazer e eu sempre acho engraçado, mas naquela hora eu estava com muita raiva pra achar qualquer coisa engraçada! Me levantei, dei um beijo na testa dela e saí. Meus passos eram largos e eu cheguei rápido até a sorveteria. Queria ouvir da própria Sophia aquela história toda, ainda tinha esperança que fosse um mal entendido, mas não era. Cheguei e Soph já estava sentada numa mesa me esperando.
- Oi, está aí há muito tempo?
- Um pouco...
- Hum... estava na casa da Lu. Já pediu alguma coisa? – me sentei de frente pra ela.
- Já tomei um suco. – ela respondeu e olhou pro copo vazio ao seu lado. Fiquei fitando o copo até tomar coragem.
- A Lua estava estudando pra uma prova de química, você não quer estudar também?
- Ah não, não precisa.
- Ah não? Engraçado, nunca ouvi a Lu dizer que você é boa em química...
- É que eu já estudei, Micael. – ela fez uma pausa, depois olhou pra mim – Você está estranho, o que foi?
- É que ser usado e feito de palhaço não é lá muito confortável, sabe!
- Do que você está falando?
- É óbvio que você não precisa estudar pra química, porque você DÁ para o professor!
- Pirou, Micael?! Que maluquice é essa agora? – ela se desesperou um pouco e comoçou a olhar para os lados. Com essa reação, não tem nem o que perguntar mais...
- Pára de negar, eu já sei de tudo.
- Como assim? Tudo o quê?
- Olha, a Lua não teve culpa, tá?! Ela não sabe que nós ficamos... eu estava lá e ela resmungou alguma coisa, fiquei curioso quando pensei ter ouvido algumas palavras como ‘ocupado’, ‘Soph’ e ‘salinha abandonada’ na frase dela. O resto você já sabe, pressionei e ela me contou.
- Micael... é verdade, mas eu não queria que você descobrisse assim.
- Ah, é? E queria que eu descobrisse como então? Pegando vocês dois juntos? Ah claro, pra eu me machucar mais... só que isso ia ser meio impossível já que o otário aqui mora um tanto LONGE e só vem nos finais de semana, quando você não está na escola, seria perfeito manter dois idiotas assim por um tempão, não acha?!
- Pára de falar assim, tá bom?! Eu ia te contar!
- E ia fazer isso quando? Depois de aproveitar mais um pouquinho de mim? – comecei a me sentir uma mocinha!
- Eu estava tomando coragem... você não imagina como eu me senti mal nesses últimos dias porque eu gosto de você! Ficar com você me deixou confusa.
- Confusa o suficiente pra me enrolar ao invés de contar a verdade... Mas tudo
bem, pode ficar com o seu professor. Não se preocupe comigo, não vou espalhar seu segredo! – caía uma lágrima no rosto dela e eu não estava mais com paciência para aquilo. Me levantei e saí antes que ela falasse mais.
Stop Micael's Flash Back
O grupo, agora de oito pessoas com a chegada de Sophia, se ajeitou pra conversar sentados no chão da sala. Não queriam sentar no sofá pois havia manchas de chocolate em suas roupas!
- Até que conseguimos deixar mais limpo do que estava antes! – Ray olhava ao seu redor – Pena que eu esteja completamente moída! – e se jogou no colo da pessoa ao lado, que por acaso era o Pedro. Ele ficou alisando o cabelo da garota e perdeu a total noção do mundo. ‘Sério, eu podia passar o resto dos meus dias alisando o cabelo da Ray!’ ele pensava enquanto sorria bobo ao ver que ela já estava quase dormindo no colo dele.
Chay estava ao lado de Soph, que estava ao lado de Lua, que estava ao lado de Arthur, que estava ao lado de Micael, que estava ao lado de Mel, que estava ao lado de Pedro, que estava ao lado de Ray, que estava ao lado de Chay. Formaram uma rodinha, e vendo os amigos em círculo, Arthur teve uma idéia.
-vamos jogar?
- Ah não, Arthur! Verdade ou desafio de novo não! – Micael protestou, nessas brincadeiras ele sempre acaba tendo que fazer coisas que nunca faria.
- Por que não?! – Arthur insistiu.
- Porque isso é brincadeira de adolescentes... – Micael falava de braços cruzados mas o telefone começou a tocar.
- Espera, vou atender essa jossa... – ele se levantou, caminhou até o canto da sala e pegou o aparelho – Alô?... Oi! NÃO TEM VOZ NÃO, PORRA?! – e desligou o telefone.
- Nossa, o que aconteceu? – Ray falou se levantando sonolenta do colo de Pedro, ela estava quase sonhando já.
- Eu atendi e ninguém disse nada. Malditos trotes! – Micael respondeu erguendo os ombros.
- Pega o número e liga de volta?! – Lua falou como se fosse uma idéia óbvia.
- Claro! Vamos zoar com eles agora! – Arthur se levantou e foi animado esfregando as mãos pra perto do telefone. O número de onde receberam a ligação já estava sendo discado e começou a chamar, então Micael pôs no viva-voz.
- Uma... duas... três... ninguém vai atender, cara! – Chay contava os toques impaciente.
- Espera aí... é impressão minha ou eu estou ouvindo um barulho de telefone tocando? – Soph perguntou e olhou pela janela aberta da sala. Todos olharam pra ela e em seguida voltaram seu olhares para a janela também. Micael deu alguns passos pra se aproximar da janela, em poucos instantes, estavam todos juntos ali no maior silêncio prestando atenção no toque do telefone, que parecia muito vir da casa da frente, sincronizado perfeitamente com o barulho das chamadas no viva-voz. Os dois sons pararam ao mesmo tempo, como se alguém tivesse atendido e desligado em seguida. Todos ali se entreolhavam estáticos enquanto ouviam o ‘tu-tu-tu’ no viva-voz, perceberam muito bem que o telefone tocava mesmo na casa da frente! Foram dando passos pra trás, se afastando devagar e Micael fechou os vidros da janela com cara de assustado. Se virou para os amigos, que permaneciam em silêncio e levou as mãos à cabeça.
- Ah não, essa casa de novo!
- O-o-o telefone estava tocando lá?! – Lua apontou e olhava fixamente pra janela, como num estado de choque.
- Não pode ser... – Chay falou pensativo.
- Ué, gente! Era lá mesmo que estava tocando, naquela casa ali da frente que estava com as luzes apagadas! Não entendi o porquê de tanto espanto! Vizinhos folgados passando trote tem em todo lugar... – Soph falava sem entender aquelas caras preocupadas que todos faziam.
- Seria normal SE TIVESSE ao menos UM vizinho folgado lá! – Chay respondeu mas ela continuou com aquela cara de quem não estava entendendo ainda.
- Soph, meu frapêzinho de chocolate! Presta atenção... – Lua olhava pra ela como se fosse explicar algo à uma criança de três anos – É uma longa história, mas resumindo, não tem ninguém naquela casa porque o homem que morava aí foi assassinado, quatro meses atrás.
- O QUÊ?! OMG! – Sophia se assustou e agarrou a primeira criatura que encontrou ao seu lado esquerdo, era Mel.
- Ai, está me sufocando, cacete! – depois de algum sacrifício, Mel se livrou do sufoco e Soph ainda desesperada grudou na pessoa do seu lado direito, que era Chay. Mel apenas revirou os olhos, provavelmente sentindo mais uma pontada em algum de seus órgãos internos...
- Estamos ficando loucos, cara! Como pode sair uma ligação de lá, se ali não mora ninguém?! – Pedro, que ficou até agora calado, se pronunciou.
- Estou começando a me assustar! Isso foi igualzinho aquela cena de A Casa Monstro!– Ray falou olhando pro nada e Lu olhou pra ela surpresa.
- Você está começando a se assustar?! CARALHO, EU JÁ ESTOU EM PÂNICO! Com certeza não vou conseguir dormir! – ela cruzou os braços e se encolheu no meio dos ombros.
- Calma, Lu, pode dormir no meu quarto se quiser. – Micael se aproximou, passou um braço pelo ombro dela e lhe beijou no topo da cabeça.
- Hmmmm... – Pedro e Chay riram maliciosos. Arthur ficou só observando.
- Hey, seus pervertidos! Não tive segundas intenções, tá?! – Micael lançou um olhar de reprovação aos dois que ainda riam.
Capítulo 10 – Os opostos se distraem, os dispostos se atraem
Arthur, Pedro e Chay passaram em suas casas pra tomar banho, trocar de roupa e pegar alguns objetos pessoais, tipo escova de dente, pasta, etc e tal.
Depois voltaram pra passar a noite na casa de Micael e assim proteger as meninas assustadas. Colocaram dois colchões de casal no chão da sala entre os dois sofás pra todo mundo dormir ali e ninguém ficar com medo.
- Vai caber todo mundo aí? – Mel perguntou de um jeito meio fresco apontando pros colchões.
- Claro que cabe! Mas se você preferir... Pode ir dormir sozinha lá no seu quarto. –Micael brincou e ela negou com a cabeça freneticamente na mesma hora.
Ficou um colchão para três garotos e o outro para as três garotas, sendo que Arthur dormiu num sofá e Mel no outro.
Já passava das quatro horas da madrugada quando Mel acordou num susto porque pensou ter visto uma luz azul piscando na sala. Ela ergueu o tronco e ficou por um tempo sentada no sofá, observando os outros dormirem nos colchões. ‘Foi estranho! Quando eu abri o olho foi como se uma luz que estivesse iluminando a sala inteira e tivesse se apagado bem rápido! Deve ter sido algum delírio meu, afinal eu tava dormindo né... Vou tomar água. Ah não! Antes preciso ir fazer xixi!’ Pensando nisso, ela se levantou e foi ao banheiro do primeiro andar. Enquanto ela estava lá dentro, Arthur também acordou e foi direto à cozinha.
- OMG! – Mel se assustou ao entrar na cozinha e ver alguem lá. Mas se acalmou logo, ao perceber que era só o Arthur – você me assustou, não sabia que estava acordado!
- Ah, eu acordei de repente com sede... E você, tá conseguindo dormir ou ainda tá com medo da casa monstro?
Mel riu um pouco com a pergunta e comentou sobre o incidente da luz que ela pensou ter visto. Os dois conversavam baixinho agora, mas Lua já havia acordado com os gritos iniciais de Mel ao se assustar com Arthur. Continuou deitada no colchão de olhos fechados, apenas ouvindo os sussurros e algumas risadinhas.
- Eu também já fui acordado por uma luz... – Arthur contava depois de ouvir a história de Mel.
- Hum?
- É, os meninos estavam tirando fotos de mim dormindo porque eu tava babando!
- Ergh! – os dois riram e Arthur continuou contando as brincadeiras idiotas que eles gostavam de fazer quando alguém estava dormindo no ponto. Ouvindo as várias risadas baixinhas vindas da cozinha, Lua passou a imaginar o que eles estavam fazendo lá sozinhos, no escuro, e ficou triste sentindo o estômago pesado. ‘Ah, ele não muda mesmo...’ Pensou e depois abriu os olhos um pouco pra olhar os dois sofás e confirmar se eram eles mesmo. Após ver o sofá atrás dela vazio, Lua percebeu que o braço de Ray “repousava” sobre seu estômago! ‘Bem que eu tava sentindo um peso extra aqui...’ Pensou enquanto retirava o braço de cima dela com cuidado e voltou a fechar os olhos, dormindo tão rapidamente que nem viu se demorou para Arthur e Mel retornarem. E isso não demorou muito, logo voltaram, mas agora Arthur foi ao banheiro antes de se deitar. Mel estava se ajeitando no sofá, quando olha de relance para a janela e vê num cantinho uma cabeça que some rapidamente. Ela fica paralisada com as mãos na boca e os olhos esbugalhados. Arthur retorna do banheiro e estala os dedos na frente do rosto dela.
- Hey, você tá bem?
- Arthur – ela olhou pra ele ainda com os olhos asustados e a voz falha.
- O que foi? – ele perguntou num tom de voz calmo e baixo.
- Tinha alguém na janela!
- Espera. – ele então foi observar, não viu nada e voltou.
- Não vi ninguém Mel.
- Mas tinha Arthur! Olha só... Eu tava aqui e quando bati o olho na janela, assim sem querer, eu vi o formato de uma cabeça ali! Aí a “cabeça” se abaixou rapidinho...
- Eu não sei se era isso, mas a única coisa que eu vi foi um cachorro aí na calçada. – ele deu de ombros e beijou a testa da garota, que parecia estar se acalmando agora. Os dois voltaram a dormir em seus sofás.
Amanheceu e nossas crianças foram acordadas logo cedo pelo sol que entrava pelo grande vitrô da sala e batia naqueles rostinhos lindos.
- É muito cedo dude! Que dia é hoje mesmo? Acho que vou pra casa pra continuar dormindo na minha caminha!
- Primeiro: Hoje é quinta! E segundo: Deixa de ser manhoso Aguiar! – Micael jogou seu travesseiro nele – Aproveita que já tá todo mundo aqui e vamos ensaiar de uma vez!
- É cara... O Rick ligou ontem no meu celular, perguntou se a gente tem ensaiado ou se a gente criou alguma música nova.
- Como que é mesmo o nome disso que a gente ganhou por um mês? Pensei que se chamasse F-É-R-I-A-S! – Pedro falou ainda deitado e esticando os braços.
- A gente tá de férias dos shows, mas isso não significa que a gente tem que ficar sem tocar ou criar músicas! Nem sei como conseguimos um mês inteiro de férias, geralmente são duas semanas... – Micael falava já dobrando seu cobertor.
- To vendo que meu priminho acordou trabalhador hoje, hein! – Lua se sentou e esticou os braços pra cima, levantando o cabelo junto. Arthur, que estava logo atrás dela deitado no sofá, não pôde deixar de ver a tatuagem em sua nuca...
Play Arthur’s Flash Back
- Arthur, eu acho que to me arrependendo! – Lua ficou com uma expressão inexplicável no rosto ao dar de cara com as agulhas.
- Relaxa Lu! Esse desenho é pequeno, vai ser rápido! E eu to aqui com você, pra fazer a mesma tatuagem! Vamos enfrentar juntos, você vai ver! – eu falei cheio de ânimo e acho que consegui encorajá-la um pouco. A Lua é medrosa de tudo, mas está sendo obrigada a fazer uma tatuagem!
- Maldita a hora que fui apostar com você Arthur! – ela bufou e eu ri da cara bravinha e bonitinha que ela fazia.
- Lua! Olha bem pra mim, – segurei no ombro dela e a olhei firme – a gente vai passar por essa juntos! Vamos tatuar o mesmo desenho! Você na nuca e eu no peito. Daqui alguns anos, isso vai ser uma puta recordação que teremos um do outro! Não acha?
- Não tem um jeito menos dolorido pra gente se lembrar um do outro?
- Não vai doer tanto Lua, eu garanto! Pode começar moço... – olhei pro tatuador e ele mandou Lua se deitar de bruços e tirar o cabelo do pescoço. Dei minha mão pra ela e antes mesmo de começar a ser tatuada, ela já apertava como se estivesse num parto! Achei que fosse ficar sem mão naquele dia.
Stop Arthur’s Flash Back
Arthur permaneceu no sofá por um tempo, lembrando do dia que levou Lua pra fazer a tatuagem que ele acabara de ver em seu pescoço.
Com exceção dele, todos se levantaram para ocupar os... (leia brigar pelos) banheiros da casa.
PÓC-PÓC [n/a: sim, esse é o som de batidas na porta hushuahush]
- Errr... Eu não sei quem é que tá ai dentro, mas já tá ai há vinte minutos e tipo eu preciso MESMO fazer xi... – Sophia interrompeu a fala quando viu quem abriu a porta – Micael!
- Oi Soph. – os dois ficaram se olhando e ela até esqueceu o que ia fazer no banheiro.
- Oi... – respondeu e olhou pra baixo.
- Tudo bem?
- Uhum. Você?
- Também... – ele fez uma pausa, queria muito perguntar uma coisa, mas não sabia se era a hora. – Você ainda não contou por que tava chorando no telefone.
- Ahn... – ela engoliu seco, não queria falar do Chris pra ele – Nada, eu só descobri que não passo de uma perdedora, só isso... – afirmou parecendo calma.
- Hum... E o que foi que você perdeu para ser uma perdedora?
- Meu tempo... Talvez, algumas chances de ser feliz também. Mas pra que quer saber?
- Por nada... Pode usar o banheiro, você queria fazer um Micael, não é?
- O quê?!
- Quando eu abri a porta, você dizia quero fazer...
- Ah tá! – Soph lembrou do que estava falando – Não seja bobo Micael! – e deu um tapinha no braço dele.
O dia passou rápido e agradável. Os meninos ensaiaram na presença das garotas, que assistiram comendo pipoca, se divertindo e babando neles, claro!
Nesse clima de diversão o tempo simplesmente vôa! Dez dias passaram voando e já foi tempo suficiente para acontecer algumas coisas! Felizmente não tiveram mais sustos com a casa da frente. Dois dias depois da chegada de Sophia, na sexta, foram todos ao cinema. Ela ficou com Chay e isso resultou numa senhora fossa para Micael, por ainda gostar dela. Começou a escrever músicas com mensagens melosas e emos como “Dói ter que saber que eu não fui nada pra você” etc e tal... Mas percebeu que Soph ficava estranha e quieta quando todos começavam a ensinuar que ele pegava a prima, Lu. Essa foi a luz que acendeu no fim do túnel de Micael. Começou a tornar mais freqüentes aquelas ‘brincadeirinhas inocentes’ com Lua, que tanto davam o que falar. Quando estavam na presença de todos, ele sempre fazia alguma coisa com ela, bagunçar o cabelo, fazer cócegas, carregá-la montada em suas costas pela casa, dizer que vão se casar se por acaso ficarem encalhados, dar mordidinhas... E a cada uma dessas ceninhas felizes, todo mundo tinha mais certeza que eles tinham alguma coisa mesmo. As reações de Sophia diante dessas situações eram positivas para Micael, porque ela ficava emburrada! Mas não foi só Sophia que sentiu seus pulmões pegando fogo de raiva ao ver Micael e Lu dividindo os fones de ouvido, ela sentada no colo dele e os dois cantando cantando Fall Out Boy “Sitting out dances on the wall, trying to forget everything that isn't you, I'm not going home alone cause I don't do too weeeell!” na maior animação. Arthur também se sentia numa chuva de canivetes a cada situação dessas. ‘Você tá ferrado Aguiar! Você ainda gosta dela, depois de tantos anos ainda sente um sei-lá-o-quê por ela que te machuca toda vez que a vê com o Micael. Parece que eu voltei aos tempos de escola, quando ela dizia que tava com alguém era assim mesmo que eu me sentia. Um completo loser. Droga...’ Arthur pensava enquanto caminhava pela rua com as mãos no bolso do moletom e olhando pro chão. Até que se topou com uma pessoa que andava em sentido contrário, também distraída.
- Ai Arthur, desculpa!
- Eu que peço desculpas Mel! Eu tava viajando!
- É... Eu também! – ela respondeu e sorriu fraco.
- Você tava indo pra onde?
- Adivinha!
- Sorveteria?
- Uhum!
- Nem tá tão calor, mas eu já percebi que você não vive sem uma sorveteria, não é?
- Yep! Quer ir comigo?
- Ahn, é que eu tava pensando em ir ao parque logo ali... Por que você não vem comigo até lá?
- Bom... Lá vai ter algum tiozinho vendendo sorvete?
- Suponho que sim.
- Então ta! – Mel abriu um sorriso maior e começou a caminhar junto com ele. Foram andando quietos, provavelmente continuaram cada um em suas viagens durante o caminho. Quando chegaram, escolheram alguma árvore e sentaram na sombra que ela fazia.
Lua, Ray e Micael estavam largados no sofá assistindo algum episódio repetido de Desperate Housewives com aquelas caras de tédio-pós-almoço... A campainha tocou e Rayana foi animada atender, mesmo sem saber quem era.
- Oi Pedro!
- Oi Ray! – Pedro falou e foi cumprimentá-la com um beijo na bochecha, mas por um “acidente” o beijo saiu quase na boca, o que os deixou um tanto sem graça.
- Err... Quer entrar? O Micael tá ali, jogado no sofá.
- Não, deixa ele jogado lá mesmo! Na verdade era você que eu queria ver... Quer dar uma volta?
- Yep! Vou calçar um tênis, espera um pouco!
- Ok... – Ray subiu as escadas e Pedro foi entrando na casa, chegou na sala e viu Micael e Lua numa briga besta pelo controle da TV. – Hey crianças! Não briguem!
- Oi Pedro! Você não morre tão cedo, a Ray tava falando de você agora há pouco! – Micael afirmou e Lua o olhou de canto de olho.
- Sério? O que ela falava?
- Que ela te acha gostoso, mas você tem mau hálito e CC! MUAHAAHAHAH
- Micael seu tosco! – Lu lhe deu um tapa na cabeça – é mentira Pedro, a gente nem tava conversando nada...
- Lu... Você não sabe brincar! – Micael lançava o ‘olhar mortal’ pra ela – E me dá esse controle vai, tá me dando nos nervos essas donas de casa que estão mal comidas porque seus maridos são impotentes!
Pedro rolou os olhos vendo que os dois voltavam a disputar pelo precioso controle, viu que Ray já vinha e sorriu meio bobo quando ela se aproximou e segurou a mão dele.
- CRIANÇAS! – ela gritou fazendo Lua e Micael pararem como estátuas – Mamãe e papai vão sair, não derrubem a casa amores!
- Hey Micael, acho que nós somos adotados! Nossos pais são da nossa idade!
- Ohhh não! Eu sou adotado! Eu sempre desconfiei que sou muito bonito pra ser filho dele – Micael começou a gritar como se estivesse chorando com as mãos no rosto.
- Vamos Pedro, esses dois parece que estão com quatro anos hoje!
- Humpf... Já é um progresso, o Micael geralmente parece que tem dois! – Assim que Pedro falou, Micael o acertou com uma almofada. Ray o puxou e os dois saíram correndo antes que Micael jogasse mais almofadas, ele é dono de uma ótima pontaria!
- Ainda bem que você me salvou desses dois! – Ray falou sorrindo enquanto Pedro encostava a porta da casa de Micael.
- Quero só ver quando eles casarem... – Pedro comentou, os dois se entreolharam e deram risadas.
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- Sabe... To te achando meio pra baixo esses dias, não sei se é impressão minha. – Arthur começou o assunto e Mel o olhou. Ela carregava um olhar meio vazio.
- Não é impressão...
- O que aconteceu? Estamos de férias! Era pra estar pulando, não acha?
- Acho! Mas não posso fazer nada Arthur... É mais forte que eu.
- Se estiver precisando de alguem pra desabafar, estou aqui.
- Isso é o que eu mais preciso! Tá tudo guardado aqui e eu sinto que posso explodir a qualquer momento se continuar assim.
- Pode falar pra mim! Mas eu cobro por minuto, tá bom?
- Certo! Contanto que não conte pra ninguém...
- Ok! Pode começar.
- Tá bom, vou ser direta. É o Chay.
- Hmm, por que será que eu já disconfiava?!
- Pois é… E ainda dizem que os homens nunca percebem essas coisas!
- Ai querida, você não se toca que eu não sou totalmente homem?! – Arthur desmunhecou uma das mãos fazendo Mel virar o rosto pra cima e gargalhar.
- É, que bom, eu sempre quis ter um amigo gay mesmo!
- Então você já arranjou quatro, fofa!
- Não me faça rir Aguiar!
- Ahn puxa… Pensei que era pra isso mesmo que eu tava aqui!
- É, verdade! Obrigada então por me fazer rir um pouco… Ultimamente isso tem sido difícil! Principalmente quando todo mundo se reúne e eu tenho que engolir seco assistindo o Chay e a Soph se comendo num canto da sala.
- Isso é mesmo difícil dude! Ver quem você gosta com outra pessoa... Parece que vai sair fogo dos olhos, mas como isso não é possível, saem só as lágrimas!
- É Arthur, e o pior é que a minha raiva maior não é nem dela, que é minha amiga mas não desconfia que eu gosto do Chay, nem dele também porque ele não tem culpa de se sentir atraído por ela. A maior raiva que eu tenho é de mim mesma. Desde o final do ano passado, quando eu conheci o Chay, não tirei mais ele da minha cabeça! E eu fui besta porque mesmo percebendo que eu sempre acabava pensando nele de alguma forma, não admiti isso nem pra mim mesma. Não contei pra ninguém o que eu sentia e foi isso que acabou comigo! – Mel falava enquanto já dava pra ver o brilho de pequenas lágrimas se formando em seus olhos. Arthur ouvia atento e se identificou com a situação toda.
- Te entendo... Te entendo até mais do que eu gostaria!
- Hum? Como assim?
- Eu também dormi no ponto! Só que o meu caso é um pouco mais grave que o seu, porque eu vacilei por anos!
- Sério, você passou ANOS gostando de alguem sem dizer? – Mel olhou pra ele realmente surpresa com isso.
- Yep.
- Eu conheço?
- Sim.
- É a Lua?
- Uhum.
- Xiii...
- Eu sei!
- É que ela e o Micael... Err... Você sabe né! É o que se comenta...
- Pois é, e é por isso que eu to mal também.
- Mas por que você deixou passar tanto tempo Arthur?
- Porque eu sou um loser. Eu sabia que levar um fora dela ia me deixar péssimo e ainda por cima acabar com a amizade. Mas de que adiantou se eu também ficava péssimo do mesmo jeito se soubesse que ela tava com alguem?!
- Estudaram juntos da sétima até o colegial, não é?
- Uhum.
- Durante todo esse tempo, nenhum dos dois demonstrava nada um pro outro? Se a gente gosta de alguém com quem tem um contato todo dia fica difícil, praticamente impossível esconder por tanto tempo, não é?
- É, mas eu acho que o quê eu fazia a deixava com medo de falar... Eu era o maior galinha da escola! – Arthur falou e sorriu em seguida se lembrando dos bons tempos.
- E por que você era assim?
- Bom, era legal vai! Tinha muitas gatas naquela escola! – recebeu o olhar de reprovação de Mel e voltou a falar depois – Mas principalmente, eu queria ver se a Lua tinha alguma reação com isso.
- E ela tinha?
- Se tinha escondia muito bem. Perdi a conta de quantas vezes ela me viu com outras meninas e não fez nada.
- Ah mas... O quê você queria que ela fizesse? Desse um ataque? Vocês nem tinham nada, iam chamá-la de louca!
- Sei, mas que pelo menos ficasse sem querer falar comigo ou um pouco brava... mas não, ela aparecia lá na escola no dia seguinte como se nada tivesse acontecido.
- Certo... Então vocês ficaram nessa enrolação por mais de dois anos?
- Uhum, mas pelo menos a gente foi os melhores amigos um pro outro, isso eu garanto!
- Tem certeza que nunca rolou nada? Porque se você gosta, a amizade mesmo que ótima, não é o suficiente! Precisa de muito mais que isso, precisa agarrar aquela pessoa, dizer que ama, enfim... Não sei como vocês se seguraram!
- Isso a gente fazia, só que de brincadeira... Teve um dia que a gente tava sentado na escada, eu tava bem perto dela e eu quase ia beijá-la mas tocou o sinal! Depois daquele dia, se eu não tivesse recebido a notícia que meus pais iam mudar eu ia correr atrás sabe!
- Quer dizer que justo quando você decidiu sair de cima do muro, seus pais resolveram mudar?
- É dude... Foi foda! Aí eu resolvi que foi melhor assim, não tinha ficado com ela ainda e decidi que não queria mais porque sentir falta de uma coisa que você nunca teve é menos doloroso do que sentir falta de algo que você já teve e não tem mais.
- Ounn... Mas então vocês nunca se pegaram?
- É, na minha festa de despedia a gente dançou e se beijou depois.
- Hum... Que legal! E depois? Como se resolveram com a coisa da mudança?
- Não resolvemos. Fingi que eu tava bêbado e consequentemente não ia me lembrar de nada depois e nem sabia o que tava fazendo!
- Cruzes Arthur! Por que fez isso?
- Sei lá, acho que pra fugir dessa parte de lidar com a distância e tudo mais!
- Acho que isso pegou mal...
- Ah, que seja... Cansei desse papo! Hey, você não queria tomar sorvete? Olha o tiozinho passando. – os dois se levantaram do chão e caminharam em direção ao homem com carrinho de sorvete.
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Chay e Sophia almoçavam no shopping depois de terem feito compras. Soph ria de todas as coisas bestas que Chay fazia e acabava por imitá-lo. Resultado? Realiza... Duas criaturas bebendo coca-cola e arrotando à mesa, no meio de uma praça de alimentação lotada! Todos olhavam pra eles, mas não estavam nem aí.
- Pô Sophia, assim não tem graça! As meninas costumam ficar tão bravas com isso!
- Hey! – Sophia olhou pra ele com um sorrisinho maléfico, ela adorava simular brigas – Quer que eu fique brava? Você ainda não me viu irritada, EU VIRO O DEMÔNIO! – ela disse com a voz já se alterando de mentirinha, claro, e Chay percebeu, entrando na brincadeira
- Como assim? Do que é que você tá falando? Quantas vezes eu vou precisar repetir que não te traí com a Tracy?! – ele falou um pouco alto e fazendo gestos espalhafatosos.
- Ah! Mas o quê aquela periguete tava fazendo com seu celular hoje de manhã, hein?!
- V-você me ligou hoje de manhã?
- Liguei! E aí, vai me explicar ou não, Reginaldo Carlos?
- Erm... É que eu achei que tinha perdido ele! – Chay respondeu se prendendo pra não rir do nome que acabou de ser chamado.
- Sim, agora vai me dizer que aquela VACA da Tracy achou pra você, não é?! – ela também fazia gestos escandalosos.
- Acredita em mim, Fátima Teresa! – Chay jogou seu olhar meigo de macaquinho pedindo bananas e Soph abaixou a cabeça rindo de seu novo nome. A essa altura, todos já olhavam pra eles.
- Só se você MATAR aquela Tracy pra mim e me trouxer o coração dela até AMANHÃ! – é, as pessoas das mesas ao redor se assustaram um pouquinho!
- Claro! Minha bruxa da Branca-de-Neve!
- Ounn, meu anãozinho!
- Hey! Eu to longe de ser um anão, tá bom!
- Eu sei, seu bobo... É só pra entrar no clima!
Eles se levantaram e foram pro estacionamento, ainda sob os olhares de algumas pessoas.
- Fingir essas briguinhas é engraçado! Viu a cara das pessoas?! – Soph falava enxugando algumas lágrimas resultantes do ataque de riso enquanto caminhavam em direção ao carro de Chay.
- E aposto que todos acreditaram, pelo menos no começo...
- É! Mas é melhor a gente sair logo daqui, acho que a qualquer momento pode chegar uma ambulância pra nos levar pro hospício!
- AHAHAHA! Tomara que não apareça nenhuma Tracy sem o coração e assassinada até amanhã pela cidade! – Chay falou sem pensar e Soph riu mais.
- Sem o coração E assassinada? – ela repetia em meio a risadas – Se vai estar sem o coração, como pode não estar assassinada, cabeça de pica-pau?!
- Ah, você já entendeu... – ele sacudiu as mãos no ar – Mas o importante é que não apareca nenhuma Tracy morta!
- AHAM! Por acaso, você conhece alguma?
- Nop. E você?
- Também não... – os dois riram e entraram no carro.
- Hey, por que cabeça de pica-pau? – ele se virou pra ela depois de um tempo.
- Ah, sei lá! Inventei na hora! – ela deu de ombros e ele gargalhou.
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- Tá bom o seu sorvete de pêssego?
- Totalmente! E o seu de melância?
- Mais que totalmente! – Arthur falou e Mel riu, os dois caminhavam devagar pelo parque e já estavam no segundo sorvete. Até que Mel soltou um gritinho do nada e parou de andar.
- O que foi?
- Meu olho Arthur! Caiu alguma coisa nele!
- Espera, deixa eu ver. Consegue abrir? – Arthur se aproximou e ela abriu o olho que tinha alguma coisa e estava lacrimejando.
- Tá vendo alguma coisa? O que caiu aí Arthur?
- É só um cílio. Ele está prestes a cair e por isso às vezes entra no seu olho, mas acho que se você fechar o olho ao mesmo tempo que arquea as sobrancelhas, eu posso tirar. – Mel assim fez e Arthur retirou o cabelinho solto com bastante cuidado. Mel abriu seu olho de novo e aqueles olhos tão perfeitos e castanhos que pareciam obra de Photoshop a encaravam muito de perto. Arthur se aproximou um pouco mais e pôde sentir seu nariz encostando no dela, as respirações já se misturavam um pouco fortes e nenhum dos dois sabia o que estava fazendo direito. Ambos se sentiam carentes e queriam aquilo, então foram se deixando levar, logo se entregaram a um beijo gelado e com gosto de frutas, as suas línguas já estavam explorando a boca do outro. Arthur a segurou pela cintura com um dos braços, pois o outro segurava o sorvete, Mel pousou a mão sobre um dos ombros dele, já que também segurava seu sorvete com a outra mão.
- Olha Ray, um carinha vendendo sorvete, você quer?
- Quero! Será que ele tem de... – Rayana parou de falar e parou o olhar num ponto fixo.
- De... de... de quê? – Pedro não percebeu que ela estava vendo alguma coisa que fez seu queixo quase chegar até o chão.
- Ali, Pedro! – Rayana, impaciente, colocou as duas mãos no rosto de Pedro, virando-o para a direção que ela também olhava.
- Wow! Não é o Arthur ali?
- Uhum! E ele tá com a Mel, dude!
- Nossa... O negócio deve estar bom ali, hun?! E eu que tinha a impressão que ele era a fim da Lu...
- Pra você ver! – Rayana falou e os dois sorriram, depois começaram a fitar os pés. Vendo a cena de Arthur com Mel, Pedro queria beijar Ray ali e imediatamente. Mas Ray foi mais rápida e cortou a aproximação dele.
- Err... É melhor a gente ir, eu... To começando a sentir frio. – ela falou quando um vento gelado bateu no rosto, apesar do solzinho que fazia.
- Tudo bem, vamos. – Pedro passou um braço pelo ombro dela e os dois foram caminhando sem pressa.
- Obrigada pela volta, gostei de conhecer o bairro – Ray falou quando chegaram na porta da casa do Micael.
- Disponha! Sou o melhor guia turístico de Bedford! – Pedro estufou o peito
- Menos, Pedro! Se é o melhor eu não sei, mas é meu preferido!
‘Droga, não sei por que que eu to tão sem jeito... Ninguém nunca me deixou assim antes’ Pedro pensava.
‘Pronto, minhas mãos estão geladas mas estão suando! Dá pra entender umas coisas assim? Tem umas mil borboletinhas aqui dentro, se eu sorrir um pouco mais elas podem sair a qualquer momento!’ Ray também pensava enquanto sorria pro menino à sua frente, até que ele chamou sua atenção ao dizer algo.
- Olha, uma borboleta pousou no seu ombro!
Uma borboleta toda branquinha pousou no ombro de Rayana, que apenas olhou e sorriu.
- Deve ter saído do meu estômago! – ela pensou alto.
- O quê?
- Não, nada... – sorriu disfarçando o que acabara de falar.
Pedro se aproximou dela e encostou o dedo indicador no ombro onde a borboleta ainda estava. Ela passou do ombro da garota para o dedo de Pedro, ele então foi movendo a mão bem devagar até parar com o dedo esticado e a borboleta sobre ele, entre os dois rostos que estavam próximos. Fixaram seus olhares na borboleta, que logo saiu voando e deixando o casal a milímetros de distância um do outro. Os dois sorriram se olhando nos olhos, se aproximando mais.
- Acho que ela tava de vela... – Pedro sussurou já com seu nariz encostado ao de Ray, que estremeceu e apenas balançou a cabeça devagar numa afirmação. Fecharam os olhos, encostaram seus lábios e Rayana, sentindo os lábios macios de Pedro, tirou a conclusão em pensamento que poderia ficar ali pelo resto da vida colando sua boca na dele. Pedro pôs as mãos de leve sobre cada lado da cintura da garota e contornou o desenho da boca dela com a língua, ela abriu a boca para as duas se encontrarem lá dentro e logo uma já fazia massagem na outra. Os dois sentiam os corações acelerar mais a cada movimento, como se isso fosse possível! Ray fazia carinhos na nuca dele, o que o fez envolver seus braços na cintura dela, puxando-a pra mais perto. Eles pareciam um só agora, de tão juntinhos que estavam! E passaram vários minutos assim, até partirem o beijo sorrindo. Estavam ofegantes e os lábios vermelhos, Pedro se aproximou de novo e mordeu o lábio inferior de Ray, que sorriu com a boca presa à dele.
- Te adoro! – ele sussurrou soltando-a.
- Eu também! – ela falou no mesmo tom e rindo.
- Até mais, moça das borboletas! – ele foi se afastando com passos pra trás, de mãos dadas com ela.
- Até mais ver Cassiano! – ela sorriu de novo e as mãos dela se soltaram das dele. Quando ela pensou que ele já ia, Pedro voltou rápido pra dar mais um selinho nela e saiu correndo e pulando em seguida. Rayana ria, mas na verdade era isso mesmo que ela queria fazer também de tão feliz que aquele simples beijo havia deixado-a. Ficou observando Pedro se afastar até ele ficar pequenininho, depois entrou em casa e foi direto pro quarto, não viu nem ouviu ninguém, como se ela não estivesse nesse mundo.
Lua e Micael, que estavam sentandos no sofá se entreolharam. Primeiro viram pela janela, Pedro passar pulando e sorrindo feito um bambi desgovernado, depois Rayana entra com aquela cara de quem tava no paraíso e vai direto pro quarto. Adivinharam o que devia ter acontecido e começaram a rir, felizes pelos amigos.
- Bom, pelo menos alguns conseguem se acertar por aqui, né! – Lua falou ao terminar de rir.
- É... Bom pra eles!
- Uhum... E você só não se acerta também por que não quer.
- Hum? Tá falando de quê?
- Não se faça de besta seu mongol! Eu percebo a cara que você fica toda vez que vê Sophia com Chay!
- Ai puxa! Você descobriu meu segredo! Não conta pra ninguém que eu gosto do Chay! – Micael forçou uma voz feminina pra brincar e fugir do assunto.
- Sério Micael, quantas vezes eu vou ter que dizer que você não pode fugir assim? Você gosta da Soph, e fica aí sofrendo, cheio de ciúmes!
- Eu não tenho ciúme de Soph nenhuma! Não agüento mais você insistindo com isso.
- Você devia me agradecer por eu tentar abrir seus olhos e querer te ver feliz!
- Se você quer me ver feliz então pára de falar que eu gosto dela, até por que ela tá com meu MELHOR AMIGO!
- Não tem nada sério entre eles Micael, você sabe que é só pegação! Soph tá sofrendo, ela precisava de alguém que a ajudasse a esquecer o que ela passou com Chris. Você sabe, já te falei da história...
- Contou porque quis, pensou que eu fosse ficar com pena? Ela mereceu por se envolver com aquele professorzinho!
- Não! Num foi pra você ter pena nem nada... É que eu acho que essa é a sua chance, você não devia deixar passar!
- Chance pra quê criatura?! Já falei que não tem nada entre eu e ela, nunca ia dar certo!
- Por acaso já tentou?
- Não. – mentiu sem olhar pra Lu.
- Então tenta droga! É melhor do que ficar aí com essa cara de mal comido por causa do ciúme que sente toda vez que ela passa por você com o Chay ou com qualquer outro do lado!
- Eu... não... TENHO CIÚME NENHUM PORRA!
- TEM SIM CARALHO, E TÁ ME USANDO PRA FAZER CIÚME NELA TAMBÉM! [n/a: Crianças discutindo... tsc tsc tsc...]
- D-De onde você tirou isso?
- É óbvio, né Micael? Tá certo que a gente sempre foi próximo, mas ultimamente você tá mais grudado em mim do que minha sombra e principalmente quando ela está por perto!
- Paranóia sua! E quer saber?! RETIRA TUDO O QUE DISSE AGORA!
- NÃO RETIRO PORQUE ESSA É A VERDADE, TÁ BOM?! E JÁ QUE VOCÊ QUER ASSIM, FICA AÍ NA MERDA!
xxx
Enquanto isso, Arthur e Mel conversavam ainda no parque. Depois do beijo inesperado, Arthur ficou sem jeito.
- Err... Desculpa Mel!
- Imagina Arthur, foi bom. Não me arrependo.
- Eu também não, mas é que alguns minutos atrás eu tava falando de outra menina todo triste e de repente beijo você, o que vai pensar de mim?!
- O mesmo que você vai pensar de mim! Eu também tava falando de outro menino, não é? E você beija bem...
- Você também! – Arthur a interrompeu.
- Obrigada! Mas como eu ia dizendo, apesar de nós beijarmos bem, isso não apaga o que sentimos por aqueles idiotas! – ela falou e Arthur riu concordando em seguida.
- É, infelizmente não apaga nem um pouquinho!
- A gente tava carente por causa daqueles dois bobos...
- Uhum, olha só o que eles fazem com a gente, nos obrigaram a fazer esse sacrifício!
- Né! Mas isso não vai mais se repetir! Até por que, você é gay, certo?!
- Oh é! Tinha até esquecido! O Micael não pode saber que eu te beijei mocréia, senão ele te expulsa da casa dele e termina comigo! – Arthur voltou com as imitações de bicha afetada e os dois riram. Depois deram as mãos e foram voltando para a casa do Micael. Mesmo em pouco tempo, conseguiram construir uma boa amizade, principalmente depois dessa tarde, sentiam que podiam contar tudo um pro outro.
Depois voltaram pra passar a noite na casa de Micael e assim proteger as meninas assustadas. Colocaram dois colchões de casal no chão da sala entre os dois sofás pra todo mundo dormir ali e ninguém ficar com medo.
- Vai caber todo mundo aí? – Mel perguntou de um jeito meio fresco apontando pros colchões.
- Claro que cabe! Mas se você preferir... Pode ir dormir sozinha lá no seu quarto. –Micael brincou e ela negou com a cabeça freneticamente na mesma hora.
Ficou um colchão para três garotos e o outro para as três garotas, sendo que Arthur dormiu num sofá e Mel no outro.
Já passava das quatro horas da madrugada quando Mel acordou num susto porque pensou ter visto uma luz azul piscando na sala. Ela ergueu o tronco e ficou por um tempo sentada no sofá, observando os outros dormirem nos colchões. ‘Foi estranho! Quando eu abri o olho foi como se uma luz que estivesse iluminando a sala inteira e tivesse se apagado bem rápido! Deve ter sido algum delírio meu, afinal eu tava dormindo né... Vou tomar água. Ah não! Antes preciso ir fazer xixi!’ Pensando nisso, ela se levantou e foi ao banheiro do primeiro andar. Enquanto ela estava lá dentro, Arthur também acordou e foi direto à cozinha.
- OMG! – Mel se assustou ao entrar na cozinha e ver alguem lá. Mas se acalmou logo, ao perceber que era só o Arthur – você me assustou, não sabia que estava acordado!
- Ah, eu acordei de repente com sede... E você, tá conseguindo dormir ou ainda tá com medo da casa monstro?
Mel riu um pouco com a pergunta e comentou sobre o incidente da luz que ela pensou ter visto. Os dois conversavam baixinho agora, mas Lua já havia acordado com os gritos iniciais de Mel ao se assustar com Arthur. Continuou deitada no colchão de olhos fechados, apenas ouvindo os sussurros e algumas risadinhas.
- Eu também já fui acordado por uma luz... – Arthur contava depois de ouvir a história de Mel.
- Hum?
- É, os meninos estavam tirando fotos de mim dormindo porque eu tava babando!
- Ergh! – os dois riram e Arthur continuou contando as brincadeiras idiotas que eles gostavam de fazer quando alguém estava dormindo no ponto. Ouvindo as várias risadas baixinhas vindas da cozinha, Lua passou a imaginar o que eles estavam fazendo lá sozinhos, no escuro, e ficou triste sentindo o estômago pesado. ‘Ah, ele não muda mesmo...’ Pensou e depois abriu os olhos um pouco pra olhar os dois sofás e confirmar se eram eles mesmo. Após ver o sofá atrás dela vazio, Lua percebeu que o braço de Ray “repousava” sobre seu estômago! ‘Bem que eu tava sentindo um peso extra aqui...’ Pensou enquanto retirava o braço de cima dela com cuidado e voltou a fechar os olhos, dormindo tão rapidamente que nem viu se demorou para Arthur e Mel retornarem. E isso não demorou muito, logo voltaram, mas agora Arthur foi ao banheiro antes de se deitar. Mel estava se ajeitando no sofá, quando olha de relance para a janela e vê num cantinho uma cabeça que some rapidamente. Ela fica paralisada com as mãos na boca e os olhos esbugalhados. Arthur retorna do banheiro e estala os dedos na frente do rosto dela.
- Hey, você tá bem?
- Arthur – ela olhou pra ele ainda com os olhos asustados e a voz falha.
- O que foi? – ele perguntou num tom de voz calmo e baixo.
- Tinha alguém na janela!
- Espera. – ele então foi observar, não viu nada e voltou.
- Não vi ninguém Mel.
- Mas tinha Arthur! Olha só... Eu tava aqui e quando bati o olho na janela, assim sem querer, eu vi o formato de uma cabeça ali! Aí a “cabeça” se abaixou rapidinho...
- Eu não sei se era isso, mas a única coisa que eu vi foi um cachorro aí na calçada. – ele deu de ombros e beijou a testa da garota, que parecia estar se acalmando agora. Os dois voltaram a dormir em seus sofás.
Amanheceu e nossas crianças foram acordadas logo cedo pelo sol que entrava pelo grande vitrô da sala e batia naqueles rostinhos lindos.
- É muito cedo dude! Que dia é hoje mesmo? Acho que vou pra casa pra continuar dormindo na minha caminha!
- Primeiro: Hoje é quinta! E segundo: Deixa de ser manhoso Aguiar! – Micael jogou seu travesseiro nele – Aproveita que já tá todo mundo aqui e vamos ensaiar de uma vez!
- É cara... O Rick ligou ontem no meu celular, perguntou se a gente tem ensaiado ou se a gente criou alguma música nova.
- Como que é mesmo o nome disso que a gente ganhou por um mês? Pensei que se chamasse F-É-R-I-A-S! – Pedro falou ainda deitado e esticando os braços.
- A gente tá de férias dos shows, mas isso não significa que a gente tem que ficar sem tocar ou criar músicas! Nem sei como conseguimos um mês inteiro de férias, geralmente são duas semanas... – Micael falava já dobrando seu cobertor.
- To vendo que meu priminho acordou trabalhador hoje, hein! – Lua se sentou e esticou os braços pra cima, levantando o cabelo junto. Arthur, que estava logo atrás dela deitado no sofá, não pôde deixar de ver a tatuagem em sua nuca...
Play Arthur’s Flash Back
- Arthur, eu acho que to me arrependendo! – Lua ficou com uma expressão inexplicável no rosto ao dar de cara com as agulhas.
- Relaxa Lu! Esse desenho é pequeno, vai ser rápido! E eu to aqui com você, pra fazer a mesma tatuagem! Vamos enfrentar juntos, você vai ver! – eu falei cheio de ânimo e acho que consegui encorajá-la um pouco. A Lua é medrosa de tudo, mas está sendo obrigada a fazer uma tatuagem!
- Maldita a hora que fui apostar com você Arthur! – ela bufou e eu ri da cara bravinha e bonitinha que ela fazia.
- Lua! Olha bem pra mim, – segurei no ombro dela e a olhei firme – a gente vai passar por essa juntos! Vamos tatuar o mesmo desenho! Você na nuca e eu no peito. Daqui alguns anos, isso vai ser uma puta recordação que teremos um do outro! Não acha?
- Não tem um jeito menos dolorido pra gente se lembrar um do outro?
- Não vai doer tanto Lua, eu garanto! Pode começar moço... – olhei pro tatuador e ele mandou Lua se deitar de bruços e tirar o cabelo do pescoço. Dei minha mão pra ela e antes mesmo de começar a ser tatuada, ela já apertava como se estivesse num parto! Achei que fosse ficar sem mão naquele dia.
Stop Arthur’s Flash Back
Arthur permaneceu no sofá por um tempo, lembrando do dia que levou Lua pra fazer a tatuagem que ele acabara de ver em seu pescoço.
Com exceção dele, todos se levantaram para ocupar os... (leia brigar pelos) banheiros da casa.
PÓC-PÓC [n/a: sim, esse é o som de batidas na porta hushuahush]
- Errr... Eu não sei quem é que tá ai dentro, mas já tá ai há vinte minutos e tipo eu preciso MESMO fazer xi... – Sophia interrompeu a fala quando viu quem abriu a porta – Micael!
- Oi Soph. – os dois ficaram se olhando e ela até esqueceu o que ia fazer no banheiro.
- Oi... – respondeu e olhou pra baixo.
- Tudo bem?
- Uhum. Você?
- Também... – ele fez uma pausa, queria muito perguntar uma coisa, mas não sabia se era a hora. – Você ainda não contou por que tava chorando no telefone.
- Ahn... – ela engoliu seco, não queria falar do Chris pra ele – Nada, eu só descobri que não passo de uma perdedora, só isso... – afirmou parecendo calma.
- Hum... E o que foi que você perdeu para ser uma perdedora?
- Meu tempo... Talvez, algumas chances de ser feliz também. Mas pra que quer saber?
- Por nada... Pode usar o banheiro, você queria fazer um Micael, não é?
- O quê?!
- Quando eu abri a porta, você dizia quero fazer...
- Ah tá! – Soph lembrou do que estava falando – Não seja bobo Micael! – e deu um tapinha no braço dele.
O dia passou rápido e agradável. Os meninos ensaiaram na presença das garotas, que assistiram comendo pipoca, se divertindo e babando neles, claro!
Nesse clima de diversão o tempo simplesmente vôa! Dez dias passaram voando e já foi tempo suficiente para acontecer algumas coisas! Felizmente não tiveram mais sustos com a casa da frente. Dois dias depois da chegada de Sophia, na sexta, foram todos ao cinema. Ela ficou com Chay e isso resultou numa senhora fossa para Micael, por ainda gostar dela. Começou a escrever músicas com mensagens melosas e emos como “Dói ter que saber que eu não fui nada pra você” etc e tal... Mas percebeu que Soph ficava estranha e quieta quando todos começavam a ensinuar que ele pegava a prima, Lu. Essa foi a luz que acendeu no fim do túnel de Micael. Começou a tornar mais freqüentes aquelas ‘brincadeirinhas inocentes’ com Lua, que tanto davam o que falar. Quando estavam na presença de todos, ele sempre fazia alguma coisa com ela, bagunçar o cabelo, fazer cócegas, carregá-la montada em suas costas pela casa, dizer que vão se casar se por acaso ficarem encalhados, dar mordidinhas... E a cada uma dessas ceninhas felizes, todo mundo tinha mais certeza que eles tinham alguma coisa mesmo. As reações de Sophia diante dessas situações eram positivas para Micael, porque ela ficava emburrada! Mas não foi só Sophia que sentiu seus pulmões pegando fogo de raiva ao ver Micael e Lu dividindo os fones de ouvido, ela sentada no colo dele e os dois cantando cantando Fall Out Boy “Sitting out dances on the wall, trying to forget everything that isn't you, I'm not going home alone cause I don't do too weeeell!” na maior animação. Arthur também se sentia numa chuva de canivetes a cada situação dessas. ‘Você tá ferrado Aguiar! Você ainda gosta dela, depois de tantos anos ainda sente um sei-lá-o-quê por ela que te machuca toda vez que a vê com o Micael. Parece que eu voltei aos tempos de escola, quando ela dizia que tava com alguém era assim mesmo que eu me sentia. Um completo loser. Droga...’ Arthur pensava enquanto caminhava pela rua com as mãos no bolso do moletom e olhando pro chão. Até que se topou com uma pessoa que andava em sentido contrário, também distraída.
- Ai Arthur, desculpa!
- Eu que peço desculpas Mel! Eu tava viajando!
- É... Eu também! – ela respondeu e sorriu fraco.
- Você tava indo pra onde?
- Adivinha!
- Sorveteria?
- Uhum!
- Nem tá tão calor, mas eu já percebi que você não vive sem uma sorveteria, não é?
- Yep! Quer ir comigo?
- Ahn, é que eu tava pensando em ir ao parque logo ali... Por que você não vem comigo até lá?
- Bom... Lá vai ter algum tiozinho vendendo sorvete?
- Suponho que sim.
- Então ta! – Mel abriu um sorriso maior e começou a caminhar junto com ele. Foram andando quietos, provavelmente continuaram cada um em suas viagens durante o caminho. Quando chegaram, escolheram alguma árvore e sentaram na sombra que ela fazia.
Lua, Ray e Micael estavam largados no sofá assistindo algum episódio repetido de Desperate Housewives com aquelas caras de tédio-pós-almoço... A campainha tocou e Rayana foi animada atender, mesmo sem saber quem era.
- Oi Pedro!
- Oi Ray! – Pedro falou e foi cumprimentá-la com um beijo na bochecha, mas por um “acidente” o beijo saiu quase na boca, o que os deixou um tanto sem graça.
- Err... Quer entrar? O Micael tá ali, jogado no sofá.
- Não, deixa ele jogado lá mesmo! Na verdade era você que eu queria ver... Quer dar uma volta?
- Yep! Vou calçar um tênis, espera um pouco!
- Ok... – Ray subiu as escadas e Pedro foi entrando na casa, chegou na sala e viu Micael e Lua numa briga besta pelo controle da TV. – Hey crianças! Não briguem!
- Oi Pedro! Você não morre tão cedo, a Ray tava falando de você agora há pouco! – Micael afirmou e Lua o olhou de canto de olho.
- Sério? O que ela falava?
- Que ela te acha gostoso, mas você tem mau hálito e CC! MUAHAAHAHAH
- Micael seu tosco! – Lu lhe deu um tapa na cabeça – é mentira Pedro, a gente nem tava conversando nada...
- Lu... Você não sabe brincar! – Micael lançava o ‘olhar mortal’ pra ela – E me dá esse controle vai, tá me dando nos nervos essas donas de casa que estão mal comidas porque seus maridos são impotentes!
Pedro rolou os olhos vendo que os dois voltavam a disputar pelo precioso controle, viu que Ray já vinha e sorriu meio bobo quando ela se aproximou e segurou a mão dele.
- CRIANÇAS! – ela gritou fazendo Lua e Micael pararem como estátuas – Mamãe e papai vão sair, não derrubem a casa amores!
- Hey Micael, acho que nós somos adotados! Nossos pais são da nossa idade!
- Ohhh não! Eu sou adotado! Eu sempre desconfiei que sou muito bonito pra ser filho dele – Micael começou a gritar como se estivesse chorando com as mãos no rosto.
- Vamos Pedro, esses dois parece que estão com quatro anos hoje!
- Humpf... Já é um progresso, o Micael geralmente parece que tem dois! – Assim que Pedro falou, Micael o acertou com uma almofada. Ray o puxou e os dois saíram correndo antes que Micael jogasse mais almofadas, ele é dono de uma ótima pontaria!
- Ainda bem que você me salvou desses dois! – Ray falou sorrindo enquanto Pedro encostava a porta da casa de Micael.
- Quero só ver quando eles casarem... – Pedro comentou, os dois se entreolharam e deram risadas.
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- Sabe... To te achando meio pra baixo esses dias, não sei se é impressão minha. – Arthur começou o assunto e Mel o olhou. Ela carregava um olhar meio vazio.
- Não é impressão...
- O que aconteceu? Estamos de férias! Era pra estar pulando, não acha?
- Acho! Mas não posso fazer nada Arthur... É mais forte que eu.
- Se estiver precisando de alguem pra desabafar, estou aqui.
- Isso é o que eu mais preciso! Tá tudo guardado aqui e eu sinto que posso explodir a qualquer momento se continuar assim.
- Pode falar pra mim! Mas eu cobro por minuto, tá bom?
- Certo! Contanto que não conte pra ninguém...
- Ok! Pode começar.
- Tá bom, vou ser direta. É o Chay.
- Hmm, por que será que eu já disconfiava?!
- Pois é… E ainda dizem que os homens nunca percebem essas coisas!
- Ai querida, você não se toca que eu não sou totalmente homem?! – Arthur desmunhecou uma das mãos fazendo Mel virar o rosto pra cima e gargalhar.
- É, que bom, eu sempre quis ter um amigo gay mesmo!
- Então você já arranjou quatro, fofa!
- Não me faça rir Aguiar!
- Ahn puxa… Pensei que era pra isso mesmo que eu tava aqui!
- É, verdade! Obrigada então por me fazer rir um pouco… Ultimamente isso tem sido difícil! Principalmente quando todo mundo se reúne e eu tenho que engolir seco assistindo o Chay e a Soph se comendo num canto da sala.
- Isso é mesmo difícil dude! Ver quem você gosta com outra pessoa... Parece que vai sair fogo dos olhos, mas como isso não é possível, saem só as lágrimas!
- É Arthur, e o pior é que a minha raiva maior não é nem dela, que é minha amiga mas não desconfia que eu gosto do Chay, nem dele também porque ele não tem culpa de se sentir atraído por ela. A maior raiva que eu tenho é de mim mesma. Desde o final do ano passado, quando eu conheci o Chay, não tirei mais ele da minha cabeça! E eu fui besta porque mesmo percebendo que eu sempre acabava pensando nele de alguma forma, não admiti isso nem pra mim mesma. Não contei pra ninguém o que eu sentia e foi isso que acabou comigo! – Mel falava enquanto já dava pra ver o brilho de pequenas lágrimas se formando em seus olhos. Arthur ouvia atento e se identificou com a situação toda.
- Te entendo... Te entendo até mais do que eu gostaria!
- Hum? Como assim?
- Eu também dormi no ponto! Só que o meu caso é um pouco mais grave que o seu, porque eu vacilei por anos!
- Sério, você passou ANOS gostando de alguem sem dizer? – Mel olhou pra ele realmente surpresa com isso.
- Yep.
- Eu conheço?
- Sim.
- É a Lua?
- Uhum.
- Xiii...
- Eu sei!
- É que ela e o Micael... Err... Você sabe né! É o que se comenta...
- Pois é, e é por isso que eu to mal também.
- Mas por que você deixou passar tanto tempo Arthur?
- Porque eu sou um loser. Eu sabia que levar um fora dela ia me deixar péssimo e ainda por cima acabar com a amizade. Mas de que adiantou se eu também ficava péssimo do mesmo jeito se soubesse que ela tava com alguem?!
- Estudaram juntos da sétima até o colegial, não é?
- Uhum.
- Durante todo esse tempo, nenhum dos dois demonstrava nada um pro outro? Se a gente gosta de alguém com quem tem um contato todo dia fica difícil, praticamente impossível esconder por tanto tempo, não é?
- É, mas eu acho que o quê eu fazia a deixava com medo de falar... Eu era o maior galinha da escola! – Arthur falou e sorriu em seguida se lembrando dos bons tempos.
- E por que você era assim?
- Bom, era legal vai! Tinha muitas gatas naquela escola! – recebeu o olhar de reprovação de Mel e voltou a falar depois – Mas principalmente, eu queria ver se a Lua tinha alguma reação com isso.
- E ela tinha?
- Se tinha escondia muito bem. Perdi a conta de quantas vezes ela me viu com outras meninas e não fez nada.
- Ah mas... O quê você queria que ela fizesse? Desse um ataque? Vocês nem tinham nada, iam chamá-la de louca!
- Sei, mas que pelo menos ficasse sem querer falar comigo ou um pouco brava... mas não, ela aparecia lá na escola no dia seguinte como se nada tivesse acontecido.
- Certo... Então vocês ficaram nessa enrolação por mais de dois anos?
- Uhum, mas pelo menos a gente foi os melhores amigos um pro outro, isso eu garanto!
- Tem certeza que nunca rolou nada? Porque se você gosta, a amizade mesmo que ótima, não é o suficiente! Precisa de muito mais que isso, precisa agarrar aquela pessoa, dizer que ama, enfim... Não sei como vocês se seguraram!
- Isso a gente fazia, só que de brincadeira... Teve um dia que a gente tava sentado na escada, eu tava bem perto dela e eu quase ia beijá-la mas tocou o sinal! Depois daquele dia, se eu não tivesse recebido a notícia que meus pais iam mudar eu ia correr atrás sabe!
- Quer dizer que justo quando você decidiu sair de cima do muro, seus pais resolveram mudar?
- É dude... Foi foda! Aí eu resolvi que foi melhor assim, não tinha ficado com ela ainda e decidi que não queria mais porque sentir falta de uma coisa que você nunca teve é menos doloroso do que sentir falta de algo que você já teve e não tem mais.
- Ounn... Mas então vocês nunca se pegaram?
- É, na minha festa de despedia a gente dançou e se beijou depois.
- Hum... Que legal! E depois? Como se resolveram com a coisa da mudança?
- Não resolvemos. Fingi que eu tava bêbado e consequentemente não ia me lembrar de nada depois e nem sabia o que tava fazendo!
- Cruzes Arthur! Por que fez isso?
- Sei lá, acho que pra fugir dessa parte de lidar com a distância e tudo mais!
- Acho que isso pegou mal...
- Ah, que seja... Cansei desse papo! Hey, você não queria tomar sorvete? Olha o tiozinho passando. – os dois se levantaram do chão e caminharam em direção ao homem com carrinho de sorvete.
xxx
Chay e Sophia almoçavam no shopping depois de terem feito compras. Soph ria de todas as coisas bestas que Chay fazia e acabava por imitá-lo. Resultado? Realiza... Duas criaturas bebendo coca-cola e arrotando à mesa, no meio de uma praça de alimentação lotada! Todos olhavam pra eles, mas não estavam nem aí.
- Pô Sophia, assim não tem graça! As meninas costumam ficar tão bravas com isso!
- Hey! – Sophia olhou pra ele com um sorrisinho maléfico, ela adorava simular brigas – Quer que eu fique brava? Você ainda não me viu irritada, EU VIRO O DEMÔNIO! – ela disse com a voz já se alterando de mentirinha, claro, e Chay percebeu, entrando na brincadeira
- Como assim? Do que é que você tá falando? Quantas vezes eu vou precisar repetir que não te traí com a Tracy?! – ele falou um pouco alto e fazendo gestos espalhafatosos.
- Ah! Mas o quê aquela periguete tava fazendo com seu celular hoje de manhã, hein?!
- V-você me ligou hoje de manhã?
- Liguei! E aí, vai me explicar ou não, Reginaldo Carlos?
- Erm... É que eu achei que tinha perdido ele! – Chay respondeu se prendendo pra não rir do nome que acabou de ser chamado.
- Sim, agora vai me dizer que aquela VACA da Tracy achou pra você, não é?! – ela também fazia gestos escandalosos.
- Acredita em mim, Fátima Teresa! – Chay jogou seu olhar meigo de macaquinho pedindo bananas e Soph abaixou a cabeça rindo de seu novo nome. A essa altura, todos já olhavam pra eles.
- Só se você MATAR aquela Tracy pra mim e me trouxer o coração dela até AMANHÃ! – é, as pessoas das mesas ao redor se assustaram um pouquinho!
- Claro! Minha bruxa da Branca-de-Neve!
- Ounn, meu anãozinho!
- Hey! Eu to longe de ser um anão, tá bom!
- Eu sei, seu bobo... É só pra entrar no clima!
Eles se levantaram e foram pro estacionamento, ainda sob os olhares de algumas pessoas.
- Fingir essas briguinhas é engraçado! Viu a cara das pessoas?! – Soph falava enxugando algumas lágrimas resultantes do ataque de riso enquanto caminhavam em direção ao carro de Chay.
- E aposto que todos acreditaram, pelo menos no começo...
- É! Mas é melhor a gente sair logo daqui, acho que a qualquer momento pode chegar uma ambulância pra nos levar pro hospício!
- AHAHAHA! Tomara que não apareça nenhuma Tracy sem o coração e assassinada até amanhã pela cidade! – Chay falou sem pensar e Soph riu mais.
- Sem o coração E assassinada? – ela repetia em meio a risadas – Se vai estar sem o coração, como pode não estar assassinada, cabeça de pica-pau?!
- Ah, você já entendeu... – ele sacudiu as mãos no ar – Mas o importante é que não apareca nenhuma Tracy morta!
- AHAM! Por acaso, você conhece alguma?
- Nop. E você?
- Também não... – os dois riram e entraram no carro.
- Hey, por que cabeça de pica-pau? – ele se virou pra ela depois de um tempo.
- Ah, sei lá! Inventei na hora! – ela deu de ombros e ele gargalhou.
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- Tá bom o seu sorvete de pêssego?
- Totalmente! E o seu de melância?
- Mais que totalmente! – Arthur falou e Mel riu, os dois caminhavam devagar pelo parque e já estavam no segundo sorvete. Até que Mel soltou um gritinho do nada e parou de andar.
- O que foi?
- Meu olho Arthur! Caiu alguma coisa nele!
- Espera, deixa eu ver. Consegue abrir? – Arthur se aproximou e ela abriu o olho que tinha alguma coisa e estava lacrimejando.
- Tá vendo alguma coisa? O que caiu aí Arthur?
- É só um cílio. Ele está prestes a cair e por isso às vezes entra no seu olho, mas acho que se você fechar o olho ao mesmo tempo que arquea as sobrancelhas, eu posso tirar. – Mel assim fez e Arthur retirou o cabelinho solto com bastante cuidado. Mel abriu seu olho de novo e aqueles olhos tão perfeitos e castanhos que pareciam obra de Photoshop a encaravam muito de perto. Arthur se aproximou um pouco mais e pôde sentir seu nariz encostando no dela, as respirações já se misturavam um pouco fortes e nenhum dos dois sabia o que estava fazendo direito. Ambos se sentiam carentes e queriam aquilo, então foram se deixando levar, logo se entregaram a um beijo gelado e com gosto de frutas, as suas línguas já estavam explorando a boca do outro. Arthur a segurou pela cintura com um dos braços, pois o outro segurava o sorvete, Mel pousou a mão sobre um dos ombros dele, já que também segurava seu sorvete com a outra mão.
- Olha Ray, um carinha vendendo sorvete, você quer?
- Quero! Será que ele tem de... – Rayana parou de falar e parou o olhar num ponto fixo.
- De... de... de quê? – Pedro não percebeu que ela estava vendo alguma coisa que fez seu queixo quase chegar até o chão.
- Ali, Pedro! – Rayana, impaciente, colocou as duas mãos no rosto de Pedro, virando-o para a direção que ela também olhava.
- Wow! Não é o Arthur ali?
- Uhum! E ele tá com a Mel, dude!
- Nossa... O negócio deve estar bom ali, hun?! E eu que tinha a impressão que ele era a fim da Lu...
- Pra você ver! – Rayana falou e os dois sorriram, depois começaram a fitar os pés. Vendo a cena de Arthur com Mel, Pedro queria beijar Ray ali e imediatamente. Mas Ray foi mais rápida e cortou a aproximação dele.
- Err... É melhor a gente ir, eu... To começando a sentir frio. – ela falou quando um vento gelado bateu no rosto, apesar do solzinho que fazia.
- Tudo bem, vamos. – Pedro passou um braço pelo ombro dela e os dois foram caminhando sem pressa.
- Obrigada pela volta, gostei de conhecer o bairro – Ray falou quando chegaram na porta da casa do Micael.
- Disponha! Sou o melhor guia turístico de Bedford! – Pedro estufou o peito
- Menos, Pedro! Se é o melhor eu não sei, mas é meu preferido!
‘Droga, não sei por que que eu to tão sem jeito... Ninguém nunca me deixou assim antes’ Pedro pensava.
‘Pronto, minhas mãos estão geladas mas estão suando! Dá pra entender umas coisas assim? Tem umas mil borboletinhas aqui dentro, se eu sorrir um pouco mais elas podem sair a qualquer momento!’ Ray também pensava enquanto sorria pro menino à sua frente, até que ele chamou sua atenção ao dizer algo.
- Olha, uma borboleta pousou no seu ombro!
Uma borboleta toda branquinha pousou no ombro de Rayana, que apenas olhou e sorriu.
- Deve ter saído do meu estômago! – ela pensou alto.
- O quê?
- Não, nada... – sorriu disfarçando o que acabara de falar.
Pedro se aproximou dela e encostou o dedo indicador no ombro onde a borboleta ainda estava. Ela passou do ombro da garota para o dedo de Pedro, ele então foi movendo a mão bem devagar até parar com o dedo esticado e a borboleta sobre ele, entre os dois rostos que estavam próximos. Fixaram seus olhares na borboleta, que logo saiu voando e deixando o casal a milímetros de distância um do outro. Os dois sorriram se olhando nos olhos, se aproximando mais.
- Acho que ela tava de vela... – Pedro sussurou já com seu nariz encostado ao de Ray, que estremeceu e apenas balançou a cabeça devagar numa afirmação. Fecharam os olhos, encostaram seus lábios e Rayana, sentindo os lábios macios de Pedro, tirou a conclusão em pensamento que poderia ficar ali pelo resto da vida colando sua boca na dele. Pedro pôs as mãos de leve sobre cada lado da cintura da garota e contornou o desenho da boca dela com a língua, ela abriu a boca para as duas se encontrarem lá dentro e logo uma já fazia massagem na outra. Os dois sentiam os corações acelerar mais a cada movimento, como se isso fosse possível! Ray fazia carinhos na nuca dele, o que o fez envolver seus braços na cintura dela, puxando-a pra mais perto. Eles pareciam um só agora, de tão juntinhos que estavam! E passaram vários minutos assim, até partirem o beijo sorrindo. Estavam ofegantes e os lábios vermelhos, Pedro se aproximou de novo e mordeu o lábio inferior de Ray, que sorriu com a boca presa à dele.
- Te adoro! – ele sussurrou soltando-a.
- Eu também! – ela falou no mesmo tom e rindo.
- Até mais, moça das borboletas! – ele foi se afastando com passos pra trás, de mãos dadas com ela.
- Até mais ver Cassiano! – ela sorriu de novo e as mãos dela se soltaram das dele. Quando ela pensou que ele já ia, Pedro voltou rápido pra dar mais um selinho nela e saiu correndo e pulando em seguida. Rayana ria, mas na verdade era isso mesmo que ela queria fazer também de tão feliz que aquele simples beijo havia deixado-a. Ficou observando Pedro se afastar até ele ficar pequenininho, depois entrou em casa e foi direto pro quarto, não viu nem ouviu ninguém, como se ela não estivesse nesse mundo.
Lua e Micael, que estavam sentandos no sofá se entreolharam. Primeiro viram pela janela, Pedro passar pulando e sorrindo feito um bambi desgovernado, depois Rayana entra com aquela cara de quem tava no paraíso e vai direto pro quarto. Adivinharam o que devia ter acontecido e começaram a rir, felizes pelos amigos.
- Bom, pelo menos alguns conseguem se acertar por aqui, né! – Lua falou ao terminar de rir.
- É... Bom pra eles!
- Uhum... E você só não se acerta também por que não quer.
- Hum? Tá falando de quê?
- Não se faça de besta seu mongol! Eu percebo a cara que você fica toda vez que vê Sophia com Chay!
- Ai puxa! Você descobriu meu segredo! Não conta pra ninguém que eu gosto do Chay! – Micael forçou uma voz feminina pra brincar e fugir do assunto.
- Sério Micael, quantas vezes eu vou ter que dizer que você não pode fugir assim? Você gosta da Soph, e fica aí sofrendo, cheio de ciúmes!
- Eu não tenho ciúme de Soph nenhuma! Não agüento mais você insistindo com isso.
- Você devia me agradecer por eu tentar abrir seus olhos e querer te ver feliz!
- Se você quer me ver feliz então pára de falar que eu gosto dela, até por que ela tá com meu MELHOR AMIGO!
- Não tem nada sério entre eles Micael, você sabe que é só pegação! Soph tá sofrendo, ela precisava de alguém que a ajudasse a esquecer o que ela passou com Chris. Você sabe, já te falei da história...
- Contou porque quis, pensou que eu fosse ficar com pena? Ela mereceu por se envolver com aquele professorzinho!
- Não! Num foi pra você ter pena nem nada... É que eu acho que essa é a sua chance, você não devia deixar passar!
- Chance pra quê criatura?! Já falei que não tem nada entre eu e ela, nunca ia dar certo!
- Por acaso já tentou?
- Não. – mentiu sem olhar pra Lu.
- Então tenta droga! É melhor do que ficar aí com essa cara de mal comido por causa do ciúme que sente toda vez que ela passa por você com o Chay ou com qualquer outro do lado!
- Eu... não... TENHO CIÚME NENHUM PORRA!
- TEM SIM CARALHO, E TÁ ME USANDO PRA FAZER CIÚME NELA TAMBÉM! [n/a: Crianças discutindo... tsc tsc tsc...]
- D-De onde você tirou isso?
- É óbvio, né Micael? Tá certo que a gente sempre foi próximo, mas ultimamente você tá mais grudado em mim do que minha sombra e principalmente quando ela está por perto!
- Paranóia sua! E quer saber?! RETIRA TUDO O QUE DISSE AGORA!
- NÃO RETIRO PORQUE ESSA É A VERDADE, TÁ BOM?! E JÁ QUE VOCÊ QUER ASSIM, FICA AÍ NA MERDA!
xxx
Enquanto isso, Arthur e Mel conversavam ainda no parque. Depois do beijo inesperado, Arthur ficou sem jeito.
- Err... Desculpa Mel!
- Imagina Arthur, foi bom. Não me arrependo.
- Eu também não, mas é que alguns minutos atrás eu tava falando de outra menina todo triste e de repente beijo você, o que vai pensar de mim?!
- O mesmo que você vai pensar de mim! Eu também tava falando de outro menino, não é? E você beija bem...
- Você também! – Arthur a interrompeu.
- Obrigada! Mas como eu ia dizendo, apesar de nós beijarmos bem, isso não apaga o que sentimos por aqueles idiotas! – ela falou e Arthur riu concordando em seguida.
- É, infelizmente não apaga nem um pouquinho!
- A gente tava carente por causa daqueles dois bobos...
- Uhum, olha só o que eles fazem com a gente, nos obrigaram a fazer esse sacrifício!
- Né! Mas isso não vai mais se repetir! Até por que, você é gay, certo?!
- Oh é! Tinha até esquecido! O Micael não pode saber que eu te beijei mocréia, senão ele te expulsa da casa dele e termina comigo! – Arthur voltou com as imitações de bicha afetada e os dois riram. Depois deram as mãos e foram voltando para a casa do Micael. Mesmo em pouco tempo, conseguiram construir uma boa amizade, principalmente depois dessa tarde, sentiam que podiam contar tudo um pro outro.
Capítulo 11 – Give me more love than I’ve ever had
Chay e Sophia davam uns amassos pra lá de nervosos dentro do carro estacionado na frente da casa do Micael. Como o carro não tinha insul-film, quem passava podia vê-los, mas como sempre, não estavam nem aí! Arthur se aproximava com Melanie e quando viram os dois se agarrando lá dentro, ele sentiu que ela apertou a mão dele um pouco mais forte. Arthur então deu um beijo no topo da cabeça dela, em sinal de conforto.
Quando os dois chegaram mais próximos ao carro, Sophia e Chay já saíam de lá com sorrisos de coringa que parecia até que foram rasgados ali e com algumas sacolas nas mãos. Os dois casais pararam do lado do carro e se cumprimentaram. Chay ficou surpreso ao ver os outros dois de mãos dadas... Os quatro sorriam, mas o sorriso de Mel era só pra não chorar. ‘Chorar pra que? Só rindo mesmo!’ falava consigo mesma em pensamento.
- AH, VOCÊ NÃO VAI RETIRAR O QUE DISSE? – eles começaram a ouvir os gritos de Micael dentro da casa – ENTÃO EU VOU JOGAR FORA A SUA CANECA PREFERIDA! – Micael pegou em cima da mesinha da sala uma caneca de porcelana rosa e branca decorada com o desenho de um gatinho e o nome ‘Lua’ escrito. Depois correu até a janela da sala e estendeu o braço segurando a caneca pra fora, enquanto continuou olhando pra dentro, ou melhor, pra reação da Lua.
- HEY! DEVOLVA MINHA CANECA, BORGES!
- ENTÃO RETIRA O QUE DISSE BLANCO!
- NÃO RETIRO! E QUER SABER?! PODE JOGAR FORA, FOI VOCÊ QUE ME DEU MESMO... VOU CORRER NA COZINHA E PEGAR A SUA PRA JOGAR TAMBÉM!
- ÓTIMO – ele disse e jogou a caneca sem nem olhar pra fora. Por um azar, ela foi parar na cabeça do pobre Chay, que caiu na mesma hora.
- CHAY! – Soph gritou, fazendo Micael olhar pra fora.
- MINHA NOSSA! – ele levou as mãos pra trás da cabeça vendo o amigo caído.
- Que foi Micael?! – Lua correu pra janela – OMG! Vamos lá pra fora! – e puxou o primo, que estava em estado de choque.
Melanie abaixou perto dele com uma mão tampando a boca e outra sobre o peito, muito assustada. Saía sangue da testa do garoto. A caneca estava caída perto dele e faltava um pedaço. Mel parou o olhar nela, percebendo que começava a ficar com a visão embaçada por lágrimas que se formavam. Não demorou muito e ela viu dois pés parando perto da caneca, olhou pra cima e era Micael desesperado.
- Ai meu Deus, o que que eu fiz?! Matei meu amigo!
- Calma Micael, não foi culpa sua, ok! – Soph o segurou pelos ombros mas também estava em pânico.
- Vamos levar pro hospital, vem Micael me ajuda a pegá-lo e botar dentro do carro. – Arthur falou já erguendo Chay pelos braços. Colocaram Chay no banco de trás e prenderam o tronco com o cinto de segurança do banco pra ele não ficar sambando. Arthur foi dirigindo e Micael no passageiro, as garotas ficaram em casa esperando, nenhuma tinha condições de acompanhar, estavam todas assustadas. Entraram na casa do Micael e ficaram na sala, de vez em quando alguma delas olhava pro telefone, esperando que Micael ligasse. Sophia precisou tomar água com açúcar. Ray desceu e se deparou com as meninas andando de um lado pro outro na sala.
- Hey, o que aconteceu? Estão querendo fazer um buraco no chão da sala do Micael e nem me chamaram? – ela brincou, mas as outras continuavam sérias.
- Você não ouviu nada? – Melanie se aproximou dela.
- Não, tava no banho... O que foi?
- E-eu tava aqui na sala com o Micael, a gente entrou numa discussão besta, pra variar, e ele pegou aquela minha caneca que eu trouxe lá de casa e atirou pela janela...
- E aí a caneca acertou o Chay que tava lá fora comigo, Arthur e Mel. Por pouco não foi em mim! – Soph completou entre soluços o que Lua dizia.
- E ele se machucou muito? Cadê ele?
- Micael e Arthur levaram pro hospital no carro dele. – Mel terminou de explicar e as quatro ficaram esperando juntas.
Quase duas horas depois e nada... As meninas já estavam dando ataques nervosos-ansiosos-agudos-suicídicos{?} e Lua já discava o número do celular do primo, quando viram o carro parar em frente à casa e foram todas abrir a porta.
Chay já não estava mais sendo carregado. Ele caminhava, apesar de parecer bastante sonolento e estar apoiado no ombro do Micael.
- Ele ta bem? – Melanie perguntou quando Micael passou com Chay pela porta. Arthur que vinha logo atrás começou a contar.
- O médico disse que ele vai ficar bem, só precisa de um repouso. Fizeram os curativos na testa, alguns exames e deram um remédio pra ele dormir.
- Ele vai passar a noite aqui, os pais dele já estão sabendo e concordaram desde que ele volte amanhã pra casa. Me ajuda aqui Arthur, pra subir as escadas! – Micael falou e foram deixar Chay no quarto dos pais dele, que era onde ele estava dormindo esses dias, já que lá a cama é grande.
Depois de ajeitar Chay na cama, os meninos desceram pra sala de novo e Arthur foi pra casa.
- Obrigado dude! – Micael se despedia dele com uns tapinhas no ombro.
- Não por isso! Qualquer coisa me liga. Vou contar pro Pedro o que aconteceu, ele não deve estar sabendo ainda...
- Ok, vai lá... See ya! – ele fechou a porta e olhou para as meninas – Que acham de uma pizza?
Elas concordaram e cada uma foi pra um lado, Lua subiu pro seu quarto pra tomar banho e Mel fez o mesmo, Micael foi ligar pra pizzaria, Ray e Soph foram lavar alguns pratos pra eles comerem.
Uns vinte minutos depois, Ray estava no corredor dos quartos, próxima à escada encostada no corrimão. Esperava Mel sair do quarto, quando isso aconteceu ela sorriu.
- Oi Melanie!
- Oi...
- Erm... Quer dizer que você agarra o gostoso do Arthur e nem me conta?!
- Hum?
Lua estava dentro de seu quarto, (que é ao lado do da Mel) prestes a abrir a porta, quando escuta que estão falando do Arthur! Então ela cola seu ouvido na porta e continua ouvindo a conversa no corredor.
- Do que v-você ta falando? – Melanie gaguejou e ficou brava com ela mesma.
- Ah Mel! Pode parar de esconder! Eu te vi no maior beijaço com ele hoje! E aí? Como é o beijo Aguiar?
- Erm... – Mel engoliu seco, não sabia se desmentia ou não! Nem teve tempo de pensar nessa questão depois do que aconteceu com Chay. – É que eu não tava esperando... Mas você sabe né, rolou. Foi legal.
- Ai putz! Como assim, ‘legal’?! Você precisa me contar isso com mais detalhes depois! E não pense que vai fugir, huh!
- Ok. A pizza já chegou? To morrendo de fome! Vou comer e depois venho ver o Chay... – e Mel saiu de perto de Ray antes que perguntasse mais coisas. Ray também já ia descendo as escadas, quando Lua abriu a porta de seu quarto e soltou um ‘psiu’, Rayana olhou pra trás e Lu acenou pedindo que se aproximasse. Ela subiu alguns degraus que já tinha descido e Lua deu espaço para que Ray entrasse no quarto. Depois fechou a porta.
- Que foi Lu?
- Ah... Ray, desculpa eu ter escutado... Mas é que vocês conversaram aqui na frente e...
- Tudo bem Lua, eu já entendi. Então você ouviu né...
- Uhum. Você viu a Melanie e o Arthur juntos?
- É. Vai ser bom pra ela, esquecer o Chay, já que ele ta com a Sophia. Não é?
- É... – ela murmurou concordando em tom de desânimo.
- Lu?
- O que?
- Eu sei que você e o Arthur se conhecem desde antes e panz e que você já gostou dele, mas... Gosta do Arthur ainda?
- N-não, não... Eu... – ela negava sacudindo a cabeça rápido e nervosa.
- Ta, não precisa se estressar comigo, eu sei que a minha pergunta foi besta, já que você ta com o Micael!
Lua se sentiu gelar e deixou o queixo cair um pouco, mas quando ia responder, Sophia bateu na porta.
- Ow vocês duas, eu sei que estão aí! As pizzas já chegaram, desçam logo!
As duas desceram e se juntaram à Sophia, Mel e Micael à mesa.
Melanie fez como havia dito, depois de comer foi ver Chay, que ainda dormia pesado. Ela apenas entrou no quarto e deitou ao lado dele... Ficou observando como ele dormia tranqüilamente, parecia que estava tendo um sonho bom, a boca fazia quase um sorriso. E foi assim até que ela pegou no sono também.
Os outros, depois de comer, ficaram conversando na sala, mas não demoraram pra ir dormir. Lua já se preparava pra dormir, mas sabia que não ia conseguir tão cedo porque não parava de pensar em como as coisas sempre acabam iguais. ‘Arthur não muda. Definitivamente. Imagina só?! Pegando a Melanie assim do nada... Quer apostar quanto que amanhã no meio de uma conversa ele vai me contar isso? Igual quando a gente estudava... Eu queria que ele se explodisse! O quê?! Não posso ficar sofrendo por ele o resto da vida, né?! Ou você acha que não foi torturoso esse jantar? Ficar olhando pra Mel ali na minha frente, eu queria voar nela, dude! Na minha própria irmãzinha! Não me perdoaria se eu fizesse isso! Até porque ela não tem culpa e...’ Seus pensamentos foram interrompidos quando alguém bateu na porta do quarto. Ela secou uma lágrima que escorria pela bochecha, foi abrir a porta e Micael estava lá.
- Ué Micael, que foi?
- Oi, obrigado por me deixar entrar! – ele riu irônico, plantado na frente da porta.
- Bobo... Entra aí! – ela riu e deu espaço pra ele passar, fechando a porta em seguida.
- Desculpa ter jogado a sua caneca fora!
- Ta, eu também já tratei de quebrar a sua em mil pedacinhos e depois eu tava pensando em comprar um revólver, pra te fazer ajoelhar sobre eles! – ela falou e piscou, fez uma pausa e riu em seguida vendo a cara desesperada que ele fazia – Ok, parei de brincar!
- Você não seria capaz de acabar com a minha caneca como eu fiz com a sua. Prometo que compro uma nova!
- Beleza! Agora me desculpa por ficar te irritando, eu juro que não vou mais falar naquilo... – fez uma pausa e olhou pro teto – Mesmo eu tendo razão!
- LU!
- MICAEL!
- Você ainda vai insistir nisso?
- Se é verdade!
- Eu não sou a fim da Sophia!
- É sim!
- Não sou! Você ta querendo me atirar pra ela por acaso? E a gente?
- Como assim e a gente, Micael? Você sabe melhor do que ninguém que esses dias a gente tem ficado algumas vezes, mas não quer dizer nada! – os dois discutiam baixinho, mas queriam gritar de novo.
- Não quer dizer nada? – ele a puxou por um dos braços fazendo os corpos quase se chocarem – Então vê aí se isso é nada! – beijou-a de repente, muito rápido, nem deu tempo pra Lua ter qualquer reação, então apenas se rendeu ao beijo intenso.
Micael sabia que estava se enganando, nunca esqueceu Sophia. Durante esses dias que ela estava lá na casa dele, foi quase impossível se comportar normalmente, toda hora tinha que dizer pra ele mesmo que não gostava mais dela... Uma forma que achou pra tentar se convencer disso, foi se aproximar da prima de outro modo. Eles nunca tinham ficado assim antes daquelas férias. Estava sendo conveniente para os dois acreditar que se gostavam de verdade e já tinham esquecido Sophia e Arthur, mas uma hora a ficha cai sempre.
À medida que o beijo ia avançando, eles iam caminhando com passos curtos e sem pará-lo. Lua sentiu a batata da perna encostando na cama e sentou puxando Micael pra cima dela. Eles se desgrudaram por um segundo pra Micael poder tirar a camisa, mas quando ele ia voltar a beijá-la, Lua teve um momento de raciocínio e o segurou pelo ombro.
- Espera aí dude... – ela disse meio ofegante, os dois estavam.
- Você não quer? Já ficamos algumas vezes e eu confesso que nunca pensei em você dessa forma, mas estou gostando!
- Pára Micael, você sabe que não ta certo! A gente se gosta, mas não é por aí, estamos juntos numa mentira! – Micael ouviu, suspirou, rolou os olhos, ficou em silêncio por um tempo e a encarou de novo.
- Está certo. Você tem razão. O tempo todo você tinha razão.
- Eu não disse! Admite Micael! Todo esse grude comigo é por causa da Sophia!
- É, é! O que você quer que eu diga?! E-eu, eu, sei lá! Assim que eu a vi naquela estação de trem, parecia que eu estava sendo levado por um furacão de memórias, depois de um tempo sem vê-la era como se eu tivesse esquecido tudo o que sentia, mas eu não esqueci porque senão num teria voltado, entende?
- Claro que eu entendo Micael!
- Quando ela começou a ficar com Chay eu achei que fosse ter um troço! E eu nem sei o que foi que me deu, você sabe que eu te amo! Só que não dessa maneira...
- Eu sei! Também te amo besta! – ela riu e bagunçou o cabelo dele.
- Começamos a ficar de repente, foi tão inesperado quanto uma chuva de verão!
- Culpa do aquecimento global!
- Pode crer!
- Acho que a gente meio que se usou simultaneamente.
- Me senti como um loser esses dias e acho que passei um pouco da minha loserice pra você! – e os dois sorriram. Depois encostaram as testas.
- Micael... Promete que vai enfrentar as coisas ao invés de ficar tentando fugir delas?
- Uhum! E você promete que vai se resolver com seu passado?
- Erm... Meu passado? – ela descolou a testa da testa dele e ajeitou a postura enquanto ele vestia a blusa.
- Quando eu entrei no quarto você tava chorando... O que aconteceu?
- Como assim?
- Eu sempre sei quando você chora, lembra? – ele sorriu e apertou aquele nariz que estava um pouco vermelho, ela rolou os olhos e respirou fundo.
- Não dá pra esconder nada de você...
- É que eu me preocupo com você Lu! Se você chora eu quero saber quem foi que causou...
- Foi você.
- EU?! QUE FOI QUE EU FIZ? – enquanto ele gritava, Lua ficou rindo.
- Brincadeira, quer dizer, de uma forma indireta, talvez.
- Han? Quer explicar?
- Se você não fosse amigo do Arthur, eu não teria reencontrado aquela praga da minha vida!
- Ahn... Mas o que foi que ele te fez?
- Nada. Só o mesmo de sempre. – ela começou a olhar pros lados e queria acabar com aquele assunto porque não gostava de ficar choramingando.
- Então... É aquele garoto que te fazia chorar porque pegava quase todas as meninas da escola né! Por acaso ele pegou outra menina de alguma escola? – ele fez Lua rir mas logo ficou séria.
- Não... Mas isso é passado! O que mais me surpreende é que ainda sofro se fico sabendo que ele pegou alguém! Tem alguma coisa errada comigo Micael, não sou normal! – desabou no choro e abraçou o primo.
- Calma, não é pra tanto... – ele alisava os cabelos dela, que permanecia com a cara enterrada no ombro dele. Depois de um tempo assim, ela se afastou um pouco e disparou a falar.
- É do mesmo jeito que você falou sobre Sophia, Micael! Voltou tudo, até a raiva de mim mesma por ser uma incompetente e medrosa. Me sinto exatamente igual a antes, sem forças pra chegar nele e dizer o que sinto, parece simples porque eu sei que ele também sente, mas ao mesmo tempo não quero ter o Arthur por um dia e perder...
- Eu entendo. Vai dar tudo certo, as coisas sempre se resolvem, você sabe!
- Obrigada por tudo, Micael! E desculpa ter ficado com você só pra ver se tinha esquecido o Arthur, mesmo sabendo que não.
- É, eu digo o mesmo...
- Hum... Então você também não consegue esquecer o Arthur, huh?
- NÃO! Digo... Ah, você entendeu! Digo o mesmo só que sobre Soph! – sorriram ao mesmo tempo que encaravam os pés.
- Isso não vai acontecer de novo, né?
- O que?
- Você sabe, a gente ficando, só pra se enganar...
- Não. Isso foi bom porque nós dois somos um casal irresistível! – ele estufou o peito e deu uma piscada – Mas... Não foi a atitude mais correta. Daqui pra frente nós seremos irmãos, pode ser?
- Pode mano!
- Ta bom então, já to indo! Eu to aqui no quarto da Melanie porque ela caiu no sono por lá mesmo com o Chay.
- Uhum... Ei Micael! Você nunca gostou desse quarto aí ao lado! Lembra? Quando você era criança dizia que tinha medo de dormir nele sozinho - Lua lembrava os tempos de infância e os dois riram.
- Verdade, depois que meu padrinho teve um infarto e morreu enquanto dormia lá dentro, passei um tempo sem encarar aquele quarto! – Micael falou e o sorriso dos dois foi desaparecendo devagar.
- Você gostava muito dele... E eu também!
- Sim... Ah, mas isso era bobeira de criança, não tem nada a ver com o quarto em si! – ele fez uma pausa e sua expressão começou a mudar – Aff, bela hora pra você me lembrar disso viu!
- AHAUHUA! Quer ficar aqui hoje? Não tem problema, eu posso invadir o quarto da Ray ou da Soph.
- Não, num precisa. Podemos dormir juntos, somos magros! Não somos?
- É, somos... Mas nada de gracinhas! Na primeira eu te ponho pra fora!
- Não vou fazer nada! Que mania de me julgar, acabei de dizer que somos como irmãos agora, cacete!
- Ta, ta... A gente dorme junto hoje. Só que tem uma condição!
xxx
You count 'em one, two, three
You look so cute when you get that mad
You drain the life from me, and it feels oh so good
The looks you give are so contagious
The way we move is so outrageous
Just let me in, wasting time, just let me in
Lets make it look right
Stay up and get down sleeps just time
Spent wasting time
So get down, get down
Lets make it happen all night
Chay ouvia essa música e ela vinha da cozinha... Quem será que estava ouvindo música na cozinha? Ele foi ver! Chegou lá e Melanie dançava de olhos fechados segurando uma colher-de-pau como microfone. Ela parecia não estar notando sua presença ali e num piscar de olhos a garota, que estava com todas as peças de um pijama, de repente ficou só com as pantufas do frajola, a calcinha, que ele pôde ver que tinha um desenho de um sapinho e a camiseta regata do pijama. Nem ele entendeu como de repente ela estava sem a calça, mas gostou do conjunto da obra! Ela se movia sensualmente fazendo ondinhas com o corpo e isso fazia Chay sentir os batimentos acelerando enquanto se aproximava. Depois, Mel derrubou todos os objetos que estavam em cima da mesa e subiu nela, continuando a dançar e cantar em seguida.
You're moving close, my pulse is racing
Wer'e getting close
Yeah i can taste it
I've never done it quite like this
So slow it down now, just slow it down
The looks you give are so contagious
The way we move is so outrageous
Just let me in, wasting time, just let me in, let me in
Stay up and get down sleep's just time
spent wasting time
So get down, get down
Lets make it happen all night
No meio da madrugada, mais ou menos 3 da manhã, Chay acorda do sonho que estava tendo. Dá de cara com Melanie, deitada de lado, virada pra ele. ‘Dormindo assim, parece a criança fofinha da mamãe!’ sorriu com o próprio pensamento e tocou o rosto dela de leve achando a pele mais macia que já pudera tocar, ajeitou o cabelo atrás da orelha e isso a fez acordar, ela abriu os olhos devagar e ficou feliz ao dar de cara com Chay sorrindo à sua frente. Tão feliz que abriu um sorrisão e pulou em cima dele pra abraçá-lo. Ficou com a cabeça enterrada no pescoço dele e sentia um alívio por ver que ele estava bem.
- Você matou a gente de susto! – ela falou já se afastando e dando um tapinha leve no braço dele.
- Nossa, desculpa por ter levado uma pancada, juro que foi sem querer! – ele riu irônico e ela sacudiu a cabeça.
- É sério Chay, entramos em pânico vendo sair sangue da sua testa! Se sente bem?
- Uhum... Vaso ruim não quebra fácil babe! E todos nós aqui somos vasos péssimos por sinal! Você viu o Arthur, rolou daquela ‘pequena’ escada e saiu ileso! – os dois riram mais um pouco, ele passou os dedos sobre o curativo na testa e pressionou de leve fazendo cara de dor – Dói um pouco aqui ainda.
- Tudo bem, o médico disse que não foi profundo.
- Hum... Acho que eu to com fome! – passou a mão pelo estômago fazendo uma careta, Mel riu e foi se levantando enquanto falava.
- Imaginei que você pudesse acordar no meio da madrugada, guardei uns pedaços de pizza. Estão lá no forno, vem! – ela chegou ao lado dele e estendeu a mão, ele sorriu e a segurou. Precisou de uma ajuda pra levantar e caminhar até a cozinha, pois estava ainda um pouco tonto. Enquanto ele comia pizza, ela pegou uma maçã... Os dois não conversaram durante esse tempo, ou melhor, não trocaram palavras, mas os olhares falavam por si só. De vez em quando Chay olhava pra ela e sorria, mesmo mastigando e Melanie retribuía igualmente.
- Hey, aonde você vai? – Chay perguntou baixinho quando chegaram no corredor dos quartos e Melanie caminhou em direção oposta ao quarto onde ele estava.
- Vou pro meu quarto... – ela respondeu no mesmo tom de voz, como se fosse óbvio.
- Ah não! Fica aqui! – e ele fez a carinha, aquela carinha de coelhinho da páscoa sendo assaltado que Mel não ia conseguir resistir se ficasse olhando, então desviou o olhar pra tentar ser mais durona.
- Mas e se a Soph for lá de manhã e eu estiver lá ainda? Ela vai pensar o que?
- Ela não vai pensar nada! A gente ta só ficando...
- Mas... mas ela vai ficar brava comigo depois!
- ‘Mas... mas... mas’ – ele a imitou afinando a voz e tentando rebolar – Não complica Mel! Ela não vai ficar brava, o que eu poderia fazer com você no estado em que estou? Anda vai... Faz o sacrifício de dormir ao lado desse moribundo!
- Menos Suede, você não ta moribundo! – Mel riu e foi caminhando pra mais perto dele.
- Isso é um sim? Você vai ficar aqui? – ele perguntou com cara de criança que acabou de ganhar um Kinder Ovo.
- É... – ela respondeu um pouco tímida.
- YEEEEE! – Chay soltou um gritinho e levantou os braços sem se tocar que ainda estavam no corredor.
- Shhh, vai acordar a casa toda! – Mel tampou a boca dele com uma mão e lhe deu um tapinha no braço com a outra mão. Os dois estavam em frente à porta do quarto e a poucos centímetros de distância um do outro. Melanie começou a ficar hipnotizada com aquele olhar sobre ela e foi tirando lentamente a mão que ainda tampava a boca do menino, mas ele segurou o pulso antes que ela terminasse de abaixar e deu um beijo delicado nas costas da mão. Numa fração de segundo, um choquinho gostoso percorreu todas as veias da menina e como se isso não bastasse, Chay chegou bem perto da orelha dela e sussurrou um ‘Obrigado’. Melanie sentiu um friozinho percorrer toda a espinha dela até chegar na nuca.
- Imagina, Chay – ela respondeu com a voz falha. Os dois continuaram assim bem próximos, até ouvirem um barulho dentro de algum dos quartos. Afastaram-se num susto e entraram no quarto... Mel estava sem graça ‘Não faça nada com ele! Não chega perto, não olha, não toque nele Melanie! Sendo sério ou não ele ta com a Soph e eu não posso ser tão falsa amiga assim! Tipo vilã de seriado adolescente!’ ela pensava.
- Não vai apagar a luz amor?! – Chay falou com uma voz gay, já deitado na cama e a fez acordar dos pensamentos.
- Claro mona! – ela sorriu, apagou a luz e se deitou como antes, de frente pra ele, mas não muito perto, tinha medo de perder o controle da situação com aquele sorriso de orelha à orelha que ele tinha estampado no rosto.
- Você já chamou alguém com um sonho? – ele perguntou de repente com uma voz baixinha que fez eco na cabeça dela.
- Não, por quê? – ela respondeu estranhando a pergunta.
- Você vai rir... E pode não acreditar! Mas você tava no meu sonho agora há pouco! E aí quando eu acordo você ta aqui na minha frente! Sabe, isso foi... UAU! – ela não pôde deixar de sorrir ouvindo aquilo, lembrou que ele parecia feliz quando dormia, será que foi na hora do sonho com ela?
- E eu fazia o que no sonho? – ela perguntou depois de um tempo sorrindo.
- Estava ouvindo uma música. – sim! Ele escondeu alguns detalhes...
- Que música?
- Conhece The Maine? Count 'Em One, Two, Three.
- Uhum, gosto de The Maine e dessa música, mas ainda prefiro Plain White T’s... – ela afirmou de olhos fechados e sorriu, não demorou a dormir e ele também não, estavam com sono.
- Como será que o Chay está?
- Dormindo numa casa cheia de meninas? Deve ta ótimo! – Arthur respondeu a pergunta de Pedro. Dez horas da manhã e os dois já estavam na frente da casa do Micael. Pedro segurava uma filmadora, queriam acordar o Chay e quem mais estivesse dormindo na casa! Como a porta estava fechada, eles foram entrar pela janela da sala, que viram que estava aberta.
- Ainda bem que não somos assaltantes Cara! – Pedro comentou enquanto terminava de pular pra dentro, Arthur já estava lá.
- Sorte do Micael... Mas do jeito que ele é relaxado e deixa isso aqui aberto, não vai demorar!
Os dois foram caminhando devagar e ao chegar no corredor cheio de quartos, sorriram um pro outro vendo que todos eles estavam com as portas fechadas, ou seja, provavelmente todos dormiam ainda, um prato cheio para duas crianças felizes com uma câmera na mão!
- Quem vai ser a primeira vítima? – Pedro perguntou com um sorriso maligno.
- O Chay! – Arthur respondeu com o mesmo sorriso e esfregando as mãos – A câmera já ta ligada dude?
- Já, desde que a gente tava lá fora ainda!
- Perfeito! – eles conversavam baixinho enquanto se aproximavam devagar da porta do quarto onde Chay ficou, mas ao passar pela porta do quarto onde Sophia estava, foram surpreendidos pela garota, que abriu a porta.
- Eii! O que vocês dois fazem aqui? – ela perguntou baixo, porém um pouco irritada.
- Que susto garota! Só porque você ia ser a próxima vítima! – Arthur dizia como se estivesse inconformado.
- Hum? Vítima? Estão falando de quê?
- Ele quis dizer a próxima a ser acordada... – Pedro esclareceu – A gente tava indo acordar o seu peguete!
- Ahn...
- Vem, vai ser engraçado, estamos filmando! – Arthur a puxou pela mão com cara de sapeca.
Chegaram no quarto do Chay e Pedro abriu a porta devagar, Arthur e Sophia vinham logo atrás. Eles entraram em silêncio e fecharam a porta pra evitar de acordar os outros com as risadas. Quando olharam para a cama, se surpreenderam ao vê-lo abraçado a Melanie, ela dormia de barriga pra cima e ele com um braço e uma perna jogados por cima dela. Arthur olhou de rabo de olho pra Sophia mas ela não esboçou nenhuma reação, apenas passava os olhos pelos objetos do quarto, procurando por algo que eles pudessem usar pra assustar os dois. Sophia caminhou até a penteadeira e pegou um frasco de perfume, olhou pra Pedro e colocou o perfume ao lado do rosto, fazendo um olhar como de quem diz olha só o que eu tenho aqui !Pedro gostou da idéia e ela passou o frasco à Arthur. Os três se aproximaram da cama, Arthur tirou a tampa do frasco e mirou bem na cara do Chay... Pedro e Soph já soltavam risinhos abafados pelas mãos na frente da boca e Arthur começou a espirrar perfume nos dois, que deram um pulo e já levaram as mãos ao rosto.
- Mas que caralho! – Melanie dizia esfregando as mãos pelo rosto e tentando ficar sentada.
- Vocês são loucos seus merdas? – Chay também levantava sem acreditar naquela maluquice. Os outros três riam como hienas desmamadas!
Chay agora já ria da situação, mas quando viu Sophia, diminuiu um pouco o sorriso, afinal, tinha outra menina deitada ao lado dele! Sophia percebeu que ele a olhava um pouco tenso e piscou pra ele, que ficou aliviado, mesmo sem entender muita coisa e voltou a sorrir.
- Mel, caiu perfume no seu olho? – perguntou Chay preocupado vendo que a menina não tirava a mão de cima do olho.
- Acho que sim!
- Sério? Desculpa Mel! – Arthur já correu até ela meio desesperado e sentou na beirada da cama.
- AHHHH! – Mel gritou tirando a mão do rosto e começando a fazer cócegas em Arthur, que logo deitou se contorcendo e rindo.
- PÁÁÁÁRAA! – Arthur começou a fazer o maior escândalo porque Chay pegou o frasco de perfume da mão dele e começou a espirrar nos dois.
- Shhhh! – Sophia fez sinal pra eles diminuírem o barulho – Tem mais adormecidos pra gente acordar!
- Ela ta certa! Vamos procurar a próxima vítima! – Pedro concordou e se dirigiu com a câmera até a porta do quarto. Os outros o seguiram pra fora e quando chegaram no corredor, o próximo quarto seria o da Soph, mas como ela já estava entre eles, o próximo era o da Lua. Todos olharam pra porta do quarto de Lu e depois se entreolharam com aqueles sorrisos de gremilin malvado! Pedro foi do mesmo jeito que da outra vez e abriu a porta devagar, com o resto do grupo atrás dele. Agora a surpresa foi geral... Micael estava lá! A principio, os mais afetados com a visão foram Arthur e Sophia. Sentiram ao mesmo tempo o teto do quarto caindo sobre eles... Mel olhou pro amigo e tocou no ombro dele, enquanto Sophia queria sair correndo mas não podia dar essa bandeira. Todos eles ficaram se perguntando mentalmente se aconteceu alguma coisa ali ou não, mas vendo como os dois estavam, qualquer um diria que não, pois Lua estava de costas pra ele e de frente pra parede abraçada com um gato azul de pelúcia. Enquanto Micael estava virado para a borda da cama, também de costas para Lua e tinha nos braços um porquinho rosa (que Pedro fez questão de focalizar bastante!). E estavam com todas as peças de roupa completas e sem sinais de amassado! (Olha que análise profunda! Peritos profissionais!). Ao analisar melhor a cena, tanto Sophia quanto Arthur se sentiram mais aliviados, não estava parecendo que os dois tinham... err... você sabe, se comido!
- E então, como a gente acorda eles? – Mel perguntou baixinho. Começaram a passear os olhos pelo quarto e o que mais tinha era bicho de pelúcia. Arthur abriu o guarda-roupa e deu de cara com uma caixa rosa notável. ‘O que será que tem nessa caixa? Arthur Aguiar, que coisa feia, querendo fuxicar na vida dos outros... francamente!’ ele sacudia a cabeça pra afastar os pensamentos sobre a caixa quando Sophia sussurrou pra ele algo que não entendeu.
- Hum?
- Arthur, pega logo a vaca da Lua! – Sophia repetiu e ele agora entendeu as palavras, mas continuou sem entender o que ela quis dizer. A menina, vendo a cara que ele fazia começou a rir baixinho e apontar pra dentro do guarda-roupa, ele olhou e viu uma vaquinha malhada de pelúcia. Sorriu idiotamente do que havia pensado e a pegou. Entregou pra Sophia, que estendia os braços pra ele e então ela olhou pra pEDRO, ou melhor, para a câmera e contou até três com os dedos, colocou a vaca perto da cabeça dos dois e apertou a barriga da vaquinha, que começou a se balançar e soltar uma risada extremamente escandalosa junto com uns gritos.
Sophia sabia que aquela vaquinha fazia isso pois quando Lua a comprou, ela estava junto. As cabeças de Micael e Lua se bateram por causa do susto que tomaram e os amigos não sabiam se estavam rindo pela risada contagiante da vaquinha ou por eles terem se batido!
- OMFG! – Lua se sentou com as mãos na cabeça.
- Bando de retardados! – e Micael atirou o porquinho que segurava contra o grupo. – Hey, como vocês entraram aqui em casa? – ele perguntou depois olhando pra pEDRO e Arthur.
- Pela janela da sala... – Arthur disse simplesmente.
- Zé ruelas – Micael falou fechando os olhos e rindo. Lua também não parava de rir e esconder o rosto.
- Pára de me filmar! Eu acordo horrível!
- OMG, SOCORRO É A SAMARA MORGAAANNN! – Micael falou quando olhou pra ela e fingiu tomar um susto, ela lhe deu um tapa no braço que fez um barulho alto.
- Você é linda todas as horas do dia Lu – Arthur falou sorrindo e ela corou visivelmente.
- Vamos guys! Ainda falta a Rayana! – Chay falou logo em seguida.
- Precisa ver se ela ta dormindo ainda depois de todo esse escândalo aqui! – Micael falou se levantando.
- Ahh! Você não conhece o sono de PEDRA da Rayana! – Mel falou rindo e seguindo Pedro, que já ia em direção à porta. Quando chegaram no quarto da última que faltava, pEDRO abriu a porta com cuidado e pôs a cabeça pra dentro, fez um sinal de joinha indicando que a menina dormia e abriu mais a porta.
- O que vamos fazer com essa daí? – Micael perguntou esfregando as mãos com um sorriso de abóbora de halloween para a câmera.
- Tive uma idéia! – Lua falou e sorriu maliciosa pra Pedro. – Entrega a câmera pra alguém, você vai entrar em ação agora!
pEDRO não sabia o que ela tinha em mente mas entregou a câmera pra Arthur e Lua imediatamente começou a tirar a camisa dele.
- Ei, o que ta fazendo?! – ele sussurrou assustado.
- Calma! Não vou te devorar! Ou pelo menos não aqui na frente deles... Se você quiser a gente pode combinar qualquer dia desses lá na sua casa... – Lua ria e começou a explicar sua idéia – Parei! É o seguinte, você fica só de boxers e deita ao lado dela, quando ela acordar o susto vai ser tão grande que eu aposto como ela vai gritar!
Pedro parecia não concordar com a idéia, sacudia a cabeça negativamente enquanto seus amigos sacudiam afirmando e sorrindo. Ele viu que não tinha escolha e começou a desabotoar a calça. E lá estava Pedro, só de boxers e morrendo de vergonha.
- Ahh vá Pedro, já tiramos a roupa num palco, esqueceu?! – Micael perguntou dando um tapa no ombro dele. Pedro fez cara de conformado e subiu na cama. Rayana estava na beirada da cama, deitada de lado e de costas para eles. Perfeito para Pedro deitar no outro cantinho de frente pra ela... Assim ele fez, deitou e se ajeitou lá mas ela nem se mexeu.
- Falei que ela dormia que nem pedra! – Melanie falou rindo pra câmera.
- Faz alguma coisa Pedro, passa a mão no rosto dela – Arthur deu a idéia.
Pedro começou a alisar o rosto dela, rosto que ele considerava o mais perfeito do mundo... Ficou olhando cada traço, nariz, boca, ficou imaginando que podia acordar todo dia ao lado dela! E enquanto ele se perdia nesses pensamentos, Rayana começou a abrir os olhos devagar. Primeiro ela sorriu, estava achando que era um sonho! Depois ‘acordou’ um pouco mais e se deu conta que ele tava ali mesmo e SEM ROUPA! Quer dizer, estava com a boxer, mas ela nem teve tempo de reparar nesse detalhe.
- AAAAAAAAAAHHHHHHH! – ela gritou na cara dele e o susto foi tão grande que a fez ir pra trás e cair da cama. Quando estava lá de bunda no chão, olhou pra cima e viu Arthur com a câmera na mão, se acabando de rir, junto com os demais que já botavam a mão sobre a barriga de tanto que riam da cara dela.
- Seus cretinos! Filhos da mãe vocês me pagam! – Rayana falou se levantando.
- Calma Ray, era só brincadeira! – Pedro falou se sentando na cama.
- Você vai ser o primeiro! – ela apontou pra ele e pegou seu travesseiro, começou a dar umas travesseiradas nele, que logo saiu correndo – VEM CÁ FILHO DA PUCCA! – ela foi correndo atrás dele. Os outros só sabiam rir e foram atrás pra filmar!
pEDRO corria pela casa toda desesperado, só com a roupa de baixo e com uma maluca correndo atrás dele com um travesseiro nas mãos. A essa altura ele já não sabia direito o que estava fazendo, olhou pra janela por onde entrou com Arthur e não pensou duas vezes, pulou pra fora da casa esquecendo de um detalhe: ele ainda estava só de boxers.
- PEDRO VOCÊ TA SÓ DE BOXER! – Arthur tentou avisar mas já era tarde demais.
- Oh... my... Gosh – Pedro falou serrando os dentes ao se dar conta que estava no meio da calçada só de cueca. As pessoas passavam olhando e rindo... Chay correu até a janela e a fechou, depois ficou rindo e apontando o branquelo lá fora.
- COITADO, ABRE A PORTA PRA ELE ENTRAR! – Rayana gritava lá dentro.
- Ah, não... Deixa ele se divertir mais um pouco! – Micael falou com a chave da porta na mão.
- VAI MICAEL, ANDA LOGO PORRA! – Ray gritou de volta.
- Ei, não foi você que praticamente expulsou ele? Pra que essa pressa toda?
- Porque ta frio!
- Ta bom, já vou abrir... – e foi abrir a porta com bastante moleza, girou a chave com toda a calma do mundo.
- Ai como vocês são cruéis! – Lua falava rindo.
- Vocês uma vírgula! Eu ainda tentei avisar! – Arthur se fez de ofendido.
- Ounn tudo bem Arthur, então só Micael e Chay são cruéis! Feliz? – ele sorriu e sacudiu a cabeça dizendo sim enquanto ela bagunçava os cabelos dele. Finalmente Micael terminou de abrir a porta e Pedro entrou bufando.
- Por que demorou tanto pra abrir? Eu já tava virando ponto turístico lá fora! – ele entrou e junto com ele algumas luzes de flashs.
- Hey! Nunca viram um homem de cueca não? Suas MAL COMIDAS! – Rayana berrou para algumas mulheres que se juntavam observando a paisagem, e em seguida fechou a porta.
- Isso foi engraçado cara! – Chay chegou em Micael e eles deram um toque de mãos.
- E você, porque fechou a janela seu cuzão?! – Pedro chegou apontando o dedo pra Chay.
- Você não veio acordar a gente? Isso foi uma vingança! – Chay respondeu cruzando os braços.
- E do Arthur, ninguém se vinga não? Ele veio comigo!
- Baah, o Arthur é só um bobão que todo mundo arrasta pra onde quer... – Chay falou dando de ombros.
- Oww não fala assim dele não! Ele é o mais bonzinho de vocês quatro – Mel protestou e se agarrou a um dos braços dele.
- Ele é um gay! – Micael gritou levantando os braços.
- É Micael? Que eu saiba, não fui eu que acordei com um PORQUINHO ROSA nos braços hoje!
- Ihhhhh – todos começaram a gritar e apontar pra Micael, que ficou sem graça.
- Foi a Lua que me obrigou! – quando ele falou a menina apontou pra si mesma com cara de ‘interrogação-cínica’ – E eu não quero falar sobre isso! Vamos tomar café da manhã!
- Ta bom Micael, não precisa ficar assim, a gente já desconfiava desde o começo mas não se preocupe... Não temos preconceito! – Chay dava tapinhas no ombro dele enquanto já caminhavam pra cozinha. Arthur parou de filmar nessa hora e Pedro foi se vestir.
Quando os dois chegaram mais próximos ao carro, Sophia e Chay já saíam de lá com sorrisos de coringa que parecia até que foram rasgados ali e com algumas sacolas nas mãos. Os dois casais pararam do lado do carro e se cumprimentaram. Chay ficou surpreso ao ver os outros dois de mãos dadas... Os quatro sorriam, mas o sorriso de Mel era só pra não chorar. ‘Chorar pra que? Só rindo mesmo!’ falava consigo mesma em pensamento.
- AH, VOCÊ NÃO VAI RETIRAR O QUE DISSE? – eles começaram a ouvir os gritos de Micael dentro da casa – ENTÃO EU VOU JOGAR FORA A SUA CANECA PREFERIDA! – Micael pegou em cima da mesinha da sala uma caneca de porcelana rosa e branca decorada com o desenho de um gatinho e o nome ‘Lua’ escrito. Depois correu até a janela da sala e estendeu o braço segurando a caneca pra fora, enquanto continuou olhando pra dentro, ou melhor, pra reação da Lua.
- HEY! DEVOLVA MINHA CANECA, BORGES!
- ENTÃO RETIRA O QUE DISSE BLANCO!
- NÃO RETIRO! E QUER SABER?! PODE JOGAR FORA, FOI VOCÊ QUE ME DEU MESMO... VOU CORRER NA COZINHA E PEGAR A SUA PRA JOGAR TAMBÉM!
- ÓTIMO – ele disse e jogou a caneca sem nem olhar pra fora. Por um azar, ela foi parar na cabeça do pobre Chay, que caiu na mesma hora.
- CHAY! – Soph gritou, fazendo Micael olhar pra fora.
- MINHA NOSSA! – ele levou as mãos pra trás da cabeça vendo o amigo caído.
- Que foi Micael?! – Lua correu pra janela – OMG! Vamos lá pra fora! – e puxou o primo, que estava em estado de choque.
Melanie abaixou perto dele com uma mão tampando a boca e outra sobre o peito, muito assustada. Saía sangue da testa do garoto. A caneca estava caída perto dele e faltava um pedaço. Mel parou o olhar nela, percebendo que começava a ficar com a visão embaçada por lágrimas que se formavam. Não demorou muito e ela viu dois pés parando perto da caneca, olhou pra cima e era Micael desesperado.
- Ai meu Deus, o que que eu fiz?! Matei meu amigo!
- Calma Micael, não foi culpa sua, ok! – Soph o segurou pelos ombros mas também estava em pânico.
- Vamos levar pro hospital, vem Micael me ajuda a pegá-lo e botar dentro do carro. – Arthur falou já erguendo Chay pelos braços. Colocaram Chay no banco de trás e prenderam o tronco com o cinto de segurança do banco pra ele não ficar sambando. Arthur foi dirigindo e Micael no passageiro, as garotas ficaram em casa esperando, nenhuma tinha condições de acompanhar, estavam todas assustadas. Entraram na casa do Micael e ficaram na sala, de vez em quando alguma delas olhava pro telefone, esperando que Micael ligasse. Sophia precisou tomar água com açúcar. Ray desceu e se deparou com as meninas andando de um lado pro outro na sala.
- Hey, o que aconteceu? Estão querendo fazer um buraco no chão da sala do Micael e nem me chamaram? – ela brincou, mas as outras continuavam sérias.
- Você não ouviu nada? – Melanie se aproximou dela.
- Não, tava no banho... O que foi?
- E-eu tava aqui na sala com o Micael, a gente entrou numa discussão besta, pra variar, e ele pegou aquela minha caneca que eu trouxe lá de casa e atirou pela janela...
- E aí a caneca acertou o Chay que tava lá fora comigo, Arthur e Mel. Por pouco não foi em mim! – Soph completou entre soluços o que Lua dizia.
- E ele se machucou muito? Cadê ele?
- Micael e Arthur levaram pro hospital no carro dele. – Mel terminou de explicar e as quatro ficaram esperando juntas.
Quase duas horas depois e nada... As meninas já estavam dando ataques nervosos-ansiosos-agudos-suicídicos{?} e Lua já discava o número do celular do primo, quando viram o carro parar em frente à casa e foram todas abrir a porta.
Chay já não estava mais sendo carregado. Ele caminhava, apesar de parecer bastante sonolento e estar apoiado no ombro do Micael.
- Ele ta bem? – Melanie perguntou quando Micael passou com Chay pela porta. Arthur que vinha logo atrás começou a contar.
- O médico disse que ele vai ficar bem, só precisa de um repouso. Fizeram os curativos na testa, alguns exames e deram um remédio pra ele dormir.
- Ele vai passar a noite aqui, os pais dele já estão sabendo e concordaram desde que ele volte amanhã pra casa. Me ajuda aqui Arthur, pra subir as escadas! – Micael falou e foram deixar Chay no quarto dos pais dele, que era onde ele estava dormindo esses dias, já que lá a cama é grande.
Depois de ajeitar Chay na cama, os meninos desceram pra sala de novo e Arthur foi pra casa.
- Obrigado dude! – Micael se despedia dele com uns tapinhas no ombro.
- Não por isso! Qualquer coisa me liga. Vou contar pro Pedro o que aconteceu, ele não deve estar sabendo ainda...
- Ok, vai lá... See ya! – ele fechou a porta e olhou para as meninas – Que acham de uma pizza?
Elas concordaram e cada uma foi pra um lado, Lua subiu pro seu quarto pra tomar banho e Mel fez o mesmo, Micael foi ligar pra pizzaria, Ray e Soph foram lavar alguns pratos pra eles comerem.
Uns vinte minutos depois, Ray estava no corredor dos quartos, próxima à escada encostada no corrimão. Esperava Mel sair do quarto, quando isso aconteceu ela sorriu.
- Oi Melanie!
- Oi...
- Erm... Quer dizer que você agarra o gostoso do Arthur e nem me conta?!
- Hum?
Lua estava dentro de seu quarto, (que é ao lado do da Mel) prestes a abrir a porta, quando escuta que estão falando do Arthur! Então ela cola seu ouvido na porta e continua ouvindo a conversa no corredor.
- Do que v-você ta falando? – Melanie gaguejou e ficou brava com ela mesma.
- Ah Mel! Pode parar de esconder! Eu te vi no maior beijaço com ele hoje! E aí? Como é o beijo Aguiar?
- Erm... – Mel engoliu seco, não sabia se desmentia ou não! Nem teve tempo de pensar nessa questão depois do que aconteceu com Chay. – É que eu não tava esperando... Mas você sabe né, rolou. Foi legal.
- Ai putz! Como assim, ‘legal’?! Você precisa me contar isso com mais detalhes depois! E não pense que vai fugir, huh!
- Ok. A pizza já chegou? To morrendo de fome! Vou comer e depois venho ver o Chay... – e Mel saiu de perto de Ray antes que perguntasse mais coisas. Ray também já ia descendo as escadas, quando Lua abriu a porta de seu quarto e soltou um ‘psiu’, Rayana olhou pra trás e Lu acenou pedindo que se aproximasse. Ela subiu alguns degraus que já tinha descido e Lua deu espaço para que Ray entrasse no quarto. Depois fechou a porta.
- Que foi Lu?
- Ah... Ray, desculpa eu ter escutado... Mas é que vocês conversaram aqui na frente e...
- Tudo bem Lua, eu já entendi. Então você ouviu né...
- Uhum. Você viu a Melanie e o Arthur juntos?
- É. Vai ser bom pra ela, esquecer o Chay, já que ele ta com a Sophia. Não é?
- É... – ela murmurou concordando em tom de desânimo.
- Lu?
- O que?
- Eu sei que você e o Arthur se conhecem desde antes e panz e que você já gostou dele, mas... Gosta do Arthur ainda?
- N-não, não... Eu... – ela negava sacudindo a cabeça rápido e nervosa.
- Ta, não precisa se estressar comigo, eu sei que a minha pergunta foi besta, já que você ta com o Micael!
Lua se sentiu gelar e deixou o queixo cair um pouco, mas quando ia responder, Sophia bateu na porta.
- Ow vocês duas, eu sei que estão aí! As pizzas já chegaram, desçam logo!
As duas desceram e se juntaram à Sophia, Mel e Micael à mesa.
Melanie fez como havia dito, depois de comer foi ver Chay, que ainda dormia pesado. Ela apenas entrou no quarto e deitou ao lado dele... Ficou observando como ele dormia tranqüilamente, parecia que estava tendo um sonho bom, a boca fazia quase um sorriso. E foi assim até que ela pegou no sono também.
Os outros, depois de comer, ficaram conversando na sala, mas não demoraram pra ir dormir. Lua já se preparava pra dormir, mas sabia que não ia conseguir tão cedo porque não parava de pensar em como as coisas sempre acabam iguais. ‘Arthur não muda. Definitivamente. Imagina só?! Pegando a Melanie assim do nada... Quer apostar quanto que amanhã no meio de uma conversa ele vai me contar isso? Igual quando a gente estudava... Eu queria que ele se explodisse! O quê?! Não posso ficar sofrendo por ele o resto da vida, né?! Ou você acha que não foi torturoso esse jantar? Ficar olhando pra Mel ali na minha frente, eu queria voar nela, dude! Na minha própria irmãzinha! Não me perdoaria se eu fizesse isso! Até porque ela não tem culpa e...’ Seus pensamentos foram interrompidos quando alguém bateu na porta do quarto. Ela secou uma lágrima que escorria pela bochecha, foi abrir a porta e Micael estava lá.
- Ué Micael, que foi?
- Oi, obrigado por me deixar entrar! – ele riu irônico, plantado na frente da porta.
- Bobo... Entra aí! – ela riu e deu espaço pra ele passar, fechando a porta em seguida.
- Desculpa ter jogado a sua caneca fora!
- Ta, eu também já tratei de quebrar a sua em mil pedacinhos e depois eu tava pensando em comprar um revólver, pra te fazer ajoelhar sobre eles! – ela falou e piscou, fez uma pausa e riu em seguida vendo a cara desesperada que ele fazia – Ok, parei de brincar!
- Você não seria capaz de acabar com a minha caneca como eu fiz com a sua. Prometo que compro uma nova!
- Beleza! Agora me desculpa por ficar te irritando, eu juro que não vou mais falar naquilo... – fez uma pausa e olhou pro teto – Mesmo eu tendo razão!
- LU!
- MICAEL!
- Você ainda vai insistir nisso?
- Se é verdade!
- Eu não sou a fim da Sophia!
- É sim!
- Não sou! Você ta querendo me atirar pra ela por acaso? E a gente?
- Como assim e a gente, Micael? Você sabe melhor do que ninguém que esses dias a gente tem ficado algumas vezes, mas não quer dizer nada! – os dois discutiam baixinho, mas queriam gritar de novo.
- Não quer dizer nada? – ele a puxou por um dos braços fazendo os corpos quase se chocarem – Então vê aí se isso é nada! – beijou-a de repente, muito rápido, nem deu tempo pra Lua ter qualquer reação, então apenas se rendeu ao beijo intenso.
Micael sabia que estava se enganando, nunca esqueceu Sophia. Durante esses dias que ela estava lá na casa dele, foi quase impossível se comportar normalmente, toda hora tinha que dizer pra ele mesmo que não gostava mais dela... Uma forma que achou pra tentar se convencer disso, foi se aproximar da prima de outro modo. Eles nunca tinham ficado assim antes daquelas férias. Estava sendo conveniente para os dois acreditar que se gostavam de verdade e já tinham esquecido Sophia e Arthur, mas uma hora a ficha cai sempre.
À medida que o beijo ia avançando, eles iam caminhando com passos curtos e sem pará-lo. Lua sentiu a batata da perna encostando na cama e sentou puxando Micael pra cima dela. Eles se desgrudaram por um segundo pra Micael poder tirar a camisa, mas quando ele ia voltar a beijá-la, Lua teve um momento de raciocínio e o segurou pelo ombro.
- Espera aí dude... – ela disse meio ofegante, os dois estavam.
- Você não quer? Já ficamos algumas vezes e eu confesso que nunca pensei em você dessa forma, mas estou gostando!
- Pára Micael, você sabe que não ta certo! A gente se gosta, mas não é por aí, estamos juntos numa mentira! – Micael ouviu, suspirou, rolou os olhos, ficou em silêncio por um tempo e a encarou de novo.
- Está certo. Você tem razão. O tempo todo você tinha razão.
- Eu não disse! Admite Micael! Todo esse grude comigo é por causa da Sophia!
- É, é! O que você quer que eu diga?! E-eu, eu, sei lá! Assim que eu a vi naquela estação de trem, parecia que eu estava sendo levado por um furacão de memórias, depois de um tempo sem vê-la era como se eu tivesse esquecido tudo o que sentia, mas eu não esqueci porque senão num teria voltado, entende?
- Claro que eu entendo Micael!
- Quando ela começou a ficar com Chay eu achei que fosse ter um troço! E eu nem sei o que foi que me deu, você sabe que eu te amo! Só que não dessa maneira...
- Eu sei! Também te amo besta! – ela riu e bagunçou o cabelo dele.
- Começamos a ficar de repente, foi tão inesperado quanto uma chuva de verão!
- Culpa do aquecimento global!
- Pode crer!
- Acho que a gente meio que se usou simultaneamente.
- Me senti como um loser esses dias e acho que passei um pouco da minha loserice pra você! – e os dois sorriram. Depois encostaram as testas.
- Micael... Promete que vai enfrentar as coisas ao invés de ficar tentando fugir delas?
- Uhum! E você promete que vai se resolver com seu passado?
- Erm... Meu passado? – ela descolou a testa da testa dele e ajeitou a postura enquanto ele vestia a blusa.
- Quando eu entrei no quarto você tava chorando... O que aconteceu?
- Como assim?
- Eu sempre sei quando você chora, lembra? – ele sorriu e apertou aquele nariz que estava um pouco vermelho, ela rolou os olhos e respirou fundo.
- Não dá pra esconder nada de você...
- É que eu me preocupo com você Lu! Se você chora eu quero saber quem foi que causou...
- Foi você.
- EU?! QUE FOI QUE EU FIZ? – enquanto ele gritava, Lua ficou rindo.
- Brincadeira, quer dizer, de uma forma indireta, talvez.
- Han? Quer explicar?
- Se você não fosse amigo do Arthur, eu não teria reencontrado aquela praga da minha vida!
- Ahn... Mas o que foi que ele te fez?
- Nada. Só o mesmo de sempre. – ela começou a olhar pros lados e queria acabar com aquele assunto porque não gostava de ficar choramingando.
- Então... É aquele garoto que te fazia chorar porque pegava quase todas as meninas da escola né! Por acaso ele pegou outra menina de alguma escola? – ele fez Lua rir mas logo ficou séria.
- Não... Mas isso é passado! O que mais me surpreende é que ainda sofro se fico sabendo que ele pegou alguém! Tem alguma coisa errada comigo Micael, não sou normal! – desabou no choro e abraçou o primo.
- Calma, não é pra tanto... – ele alisava os cabelos dela, que permanecia com a cara enterrada no ombro dele. Depois de um tempo assim, ela se afastou um pouco e disparou a falar.
- É do mesmo jeito que você falou sobre Sophia, Micael! Voltou tudo, até a raiva de mim mesma por ser uma incompetente e medrosa. Me sinto exatamente igual a antes, sem forças pra chegar nele e dizer o que sinto, parece simples porque eu sei que ele também sente, mas ao mesmo tempo não quero ter o Arthur por um dia e perder...
- Eu entendo. Vai dar tudo certo, as coisas sempre se resolvem, você sabe!
- Obrigada por tudo, Micael! E desculpa ter ficado com você só pra ver se tinha esquecido o Arthur, mesmo sabendo que não.
- É, eu digo o mesmo...
- Hum... Então você também não consegue esquecer o Arthur, huh?
- NÃO! Digo... Ah, você entendeu! Digo o mesmo só que sobre Soph! – sorriram ao mesmo tempo que encaravam os pés.
- Isso não vai acontecer de novo, né?
- O que?
- Você sabe, a gente ficando, só pra se enganar...
- Não. Isso foi bom porque nós dois somos um casal irresistível! – ele estufou o peito e deu uma piscada – Mas... Não foi a atitude mais correta. Daqui pra frente nós seremos irmãos, pode ser?
- Pode mano!
- Ta bom então, já to indo! Eu to aqui no quarto da Melanie porque ela caiu no sono por lá mesmo com o Chay.
- Uhum... Ei Micael! Você nunca gostou desse quarto aí ao lado! Lembra? Quando você era criança dizia que tinha medo de dormir nele sozinho - Lua lembrava os tempos de infância e os dois riram.
- Verdade, depois que meu padrinho teve um infarto e morreu enquanto dormia lá dentro, passei um tempo sem encarar aquele quarto! – Micael falou e o sorriso dos dois foi desaparecendo devagar.
- Você gostava muito dele... E eu também!
- Sim... Ah, mas isso era bobeira de criança, não tem nada a ver com o quarto em si! – ele fez uma pausa e sua expressão começou a mudar – Aff, bela hora pra você me lembrar disso viu!
- AHAUHUA! Quer ficar aqui hoje? Não tem problema, eu posso invadir o quarto da Ray ou da Soph.
- Não, num precisa. Podemos dormir juntos, somos magros! Não somos?
- É, somos... Mas nada de gracinhas! Na primeira eu te ponho pra fora!
- Não vou fazer nada! Que mania de me julgar, acabei de dizer que somos como irmãos agora, cacete!
- Ta, ta... A gente dorme junto hoje. Só que tem uma condição!
xxx
You count 'em one, two, three
You look so cute when you get that mad
You drain the life from me, and it feels oh so good
The looks you give are so contagious
The way we move is so outrageous
Just let me in, wasting time, just let me in
Lets make it look right
Stay up and get down sleeps just time
Spent wasting time
So get down, get down
Lets make it happen all night
Chay ouvia essa música e ela vinha da cozinha... Quem será que estava ouvindo música na cozinha? Ele foi ver! Chegou lá e Melanie dançava de olhos fechados segurando uma colher-de-pau como microfone. Ela parecia não estar notando sua presença ali e num piscar de olhos a garota, que estava com todas as peças de um pijama, de repente ficou só com as pantufas do frajola, a calcinha, que ele pôde ver que tinha um desenho de um sapinho e a camiseta regata do pijama. Nem ele entendeu como de repente ela estava sem a calça, mas gostou do conjunto da obra! Ela se movia sensualmente fazendo ondinhas com o corpo e isso fazia Chay sentir os batimentos acelerando enquanto se aproximava. Depois, Mel derrubou todos os objetos que estavam em cima da mesa e subiu nela, continuando a dançar e cantar em seguida.
You're moving close, my pulse is racing
Wer'e getting close
Yeah i can taste it
I've never done it quite like this
So slow it down now, just slow it down
The looks you give are so contagious
The way we move is so outrageous
Just let me in, wasting time, just let me in, let me in
Stay up and get down sleep's just time
spent wasting time
So get down, get down
Lets make it happen all night
No meio da madrugada, mais ou menos 3 da manhã, Chay acorda do sonho que estava tendo. Dá de cara com Melanie, deitada de lado, virada pra ele. ‘Dormindo assim, parece a criança fofinha da mamãe!’ sorriu com o próprio pensamento e tocou o rosto dela de leve achando a pele mais macia que já pudera tocar, ajeitou o cabelo atrás da orelha e isso a fez acordar, ela abriu os olhos devagar e ficou feliz ao dar de cara com Chay sorrindo à sua frente. Tão feliz que abriu um sorrisão e pulou em cima dele pra abraçá-lo. Ficou com a cabeça enterrada no pescoço dele e sentia um alívio por ver que ele estava bem.
- Você matou a gente de susto! – ela falou já se afastando e dando um tapinha leve no braço dele.
- Nossa, desculpa por ter levado uma pancada, juro que foi sem querer! – ele riu irônico e ela sacudiu a cabeça.
- É sério Chay, entramos em pânico vendo sair sangue da sua testa! Se sente bem?
- Uhum... Vaso ruim não quebra fácil babe! E todos nós aqui somos vasos péssimos por sinal! Você viu o Arthur, rolou daquela ‘pequena’ escada e saiu ileso! – os dois riram mais um pouco, ele passou os dedos sobre o curativo na testa e pressionou de leve fazendo cara de dor – Dói um pouco aqui ainda.
- Tudo bem, o médico disse que não foi profundo.
- Hum... Acho que eu to com fome! – passou a mão pelo estômago fazendo uma careta, Mel riu e foi se levantando enquanto falava.
- Imaginei que você pudesse acordar no meio da madrugada, guardei uns pedaços de pizza. Estão lá no forno, vem! – ela chegou ao lado dele e estendeu a mão, ele sorriu e a segurou. Precisou de uma ajuda pra levantar e caminhar até a cozinha, pois estava ainda um pouco tonto. Enquanto ele comia pizza, ela pegou uma maçã... Os dois não conversaram durante esse tempo, ou melhor, não trocaram palavras, mas os olhares falavam por si só. De vez em quando Chay olhava pra ela e sorria, mesmo mastigando e Melanie retribuía igualmente.
- Hey, aonde você vai? – Chay perguntou baixinho quando chegaram no corredor dos quartos e Melanie caminhou em direção oposta ao quarto onde ele estava.
- Vou pro meu quarto... – ela respondeu no mesmo tom de voz, como se fosse óbvio.
- Ah não! Fica aqui! – e ele fez a carinha, aquela carinha de coelhinho da páscoa sendo assaltado que Mel não ia conseguir resistir se ficasse olhando, então desviou o olhar pra tentar ser mais durona.
- Mas e se a Soph for lá de manhã e eu estiver lá ainda? Ela vai pensar o que?
- Ela não vai pensar nada! A gente ta só ficando...
- Mas... mas ela vai ficar brava comigo depois!
- ‘Mas... mas... mas’ – ele a imitou afinando a voz e tentando rebolar – Não complica Mel! Ela não vai ficar brava, o que eu poderia fazer com você no estado em que estou? Anda vai... Faz o sacrifício de dormir ao lado desse moribundo!
- Menos Suede, você não ta moribundo! – Mel riu e foi caminhando pra mais perto dele.
- Isso é um sim? Você vai ficar aqui? – ele perguntou com cara de criança que acabou de ganhar um Kinder Ovo.
- É... – ela respondeu um pouco tímida.
- YEEEEE! – Chay soltou um gritinho e levantou os braços sem se tocar que ainda estavam no corredor.
- Shhh, vai acordar a casa toda! – Mel tampou a boca dele com uma mão e lhe deu um tapinha no braço com a outra mão. Os dois estavam em frente à porta do quarto e a poucos centímetros de distância um do outro. Melanie começou a ficar hipnotizada com aquele olhar sobre ela e foi tirando lentamente a mão que ainda tampava a boca do menino, mas ele segurou o pulso antes que ela terminasse de abaixar e deu um beijo delicado nas costas da mão. Numa fração de segundo, um choquinho gostoso percorreu todas as veias da menina e como se isso não bastasse, Chay chegou bem perto da orelha dela e sussurrou um ‘Obrigado’. Melanie sentiu um friozinho percorrer toda a espinha dela até chegar na nuca.
- Imagina, Chay – ela respondeu com a voz falha. Os dois continuaram assim bem próximos, até ouvirem um barulho dentro de algum dos quartos. Afastaram-se num susto e entraram no quarto... Mel estava sem graça ‘Não faça nada com ele! Não chega perto, não olha, não toque nele Melanie! Sendo sério ou não ele ta com a Soph e eu não posso ser tão falsa amiga assim! Tipo vilã de seriado adolescente!’ ela pensava.
- Não vai apagar a luz amor?! – Chay falou com uma voz gay, já deitado na cama e a fez acordar dos pensamentos.
- Claro mona! – ela sorriu, apagou a luz e se deitou como antes, de frente pra ele, mas não muito perto, tinha medo de perder o controle da situação com aquele sorriso de orelha à orelha que ele tinha estampado no rosto.
- Você já chamou alguém com um sonho? – ele perguntou de repente com uma voz baixinha que fez eco na cabeça dela.
- Não, por quê? – ela respondeu estranhando a pergunta.
- Você vai rir... E pode não acreditar! Mas você tava no meu sonho agora há pouco! E aí quando eu acordo você ta aqui na minha frente! Sabe, isso foi... UAU! – ela não pôde deixar de sorrir ouvindo aquilo, lembrou que ele parecia feliz quando dormia, será que foi na hora do sonho com ela?
- E eu fazia o que no sonho? – ela perguntou depois de um tempo sorrindo.
- Estava ouvindo uma música. – sim! Ele escondeu alguns detalhes...
- Que música?
- Conhece The Maine? Count 'Em One, Two, Three.
- Uhum, gosto de The Maine e dessa música, mas ainda prefiro Plain White T’s... – ela afirmou de olhos fechados e sorriu, não demorou a dormir e ele também não, estavam com sono.
- Como será que o Chay está?
- Dormindo numa casa cheia de meninas? Deve ta ótimo! – Arthur respondeu a pergunta de Pedro. Dez horas da manhã e os dois já estavam na frente da casa do Micael. Pedro segurava uma filmadora, queriam acordar o Chay e quem mais estivesse dormindo na casa! Como a porta estava fechada, eles foram entrar pela janela da sala, que viram que estava aberta.
- Ainda bem que não somos assaltantes Cara! – Pedro comentou enquanto terminava de pular pra dentro, Arthur já estava lá.
- Sorte do Micael... Mas do jeito que ele é relaxado e deixa isso aqui aberto, não vai demorar!
Os dois foram caminhando devagar e ao chegar no corredor cheio de quartos, sorriram um pro outro vendo que todos eles estavam com as portas fechadas, ou seja, provavelmente todos dormiam ainda, um prato cheio para duas crianças felizes com uma câmera na mão!
- Quem vai ser a primeira vítima? – Pedro perguntou com um sorriso maligno.
- O Chay! – Arthur respondeu com o mesmo sorriso e esfregando as mãos – A câmera já ta ligada dude?
- Já, desde que a gente tava lá fora ainda!
- Perfeito! – eles conversavam baixinho enquanto se aproximavam devagar da porta do quarto onde Chay ficou, mas ao passar pela porta do quarto onde Sophia estava, foram surpreendidos pela garota, que abriu a porta.
- Eii! O que vocês dois fazem aqui? – ela perguntou baixo, porém um pouco irritada.
- Que susto garota! Só porque você ia ser a próxima vítima! – Arthur dizia como se estivesse inconformado.
- Hum? Vítima? Estão falando de quê?
- Ele quis dizer a próxima a ser acordada... – Pedro esclareceu – A gente tava indo acordar o seu peguete!
- Ahn...
- Vem, vai ser engraçado, estamos filmando! – Arthur a puxou pela mão com cara de sapeca.
Chegaram no quarto do Chay e Pedro abriu a porta devagar, Arthur e Sophia vinham logo atrás. Eles entraram em silêncio e fecharam a porta pra evitar de acordar os outros com as risadas. Quando olharam para a cama, se surpreenderam ao vê-lo abraçado a Melanie, ela dormia de barriga pra cima e ele com um braço e uma perna jogados por cima dela. Arthur olhou de rabo de olho pra Sophia mas ela não esboçou nenhuma reação, apenas passava os olhos pelos objetos do quarto, procurando por algo que eles pudessem usar pra assustar os dois. Sophia caminhou até a penteadeira e pegou um frasco de perfume, olhou pra Pedro e colocou o perfume ao lado do rosto, fazendo um olhar como de quem diz olha só o que eu tenho aqui !Pedro gostou da idéia e ela passou o frasco à Arthur. Os três se aproximaram da cama, Arthur tirou a tampa do frasco e mirou bem na cara do Chay... Pedro e Soph já soltavam risinhos abafados pelas mãos na frente da boca e Arthur começou a espirrar perfume nos dois, que deram um pulo e já levaram as mãos ao rosto.
- Mas que caralho! – Melanie dizia esfregando as mãos pelo rosto e tentando ficar sentada.
- Vocês são loucos seus merdas? – Chay também levantava sem acreditar naquela maluquice. Os outros três riam como hienas desmamadas!
Chay agora já ria da situação, mas quando viu Sophia, diminuiu um pouco o sorriso, afinal, tinha outra menina deitada ao lado dele! Sophia percebeu que ele a olhava um pouco tenso e piscou pra ele, que ficou aliviado, mesmo sem entender muita coisa e voltou a sorrir.
- Mel, caiu perfume no seu olho? – perguntou Chay preocupado vendo que a menina não tirava a mão de cima do olho.
- Acho que sim!
- Sério? Desculpa Mel! – Arthur já correu até ela meio desesperado e sentou na beirada da cama.
- AHHHH! – Mel gritou tirando a mão do rosto e começando a fazer cócegas em Arthur, que logo deitou se contorcendo e rindo.
- PÁÁÁÁRAA! – Arthur começou a fazer o maior escândalo porque Chay pegou o frasco de perfume da mão dele e começou a espirrar nos dois.
- Shhhh! – Sophia fez sinal pra eles diminuírem o barulho – Tem mais adormecidos pra gente acordar!
- Ela ta certa! Vamos procurar a próxima vítima! – Pedro concordou e se dirigiu com a câmera até a porta do quarto. Os outros o seguiram pra fora e quando chegaram no corredor, o próximo quarto seria o da Soph, mas como ela já estava entre eles, o próximo era o da Lua. Todos olharam pra porta do quarto de Lu e depois se entreolharam com aqueles sorrisos de gremilin malvado! Pedro foi do mesmo jeito que da outra vez e abriu a porta devagar, com o resto do grupo atrás dele. Agora a surpresa foi geral... Micael estava lá! A principio, os mais afetados com a visão foram Arthur e Sophia. Sentiram ao mesmo tempo o teto do quarto caindo sobre eles... Mel olhou pro amigo e tocou no ombro dele, enquanto Sophia queria sair correndo mas não podia dar essa bandeira. Todos eles ficaram se perguntando mentalmente se aconteceu alguma coisa ali ou não, mas vendo como os dois estavam, qualquer um diria que não, pois Lua estava de costas pra ele e de frente pra parede abraçada com um gato azul de pelúcia. Enquanto Micael estava virado para a borda da cama, também de costas para Lua e tinha nos braços um porquinho rosa (que Pedro fez questão de focalizar bastante!). E estavam com todas as peças de roupa completas e sem sinais de amassado! (Olha que análise profunda! Peritos profissionais!). Ao analisar melhor a cena, tanto Sophia quanto Arthur se sentiram mais aliviados, não estava parecendo que os dois tinham... err... você sabe, se comido!
- E então, como a gente acorda eles? – Mel perguntou baixinho. Começaram a passear os olhos pelo quarto e o que mais tinha era bicho de pelúcia. Arthur abriu o guarda-roupa e deu de cara com uma caixa rosa notável. ‘O que será que tem nessa caixa? Arthur Aguiar, que coisa feia, querendo fuxicar na vida dos outros... francamente!’ ele sacudia a cabeça pra afastar os pensamentos sobre a caixa quando Sophia sussurrou pra ele algo que não entendeu.
- Hum?
- Arthur, pega logo a vaca da Lua! – Sophia repetiu e ele agora entendeu as palavras, mas continuou sem entender o que ela quis dizer. A menina, vendo a cara que ele fazia começou a rir baixinho e apontar pra dentro do guarda-roupa, ele olhou e viu uma vaquinha malhada de pelúcia. Sorriu idiotamente do que havia pensado e a pegou. Entregou pra Sophia, que estendia os braços pra ele e então ela olhou pra pEDRO, ou melhor, para a câmera e contou até três com os dedos, colocou a vaca perto da cabeça dos dois e apertou a barriga da vaquinha, que começou a se balançar e soltar uma risada extremamente escandalosa junto com uns gritos.
Sophia sabia que aquela vaquinha fazia isso pois quando Lua a comprou, ela estava junto. As cabeças de Micael e Lua se bateram por causa do susto que tomaram e os amigos não sabiam se estavam rindo pela risada contagiante da vaquinha ou por eles terem se batido!
- OMFG! – Lua se sentou com as mãos na cabeça.
- Bando de retardados! – e Micael atirou o porquinho que segurava contra o grupo. – Hey, como vocês entraram aqui em casa? – ele perguntou depois olhando pra pEDRO e Arthur.
- Pela janela da sala... – Arthur disse simplesmente.
- Zé ruelas – Micael falou fechando os olhos e rindo. Lua também não parava de rir e esconder o rosto.
- Pára de me filmar! Eu acordo horrível!
- OMG, SOCORRO É A SAMARA MORGAAANNN! – Micael falou quando olhou pra ela e fingiu tomar um susto, ela lhe deu um tapa no braço que fez um barulho alto.
- Você é linda todas as horas do dia Lu – Arthur falou sorrindo e ela corou visivelmente.
- Vamos guys! Ainda falta a Rayana! – Chay falou logo em seguida.
- Precisa ver se ela ta dormindo ainda depois de todo esse escândalo aqui! – Micael falou se levantando.
- Ahh! Você não conhece o sono de PEDRA da Rayana! – Mel falou rindo e seguindo Pedro, que já ia em direção à porta. Quando chegaram no quarto da última que faltava, pEDRO abriu a porta com cuidado e pôs a cabeça pra dentro, fez um sinal de joinha indicando que a menina dormia e abriu mais a porta.
- O que vamos fazer com essa daí? – Micael perguntou esfregando as mãos com um sorriso de abóbora de halloween para a câmera.
- Tive uma idéia! – Lua falou e sorriu maliciosa pra Pedro. – Entrega a câmera pra alguém, você vai entrar em ação agora!
pEDRO não sabia o que ela tinha em mente mas entregou a câmera pra Arthur e Lua imediatamente começou a tirar a camisa dele.
- Ei, o que ta fazendo?! – ele sussurrou assustado.
- Calma! Não vou te devorar! Ou pelo menos não aqui na frente deles... Se você quiser a gente pode combinar qualquer dia desses lá na sua casa... – Lua ria e começou a explicar sua idéia – Parei! É o seguinte, você fica só de boxers e deita ao lado dela, quando ela acordar o susto vai ser tão grande que eu aposto como ela vai gritar!
Pedro parecia não concordar com a idéia, sacudia a cabeça negativamente enquanto seus amigos sacudiam afirmando e sorrindo. Ele viu que não tinha escolha e começou a desabotoar a calça. E lá estava Pedro, só de boxers e morrendo de vergonha.
- Ahh vá Pedro, já tiramos a roupa num palco, esqueceu?! – Micael perguntou dando um tapa no ombro dele. Pedro fez cara de conformado e subiu na cama. Rayana estava na beirada da cama, deitada de lado e de costas para eles. Perfeito para Pedro deitar no outro cantinho de frente pra ela... Assim ele fez, deitou e se ajeitou lá mas ela nem se mexeu.
- Falei que ela dormia que nem pedra! – Melanie falou rindo pra câmera.
- Faz alguma coisa Pedro, passa a mão no rosto dela – Arthur deu a idéia.
Pedro começou a alisar o rosto dela, rosto que ele considerava o mais perfeito do mundo... Ficou olhando cada traço, nariz, boca, ficou imaginando que podia acordar todo dia ao lado dela! E enquanto ele se perdia nesses pensamentos, Rayana começou a abrir os olhos devagar. Primeiro ela sorriu, estava achando que era um sonho! Depois ‘acordou’ um pouco mais e se deu conta que ele tava ali mesmo e SEM ROUPA! Quer dizer, estava com a boxer, mas ela nem teve tempo de reparar nesse detalhe.
- AAAAAAAAAAHHHHHHH! – ela gritou na cara dele e o susto foi tão grande que a fez ir pra trás e cair da cama. Quando estava lá de bunda no chão, olhou pra cima e viu Arthur com a câmera na mão, se acabando de rir, junto com os demais que já botavam a mão sobre a barriga de tanto que riam da cara dela.
- Seus cretinos! Filhos da mãe vocês me pagam! – Rayana falou se levantando.
- Calma Ray, era só brincadeira! – Pedro falou se sentando na cama.
- Você vai ser o primeiro! – ela apontou pra ele e pegou seu travesseiro, começou a dar umas travesseiradas nele, que logo saiu correndo – VEM CÁ FILHO DA PUCCA! – ela foi correndo atrás dele. Os outros só sabiam rir e foram atrás pra filmar!
pEDRO corria pela casa toda desesperado, só com a roupa de baixo e com uma maluca correndo atrás dele com um travesseiro nas mãos. A essa altura ele já não sabia direito o que estava fazendo, olhou pra janela por onde entrou com Arthur e não pensou duas vezes, pulou pra fora da casa esquecendo de um detalhe: ele ainda estava só de boxers.
- PEDRO VOCÊ TA SÓ DE BOXER! – Arthur tentou avisar mas já era tarde demais.
- Oh... my... Gosh – Pedro falou serrando os dentes ao se dar conta que estava no meio da calçada só de cueca. As pessoas passavam olhando e rindo... Chay correu até a janela e a fechou, depois ficou rindo e apontando o branquelo lá fora.
- COITADO, ABRE A PORTA PRA ELE ENTRAR! – Rayana gritava lá dentro.
- Ah, não... Deixa ele se divertir mais um pouco! – Micael falou com a chave da porta na mão.
- VAI MICAEL, ANDA LOGO PORRA! – Ray gritou de volta.
- Ei, não foi você que praticamente expulsou ele? Pra que essa pressa toda?
- Porque ta frio!
- Ta bom, já vou abrir... – e foi abrir a porta com bastante moleza, girou a chave com toda a calma do mundo.
- Ai como vocês são cruéis! – Lua falava rindo.
- Vocês uma vírgula! Eu ainda tentei avisar! – Arthur se fez de ofendido.
- Ounn tudo bem Arthur, então só Micael e Chay são cruéis! Feliz? – ele sorriu e sacudiu a cabeça dizendo sim enquanto ela bagunçava os cabelos dele. Finalmente Micael terminou de abrir a porta e Pedro entrou bufando.
- Por que demorou tanto pra abrir? Eu já tava virando ponto turístico lá fora! – ele entrou e junto com ele algumas luzes de flashs.
- Hey! Nunca viram um homem de cueca não? Suas MAL COMIDAS! – Rayana berrou para algumas mulheres que se juntavam observando a paisagem, e em seguida fechou a porta.
- Isso foi engraçado cara! – Chay chegou em Micael e eles deram um toque de mãos.
- E você, porque fechou a janela seu cuzão?! – Pedro chegou apontando o dedo pra Chay.
- Você não veio acordar a gente? Isso foi uma vingança! – Chay respondeu cruzando os braços.
- E do Arthur, ninguém se vinga não? Ele veio comigo!
- Baah, o Arthur é só um bobão que todo mundo arrasta pra onde quer... – Chay falou dando de ombros.
- Oww não fala assim dele não! Ele é o mais bonzinho de vocês quatro – Mel protestou e se agarrou a um dos braços dele.
- Ele é um gay! – Micael gritou levantando os braços.
- É Micael? Que eu saiba, não fui eu que acordei com um PORQUINHO ROSA nos braços hoje!
- Ihhhhh – todos começaram a gritar e apontar pra Micael, que ficou sem graça.
- Foi a Lua que me obrigou! – quando ele falou a menina apontou pra si mesma com cara de ‘interrogação-cínica’ – E eu não quero falar sobre isso! Vamos tomar café da manhã!
- Ta bom Micael, não precisa ficar assim, a gente já desconfiava desde o começo mas não se preocupe... Não temos preconceito! – Chay dava tapinhas no ombro dele enquanto já caminhavam pra cozinha. Arthur parou de filmar nessa hora e Pedro foi se vestir.
aaa posta mais , você está me matando de curiosidade!!!!!!!!
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