16º Capitulo - Addicted
Ouvi um barulho de alguma coisa distante caindo, e abri meus olhos calmamente. Quando finalmente consegui focaliza-los sorri pra Arthur que estava com o rosto a poucos centímetros de distância do meu e também parecia ter acabado de acordar.
‘Diego acordou.’ Falei baixo e minha voz saiu abafada por causa do cobertor.
‘Quem vai lá, eu ou você?’ Ele sorriu e eu o olhei fazendo bico. ‘Ok, eu vou.’ Ele beijou minha bochecha e se levantou calmamente saindo do quarto entre bocejos. Sorri comigo mesma e fechei os olhos sem intenção de dormir novamente, mas antes que eu pudesse evitar já tinha o feito.
Senti uma claridade bater em meus olhos e quando finalmente consegui acordar me dei conta de que tinha dormido novamente por mais de uma hora. Esfreguei os olhos, me levantei e fui até o banheiro limpar meu rosto e escovar meus dentes. Vesti uma blusa qualquer de Arthur e saí do quarto ouvindo risos vindos da sala. Caminhei até lá encontrando duas crianças, ou melhor, Arthur e Diego brincando no chão e vendo desenho animado.
‘Bom dia, bela adormecida.’ Arthur sorriu de uma forma tão fofa que eu tive vontade de pular em cima dele e esmagá-lo.
‘Dia, adômecida.’ Diego tentou imitar o pai e os dois riram. Eu devo ter feito e cara mais boba possível. Na verdade eu queria esmagar aquelas duas criaturas sentadas no chão da minha sala. O que seria de mim sem esses dois?
‘Bom dia.’ Falei sorrindo e sentei ao lado de Arthur. Diego veio até mim, me abraçou e beijou minha bochecha, depois voltou a atenção pros brinquedos espalhados pelo chão, o carrinho que eu e Arthur demos pra ele de aniversário estava ali e era o único que ele dava realmente atenção.
Sorri pra Arthur ao meu lado e ele me deu um selinho.
‘Dormiu bem?’ Ele perguntou botando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, e eu sorri confirmando. A mão dele passou por trás de mim e me abraçou pela cintura. Encostei minha cabeça em seu ombro e fiquei observando Diego brincar.
‘Odeio domingos tediosos.’ Comentei depois que a sessão de desenhos animados acabou.
‘A gente pode ir ao parque!’ Arthur sorriu bobo e eu olhei pra Diego que não prestava atenção na conversa.
‘Príncipe!’ O chamei e ele voltou sua atenção pra mim. Ele estava acostumado a me ouvir chama-lo de príncipe. ‘Vamos ao parque?’ Perguntei quando ele sentou no colo de Arthur me olhando.
‘Páqui!’ Os olhinhos dele brilharam e ele abriu um sorriso imenso.
‘Acho que isso foi um sim!’ Arthur me olhou rindo.
‘Com certeza isso foi um sim!’ Me levantei e peguei Diego no colo. ‘Vamos tomar banho, meu amor!’
‘Eu também vou.’ Arthur se levantou. ‘Quer dizer... no meu banheiro claro!’ Ele passou a mão pelo cabelo e eu gargalhei.
Meia hora depois eu e Diego já estávamos prontos, sentei ele no sofá da sala e o deixei brincando enquanto ia apressar Arthur. Abri a porta do quarto sem nem ao menos bater e me assustei quando vi Arthur apenas com uma toalha enrolada na cintura.
‘Ai, desculpa!’ Falei sentindo meu rosto arder, eu devia estar roxa, amarela, verde, todas as cores possíveis! ‘Eu devia ter batido, achei que você já estivesse pronto e...’ Eu estava caminhando de cabeça baixa até a porta, e senti a mão de Arthur em minha cintura.
‘Lu, não tem nada aqui que você não já tenha visto.’ Ele falou rindo, e eu balancei a cabeça ainda olhando pro chão. ‘Por sinal, acho que não tem mais porque eu dormir aqui nesse quarto sozinho né?’ Ele tocou meu queixo me fazendo encarar seus olhos e perceber seu sorriso um tanto quanto tarado. ‘Se você não falar nada, eu vou interpretar que você concorda.’ Ele falou baixo passando o nariz pela minha bochecha. Porque será que ele acha tão divertido ficar me provocando mesmo? Nessa hora ele já tinha me puxado pela cintura e nossos corpos estavam colados. Botei uma mão em sua nuca e com a outra arranhei de leve sua barriga, ele soltou um gemido abafado e grudou nossas bocas com pressa. Senti minhas costas encostarem na parede e só então de dei conta que Arthur me empurrou até lá. Suas mãos passeavam por debaixo da minha blusa e eu bagunçava seu cabelo e arranhava suas costas nuas. Ele desceu os beijos pro meu pescoço e eu tentei fazer minha respiração voltar ao normal.
‘Arthur...’ Falei baixo de olhos fechados, ok... aquilo não estava dando muito certo. Lembrei de Diego na sala e suspirei tomando forças. ‘Arthur, por favor, Diego tá na sala esperando a gente!’ O empurrei pelo peito e ele encostou a testa na minha, sua respiração ofegante batia na minha boca.
‘Tá, tá bem! Eu vou... me recuperar e me arrumar o mais rápido possível.’ Ele falou pausadamente e eu concordei. Dei um selinho rápido nele e saí do quarto ajeitando minha blusa que estava completamente levantada.
O domingo estava com sol, mas um vento frio soprava fazendo com que todos saíssem agasalhados de casa. Observei o parque movimentado e sorri lembrando da época em que nós três íamos todo domingo ali. Acho que é o lugar preferido de Diego. Caminhei de mãos dadas com Arthur enquanto ele carregava Diego que sorria apontando os brinquedos.
‘Lu!’ Ouvi alguém me chamar. Me virei encontrando com mulher loira com aparentemente 30 anos que segurava uma menina sorridente no colo.
‘Kate!’ Sorri e soltei a mão de Arthur indo cumprimentá-la. ‘Quanto tempo!’ Falei a abraçando e dando um beijo na criança em seu colo. ‘Tudo bem Lisa?’ Sorri e a menina balançou a cabeça concordando.
‘Você sumiu daqui!’ Kate voltou a falar e olhou pra Arthur que estava mais atrás e nos observava. ‘Tudo bem, Arthur?’ Ela acenou simpática e Arthur retribuiu me lançando um olhar de desespero. ‘Vejo que o acidente não deixou seqüelas, fico feliz por isso!’ Ela falou mais baixo e sorriu.
‘É, foi muita sorte.’ Sorri sem graça. Não queria ficar comentando sobre a perda de memória do Arthur. Muitas mães e pais por ali nos conheciam, depois eu falaria sobre eles pra que Arthur não passasse nenhum constrangimento.
‘Mãe, eu quero sorvete.’ Lisa falou fazendo bico e Kate me olhou dando de ombros.
‘Vai lá Kate, bom te ver de novo!’ A abracei.
‘Depois vamos botar a fofoca em dia!’ Ela sorriu e se afastou. Voltei pra perto de Arthur que ria com alguma coisa que o filho tentava falar.
‘Quem era?’ Ele me olhou apertando os olhos por causa do sol.
‘Kate, ela é a mãe da Lisa! Sempre está por aqui aos domingos, e a gente sempre ficava conversando.’ Sorri.
‘Eu também?’ Ele perguntou levantando a sobrancelha.
‘Você também. Aliás, a gente conhecia várias pessoas por aqui. Você sempre conversava com o John, ele tem a sua idade, pai por inconseqüência também.’ Falei rindo e Arthur me olhou um pouco indignado.
‘Ele tá por aqui?’ Arthur olhou em volta e eu neguei com a cabeça. Diego se mexeu agoniado no colo de Arthur e ele o colocou no chão. Diego correu para um cercado ali perto e se juntou as outras crianças que já brincavam por ali.
‘Ele né lindo?’ Sorri boba observando meu filho no meio das outras crianças.
‘Nosso filho é o mais lindo dali!’ Arthur me abraçou por trás e deu um beijo no topo da minha cabeça. ‘Vamos sentar, tem um banco vago ali!’ Ele apontou para um lugar com alguns bancos e eu concordei.
‘Amanhã tem ensaio?’ Perguntei enquanto ele passava o braço por trás de mim e me abraçava pela cintura, encolhi minhas pernas e encostei minha cabeça em seu peito.
‘Tem, só de tarde.’ Ele suspirou e eu balancei a cabeça concordando. ‘Eu posso levar o Diego comigo!’ Ele sorriu animado e eu o olhei.
‘Ai céus, vocês quatro e meu pobre filho, não quero nem imaginar.’ Rolei os olhos e Arthur deu língua. ‘Toma cuidado, Arthur, não se distrai, não deixa ele fazer as coisas sozinho e...’
‘Lu!’ Ele me interrompeu. ‘Eu sou tão péssimo pai assim?’ Ele levantou a sobrancelha e eu ri.
‘Claro que não, bobo!’ Dei um selinho nele. ‘Eu que sou preocupada demais, desculpa.’ Sorri fraco e ele balançou a cabeça concordando.
‘Já imaginou o Diego daqui a uns 15 anos?’ Arthur perguntou de repente observando Diego brincar. Fiquei algum tempo em silêncio também observando nosso filho.
‘Ná, não gosto de pensar nisso.’ Dei de ombros. ‘Tenho medo do futuro.’ Falei baixo, mais pra mim mesma do que pra ele, porém Arthur ouviu.
‘Medo, Lu?’ Ele perguntou passando a mão por minha cabeça.
‘Prefiro viver o presente, sem ter que ficar imaginando o futuro.’ Falei ainda com a cabeça encostada no peito dele.
‘E o que tanto te assusta no futuro?’ Ele perguntou calmamente.
‘Não sei.’ Dei de ombros e fiquei um tempo pensando. ‘Ver Diego crescer, ficar independente, sair de casa e formar a família dele, tenho medo de que algum dia eu fique ausente na vida dele. Medo de perder as pessoas que eu amo e que são essenciais pra mim, eu posso deixá-las escapar entre meus dedos, num piscar de olhos.’ Falei essa ultima parte pensando mais em Arthur do que em qualquer outra pessoa. ‘Eu posso dormir com você e Diego do meu lado, e no outro dia amanhecer sem vocês.’ Encostei meu queixo no ombro de Arthur exalando o perfume que vinha do seu pescoço. Ele balançou a cabeça em negação e pegou minha mão entrelaçando nossos dedos.
Um vento frio passou fazendo com que eu me encolhesse e botasse as mãos no bolso do casaco, deitei minha cabeça no ombro de Arthur novamente e ele me puxou mais pra perto me apertando mais em seus braços.
“ As long as you're alive , here I am
( Enquanto você estiver viva aqui estou eu )
I promise I will take you there
( Eu prometo que eu a levarei lá ) ”
Arthur cantou baixo The Taste Of Ink do The Used, e eu sorri suspirando.
“ And won't you think I'm pretty
( E você não acha que eu sou bonito )
When I'm standing top the bright lit city
( Quando eu estou de pé no topo da brilhante e iluminada cidade )
And I'll take your hand and pick you up
( Eu vou pegar sua mão e encontrar você )
And keep you there so you can see
( E deixar você lá para que você possa ver )
As long as you're alive and care
( Enquanto você estiver viva e se importer )
I promise I will take you there
( Eu prometo que eu a levarei lá )
As long as you're alive and care
( Enquanto você estiver viva e se importer )
I promise I will take you there
( Eu prometo que eu a levarei lá ) ”
Eu o ouvia cantar baixinho e pensava em como o tempo estava passando rápido. Já faziam seis meses que Arthur tinha saído do hospital, Diego já tinha completado três anos, em pouco tempo eu faria vinte. Se eu pudesse parava o tempo e o deixava bem ali, eu queria sempre me sentir assim, feliz e protegida. Ver meu filho brincar e ser abraçada pelo cara que eu amo, queria poder ter a certeza de que no futuro isso não iria mudar.
Eu achava incrível a forma como Arthur me fazia sentir, mais incrível ainda o fato dele estar sendo tão carinhoso comigo, eu me sentia amada do lado dele. Eu não sabia se ele realmente me amava ou se aquilo era apenas porque ele ainda não tinha saído e conhecido outras garotas, era estranho pensar que em pouco tempo ele já conseguia me amar.
Às vezes eu acho que nunca houve acidente nenhum, apenas uma lavagem cerebral no Arthur, que fez com que ele resolvesse olhar apenas pra mim e parar de sair com outras garotas.
Lembrei do que ele disse um pouco depois de sair do hospital; “eu te conheço há duas semanas, mas sinto como se te conhecesse da vida inteira. Eu sinto como se conseguisse te decifrar perfeitamente, como se eu te conhecesse melhor do que ninguém...”. Sorri lembrando da forma como ele disse isso e desisti de tentar entender aquilo tudo, talvez fosse algo muito além de qualquer coisa que pudesse ser explicada.
‘Diego acordou.’ Falei baixo e minha voz saiu abafada por causa do cobertor.
‘Quem vai lá, eu ou você?’ Ele sorriu e eu o olhei fazendo bico. ‘Ok, eu vou.’ Ele beijou minha bochecha e se levantou calmamente saindo do quarto entre bocejos. Sorri comigo mesma e fechei os olhos sem intenção de dormir novamente, mas antes que eu pudesse evitar já tinha o feito.
Senti uma claridade bater em meus olhos e quando finalmente consegui acordar me dei conta de que tinha dormido novamente por mais de uma hora. Esfreguei os olhos, me levantei e fui até o banheiro limpar meu rosto e escovar meus dentes. Vesti uma blusa qualquer de Arthur e saí do quarto ouvindo risos vindos da sala. Caminhei até lá encontrando duas crianças, ou melhor, Arthur e Diego brincando no chão e vendo desenho animado.
‘Bom dia, bela adormecida.’ Arthur sorriu de uma forma tão fofa que eu tive vontade de pular em cima dele e esmagá-lo.
‘Dia, adômecida.’ Diego tentou imitar o pai e os dois riram. Eu devo ter feito e cara mais boba possível. Na verdade eu queria esmagar aquelas duas criaturas sentadas no chão da minha sala. O que seria de mim sem esses dois?
‘Bom dia.’ Falei sorrindo e sentei ao lado de Arthur. Diego veio até mim, me abraçou e beijou minha bochecha, depois voltou a atenção pros brinquedos espalhados pelo chão, o carrinho que eu e Arthur demos pra ele de aniversário estava ali e era o único que ele dava realmente atenção.
Sorri pra Arthur ao meu lado e ele me deu um selinho.
‘Dormiu bem?’ Ele perguntou botando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, e eu sorri confirmando. A mão dele passou por trás de mim e me abraçou pela cintura. Encostei minha cabeça em seu ombro e fiquei observando Diego brincar.
‘Odeio domingos tediosos.’ Comentei depois que a sessão de desenhos animados acabou.
‘A gente pode ir ao parque!’ Arthur sorriu bobo e eu olhei pra Diego que não prestava atenção na conversa.
‘Príncipe!’ O chamei e ele voltou sua atenção pra mim. Ele estava acostumado a me ouvir chama-lo de príncipe. ‘Vamos ao parque?’ Perguntei quando ele sentou no colo de Arthur me olhando.
‘Páqui!’ Os olhinhos dele brilharam e ele abriu um sorriso imenso.
‘Acho que isso foi um sim!’ Arthur me olhou rindo.
‘Com certeza isso foi um sim!’ Me levantei e peguei Diego no colo. ‘Vamos tomar banho, meu amor!’
‘Eu também vou.’ Arthur se levantou. ‘Quer dizer... no meu banheiro claro!’ Ele passou a mão pelo cabelo e eu gargalhei.
Meia hora depois eu e Diego já estávamos prontos, sentei ele no sofá da sala e o deixei brincando enquanto ia apressar Arthur. Abri a porta do quarto sem nem ao menos bater e me assustei quando vi Arthur apenas com uma toalha enrolada na cintura.
‘Ai, desculpa!’ Falei sentindo meu rosto arder, eu devia estar roxa, amarela, verde, todas as cores possíveis! ‘Eu devia ter batido, achei que você já estivesse pronto e...’ Eu estava caminhando de cabeça baixa até a porta, e senti a mão de Arthur em minha cintura.
‘Lu, não tem nada aqui que você não já tenha visto.’ Ele falou rindo, e eu balancei a cabeça ainda olhando pro chão. ‘Por sinal, acho que não tem mais porque eu dormir aqui nesse quarto sozinho né?’ Ele tocou meu queixo me fazendo encarar seus olhos e perceber seu sorriso um tanto quanto tarado. ‘Se você não falar nada, eu vou interpretar que você concorda.’ Ele falou baixo passando o nariz pela minha bochecha. Porque será que ele acha tão divertido ficar me provocando mesmo? Nessa hora ele já tinha me puxado pela cintura e nossos corpos estavam colados. Botei uma mão em sua nuca e com a outra arranhei de leve sua barriga, ele soltou um gemido abafado e grudou nossas bocas com pressa. Senti minhas costas encostarem na parede e só então de dei conta que Arthur me empurrou até lá. Suas mãos passeavam por debaixo da minha blusa e eu bagunçava seu cabelo e arranhava suas costas nuas. Ele desceu os beijos pro meu pescoço e eu tentei fazer minha respiração voltar ao normal.
‘Arthur...’ Falei baixo de olhos fechados, ok... aquilo não estava dando muito certo. Lembrei de Diego na sala e suspirei tomando forças. ‘Arthur, por favor, Diego tá na sala esperando a gente!’ O empurrei pelo peito e ele encostou a testa na minha, sua respiração ofegante batia na minha boca.
‘Tá, tá bem! Eu vou... me recuperar e me arrumar o mais rápido possível.’ Ele falou pausadamente e eu concordei. Dei um selinho rápido nele e saí do quarto ajeitando minha blusa que estava completamente levantada.
O domingo estava com sol, mas um vento frio soprava fazendo com que todos saíssem agasalhados de casa. Observei o parque movimentado e sorri lembrando da época em que nós três íamos todo domingo ali. Acho que é o lugar preferido de Diego. Caminhei de mãos dadas com Arthur enquanto ele carregava Diego que sorria apontando os brinquedos.
‘Lu!’ Ouvi alguém me chamar. Me virei encontrando com mulher loira com aparentemente 30 anos que segurava uma menina sorridente no colo.
‘Kate!’ Sorri e soltei a mão de Arthur indo cumprimentá-la. ‘Quanto tempo!’ Falei a abraçando e dando um beijo na criança em seu colo. ‘Tudo bem Lisa?’ Sorri e a menina balançou a cabeça concordando.
‘Você sumiu daqui!’ Kate voltou a falar e olhou pra Arthur que estava mais atrás e nos observava. ‘Tudo bem, Arthur?’ Ela acenou simpática e Arthur retribuiu me lançando um olhar de desespero. ‘Vejo que o acidente não deixou seqüelas, fico feliz por isso!’ Ela falou mais baixo e sorriu.
‘É, foi muita sorte.’ Sorri sem graça. Não queria ficar comentando sobre a perda de memória do Arthur. Muitas mães e pais por ali nos conheciam, depois eu falaria sobre eles pra que Arthur não passasse nenhum constrangimento.
‘Mãe, eu quero sorvete.’ Lisa falou fazendo bico e Kate me olhou dando de ombros.
‘Vai lá Kate, bom te ver de novo!’ A abracei.
‘Depois vamos botar a fofoca em dia!’ Ela sorriu e se afastou. Voltei pra perto de Arthur que ria com alguma coisa que o filho tentava falar.
‘Quem era?’ Ele me olhou apertando os olhos por causa do sol.
‘Kate, ela é a mãe da Lisa! Sempre está por aqui aos domingos, e a gente sempre ficava conversando.’ Sorri.
‘Eu também?’ Ele perguntou levantando a sobrancelha.
‘Você também. Aliás, a gente conhecia várias pessoas por aqui. Você sempre conversava com o John, ele tem a sua idade, pai por inconseqüência também.’ Falei rindo e Arthur me olhou um pouco indignado.
‘Ele tá por aqui?’ Arthur olhou em volta e eu neguei com a cabeça. Diego se mexeu agoniado no colo de Arthur e ele o colocou no chão. Diego correu para um cercado ali perto e se juntou as outras crianças que já brincavam por ali.
‘Ele né lindo?’ Sorri boba observando meu filho no meio das outras crianças.
‘Nosso filho é o mais lindo dali!’ Arthur me abraçou por trás e deu um beijo no topo da minha cabeça. ‘Vamos sentar, tem um banco vago ali!’ Ele apontou para um lugar com alguns bancos e eu concordei.
‘Amanhã tem ensaio?’ Perguntei enquanto ele passava o braço por trás de mim e me abraçava pela cintura, encolhi minhas pernas e encostei minha cabeça em seu peito.
‘Tem, só de tarde.’ Ele suspirou e eu balancei a cabeça concordando. ‘Eu posso levar o Diego comigo!’ Ele sorriu animado e eu o olhei.
‘Ai céus, vocês quatro e meu pobre filho, não quero nem imaginar.’ Rolei os olhos e Arthur deu língua. ‘Toma cuidado, Arthur, não se distrai, não deixa ele fazer as coisas sozinho e...’
‘Lu!’ Ele me interrompeu. ‘Eu sou tão péssimo pai assim?’ Ele levantou a sobrancelha e eu ri.
‘Claro que não, bobo!’ Dei um selinho nele. ‘Eu que sou preocupada demais, desculpa.’ Sorri fraco e ele balançou a cabeça concordando.
‘Já imaginou o Diego daqui a uns 15 anos?’ Arthur perguntou de repente observando Diego brincar. Fiquei algum tempo em silêncio também observando nosso filho.
‘Ná, não gosto de pensar nisso.’ Dei de ombros. ‘Tenho medo do futuro.’ Falei baixo, mais pra mim mesma do que pra ele, porém Arthur ouviu.
‘Medo, Lu?’ Ele perguntou passando a mão por minha cabeça.
‘Prefiro viver o presente, sem ter que ficar imaginando o futuro.’ Falei ainda com a cabeça encostada no peito dele.
‘E o que tanto te assusta no futuro?’ Ele perguntou calmamente.
‘Não sei.’ Dei de ombros e fiquei um tempo pensando. ‘Ver Diego crescer, ficar independente, sair de casa e formar a família dele, tenho medo de que algum dia eu fique ausente na vida dele. Medo de perder as pessoas que eu amo e que são essenciais pra mim, eu posso deixá-las escapar entre meus dedos, num piscar de olhos.’ Falei essa ultima parte pensando mais em Arthur do que em qualquer outra pessoa. ‘Eu posso dormir com você e Diego do meu lado, e no outro dia amanhecer sem vocês.’ Encostei meu queixo no ombro de Arthur exalando o perfume que vinha do seu pescoço. Ele balançou a cabeça em negação e pegou minha mão entrelaçando nossos dedos.
Um vento frio passou fazendo com que eu me encolhesse e botasse as mãos no bolso do casaco, deitei minha cabeça no ombro de Arthur novamente e ele me puxou mais pra perto me apertando mais em seus braços.
“ As long as you're alive , here I am
( Enquanto você estiver viva aqui estou eu )
I promise I will take you there
( Eu prometo que eu a levarei lá ) ”
Arthur cantou baixo The Taste Of Ink do The Used, e eu sorri suspirando.
“ And won't you think I'm pretty
( E você não acha que eu sou bonito )
When I'm standing top the bright lit city
( Quando eu estou de pé no topo da brilhante e iluminada cidade )
And I'll take your hand and pick you up
( Eu vou pegar sua mão e encontrar você )
And keep you there so you can see
( E deixar você lá para que você possa ver )
As long as you're alive and care
( Enquanto você estiver viva e se importer )
I promise I will take you there
( Eu prometo que eu a levarei lá )
As long as you're alive and care
( Enquanto você estiver viva e se importer )
I promise I will take you there
( Eu prometo que eu a levarei lá ) ”
Eu o ouvia cantar baixinho e pensava em como o tempo estava passando rápido. Já faziam seis meses que Arthur tinha saído do hospital, Diego já tinha completado três anos, em pouco tempo eu faria vinte. Se eu pudesse parava o tempo e o deixava bem ali, eu queria sempre me sentir assim, feliz e protegida. Ver meu filho brincar e ser abraçada pelo cara que eu amo, queria poder ter a certeza de que no futuro isso não iria mudar.
Eu achava incrível a forma como Arthur me fazia sentir, mais incrível ainda o fato dele estar sendo tão carinhoso comigo, eu me sentia amada do lado dele. Eu não sabia se ele realmente me amava ou se aquilo era apenas porque ele ainda não tinha saído e conhecido outras garotas, era estranho pensar que em pouco tempo ele já conseguia me amar.
Às vezes eu acho que nunca houve acidente nenhum, apenas uma lavagem cerebral no Arthur, que fez com que ele resolvesse olhar apenas pra mim e parar de sair com outras garotas.
Lembrei do que ele disse um pouco depois de sair do hospital; “eu te conheço há duas semanas, mas sinto como se te conhecesse da vida inteira. Eu sinto como se conseguisse te decifrar perfeitamente, como se eu te conhecesse melhor do que ninguém...”. Sorri lembrando da forma como ele disse isso e desisti de tentar entender aquilo tudo, talvez fosse algo muito além de qualquer coisa que pudesse ser explicada.
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